terça-feira, 30 de setembro de 2014

Recepção ao Chelsea: Golias não ganhou a David

Porque o tempo é muito escasso (é essa a razão pela qual tenho estado impedido de actualizar o blogue) deixo meia dúzia de linhas sobre o jogo de mais logo em Alvalade, com o Chelsea.

Convocados: Marco Silva refinou as escolhas, prescindindo de um número mais elevado de jogadores, ao deixar de fora Mané, Esgaio e Tanaka. talvez possa surpreender a ausência de Mané, a mim não me parece estranha a preferência por André Martins a oferecer mais soluções ao meio-campo. Já Esgaio e Tanaka parece-me natural.

Equipa provável: É bem capaz de subir ao relvado a mesma equipa do passado fim-de-semana, com eventual substituição de Jonathan por Jefferson. O argentino vai já no segundo jogo seguido, é muito provável que Jefferson regresse à titularidade. Se assim for, veremos se o "chá de banco" produziu algum efeito e regressa mais focado e menos displicente. Não é muito provável que se registem mais alterações embora tenha que repetir que me parece que Montero de inicio, com a qualidade que existe agora nas suas costas, poderia pelo menos aproximar-se ao melhor de que lhe conhecemos.

Audácia e capacidade de sofrimento: Será tão importante saber sofrer como ser audacioso.O Chelsea deste ano é um piores adversários que nos podia calhar mas, tal como qualquer outro, tem que justificar o favoritismo subindo ao relvado e jogando. Não haverá facilidades, o Sporting disporá de poucas oportunidades para atingir o adversário, terá que ser letal quando tal suceder. Reduzir espaços, ser incómodo, não deixar pensar muito, tentar "aborrecer" o meio-campo azul é uma tarefa extremamente desgastante mas será por aí que as nossas hipóteses poderão crescer.

O pior que pode acontecer: Ter medo, do adversário, do cenário. Sofrer golo(s) cedo. Ser goleado.

Conclusão: contrariamente ao habitual não tenho um feeling declarado, apenas uma enorme vontade que a hora do jogo chegue e a equipa honre o nosso longo e honroso historial . Em frente Sporting".

sábado, 27 de setembro de 2014

A arte de jogar e oferecer foi um clássico dentro do clássico

A confiança e optimismo com que encarava o jogo havia sido confirmada na boa exibição de Barcelos e o que nos foi dado observar na primeira parte acabou por revelar que ambos - a confiança e o optimismo - não apenas eram justificados como até estavam abaixo do que a equipa é capaz de realizar. Uma primeira parte de nos deixar a pensar onde andou esta equipa nos pontos em que já perdeu. O decorrer do jogo acabou por explicar algumas dessas dúvidas. A essa análise não deve ser retirado o momento especial que é um clássico e o que isso representa para a motivação extra de um jogador.

Mais uma vez a eficácia
Nos primeiros quarenta e cinco minutos o Sporting não apenas controlou como em muitos momentos dominou completamente o antagonista. Isto muito por força de uma equipa muito concentrada e pressionante, não tendo consentido muito mais que um par de transições sem grande perigo. Na frente construiu oportunidades suficientes para assegurar o resultado antes de voltar às cabines. Particularmente Nani, que, nas condições que dispôs, não falhará muitas vezes. Neste período o Sporting deu uma demonstração de classe na produção de jogo atacante, variando o seu jogo de forma pouco previsível, deixando o FCP à mercê de um K.O. técnico iminente.

Mais uma vez a generosidade defensiva
A segunda parte não traria um Sporting tão dominante e superior. Isso aliás seria muito difícil de suceder porque já se suponha que o FCP iria reagir ao resultado adverso e manter a pressão do primeiro tempo teria custos físicos elevados. O Sporting tinha a ganhar se agora, em situação vantajosa, alternasse a procura assumida do golo com a espera do erro do adversário, gerindo com mais inteligência e menos "sangue" os ritmos do jogo. Como aliás todas a boas equipas têm necessidade de fazer.

Acontece que para isso o Sporting precisaria de ter o que não tem e dificilmente terá com as opções de Marco Silva para o centro da defesa: uma defesa que permita aguentar resultados. Não vou rebater o tema aqui tantas vezes abordado já este ano, ou sequer explorar o azar de Sarr, que podia acontecer a qualquer um. Mas as entradas de Oliver e Telo deixaram bem claro, para quem ainda tenha dúvidas, que o perigo e as situações de golo na nossa baliza serão sempre possíveis enquanto a bola rolar no relvado e para isso nem é preciso uma acção muito assertiva dos adversários. Contabilizem-se as ofertas desde o inicio de época para se perceberem algumas das principais razões para contarmos, neste momento, com apenas duas vitórias.

Breve análise individual

Patrício - Enorme é pouco, muito pouco.

Mauricio / Sarr - Não são centrais para uma equipa que quer ser campeã, os dois juntos muito menos. Em relação ao segundo, se era para aprender já cá estavam vários e ele é pior do que eles.

Cedric - Seguro, sem grandes rasgos a atacar mas sem comprometer a defender.

Jonathan - confirmou a boa impressão deixada em Barcelos com a felicidade e saber de estar no sitio certo para marcar. Sentiu dificuldades na segunda parte com o crescimento do adversário, mas não esteve pior do que já vínhamos vendo em Jefferson.

João Mário - Está a justificar a chamada. O eclipse da segunda parte explica-se pelo esforço gasto na primeira e pelo menor espaço que dispôs para pensar o jogo. Quando o teve mostrou a qualidade que se lhe reconhece.

William - Aos poucos vai regressando aos lugares onde foi feliz o ano passado.

Adrien - Há muita responsabilidade sua no melhor período do Sporting e isso foi ainda mais notório quando foi ficando esgotado e o meio-campo perdendo consistência.

Carrillo / Nani - Pode parecer um sacrilégio que os dois melhores jogadores de campo (Patricio tem que estar incluído nos melhores) não tenham destaque individual. Mas se Nani é Nani e está acima das nuvens da nossa equipa e até da Liga, o Carrillo de ontem mostrou que o futuro que sempre se lhe augurou está cada vez mais perto de ser uma realidade.

Slimani - Confirmou o que disse no jogo anterior. Marco Silva está aqui com as ideias invertidas. Quando andamos a bombear bolas para a área jogou Montero, com os resultados que se sabem. Agora com a bola a ser melhor tratada joga Slimani, que mais não consegue do que ser um apêndice de reduzida utilidade. E se não é Montero, muito menos será Tanaka.

Capel - Aquele tiro à barra teria sido o golo de uma carreira e emprestado ao resultado alguma justiça. Ambas as equipas dividiram alguns períodos de superioridade a do Sporting foi mais duradoura e inequívoca.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O clássico de amanhã já se joga e só não vai ver quem não quer

Já há árbitro
Olegário Benquerença. Para quem não se apercebeu trata-se de um árbitro em final de carreira e a nomeação para um jogo desta importância tem que ser vista como um prémio e um sinal de confiança da parte de quem nomeia. Prémio e confiança que não se sustenta nas muitas vezes que encontrou o Sporting no seu caminho. Não exigirei nunca a um árbitro que não erre, o que não é admissível é que os erros que definem o curso de uma partida sejam sempre mais em favor de uns ou de outros. Será essa a medida para qualificar a actuação do árbitro, que se deseja seja não seja lembrada por ninguém logo a seguir ao apito final. De resto a nomeação de Olegário dá tantas garantias como de qualquer outro árbitro da chamada primeira categoria, o Sporting não conta nunca com o árbitro para ter jogos mais fáceis, é até frequente ter contar com ele como parte importante da equação para ganhar.

Já há equipa do Sporting?
Já são conhecidos os convocados por Marco Silva e os dados mais significativos são o regresso de Jefferson, a estabilidade na composição do grupo ( Marco silva optou por manter os 20 de Barcelos, a que juntou o então impedido lateral brasileiro). As dúvidas começam aí, pelo elemento que jogará do lado esquerdo da defesa, uma vez que Jonathan deu conta do recado em Barcelos. Porém o aumento das dificuldades é exponencial para amanhã, pelo que não surpreenderá que o treinador opte pelo regresso de Jefferson, até porque tem, pelo menos em teoria, melhor conhecimento do adversário e do ambiente dos clássicos. A nível da defesa não se esperam outras alterações.

Na linha média é muito provável que se mantenha o alinhamento de Barcelos. William e Adrien estão de pedra e cal, João Mário terá a oportunidade para justificar a oportunidade que há tanto reclama para si, que representará a possibilidade de desmentir os que desconfiam da sua regularidade, bem como da capacidade de demonstrar o seu valor ao mais alto nível. Jogos como o de sexta-feira são oportunidades que não podem ser desperdiçadas. 

