NDR: este post foi escrito pelo meu amigo José Gomes
Deixem-me iniciar este post com um preâmbulo. Eu, como muitos de vocês crescemos num mundo em que o desporto e os clubes eram paixão, seriam quiçá também negócio, mas esta ultima vertente era apenas a necessária para que o resto funcionasse.
O mundo mudou e as organizações desportivas como o Sporting também. Não há como fugir da realidade, mesmo que não gostemos dela. Mas há como nos adaptarmos a ela, sem perdermos a nossa identidade, os nossos princípios, a nossa ética pessoal e de grupo.
O Sporting Clube de Portugal tem sido ao longo destes últimos anos e quando a vertente negócio se sobrepôs à vertente paixão uma presa permanentemente alvo da atenção de alguns abutres que gostariam de a capturar. Até agora conseguimos resistir e o Clube é nosso. E com o Clube, o seu ativo mais precioso, a SAD, o futebol do Clube. A SAD tem sido um alvo mais apetecível que as dos rivais pela nossa desunião, pelo desespero que a falta de vitórias no futebol acaba por trazer, pelos seus problemas financeiros. Mas acima de tudo pela nossa incapacidade de traçarmos um caminho de exigência a quem nos tem liderado nas ultimas décadas. Desperdiçamos as nossas energias em permanentes lutas internas estéreis e não somos capazes de nos unir para exigir.
Queremos que o Nosso passado seja o Nosso Futuro?
Chegamos a este garrote financeiro por razões várias e não interessa agora estarmos a desperdiçar as nossas energias á procura de culpados. Porque isso não resolve o nosso problema. O problema é uma asfixia financeira grave que pode comprometer o futuro que queremos. E que acredito, mesmo não tendo votado na lista vencedora nas ultimas eleições, que esta Direção é capaz de oferecer muito ao Sporting. Acima de tudo, um rumo! Porque tem gente muito capaz, para lá do seu Presidente. Porque é uma equipa!
Para isso, é necessário que esta emissão obrigacionista seja um sucesso, mesmo relativo, não se atingindo os 30M€ inicialmente previstos. Essa almofada financeira vai ser a rampa de lançamento para todo o saneamento desportivo e financeiro que é necessário fazer. Sem ela, fica tudo mais difícil.
Foi lançada num momento particularmente difícil a todos os níveis. Principalmente para captar o investimento dos investidores institucionais que seriam o primeiro grande foco. Desde logo, o não reembolso da emissão anterior nos prazos inicialmente previstos retira confiança aos potenciais investidores. Depois, temos Alcochete, o cashball e a falta de confiança em que no curto prazo seja possível maximizar as receitas da sociedade, até pelas dificuldades em entrarmos no curto prazo no caldeirão da Champions.
Essas são as dificuldades. A mensagem de esperança é que os sportinguistas acreditam. E, racionalmente, têm razões para acreditar. Com a almofada financeira que esta emissão possa trazer e com mais alguns milhões que venham do Gelson, é mais que possível normalizar a sociedade e fazê-la seguir outro rumo,. Esta Direção já mostrou que é capaz disso e que está a trabalhar bem na sombra, sem ruído. A maneira como esta operação foi montada, contra ventos e mares é o melhor exemplo disso.
Ou seja, não vindo os investidores institucionais do modo como seria desejável, temos de ir NÓS. Porque o Clube é NOSSO, porque nós somos responsáveis pelo que lhe vier a suceder. Porque temos de ser nós a cuidar do que é nosso.
Além disso, a taxa oferecida por esta emissão é de quase 4% líquidos. E os custos, para quem já tenha ações comissionadas em qualquer banco são muito baixos (rondarão qualquer coisa entre 15 e 20 Euros, no total, para investimentos até €5.000,00).
Acreditar no Sporting é acreditar em nós. Porque nós é que somos o Sporting! E é construir um futuro sustentado que todos queremos. Quem não for agora a esta emissão, pode amanhã lamentar muito não ter ajudado o Sporting quando o Sporting mais precisava de ter a sua base para construir outro futuro. E pode estar a entregar o Sporting de bandeja a quem nos o quer roubar. Para ser sua propriedade. Quem acha que este pode ser o caminho, deve olhar para o Belenenses e tirar as devidas conclusões. Destruir é fácil e rápido. Reavermos o que é nosso pode ser uma tarefa praticamente impossível.
Acabo como comecei. A emissão será sempre um bom negócio para quem investir (obviamente tem um risco, mas não é a PT, nem é o BES). Mas acima de tudo, a participação dos sportinguistas pode evitar que o Sporting passe a ser SÓ e APENAS negócio….
Eu já subscrevi 6ª Feira. Agora passo-vos a palavra a vocês, meus irmãos da savana! Que é onde vive o Leão! Que todos queremos forte e bem alimentado, para capturar as suas presas como fez domingo no João Rocha!
José Gomes