B SAD 1 - Sporting 2: é possível ser feliz no lamaçal nacional
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Com clarividência e humildade Rúben Amorim sintetizou na perfeição onde começaram as dificuldades do Sporting: na preparação e definição da estratégia para o jogo. Mérito total de Petit, que estudou bem a nossa equipa e, com outros argumentos individuais, teria provavelmente saído com um ou mesmo três pontos da gamela onde se disputou o jogo.
A estratégia do treinador adversário expôs muitas das nossas debilidades: dificuldade em defender a toda a largura por inferioridade numérica, beneficiando do condicionamento de Palhinha e da pouca agressividade e reacção na hora de defender de João Mário. Castigou o nosso lado esquerdo defensivo, onde Nuno Mendes foi muitas vezes batido, expondo a verdura de Gonçalo Inácio. Do outro lado Neto ia escondendo as dificuldades com muita entrega mas muito desacerto. Coates tentava apagar os fogos como podia e sabia.
Um dos mérito de Petit foi criar a incerteza na forma como atacava: ora através de lançamentos longos, explorando as costas de uma defesa onde a falta de rins e velocidade são uma evidência, ora através de combinações que deixavam os médios azuis nas costas de Palhinha e João Mário. Tal ia criando instabilidade e alarme na nossa defensiva.
Dessa forma o B SAD rapidamente anulou a vantagem madrugadora obtida num lance de manual de TT, autor de uma primeira parte excepcional na entrega ao jogo e no acerto na execução. Foi ainda um TT eficaz - e revelando uma sagacidade rara para um miúdo que ainda é júnior - que se responsabilizou pelo fecho do marcador sem ter decorrido a meia hora de jogo, construindo uma grande penalidade.
Antes e depois do golo vitorioso foi a altura de explicar em desenhos em forma de defesas a importância de um bom e experiente guarda-redes. Depois da falha que contribuiu para o malfadado empate de Famalicão, Adán devia ter tomado nota na sua agenda a necessidade de mostrar as razões da sua aquisição, em detrimento da continuação da aposta em Max. Foi assim que se tornou, a par de TT, no homem do jogo. Foi para isto que veio, pois claro. Que assim prossiga, amén.
A segunda parte não permitiu tantas veleidades ao ataque azul mas também demonstrou como fica curta a manta quando não conseguimos segurar a bola e dessa forma readquirir a tranquilidade suficiente para explorar e criar dificuldades aos adversários. Pote está sem pilhas e sem elas não há magia. A sua ausência de zonas de decisão e a falta de bola a que tem estado condenado, por sagacidade do adversário e por menor fulgor próprio, tem-no conduzido a um solstício de inverno: a sua participação no jogo tem sido cada vez mais breve e menos iluminada.
Tabata, tal como a generalidade do nosso jogo pelas laterais, foi quase completamente engolido pelos defensores e centro-campistas azuis. Salvou-se a sua participação no golo inicial e pelos breves apontamentos técnicos.Terá sido provavelmente um dos que viu o seu jogo mais condicionado pelo lamaçal nacional.
Falar em lamaçal torna obrigatória uma genuflexão e duas avé-marias ao padre Rui Costa. Claramente um árbitro do sistema ou há muito que já só apitaria jogos de solteiros e casados bêbados.
A primeira avé-maria de bradar aos céus vai para o critério disciplinar abstruso. As regras são para cumprir desde o minuto zero até ao final. De outra forma se eu for apanhado a conduzir ébrio logo à saída da mesa da consoada não posso alegar que estava só a começar. Bem, alegar posso, mas...
A segunda avé-maria vai para o critério em voga há muito tempo e que já nos valeu a perda de dois pontos em Famalicão e sabe-se lá se outros dois com o FCP: na dúvida é contra o Sporting. Isto é: na dúvida não marcou fora-de-jogo, o que de facto é muito duvidoso e no choque a culpa é do Adán. Um lance que passa incólume no VAR (O que se pode aceitar, o árbitro é que tem que decidir) e explica bem ao que esta gente vem.
É claro que fomos felizes mas não menos felizes que outros rivais que também com muita sorte à mistura e que com muito mais argumentos não se revelam mais merecedores do que nós do lugar de líder.