Na frente, mantenho o que disse no post de Barcelos: com Nani; William, Carrillo (que regressará por certo à titularidade) e com as bolas com olhos a sair dos pés de João Mário, a possibilidade de Montero voltar a ser o Freddy Krüger dos guarda-redes adversários era bem real. A possibilidade de executar com velocidade e precisão seria elevada, faltando-me conhecer um lado importante para uma análise mais segura e profunda: como joga e o que vale o adversário. De facto, mesmo os resumos que tenho visto do FCP têm sido reduzidos em tamanho e frequência para me permitir segurança na avaliação. Mas a ausência de Maicon pode representar uma brecha. Pessoalmente confio num bom resultado.

Só não vai quem não quer (e quem não pode)
Para quem vive no norte do País tem nos núcleos o habitual apoio para as deslocações, com preços reduzidos. O Solar do Norte junta o jogo de amanhã com o do Chelsea, numa iniciativa feliz, que comprime o preço ao mínimo possível. Informações aqui: http://www.solardonorte.org/bilhetes.

Já para quem prefere o carro tem nesta iniciativa da AAS (seguir o link) (há outras semelhantes) a possibilidade de encontrar transporte ou tendo-o, a possibilidade de dividir custos. Só não vai quem não quer ou quem não pode.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Keep calm que antes do galo cantar o leão rugiu 4 vezes

Excelente foi a resposta dada pela equipa em Barcelos, no estádio do Gil Vicente. Uma equipa concentrada nas suas responsabilidades, coesa e autoritária, que não permitiu à equipa da casa mais do que aceitar com naturalidade a superioridade do Sporting. Os receios de que a sequência de maus resultados pesasse na resposta da equipa felizmente não se confirmaram e esse é o principal mérito da exibição segura de ontem: O Sporting entrou de forma categórica no jogo, explorando de forma meritória as fragilidades do antagonista, não lhe dando tempo de ganhar confiança.

Hoje estas questões têm menos interesse, até porque a actualidade vai sobrepondo temas mais pertinentes. Mas este jogo deve funcionar como um ponto de ordem à mesa relativamente ao treinador. É exactamente o mesmo que comandou a equipa nos empates anteriores que serviram para por em causa a sua competência. Que responsabilidades tem Marco Silva nesta saída do Sporting de um ciclo de maus resultados, para as suas pretensões e responsabilidades, para uma goleada fora de casa?

Na minha opinião não há apenas uma resposta para esta pergunta, mas sempre me pareceram exageradas as criticas mais duras a Marco Silva. O Sporting não estava a jogar mal, os princípios de jogo sempre me pareceram correctos, sem prejuízo de considerar que a equipa tinha que evoluir em alguns aspectos do seu jogo. Mas, como qualquer outra, precisa de tempo e de resultados favoráveis para fortalecer a confiança individual e colectiva. Olhe-se para o percurso de equipas que mudaram de treinador e o tempo que levam a consolidar processos.


Voltando à pergunta feita acima, uma das respostas está dada logo no parágrafo de entrada e tem a ver com a postura da equipa. O valor do adversário não pode deixar de ser levado em linha de conta. Este Gil Vicente é um dos mais frágeis dos últimos tempos e está numa fase de transição, com entrada de um novo treinador. Não deixará de ser uma equipa em luta constante pela despromoção mas será uma equipa mais aguerrida, mais fiel à imagem do seu treinador. Marcar golos - e o Sporting marcou dois de rajada - e não sofrer faz toda a diferença, e isto são dois factos que, para o campeonato, só com o Arouca se havia registado. Não por acaso, foi a única vitória contabilizada até ao jogo de Barcelos.

A verdade é que Marco Silva acabou por mexer mais do que esperado. Se a entrada de Jonathan era "obrigatória" e a "morte" de André Martins era uma crónica há muito tempo anunciada, a saída de Carrilo deve-se inscrever numa natural rotação de jogadores, face ao calendário apertado. Se a escolha de João Mário rendeu altos dividendos ao treinador, e a todos nós, obviamente, parece-me exagerada a despromoção de André Martins para a bancada.

Não se confirmaram as tão pedidas mexidas no centro da defesa. Tal como disse no post anterior, compreendo que Marco Silva não o tenha feito, pelas razões então expressas. Isso não invalida considerar que continua a ser visível a falta de ligação - eu até acho mais do que isso... - entre os nossos centrais e que esta me parece insanável. Tal como digo também no post referido, a avaliação feita aos centrais tem estado mais concentrada nos resultados - o do derby em particular  - do que nas performances. O mesmo se poderá dizer agora, em função do sucedido ontem: pela segunda vez não sofremos golos, o que pode ser parecer uma aposta inteiramente ganha. Contudo os sinais deixados ontem e nos jogos anteriores estão longe de ser tranquilizadores.

Aqui a posição do treinador continua difícil, até porque não há sequer tempo para treinar outra dupla. A prazo continua a residir aqui a nossa maior fragilidade e os próximos dois jogos serão esclarecedores. Um daqueles casos em que agradeço encarecidamente ter uma visão errada dos factos...

Algumas análises individuais, com uma nota comum para as reacções às exibições de  Jonathan e João Mário: um bom começo na titularidade que requer certificação com adversários mais exigentes.

Cédric - sempre muito concentrado a defender, teria sido quase perfeito se não tivesse que centrar.

Jonathan - Expressei o meu receio aqui no post anterior, por temer que, com a companhia de Sarr, formasse o buraco na muralha que Mota exploraria. Esse temor não teve origem num conhecimento profundo do jogador, mas sim no preconceito, tantas vezes justificado, que os laterais sul-americanos se esquecem frequentemente que a principal preocupação de um defesa deve ser defender bem. Saiu melhor do que a encomenda, veremos como responde a desafios mais exigentes. Se quando chamado a defender esteve bem, sempre preocupado a fechar dentro, a atacar ofereceu mais do que Jefferson tem dado (fazendo sobretudo a linha e muito displicente a defender), procurando ser uma referência por dentro a triangulações e baralhando por isso as marcações. Pode sentar o brasileiro.

William- muito abaixo do que é normal nele na eficácia no passe, mas importante a por ordem no campo. Saiu para ser protegido do segundo amarelo. 

Adrien - ganhou com a presença João Mário e de um Nani inspirador e ainda fez um golão.

João Mário - Contrariamente ao que suponha, o Gil Vicente não foi uma equipa como é tradicional serem as equipas de Mota. João Mário teve assim mais tempo e espaço e assim o mérito de por no relvado tudo o que sabe e é muito. Dos seus pés as bolas saem com olhos, ficando a tarefa dos avançados muito facilitado.

Capel - Já provou que, apesar do que lhe falta, pode ser muito mais importante do que tem sido. Ontem e nos jogos anteriores.

Slimani - A entrega é total mas continuo a pensar que Montero, com estes Nani, João Mário, Carrillo e Adrien nas costas, voltaria a aproximar-se do melhor Montero que conhecemos.

Os adeptos presentes, apesar de em menor número que no ano passado, também perceberam a importância do momento e foram incansáveis no apoio à equipa. O resultado acabou por proporcionar uma festa. Do ponto de vista pessoal foi extremamente gratificante poder rever alguns amigos de longas caminhadas bem como o privilégio de ter conhecido pessoalmente dois jovens leões com quem me cruzo diariamente nas redes sociais, o @davidmarinho90 e a @miss_lyanna. O futuro é deles e o Sporting terá sempre o seu assegurado enquanto poder contar com a generosidade de adeptos assim, que não hesitam em fazer mais 700 km para estar com o clube quando ele mais necessita.

Nota: este post estava já escrito ontem, mas a colocação do post do Virgílio impôs o seu adiamento. É natural por isso que o post tenha algumas incorrecções temporais. Por falta de oportunidade só hoje pôde ser publicado.

Relativamente ao tema do post do Virgílio,  não fiz qualquer comentário pela simples razão que não vi ainda as declarações de Bruno de Carvalho e de Manuel Fernandes. Pelas reacções expressas até pondero não ver, uma vez que não me parece que o Sporting Clube de Portugal ganhe alguma coisa com isso e eu também não.

Seja como for tenho a duas certezas: o Sportinguismo de Manuel Fernandes é intocável, tal como o do meu amigo Virgílio. E isso irá sobreviver ao  justicialismo reinante e Sporting de opinião única que se tenta impor por estes dias.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

DEUS EX-MÁQUINA OU OS HERÓIS TAMBÉM CHORAM


 
"Eterno Capitão"
Ontem vi um dos maiores responsáveis por hoje me afirmar sportinguista a chorar, em directo, na TV. A emissão foi, caridosamente, para intervalo forçado e durante o tempo que durou esse intervalo, mil e um sentimentos me passaram pela mente e corpo. E nenhum foi agradável. Raiva, revolta, nojo, levaram-me a um estado de nervos que perdura e me agita.

