Decisões difíceis de compreender, as suas consequências nem por isso
Um breve post para dar conta de algumas decisões pouco felizes e cuja matéria não é assim tão complexa ou exija grandes estudos. Os efeitos perniciosos de algumas delas - como o "ruído" desnecessário que elas provocam e até eventual desmobilização de uma parte, mesmo que menor, de alguns sócios e adeptos, seriam fáceis de fáceis de evitar fazendo uso do bom senso na hora da tomada da decisão. Algumas delas parecem resultar de decisões mal pensadas ou nem pensadas sequer.
Troféu 5 Violinos - marcar a apresentação do novo plantel para a época 14/15 para uma sexta-feira à noite não me parece uma decisão feliz. Para lá do simbolismo que reveste o momento não será menos importante salientar que se trata da primeira oportunidade para realizar uma receita com a bilheteira desde 11 de Maio, altura em que recebeu o Estoril em casa no fecho do campeonato. Ambas as razões concorrem para a necessidade da maior mobilização possível para que o estádio esteja cheio, a que acresce a importância de os jogadores sentirem desde já que os adeptos estão com eles e, especialmente os que acabam de chegar, sintam a força e grandeza da instituição que vão representar.
Quem vive em Lisboa e nos seus arredores não terá grande problema em estar presente, excepto os que estão de férias longe de casa. Mas quem vive longe, e esses são muitos Sportinguistas, e estiver a trabalhar, dificilmente consegue conciliar a presença sem abdicar de pelo menos meio-dia de trabalho, custo que acresce aos bilhetes, gasolina, portagens, etc. É também de salientar que um evento num 1º de Agosto vai apanhar muita gente em trânsito: ou a preparar as saídas de férias ou o seu regresso.
Obviamente que neste momentos do ano não é possível conciliar as necessidades de todos mas parece-me que a realização ao fim-de-semana poderia ser uma decisão que facilitaria a vida a muitos mais sportinguistas do que a uma sexta-feira à noite. Não terá sido por acaso que os nossos rivais realizaram as suas apresentações no fim-de-semana passado, de forma certamente a evitar este tipo de constrangimentos.
Assinale-se, ainda dentro do âmbito desta matéria - os agendamentos dos eventos - que há pouco tempo o presidente Bruno de Carvalho se queixou da fraca adesão dos sócios à última A.G., sem contudo dar importância à decisão que levou ao seu agendamento para uma segunda-feira à noite e em vésperas da Gala Honóris. Quem tem uma vida activa e preenchida de responsabilidades debatia-se com a dificuldade de marcar duas noites na mesma semana. Quem dispendeu 50.00 € para a gala a realizar no dia seguinte automaticamente fez a sua escolha. Quem vive fora de Lisboa tem este problema mais as das já aludidas despesas e tempos de viagens. Fácil torna-se depois julgar as ausências.
O mesmo se poderá dizer da marcação de jogos. Há um ano o Sporting marcou para um dia escaldante de verão a recepção ao Arouca. Esperava-se que o sacrifício - os adeptos acorreram em massa - fosse recompensado com a repetição de mais jogos num horário mais amigável, especialmente no ano passado, cuja ausência de Europa permitia maior jogo de cintura. Porém o que veio a suceder foi uma série de jogos em casa marcados para as noites de domingo. Obviamente que não é fácil rasgar a camisa de forças que representam os interesesses da SportTv, que conflituam com os dos adeptos e, por isso, também com os dos clubes de que estes são mais do que a mola real, o esqueleto, o sangue e o oxigénio. Mas, até prova do contrário, fica a noção que é possível fazer mais e melhor.
Decisões como esta, que afastam ou dificultam a vida aos adeptos, (ou como a dos equipamentos, que mexem com a noção de identidade) são totalmente inesperadas numa direcção que teve a sua génese precisamente num movimento de adeptos. Seguramente que decisões de carácter mais complexo foram já tomadas com muito maior felicidade e acerto do que estas aqui abordadas.
Para finalizar uma breve menção às dificuldades de comunicação em projectos essenciais como sejam a Missão Pavilhão e o ingresso de novos sócios e compras de Gamebox, de que este post (O Sporting é dos sócios). São inúmeras as queixas de sócios e de outros que o querem vir a ser. Por vezes fica a sensação, nas piores versões, de se ser atraído para uma armadilha. Na maior parte dos casos sobrevém a impressão de se estar a viver um daqueles lamentáveis episódios que se tornaram referência das más práticas da administração pública, como se a relação fosse da mesma natureza que os contribuintes mantêm com um Estado que lhes exaure as parcas poupanças.
Fica ideia de que o clube joga todas as fichas no lado irracional dessa ligação, sem cuidar sequer de potenciar a paixão que suscita nos seus adeptos o que, com as imensas solicitações e possibilidades hoje ao dispor de todos, algumas delas muito mais baratas, me parece uma confiança excessiva, tendente a produzir resultados menos favoráveis ao próprio clube.