As coisas até estavam a correr bem. Mais do que as exibições ou resultados, a digressão aos Estados Unidos deu aos Sportinguistas o direito à esperança de dias melhores, o toque de clarim necessário para reunir as tropas em volta da equipa que representa as nossas cores. A falta dela em anos anteriores foi o principal factor de afastamento dos Sportinguistas de Alvalade.
Hoje, na sua mensagem aos Sportinguistas, Bettencourt até começa bem. Os 3 primeiros parágrafos contemplam um discurso de alguma humildade e de mensagem de esperança no caminho tomado. No quarto e no quinto volta ao registo de há um ano atrás. Só lá faltam os “terroristas”, mas lá estão subentendidos.
O que quer Bettencourt afinal? Um Sporting clube da Albânia, em que quem não pensa como ele é contra ele e pior, contra o Sporting? Enver Hoxha não fez pior. Há apenas um caminho único, o dele, e os Sportinguistas ou o reconhecem como tal ou não têm direito à opinião? Não é mais do que legitimo duvidar da eficácia de quem dirigiu o clube a um dos piores resultados de sempre – o que pode acontecer a qualquer um – e de quem, ao contrário do que foi mandatado, ainda promoveu a discórdia e a desunião, conseguindo um dos pontos mais baixos na vida do nosso clube de que tenho memória? É esta a mensagem que o Sporting precisava neste ponto da época?
E que razões tem Bettencourt para o endurecimento do discurso? Está a fazer a festa, deitar os foguetes e a apanhar as canas, por uma digressão bem sucedida, se a festa - a época oficial - ainda mal começou? E quando as coisas correrem mal - porque correm sempre, muitas vezes a quem não ganha, menos a quem triunfa - o que vai dizer aos Sportinguistas? Atribuirá a culpa às vozes e às intoxicações, como recolhe agora os louros do êxito no Torneio de Nova Iorque?
Há quem há muito me diga que Bettencourt está para o Sporting como Vale e Azevedo para o nosso rival. Mas é melhor e pior do que isso. Melhor porque, ao contrário do homem dos iates e das trapaças, Bettencourt tem passado no Sporting e ninguém duvida do seu Sportinguismo. Melhor porque Bettencourt tem um passado pessoal e profissional impoluto e é um homem sério. Mas é pior justamente por isso. Porque sendo um Sportinguista ferrenho e um homem sério espera-se sempre muito dele, acreditando-se que, apesar dos pesares, é capaz. Mas não é. Cada vez que fala revela a sua falta de dimensão para a cadeira que ocupa. Eu não acredito nele, mesmo que ganhe o próximo campeonato com 28 pontos de avanço. Acredito no Sporting, sempre! E tenho que acreditar no brio dos seus profissionais (ah, pois ele também é profissional ) para levar o nome do Sporting bem alto.
Caros Sportinguistas
É com esperança renovada e uma convicta sensação de que estamos no caminho certo que vos escrevo a poucos dias do pontapé de saída oficial da nova temporada futebolística.
Sou o primeiro a reconhecer que os resultados alcançados pela equipa de futebol profissional, na época passada, podem ter criado alguma desconfiança nos vossos espíritos.
Mas sou, igualmente, o primeiro a garantir-vos que essa angústia será superada pelos êxitos que tanto desejamos. Os primeiros ecos desse trabalho, julgo eu, estão já à vista. Em conjunto com o director Francisco Costa e com o treinador Paulo Sérgio, temos vindo a criar bases para um futuro que se quer de vitórias e de muitas alegrias para o nosso centenário Sporting. Terminámos uma tournée aos Estados Unidos da América que marcou o regresso do Sporting aos grandes jogos de pré época com um saldo bastante positivo, enchendo de orgulho os nossos emigrantes naquele país.
Muitas vozes têm vindo a público criticar a nossa linha de orientação. Muitas opiniões têm sido emitidas a duvidar da nossa eficácia. Muitas notícias têm criado dúvidas em redor do nosso projecto. A vocês, caros consócios, apenas peço que acreditem naqueles que dirigem e que não dêem ouvidos a quem (só) gosta de protagonismo, nem que para isso tenha de falar do que não sabe...
O Sporting está a mudar. E isso, isso, sim, perturba muito boa gente... Mas em sintonia, longe dos fóruns que tantas e tantas vezes tentam intoxicar a opinião pública, tomamos as decisões que julgamos acertadas em prol de um Sporting mais forte e mais ganhador. Um Sporting que precisa de todos nós e que só fará sentido se, todos juntos, gritarmos bem alto que este é e será sempre «o nosso grande amor!»
Como vos disse, faltam poucas horas para o arranque oficial da época. Será na Dinamarca, em jogo que nos poderá abrir caminho para a Liga Europa. E é por um Sporting cada vez mais global, diria mesmo mais universal, que me empenho, que me dedico e que luto a cada dia. Conto convosco.
Viva o Sporting!
José Eduardo Bettencourt