Tudo isto porquê? Porque alguém que se diz presidente do clube que eu amo, não aceita uma critica. E que critica tão absurda foi essa? Passou pela emissão de uma opinião negativa ao desempenho da principal equipa do SCP na Eslovénia, contra um clube limitadíssimo e que se revelou de qualidade muito abaixo do que os nossos jogadores podem e devem fazer. Uma opinião que, curiosamente, foi quase unânime… Mas, como foi proferida por um símbolo vivo do SCP, uma figura histórica que não come na mão do 'Querido Líder' e que ousou dar uma opinião não coincidente com a do regime, logo o senhor que se “dignou” a publicar um livro de auto-elogio bacoco ao fim de conquistar ZERO títulos (quantos livros publicou Manuel Fernandes com os seu êxitos desportivos?), surgiu com a pena capital: linchamento publico de um símbolo vivo do Sporting em directo e em plena televisão do clube. Será para isto que serve a nossa televisão?

O grave é que Bruno de Carvalho não só “tentou” denegrir a imagem de um dos nossos grandes heróis, como mentiu para todos nós, mais uma vez, ao fazer considerações sobre responsabilidades que Manuel Fernandes não tinha, na sua última passagem pelo clube. E fê-lo, com conhecimento de causa. O Senhor Bruno de Carvalho permite-se, com uma frequência inusitada, aldrabar, manipular, porque sente-se impune, julga-se o supra-sumo da inteligência, alguém que consegue enganar todos, a toda a hora. Autentico Deus Ex-Maquina em pessoa, surgido miraculosamente em Alvalade. Mas na verdade e perante as reações de hoje, o que ele realmente conseguiu foi, pela enésima vez desde que se tornou conhecido pelos sportinguistas, dividir a nação leonina… Se tal comportamento já não seria positivo antes de ser presidente, segundo o seu próprio actual critério, agora muito menos, digo eu. Como é bem sabido, não é bem assim que os verdadeiros lideres agem e se impõem: dividindo ao invés de unir. Enfim, consegue estar ao nível de um qualquer JEB a alcunhar quem dele discorda de “terroristas”. Só que desta feita, o terrorismo hoje realizado, é de estado e ai de quem se atreva a discordar do todo-poderoso: o 'exílio' das boas graças dos sportinguistas, deverá ser o castigo mais leve…

Com as afirmações miseráveis sobre Manuel Fernandes, Bruno de Carvalho consegue também provar, se dúvidas persistissem, que não presta como pessoa e cada vez mais coloco em dúvida, se alguma vez servirá como presidente de um clube que se pretenda unido. O Bruno de Carvalho julga os outros pelo que ele é. Não causa por isso espanto que transforme o eterno Manuel Fernandes numa pessoa que age em função de interesses pessoais e com objectivos de vingança. No fundo apenas demonstra, mais uma vez, o que ele é no seu intimo: uma pessoa vingativa, rancorosa, arrogante e profundamente ingrata e mal educada.

Ele sim, Bruno de Carvalho, estava à espera da primeira oportunidade para tentar, repito “tentar” enterrar o carismático Manuel Fernandes… Alguém que ele vê como opositor e que na sua lógica retorcida pretende desmascarar e diminuir, só porque, publicamente, não o elogia nem passa graxa.

Felizmente não conseguiu.

Duas notas pós publicação:

1. Será que o homem ouve alguém? O que lhe dirá Virgílio Lopes, antigo colega de Manuel Fernandes, com quem partilhou anos de balneário, sobre esta situação?

2. O erro de Manuel Fernandes, tal como o de Carlos Lopes, por exemplo: Eu sei que o sportinguismo deles impele-os a "tomar partido", mas, na minha opinião, os grandes Símbolos do SCP deveriam evitar imiscuírem-se em assuntos políticos. Deveriam pairar acima das disputas eleitorais, não se envolvendo como um qualquer comum mortal sportinguista, e assim manterem o seu estatuto intocável...


Força Manel, Tu És Eterno.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Agora é sobretudo com Marco Silva e com os jogadores

Não faltaram diagnósticos, soluções, ajustes de contas e pedidos de responsabilização após o "ice bucket challenge" de Maribor. Quer uns quer outros quase sempre exercidos sob o efeito da emoção e choque sofrido pelos adeptos. O máximo que se consegue é ruído porque o essencial da resposta que é preciso ser dada está na cabeça de Marco Silva e nos pés e cabeças dos jogadores. Mesmo a direcção pouco mais poderá fazer do que proteger o grupo de trabalho, criando condições para a pressão e esse mesmo ruído exteriores não se tornem insuportáveis.

O pior que pode acontecer é que Marco Silva faça a indispensável interpretação do sucedido na Eslovénia debaixo do mesmo estado de espírito. Como se diz na gíria do jogo, os dados estão lançados, não haverá cartas novas no baralho, o mais que Marco Silva poderá fazer é baralhar e dar (oportunidades) a uns e negar a outros. 

Não é preciso conhecer Marco Silva pessoalmente para saber que está pressionado, uma vez que qualquer um no seu lugar o está, muito mais neste momento, por força dos resultados. Mas saber o quão permeável é à pressão já seria. No seu lugar, e se precisasse de conselhos, o que não me parece, recomendava-lhe o que costumo fazer nestes casos: ouvir as pessoas do seu circulo restrito de confiança, mas decidir dentro do que são as suas ideias e convicções. O pior que lhe poderia suceder era ganhar ou perder por causa de ideias alheias.

Dificuldades acrescidas para Barcelos
No plano psicológico o momento não é o melhor, por força da sequência de resultados. Não existe margem para errar e isso estará, inevitavelmente, na cabeça dos jogadores. Uns reagem bem a essa condicionante, outros tolhem-se e não conseguem expressar as suas melhores qualidades.

Não terá sido por acaso que Marco Silva marcou um treino para ontem à tarde. Se não o tivesse feito, haveria apenas o dia de hoje para preparar o jogo, o que é manifestamente pouco. Jogar com o Maribor não é a mesma coisa que jogar com o Gil Vicente e os problemas para a preparação especifica deste jogo são agora maiores do que eram há 2 semanas e antes do lance ridículo que mandou 500 mil euros à vida, dois pontos e até horas de sono à vida. Isto porque o treinador que iniciou a época deu lugar ao nosso velho conhecido Mota, cujas equipas adversárias são vistas com canelas até ao último cabelo.

Mudar ou não mudar
Quando se fala em mudar alguma coisa na equipa do Sporting aponta-se imediatamente para o centro da defesa. Ignora-se contudo que pelo menos uma alteração terá obrigatoriamente que ocorrer, atendendo ao impedimento de Jefferson. Dificilmente Marco Silva mudará mais, até porque já fez regressar em Maribor Cédric, quanto a mim de forma injusta para com Esgaio, que estava a cumprir até acima das expectativas gerais e das minhas em particular. Mudar os dois centrais está fora de questão, ainda faria menos sentido por, de repente, uma defesa nova, com jogadores que quase nunca jogaram. 

Depois há outros planos que convém avaliar: o(s) jogadore(s) que saíssem ficariam num plano fragilidade pouco recomendável, e ninguém garante - estamos a falar de futebol, não de matemática - que os escolhidos não pudessem falhar também. De uma assentada ficariam comprometidos quase todos os elementos do sector. 

Parece-me que Marco Silva fez uma má aposta nos centrais que escolheu para fazer dupla, já aqui o disse vezes sem conta. Também me parece ter sido vitima de uma má avaliação feita ao seu desempenho, mais centrado no resultado do derby, do que propriamente na qualidade da performance. Acontece que agora as circunstâncias empurram-no para um beco e ainda por cima muito estreito. Daí que, face à conjuntura, compreenderei que não produza grandes alterações, para lá da óbvia entrada de Jonatham. 

Não tenho dúvidas que será muito por ali - pelo lado de Jonathan e Sarr, os elos fracos, por razões diferentes - que Mota forçará a entrada no nosso reduto defensivo, juntamente com a exploração do futebol directo para as costas de William, aproveitando o seu fraco poder de reacção e sofrimento.

André Martins é outro dos que está na linha de fogo. Não tem sido feliz, é certo, mas é apenas um entre vários. Adrien não tem estado melhor, o colega de sector serve agora de alvo, situação que Adrien tão bem conhece. Curiosamente é João Mário que agora é visto como salvador ou pelo menos como "game changer" o que manifestamente me parece ser pedir acima das suas características e possibilidades. Para um jogo mais fisico como o esperado numa equipa de Mota Martins oferece mais capacidade de organização, João Mário de organização, isto se tiver o espaço e o tempo para pensar, como o seu futebol exige. Mané nunca entraria nesta equação, o meio-campo vai ter que ter uma componente de luta, imposta pelo adversário e Mané não é bem para isso que está talhado.

Na frente não creio que Marco Silva vá fazer grandes alterações. Quando encostou Montero e quando decide pô-lo nos momentos finais dos jogos não lhe está a reforçar os níveis de confiança que precisa para voltar a ser tão importante como já foi. Assim é pouco crível ver Montero regressar à titularidade ao campo onde, para o campeonato, foi feliz pela última vez.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

59 anos e 13 dias de depois

 
A 4 de Setembro de 1955 jogar-se-ia no Jamor o primeiro jogo da Taça dos Campeões Europeus, hoje uma competição rebaptizada de Liga dos Campeões. Esse momento histórico para o futebol terá para sempre associado o nome do Sporting Clube de Portugal, facto que aqui recordei no passado mês de Maio e cuja leitura recomendo: 


Hoje, quando mais logo se registar o regresso efectivo do Sporting à mais prestigiada competições de clubes, o clube reencontra-se com o seu destino, retomando um caminho inciado há 59 anos e 13 dias. Que seja para ficar, este é o lugar que merece! É este um dos pensamentos que espero esteja presente na cabeça dos que nos representarão no relvado do Ljudski vrt, o estádio do Maribor. 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

As 4 primeiras jornadas: relance do futuro em 4 episódios

Quatro jogos passados desde o inicio do campeonato, o Sporting colecciona 3 empates e uma vitória. São quatro jogos suficientes para avaliar uma equipa e prever o seu futuro no campeonato? 

Começando pelo fim, prever o futuro em geral é uma actividade reservada aos cartomantes, com os resultados que todos conhecemos. Mas, quatro jogos, três dos quais com equipas que se estimam vir a lutar pela permanência ou ficar na segunda metade da tabela, e um com um candidato ao titulo, são suficientes para perceber pelo menos algumas tendências.

A falta de eficácia como explicação
Até agora o Sporting marcou em todos os jogos, porém isso não lhe trouxe grande felicidade. A constatação da semana, face ao que foi o jogo com o Belenenses, é que o Sporting pecou por falta de eficácia. Todos apontam mais ou menos o mesmo problema, mas ninguém define exactamente o que isto significa. A que "medida de eficácia" estará obrigado o Sporting? 1 golo por quantas oportunidades por jogo? Qual é a métrica de um candidato ao titulo? 

Como parece mais ou menos óbvio não há respostas taxativas para estas questões, o carácter aleatório do futebol assim o determina. Uma equipa pode ganhar um jogo apenas com uma oportunidade de golo e no jogo seguinte pode precisar de dez oportunidades para concretizar. O que faz a diferença entre as boas equipas e as restantes é que as primeiras ganham mais pontos, independentemente do número de oportunidades que precisam para concretizar. 

Explicar a perda de pontos apenas por um dos lados da questão é não perceber o futebol no seu todo. A eficácia, seja lá o que isso for, é tão importante a atacar como a defender. As grandes equipas prevalecem sobre as demais nos diversos momentos do jogo e não apenas num deles, e a perda de pontos do Sporting explica-se por aí. Não por acaso, a única vitória até ao momento alcançada, foi o único jogo em que não sofremos golos.

Os problemas
Há quem ache que o problema é Marco Silva. Há quem ache que é a falta de sorte, de garra, a defesa, o Sarr, a dupla de centrais, o André Martins, ou até ainda deve haver que o problema é Carrilo. Sim, esse mesmo que, por acaso, está praticamente em tudo o que é golo nestas quatro jornadas. 

Os maiores problemas vou buscá-los antes da época começar:

 1- A boa campanha do ano passado teve como resultado a sobre-avaliação do plantel e até alguns dos seus elementos tidos como mais importantes. Apesar de termos ficado à frente do FCP, por exemplo, não tínhamos melhor plantel, "apenas" trabalhamos melhor.

A minha opinião sobre alguns deles:

- William Carvalho não é tão bom como se especulava o ano passado nem tão mau como alguns agora pretendem. Muito melhor do que Rosell, ainda assim. 

- Slimani não é melhor nem pior hoje. O final do ano passado e o bom mundial deram a ideia de que seria imprescindível como protagonista mas, para uma equipa que precisa de um goleador para ser campeã, nesse papel, é uma fonte de... enganos. Não digo hoje, influenciado pelo último jogo, digo-o desde o final da época passada, continuando a pensar que se perdeu uma boa oportunidade quando não se lhe fez a vontade de o deixar sair. Slimani é o "último toque na bola", de preferência de cabeça. Não se pode pensar de outra forma de alguém que tem tão má relação com a bola nos pés e não percebe a importância de uma assistência para um colega, ou de uma tabela.

- Montero criou a imagem de estar fora de forma e de falta de confiança. No entanto, quando faço um roll-back dos jogos feitos e das oportunidades falhadas neste tempo que leva de "seca extrema", não me recordo de ser tão perdulário como Slimani foi, por exemplo, frente a Artur na Luz. Duvido que no lugar de Slimani, no jogo com o Belenenses, nas oportunidades que teve nos pés, na primeira parte, não tivesse pelo menos uma vez procurado servir um colega melhor posicionado (Carrillo no primeiro lance, Carrillo e Adrien no segundo). Já nem sequer especulo sobre a possibilidade de rematar melhor na totalidade das 3 oportunidades que teve nos pés.

- Jefferson, pelo menos o mais certinho que conhecemos, ficou algures na época passada. As abébias no seu corredor já vêm do ano passado e ameaçam tornar-se um clássico. Passaria mais despercebido num sector globalmente mais capaz.

- De Maurício já falei vezes sem conta, mantenho o essencial: a formar dupla com Sarr é "andar mesmo a pedi-las". O francês a cada jogo vai confirmando a primeira impressão: péssimo posicionamento, pouca aptidão e compreensão do jogo, a que associa dificuldades de concentração comprometedoras. Esteve em todos os lances de perigo da nossa baliza. No lance do golo do Belenenses o seu comportamento foi mais de um excursionista a pensar onde por a toalha e lancheira do que um defesa central. O golo acabou por ser um penalty de cabeça para Patrício.

- Até me custa dizer isto, uma vez que sempre aqui defendi a qualidade de Adrien quando se diziam enormidades a seu respeito. Mas se ele tem sido importante em matéria de recuperação de bolas, continua a faltar-lhe definição nos últimos momentos. É isso que lhe está a faltar para ser um "jogador de um grande" e indiscutível na selecção.

2- A falta de reforços, cuja excepção é Nani. Ter o melhor jogador ou um dos melhores jogadores do campeonato não resolve o problema porque o fosso para alguns deles é tão grande que anula, como em muitas jogadas se viu no último jogo, parte da sua inegável qualidade. O problema de o futebol ser um jogo colectivo. O que se pediu a Marco Silva foi que fizesse um bolo melhor do que conseguido por Jardim com praticamente com os mesmos ovos. A farinha e o fermento ainda estão a medrar na equipa B, no banco ou na bancada. O problema foi terem-lhe pedido o bolo para já...

As culpas de Marco Silva
O trabalho do  treinador dificilmente escapa ao crivo dos adeptos, especialmente quando os resultados não são os desejados. Quando se ganham há sempre muita gente a aparecer na fotografia. 

Sem prejuízo de constatar que há muito a melhorar em quase todos os aspectos do nosso jogo e que essa perspectiva está longe de estar esgotada, não deixo de alinhar pela opinião dos que acham que hoje se joga melhor do que no final da temporada passada. E quando se joga melhor não se pode perder a esperança de melhores resultados. Razões que justificam que não se coloque em causa o seu trabalho e muito menos a sua continuidade.

Se há uma culpa do treinador que me parece clara foi não ter uma intervenção mais directa na formação do plantel. Não me parece que haja algum jogador indicado por ele. Um maior trabalho de cooperação e entendimento entre ele e a SAD - afinal tem um contrato longo - poderia ser mais vantajoso para todas as partes. 

Na apreciação ao jogo de sábado não deixo contudo de dizer que esperava outra(s) coisa(s) de Marco Silva:

Em particular no jogo de sábado, a presença de Montero no onze inicial era uma delas, pelas razões acima aludidas. Não percebi a saída tão precoce de Carrillo - poupar um jogador para um jogo que há-de vir não faz sentido quando o jogo presente não está ganho - ou a saída de Martins quando Adrien não fazia um passe de jeito. Capel para centrar para a molhada aos 60m, quando se percebia a desinspiração total de Slimani, também não me pareceu fazer tanto sentido. Tal como abdicar de Mauricio, deixando a Sarr a incumbência de comandar a defesa...Marco Silva pôs mais coração do que cabeça e organização o que, de certa forma, contrariou a impressão que tinha dele.

Na apreciação geral estranho, até pelo que se conhecia do seu trabalho anterior no Estoril, que Marco Silva arrisque o que está a arriscar na composição da defesa. As opções não são muitas, estão longe de serem incontestáveis, mas existem. O Lateral Esquerdo dizia há dias que esta defesa era um desastre à espera de acontecer. Oxalá ele não chegue, mas os pequenos despistes já nos estão a fazer mossas que pode ser comprometedoras.

Conclusões
1- O Sporting, pela qualidade do seu plantel, só é candidato ao título se os outros dois falharem, o que é bem diferente de se assumir simplesmente como candidato ao titulo de forma pura e simples. Isto não é semântica, é constatar o óbvio. Por exemplo, com Jackson e um defesa central a sério esta perspectiva mudava de figura. Mas eles não estão e por isso um discurso realista face às circunstâncias tenderia a aliviar a equipa.

2- O facto de ter perdido pontos em jogos com equipas pequenas até me parece injusto, tendo em conta o que se passou nesses jogos, mas é bem a marca do futebol português. Não há nada de novo aqui, as equipas jogam com todas as armas ao seu alcance, nós desempenhamos os mesmo papel quando temos que enfrentar adversários com argumentos superiores aos nossos. Estar preparado para isto é estar preparado para ser campeão.

3- O meu maior temor nos jogos que se seguem estão na componente anímica. As alterações introduzidas por Marco Silva no jogo de sábado potenciaram um padrão de ansiedade sobre a organização e o método, pelo que as queixas do treinador no final do jogo até fazem pouco sentido. Uma sequência negativa potencia a descrença que, uma vez instalada, é difícil de contrariar.

4- O "melhor resultado", até por força do histórico recente, foi alcançado com a equipa mais forte que defrontamos até ao momento. O que revela que os jogos onde disporemos de maior espaço para jogar serão, em teoria, os que estaremos mais capazes de discutir resultados aparentemente improváveis. Um bom resultado frente a um adversário forte pode ser o catalisador que está a faltar na fórmula de Marco Silva.

domingo, 14 de setembro de 2014

Empastelados

Sem grande surpresa, face ao trajecto das duas equipas, o Sporting deitou mais dois pontos fora dos muitos que precisa para o campeonato. O sucedido pode-se resumir numa palavra: ineficácia. 

Ineficácia na hora de concretizar as oportunidades criadas e ineficácia a defender, expressa na forma como permitiu ao Belenenses chegar ao golo e construir as melhores oportunidades do jogo. Isto enquanto Nani dava um recital, cavando um fosso abissal entre ele e todos os outros 27 jogadores que pisaram o relvado. A excepção foi São Patrício.

Uma palavra especial de solidariedade para a família e amigos do sócio Ilídio Manuel Nunes Esteves, ontem falecido em pleno estádio. Ficamos mais pobres quando um de nós parte. Mas ainda mais pesarosos e chocados quando alguém nos deixa de forma tão trágica e tão cedo, com apenas 43 anos. 

sábado, 13 de setembro de 2014

A sério?!

Noticia no site da Federação Portuguesa de Futebol:
"A Federação Portuguesa de Futebol determinou um minuto de silêncio nos jogos das competições que organiza entre os dias 12 e 19 de Setembro, em memória do antigo árbitro internacional António Garrido.
Recorde-se que Garrido foi o primeiro árbitro português a ter o estatuto de internacional, tendo desaparecido na última quarta-feira, aos 81 anos, na sequência de doença prolongada."
A sério?! 
Para quando um minuto de silêncio pelo luto em que agentes como António Garrido mergulharam o futebol português de há décadas para cá?



sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Os grandes desafios da direcção de Bruno de Carvalho*


A generalidade dos Sportinguistas deve ter ficado satisfeita ou pelo menos razoavelmente satisfeita pelos resultados expressos no relatório e contas apresentado esta semana. O esforço feito na adequação dos custos às receitas disponíveis é assinalável, permitindo estimar que, com a total implementação da reestruturação financeira, a sociedade que gere o futebol registe uma considerável melhoria da sua saúde financeira.

Este aspecto, combinado com a da competitividade da equipa principal de futebol, é fulcral para a atracção de investimentos, sejam em forma de dispersão do capital detido pelo clube, seja mesmo no âmbito lato da capacidade negocial do clube com investidores, jogadores e respectivos agentes, parceiros de negócio, agenciamento de publicidade, etc.

No ponto III do relatório e contas (página 23) a SAD dedica um capítulo à evolução previsível da sociedade. Aí são definidas como prioridades a continuação do trabalho desenvolvido no sentido de (i) garantir a sustentabilidade da SAD, como ponto de partida para o (ii) crescimento das actividades económicas da sociedade. De forma vaga é apontada como a aposta desportiva para o futuro o (iii) investimento em jogadores jovens nacionais e estrangeiros. O (iv) aumento de receitas é outro objectivo, quer pela maximização das receitas tradicionais bem como pela exploração de novas fontes como as apostas desportivas, bem como da rentabilização do bom nome e do conhecimento acumulado pela gestão das Academias.

O relatório e contas não será propriamente o documento onde se deva ir ao pormenor no que à estratégia desportiva diz respeito, pelo que não me vou preocupar com o teor vago do enunciado. Fico pelo essencial do que me parecem ser os grandes desafios dos actuais corpos sociais no que à gestão da sociedade diz respeito: a sustentabilidade e o crescimento.

A primeira parte – a sustentabilidade - está a correr bem, merecendo os elogios mais diversos. O estado em que os actuais dirigentes receberam a SAD impunha como prioridade total a recuperação financeira, sem a qual o clube estaria condenado a agonizar. O trabalho não está ainda finalizado, mas parece pelo menos bem encaminhado.

A segunda parte – o crescimento - é o grande desafio. Grande porque fazer crescer é criar valor, o que é bem mais complicado do que simplesmente cortar. Grande porque requer a aproximação não apenas a um mas a dois rivais. Isso implica disputar com ambos não só os pontos que dão campeonatos, como também competir ombro a ombro por maiores receitas que lhe permitam financiar os títulos. No fundo reconquistar o espaço que já foi nosso. E esse não nos vai ser entregue numa bandeja. Requer acerto e qualidade nas decisões, e o facto de termos que encurtar distâncias reduz consideravelmente a margem para errar. Além da sempre indispensável felicidade, claro está.

Muita da capacidade competitiva das equipas começa na capacidade económica das sociedades que gerem o futebol. Aliás é quase impossível dissociar uma da outra porque sem bons resultados dificilmente um clube consegue sustentabilidade. Para muitos clubes a definição de bons resultados pode-se circunscrever a uma subida de divisão, ficar algures na tabela que não signifique o rebaixamento, ir às competições europeias. Para os clubes chamados grandes bons resultados resume-se numa palavra: títulos. E os títulos - não estamos a falar de um título esporádico como sucedeu ao Boavista, nem sequer de um título de dez em dez anos como temos registado em média - são caros.  

Parece-me justo considerar que este caminho - o do crescimento de económico e desportivo - sendo indispensável não vai acontecer com um mero estalar de dedos, nem num espectro de quatro anos apenas. Se os actuais corpos sociais conseguirem, no final do actual mandato encurtar a distância para os rivais de sempre - isto significa ser mais competitivos e roubar-lhes os títulos que têm dividido entre si - estará interrompido um ciclo de dois mandatos que terminaram de forma dramática, com o clube a ficar mais longe dos que deviam ser os seus adversários directos. Essa é a medida que considerarei para dar o desafio como vencido.

*O post centra-se na actividade da SAD, por ocasião da publicação do relatório e contas de 2013/14. Os desafios para a generalidade do clube são bem mais complexas.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

E depois de Paulo Bento? Jesualdo Ferreira!


Paulo Bento cumpriu o destino que o resultado com a Albânia Ddeixou traçado e já não é o seleccionador nacional. Muitos nomes foram já lançados mas um que não vi invocado seria a minha escolha: Jesualdo Ferreira.


Por exclusão de partes não acredito que Rui Jorge ocupe o lugar deixado vago por Paulo Bento sobretudo pela ligação pessoal que existe entre os dois. E depois porque no que às competências diz respeito não nenhum ganho evidente, acrescendo a desfavor do actual treinador da selecção sub-21 a sua limitada experiência e "peso". Sem qualquer garantia de significar uma mais-valia no escalão acima, será aconselhável interromper a senda de bons resultados do seu grupo de trabalho?

Nomes como Manuel José representam o passado, a água já há muito passou debaixo daquelas pontes. 

Fernando Santos tem experiência e "peso". A sua entrada na selecção representaria com muita probabilidade o regresso de alguma estabilidade e segurança ao futebol da selecção. Porém não foi por aí que Paulo Bento falhou. Duvido que o homem da linha representasse o rasgo e audácia que Paulo Bento só esporadicamente alcançou. O facto de ter um longo castigo por cumprir não ajuda muito a sua candidatura.

Vitor Pereira é um bom nome se o horizonte for o resultado imediato, isto é, a qualificação para o próximo europeu. A selecção ficaria bem servida mas creio que precisa de algo mais.

Pode por isso parecer uma contradição nomear um treinador como Jesualdo Ferreira, mais ou menos da mesma geração de Manuel José. Mas não é. O passado documenta percursos diferentes, a passagem por projectos ligados à formação de jogadores é um deles. Mais importante parece-me a competência e capacidade de planeamento, mesmo que isso representasse menor preocupação com o resultado imediato. Não significa com isto abdicar do objectivo imediato, a qualificação para o Europeu.

Recordo-me das palavras recentes de um responsável do futebol alemão, lembrando que a humilhação sofrida perante Portugal foi o catalisador para um projecto de reorganização cujos resultados, após 10 anos, estão à mostra. O campeonato do Mundo no Brasil foi apenas uma amostra, o futebol alemão, quer a nível de selecções ou de clubes, é uma promessa de hegemonia cada vez mais concreta.

O futebol nacional, nas selecções e não só, precisa de ser repensado e projectado para lá do próximo jogo e da próxima qualificação. Jesualdo Ferreira é, dentro dos treinadores disponíveis, o que tem perfil mais adequado para o fazer e conhece os cantos à casa do futebol português. Seria a minha aposta.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Processos, cenouras & paus

Processos
O Sporting, com o seu presidente em destaque, faz hoje o pleno das capas dos jornais desportivos mas, infelizmente pelas piores razões. É pelo menos esse o meu sentimento ao verificar a possibilidade de o clube vir a processar antigos dirigentes e funcionários (Godinho Lopes, Luís Duque e Carlos Freitas) sob a acusação de violarem “culposamente os deveres de diligência e cuidado a que estavam obrigados". Em causa estão os contratos firmados por aqueles ex-dirigentes e funcionários por ocasião da contratação de Jeffren e Rodriguez e na renovação do contrato de Izmailov, desrespeitando pareceres clínicos negativos.

Não é uma noticia agradável, sobretudo pelo facto iniludível que o processo se arrastará e com ele o nome do Sporting Clube de Portugal. Porém, se as acusações forem sustentadas por factos ocorridos teremos que concordar que é um mal necessário. Pior seria para a imagem do clube se, ao constatar este tipo de ocorrências, não pugnasse por ser ressarcido por prejuízos causados, e respectivos autores e independentemente do lugar que ocupava.

Cenouras & paus
A simultaneidade da noticia de que na próxima A.G. da SAD vai ser solicitada a autorização do levantamento dos referidos processos bem como a emissão de um empréstimo obrigacionista de 30 milhões de euros é que não deixa de me levantar suspeitas. 

Porque se isola o primeiro procedimento (os processos) da auditoria a decorrer e se escolhe estes itens em particular da gestão de Godinho Lopes da generalidade das suas acções? 

São apenas estes actos a merecer este tipo de procedimento ou vão ser revelados juntamente com noticias menos agradáveis, como é o maior empréstimo obrigacionista de sempre? 

Trata-se de uma manobra de diversão, de mero marketing ou uma actuação coerente e sustentada? 

São os processos a cenoura para a bordoada que aí vem do empréstimo obrigacionista? 

Do ponto de vista pessoal devo dizer que não me oponho ao recurso a esta ferramenta de financiamento. Alíás, já em conversas anteriores sobre este tema, sempre disse que, à semelhança do que vem acontecendo nos clubes rivais, não se vislumbram muitas alternativas. O Sporting está aqui obrigado a pagar o empréstimo anterior (20M), tendo decidido aumentar em 50% o empréstimo anterior.

O que isto significa é que o Sporting, pelo menos até ao momento, e contrariamente ao que foi prometido, não consegue encontrar investidores para o seu negócio? Surpresa? Sinceramente não. Surpresa foram as promessas feitas nesse sentido.

Vale, a propósito deste empréstimo, recordar o que o presidente Bruno de Carvalho pensava deste ferramenta de financiamento em 2011:

"Durante as eleições Godinho Lopes disse que tinha soluções para diminuir a divida com a banca pois negociava com eles diariamente e era muito credível - afinal a grande negociação foi, para pagar o empréstimo obrigacionista que terminou em Julho de 19 milhões, fazer um novo empréstimo de 20 milhões a uma taxa de 9,25%. Esta taxa é excelente para os investidores das obrigações mas péssima para o Sporting Clube de Portugal, tendo o serviço da nossa divida aumentado fortemente".

Veremos agora que taxas o Sporting proporá aos investidores - por diversas razões estas deverão ser mais baixas -  sendo óbvio que, se estas não forem atractivas aqueles escolherão outros meios ao seu dispor para rentabilizar o seu dinheiro. 

Trata-se de uma operação financeira com algum risco, se atendermos a que quer BES quer BCP, que devem ter sido investidores no passado, e restantes entidades financeiras nacionais, estão longe de estar de boa saúde. A procura definirá a forma como o mercado olha para a actual administração do clube. Seria por isso bom, por todas as razões implícitas e explicitas, que o empréstimo fosse um sucesso. 

Relatório & Contas
Um pequeno relance sobre o documento ontem apresentado à CMVM permite concluir que o Sporting está a realizar um importante movimento de ajustamento, tentando adequar os seus custos aos rendimentos, testemunhados por exemplo na diminuição dos gastos operacionais em cerca de 36 milhões de euros e dos gastos financeiros em cerca de três milhões de euros face ao exercício anterior. A redução de custos com pessoal de 41,6 para 25 milhões, bem como o aumento dos rendimentos operacionais em 5 milhões, entre outros. O aumento do passivo não me parece dramático, pode, em determinadas situações, ser encarado com uma normal ferramenta de gestão da SAD.

Uma chamada da atenção para os valores despendidos na aquisição de jogadores. O Sporting não divulgou ainda integralmente a relação dos valores das aquisições efectuadas mas tudo leva a crer que a estimativa aqui feita anteriormente deve estar correcta, tudo apontando para valores entre os 14 e os 17 milhões deve estar correcta.

Alguns pormenores que me chamaram à atenção:

Afinal Slavchev custou 2.5M por  85% do passe.

Se Paulo Oliveira custou  1,8M (90% do passe) porque é o Vitória credor de 2.2M? Valores em atraso? Quais? 

O Ilori, ao contrário do então anunciado, foi afinal vendido por 4,88M de euros? 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A competência e a falta dela. (Na selecção e no Sporting)

Passe o exagero, o dia futebolístico de hoje deve-se assemelhar ao dia em que se conheceu a noticia da derrota em Alcácer-Quibir: Um desastre nacional! É pelo menos assim que amanheceram a generalidade das reacções à derrota no jogo de estreia com uma selecção sem outro historial que não seja perder jogo sim, jogo sim, e de vez em quando não.

Paulo Bento é o réu já no patíbulo, falta saber a que horas a guilhotina começará a viagem descendente. Aqui, o maior erro do ainda seleccionador é não ter percebido que a sua morte para a função já havia ocorrido ainda no Brasil e ter continuado a acreditar na sua própria ressurreição. Quando olhou para o os compromissos já calendarizados provavelmente achou que ela era facilmente alcançável. Agora, a ocorrer, será apenas ao segundo jogo...

Falar em morte é referir-me à sua credibilidade, importante para definir a relação de confiança com os adeptos, e através dela a ligação indispensável com a equipa. Ao falhanço rotundo na excursão ao Brasil - definição particularmente benévola - seguiu-se uma "corajosa" assumpção de culpas próprias, mesmo que em modo de português suave. As aspas estão ali para lembrar que se tratou de um acto pouco comum entre responsáveis do que quer seja, que deveria ser o hábito e não a excepção.

A falência da confiança em torno de Paulo Bento não é tão importante como a da sua competência técnica. Não me parece que a possa ter perdido com o passar dos meses, como se de ar de um furo lento num pneu se trate. Mas é incontestável que já nada resta das promessas deixadas pela goleada épica aos "nuestros hermanos", ainda estes viviam dos juros da sequência dos títulos alcançados. Dizer hoje que a selecção não joga um caracol é não gostar de nenhuma das formas que estes são conhecidos, seja num pires com uma loira, seja nos cabelos dessa mesmo... Esse é principal problema de Paulo Bento e da selecção, mais do que jogar este ou aquele naquela posição, daquele ou deste empresário, porque até não há assim tanto por onde escolher.

Sem ilibar as responsabilidades do seleccionador - porque a selecção tem que ser capaz de muito melhor ante os albaneses ou cipriotas desta vida - há que constatar que a qualidade humana e mesmo o espectro de recrutamento de Paulo Bento diminuiu drasticamente desde que a Albânia, há 6 anos, nos pré-anunciou o que ontem concretizou. Mas não é de todo de esquecer que nesse dia em Braga jogaram Ronaldo, Nani e Quaresma que, juntamente com Miguel, Pepe, Bruno Alves, Moutinho, Almeida, Danny, eram 6 anos mais novos. Paulo Ferreira, Miguel e Nuno Gomes ainda jogavam, o que emprestava a Carlos Queiroz muito maior qualidade que hoje Paulo Bento tem à disposição. Isto sem falar em Bosingwa, Carvalho, Simão que, à altura, estavam lesionados.

O apuramento está longe de estar comprometido por causa da perda de um ponto, se se quiser fazer o paralelismo com o resultado de 2008, com realce para o facto de a qualificação para o Mundial que então se disputava ser muito mais contingente que a mesma fase do Europeu que agora começa. Se é indiscutível que é impossível fazer pior, não será difícil constatar também que venha quem vier tem possibilidades diminutas de igualar o que fez nos anos mais recentes, nomeadamente os segundos lugares dos europeus que, Lisboa 2004 à parte, pareceram significar sonhos acima das nossas possibilidades futebolísticas.

Muito do que hoje somos (in)capazes de fazer já não está no jogo em cima do tabuleiro do seleccionador. A célebre geração de ouro de Queiroz já deixou de render dividendos há muito, a que se veio a somar uma geração de ouro azul e branco (Mourinho e as suas equipas que ergueram a Taça UEFA e dos Campeões Europeus), onde se sustentaram as vitórias do clube da Invicta e último estertor de uma selecção capaz de navegar no mar dos big five dos rankings. De lá para cá vivemos da nulidade do trabalho que deixou de ser feito no fomento do futebol jovem com a saída de Queiroz e com a chegada em jeito de contentores de jogadores estrangeiros à volta dos quais se vão construindo as equipas dos clubes grandes.

O Sporting tem sido mais ou menos a excepção nesse movimento, processo que agora apregoa querer regressar, depois da passagem de Bettencourt e Godinho Lopes pela presidência terem significado um importante desvio numa aposta que até vinha parecendo assumir um crescimento sustentado. Coincidência das coincidências, protagonizado pelo mesmo Paulo Bento.

Falta ainda saber o real impacto da chegada de tanto jogador jovem para competir com jovens. A sua real importância só a conseguiremos perceber daqui a alguns anos, tal como está o país futebolístico a perceber agora os resultados da falta de planeamento. Obviamente que o desfecho não tem que ser igual, o que se pretende é prevenir que, acima das discussões mais ou menos acaloradas sobre a aposta na formação e falta dela, as verdadeiras consequências estão ainda fora do alcance dos nossos olhos.

Como é fácil de perceber pelo que aqui escrevo, tenho muitas dúvidas no modelo que vem sendo seguido. Não me parece fazer sentido apostar em jogadores que, pelas primeiras impressões, nada acrescentam em qualidade aos lugares para que pareciam destinados, a primeira equipa, acabando por se acotovelar na B "para ganhar experiência".  A grande vantagem é que este meu "delito de opinião" não traçará o destino de sucesso ou continuação de falta dele para a principal equipa do Sporting.

Quanto a mim o insucesso que se regista há anos, e que a falta de troféus recentes documenta, deve-se à falta de competência exibida pelas diversas equipas dirigentes, consubstanciada numa compreensão deficiente das exigências do futebol profissional. Debilidades acentuadas pela instabilidade interna em que o clube tem vivido e que os nossos adversários/inimigos têm sabido aproveitar e potenciar nos momentos certos.

Apesar disso, ao contrário do que parece ser um movimento de opinião crescente, não é a acção dos jornalistas, dos dirigentes disto e daquilo, a responsável principal pela nossa anemia competitiva. As principais razões deverão ser procuradas internamente e, como em tudo na vida, a situação actual é o resultado de escolhas feitas e da qualidade ou falta dela que daí resultou. Tal como as de hoje serão no futuro a médio/longo prazo.

Para exemplificar nada melhor do que olhar para o que se vem fazendo no futsal. Os adversários/inimigos são mais ou menos os mesmos, as suas acções também. Vale assinalar que a concorrência menor,  por falta do FCP, também seja determinante, porque não é o mesmo que competir a 2 ou a 3.

Mesmo com ajustes nos orçamentos, saídas de jogadores importantes, o Sporting mantém a hegemonia da modalidade, como ainda no passado fim-de-semana fez questão de demonstrar. Seguramente que os resultados alcançados espelham a qualidade do trabalho realizado. Até mesmo nos anos em que não se consegue ganhar as equipas do Sporting não deixam de ser referências na modalidade. Mesmo percebendo as diferenças de contexto, talvez o futebol deva olhar mais vezes ao que se faz de bem à sua volta, no clube.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Da melhor geração de sempre a uma das piores duplas de centrais. Que defesas centrais para o Sporting?

Ainda há poucos anos se falava da facilidade com que a formação do Sporting "produzia" grandes extremos, bons médios, mas não atingia a mesma perfeição nos pontas-de-lança e defesas, em particular os defesas centrais. Esta conversa ganhou particular acuidade no tempo em que Carriço começava a fazer as suas primeiras aparições na equipa principal e os desastres ante o Bayern acabaram por o fazer cair do pedestal de capitão em todas as categorias de formação e rico curriculum nas selecções nacionais, a proscrito por uma parte substancial das bancadas de Alvalade.

Enquanto isso sucedia, em Alcochete continuavam a evoluir as gerações seguintes e, sem grandes alaridos mas enorme eficácia, o departamento de formação procurou responder aos anseios e criticas, produzindo em anos consecutivos dos melhores jogadores nacionais naquela função: Pedro Mendes, Nuno Reis, Eric Dier, Tiago Ilori, Tobias Figueiredo, Ruben Semedo.


Indiferente ao fenómeno o Sporting ia fechando todos os lugares disponíveis com Torsiglieris, Nuno André Coelhos, Onyewu's, Xandões, Boulharouz's e, mais recentemente com Mauricios, Sarr's.  

A equiparação de valor de uns e outros nunca será consensual entre os adeptos, mas há um barómetro que  permite avaliar a impressão que causam entre os profissionais (treinadores, scouters, dirigentes) a quem cabe a tomada de decisão de comprar. Pedro Mendes tem contrato com o Parma, Eric Dier com o Tottenham, Illori com o Liverpool. Torsiglieri é jogador do Metalist, Nuno André Coelho está no Balieksispor, da Turquia, Xandão no Krasnodar, Boularouz no Feyenord, onde não joga e Onyewu perdi-lhe o rasto. Dos 6 jogadores citados acima apenas Tobias e Rúben Semedo mantêm ainda ligação contratual ao clube. 

(Não me esqueci de Nuno Reis, mas usar a palavra ligação a um jogador que o clube voluntariamente transformou num pária, sem qualquer aproveitamento seria excessivo. O que, no caso do jogador em questão, é um verdadeiro mistério. Valor para pedir meças aos defesas recém recrutados não lhe faltará, Maurício incluído, isto avaliando pelo que é do conhecimento de todos: o curriculum.

Dos jogadores aqui formados e que entretanto abandonaram o clube, todos têm um percurso semelhante: a sua saída decorreu de forma mais ou menos litigiosa e sobre quase todos eles recaem acusações de mercenarismo e falta de respeito pelo clube que os fez jogadores. Uma tentação em que é fácil cair se a análise se detiver em casos individuais e não perceber que pode haver uma tendência que se regista, um padrão.

Aí chegados seria necessário perceber que, para lá das falhas que possam ser imputadas aos jogadores, pode ser o próprio clube, como organização, que está a falhar. Um exercício pouco apetecível pela generalidade dos adeptos e, neste momento particular de exaltação permanente das qualidades do líder e da sua equipa, muito menos.

A hipótese que resta é acreditar no azar, numa cabala dos deuses que nos atiram para os braços maus-caracteres. Uma conclusão para pobres de espírito e vontade, parece-me. Se há algo de positivo a retirar dos episódios Rojo, Slimani e outros semelhantes noutros clubes, é que não estamos a lidar com um problema especifico do nosso clube ou exclusivo da nossa formação, antes sim um fenómeno comum e não apenas circunscrito ao futebol.

Porque não criou/cria o Sporting condições para retirar o devido proveito dos centrais que forma? O Sporting não lhes reconhece as qualidades que outros não hesitaram em procurar e adquirir?

Porque procura o Sporting centrais com características diferentes dos que forma, denotando uma preocupação excessiva num perfil fisico (Xandão, Onyewu, Mauricio, NAC, Sarr) e negligenciando o perfil técnico que se reconhecem em Illori, Dier, Reis, Tobias, etc? 

(Esta procura não se tem esgotado nos centrais, a chegada de jogadores como Fokobo, Sambinha, Matias Perez, Cissé e Enoh são indicativas da preferência pelos quilogramas e centímetros ao valor do talento e da técnica. A dispensa de Betinho para a Premiership em desfavor da aposta em Enoh parece-me uma aberração que confirma esta tendência, quando as características de ambos recomendariam precisamente o oposto. Oxalá esteja enganado.)

Qual é o peso que terá no curto/médio prazo para a qualidade do futebol praticado ter jogadores que se assemelham entre si, acumulando entre eles enormes limitações para assegurar não apenas qualidade no desempenho defensivo, bem como no inicio da construção do jogo, determinante para uma equipa com as pretensões e exigências do Sporting?

A menção aos jogadores formados em Alcochete é aqui instrumental para marcar a diferença de perfis, uma vez que não se pretende aqui fazer a apologia de que os jogadores da formação são os melhores e únicos e têm de ser titulares. Aqui, como em tudo na vida, deve ser a justiça e o mérito  a determinar as escolhas. É muito comum ouvir os adeptos dizer que "lá por ser da formação isso não lhe dá salvo conduto para a titularidade". Infelizmente tem-se registado o inverso e muitas vezes com o beneplácito dos mesmos adeptos.

Falar da formação do Sporting acaba muitas vezes por ter um efeito pernicioso sobre uma discussão, os argumentos tendem a centrar-se em questões que resvalam para questões que nada têm a ver com a sua essência.

Mais importante que apostar ou não na formação é a aposta no talento, na inteligência, na compreensão do jogo, na competência dos jogadores que o Sporting escolhe para formar os seus plantéis. Algumas destas características/qualidades são inatas e o scouting da formação do Sporting é reconhecidamente competente na sua detecção, a que associa uma capacidade igualmente notável de ensinar o que é o jogo aos seus atletas. Daí que não seja fácil nem barato ir buscar jogadores que acrescentem valor ao que já está disponível.

Na impressão que me tem ficado neste inicio de época os centrais que o Sporting contratou não trazem nada de novo nem melhor ao que o Sporting já tinha dentro de portas, agravando-se essa percepção de pouco valor sobre a actual dupla de centrais. Esta deve ser das piores que temos nos últimos anos, o que pode vir a constituir uma forte limitação para as ambições para a época em curso.

Tem aqui a palavra Marco Silva, que não deixará de estar atento ao que têm feito Mauricio-Sarr, como aos restantes jogadores que tem à sua disposição para a função. Obviamente espero que este meu juízo negativo e apreensivo venha a ser desmentido até finais de Maio, inicio de Junho.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

11 jogadores e quase 18 milhões depois*

O mercado fechou e, depois de 11 novos jogadores contratados, quase 18 milhões gastos (*números que circulam hoje nos jornais, aguardo a confirmação oficial, mas que se devem cifrar algures entre os 14 e dezassete milhões), a pergunta que se impõem é: 

estamos mais fortes, tão fortes como precisaríamos de estar, para enfrentar os compromissos da época 2014/15?

Impressão geral: pouca felicidade e acerto nas aquisições que a excelente operação Nani e a contratação de Rosell não iludem. Talvez o fosso entre as segundas linhas e os titulares tenha diminuído mas não de forma significativa e desejável.

Não pode deixar de se assinalar o pelo menos até agora aparente desvio da ideia defendida por BdC: a aposta em jogadores nacionais, de preferência da casa, e opção por jogadores estrangeiros que constituíssem uma mais-valia clara. Dos 11 jogadores contratados 8 são estrangeiros e apenas um deterá esse estatuto.

O tema foi já sobejamente discutido entre os Sportinguistas, pelo que não vale a pena aprofundar os argumentos. Acrescentaria apenas dois pontos: 

(i) a procura feita com base na quantidade que me parece não ter justificação plausível quando a qualidade é que "faz a diferença".

(ii) A juventude da generalidade dos recrutados permite acalentar a possibilidade de os jogadores "crescerem" e com isso se tornarem as tais "mais-valias" que se procuraram. Isso será muito difícil de ocorrer se a generalidade dos jogadores permanecer sem jogar com regularidade. E, no futebol, o futuro é o próximo jogo.

O recado do mercado: Há uma diferença significativa entre o valor real - que terá que ser sempre o que é espelhado em propostas concretas - e o valor afectivo ou que os adeptos atribuem aos seus jogadores. Não houve propostas irrecusáveis a não ser por Rojo que, não por acaso, foi titular da selecção vice-campeã mundial.

Análise por sectores:

Guarda-redes: Não houve mudanças pelo que o valor se manteve em relação à época passada.

Defesa: muitas entradas - Sarr, Rábia, Geraldes, Paulo Oliveira, Jonathan Silva - para poucas saídas - Dier, Rojo, Piris (Welder não pode contar, Piris) - onde apenas um era titular. Nenhum dos jogadores entrados se aproxima do valor de Dier e Rojo, as primeiras impressões sobre o Sarr ficaram expressas no post anterior, muitas dúvidas sobre os restantes. 

O que o derby nos disse é que o reforço indiscutível já cá estava e chama-se Esgaio. Um mea culpa que aqui fica registado, quando havia dito que não o via como defesa direito. Muitos furos acima de Jefferson a defender e ainda a ter que se preocupar com o Maurício. Quem sabe Tobias não venha a imitar, se Marco Silva lhe der uma oportunidade?

Intrigante a lesão de Rábia ontem comunicada. Uma pubalgia mal debelada e não detectada nos exames médicos (uma lesão como esta não é uma anomalia facilmente detectável neste tipo de exames) ? Era esta a lesão de que o jogador se queixava ainda no Egipto, ou apenas azar em 2 semanas de treino e um jogo pelos B's? Tanto ele como Jonatham aguardam por provas mais exigentes que o que foi possível registar até agora. Geraldes é, até ver, um acto falhado.

Um estranho ocaso de Paulo Oliveira não pode deixar de registar. Embora aqui tenha dito que não seria a minha opção, reconheço-lhe muito mais valor do que até agora conseguiu demonstrar. Várias questões se podem levantar, desde logo a mudança para Lisboa, que o passado regista como um grande problema para tantos valores tidos como seguros, a juntar à mudança para uma camisola que pesa muito mais. Será um reforço importante se conseguir superar o desafio.

Médios: Um grande reforço, personificado na continuidade de William e dois bons reforços na chegada de Rosell e no regresso de João Mário. Um ligeiro mas importante nivelamento por cima que estas opções conferem, mas não apagam as incógnitas sobre Slavchev, que não tem correspondido minimamente ao que se anunciava. Ryan Gauld está muito longe de poder significar uma opção no curto prazo. A minha dúvida relativamente ao escocês não está sequer no seu valor como jogador mas em saber se trouxe algo que não tínhamos já (Chaby), se veio para um modelo que joga sem o 10 tradicional que ele é e, não menos importante, que evolução esperar numa equipa, a B, que joga um futebol que privilegia a força, onde ele de certeza não cabe.


Avançados (extremos): A chegada de Nani é a grande bomba deste verão, não apenas para nós mas para o futebol português. Uma das razões acrescidas para querer ainda mais o sucesso da nossa equipa este ano, para lhe poder agradecer a generosidade de querer contribuir para ele, ser parte activa e determinante para o sucesso. Assim será, estou certo, desde que tudo aconteça com normalidade e sem azares, porque categoria não lhe falta.

Para que tal aconteça será importante a presença de um Carrillo consistente, como nunca o conseguiu ser. Um grande reforço que poderia ser, indubitavelmente. Ou um Capel mais atento ao jogo do que o foco permanente e quase exclusivo na bola e no relvado onde ela rola. Sacko não conta para já, é a minha impressão. Conto mais com a irreverência e atrevimento de Mané.

Avançados (pontas-de-lança): Provavelmente Tanaka ficar-se-á pela primeira designação, sem parêntesis. Em conversa com amigos dizia há dias que precisávamos de um avançado que desse a profundidade de Slimani, com o jogo de cabeça deste e os pés de Montero. Um Islam Montero ou Freddy Slimani. Não me parece que o japonês o seja mas, se a sua veia goleadora for a da pré-época, isso seria muito bom para nós. Para já foi importante na vitória com o Arouca. 

Slimani ter ficado é apontado como um grande reforço. Não escondo que preferia uma outra solução. Talvez seja mesmo o melhor para continuar a jogar como temos feito.

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