Saiba o que diz o Tio Patinhas de Alvalade sobre as contas do Sporting
Assim, começo esta colaboração escrevendo sobre as últimas demonstrações financeiras apresentadas pela SAD do Sporting e que apresentam um resultado positivo de 24,9M€. E prevejo (e se me enganar, estarei aqui para dar a mão à palmatória) que se não ocorrer uma venda neste mercado de Inverno ou antes do fecho do exercício (antes de 30 de junho), penso que o Sporting corre o risco de poder apresentar prejuízo ou algo muito perto disso. Mas vamos antes tentar dissecar alguns números.
Os nossos proveitos operacionais do trimestre foram de 34.79 M€, dos quais 17,04M€ dizem respeito à Liga dos Campeões, pelo que os proveitos expurgando a LC e transferências, devem rondar os 70 a 75 M € por ano. Com a boa prestação da UEFA, direi que será possível passar dos 100M€ sem transferências, pela primeira vez (no ano passado, foram cerca de 80M€). O aumento de cerca de 2M€ dos proveitos operacionais é explicado pelo facto de termos disputado a Pré-Eliminatória e pela receita de bilheteira acrescida, no mês de agosto (sem correspondência com o período homólogo).
E por falar em bilheteira e apesar de no início de cada época, a Direção ser criticada pela sua política de preços (estes têm subido a cada ano) e de muitos preverem a descida apocalíptica das vendas de lugares anuais, os números têm dado razão à política seguida, uma vez que temos um aumento de cerca de 15% das receitas com a venda de lugares anuais, as nossas Gameboxs.
Ao nível dos custos, existe mais um aumento da massa salarial (depois das duas primeiras épocas de apertar o cinto, têm crescido ano após ano). Mesmo descontando 0,8M€ respeitando a jogadores que já não se encontram no plantel, temos um aumento de pelo menos 7M€ neste ano. Atrevo-me a dizer que o impacto da massa salarial da SAD rondará os 70 a 75M€, sendo similar aos proveitos operacionais sem a Liga dos Campeões e receitas com alienação de passes.
No que concerne aos Bancos, verificamos que os depósitos à ordem restritos, totalizam já mais de 5M€. Para quem não lê os R&Cs, estes DO restritos servem para liquidação de dívida bancária, juros e constituição de conta reserva (pagamento de VMOCs). O “famoso” factoring reduziu cerca de 13,3%, para 26M€, sendo 22,4M€ referentes a épocas futuras (chegou a ser mais de 38M€ em 2014). Verificamos uma redução do passivo bancário num trimestre de 2M€ e uma reestruturação entre diversas dívidas, diminuindo os descobertos bancários e aumentando os empréstimos “normais”. Um dia, prometo escrever mais sobre o factoring, mas ressalvo que não deixa de ser mais um instrumento financeiros colocado à disposição das empresas e claro está, do Sporting. No entanto, ao contrário do que muitos afirmam, o facto de anteciparmos o recebimento de proveitos futuros não influencia a nossa Demonstrações de Resultados, pois estes proveitos serão diferidos e reconhecidos contabilisticamente, no período temporal a que dizem respeito.
Em resumo e para que este primeiro “escrito” não se torne demasiado longo, um primeiro trimestre em linha com o esperado e uma estrutura de custos, algo dependente da Liga dos Campeões (sem esta receita, nunca operacionalmente o Sporting atingirá o equilíbrio, com a atual estrutura de custos). Num ano sem LC, os prejuízos sem alienações de passe, podem atingir “facilmente” números acima dos 20M€. Ainda por cima, quando algumas rúbricas de receitas parecem ter deixado de ter espaço para crescer, nomeadamente Patrocínios, Loja Verde (variação de apenas 100 mil Euros de um ano para o outro), Direitos Televisivos (uma vez que já foram revistos em alta, há 2 épocas atrás).
Para terminar e porque muitas vezes me perguntam, confirma-se que o valor à Doyen já foi liquidado, pelo Tribunal Suíço, que havia solicitado a retenção das nossas receitas da Liga dos Campeões do ano transato, apesar de a “batalha” judicial ainda não ter terminado (e a provisão ainda não foi totalmente revertida). Assim, o pagamento desta dívida é a grande explicação para a diminuição do nosso passivo, face a 30 de junho de 2017.
Comentem e aguardem pelos novos capítulos!
O vosso “Tio Patinhas” de Alvalade
Em breve assistiremos a um desvalorizar da LE onde se amealham pontos necessários ao aumento do ranking. Os pontos são necessários para subir nos "potes" e deixarmos de levar com 2 tubarões nos sorteios (o que os sportinguistas apelidam de "azar"). A subida dos custos é preocupante sobretudo pela inconsistência do "projecto" desportivo. emprestados a 1 ano apenas para ganhar naquele ano.
ResponderEliminarSobre a Doyen gostaria de saber duas contas muito simples: Não pagámos à Doyen na altura em que o deveríamos ter feito. e isso era "x". Pagámos depois "y". com repartição por custos. honorários de advogados, juros e demais sobrevalores. isso era de valor. assim não se consegue concluir nada sobre o tema. e não os RC não têm esses valores. a contabilidade tem mas no RC isso nao aparece. SL
Muito bom texto e analise, realista e sem o facciosismo habitual seja do contra seja a favor.
ResponderEliminarSó uma nota, os direitos televisivos vão aumentar consideravelmente quando entrar em vigor o novo contrato.
O que foi revisto foram os anos que restavam do contrato anterior, um excelente negocio que não foi dada a atenção devida, mesmo com esta revisão quando entrar em vigor o novo contrato,confesso que não sei se na próxima época se na seguinte, estas receitas vão aumentar consideravelmente.
AF
Existem algumas correções a fazer à análise.
ResponderEliminarO ano 16/17 terminou com um resultado operacional negativo de -17M, e um resultado líquido positivo de +30M que podem ser comparados com os +64M de resultados líquidos e os +7,7M de resultados operacionais do 1ª trimestre de 16/17.
O aumento dos proveitos operacionais em 2,5M vem do prémio e da bilheteira do jogo do play off da Champions é mais que ultrapassado pelo aumento dos custos de pessoal (27%) e dos FSE de cerca de 5M (em 3 meses) em relação ao ano anterior.
Extrapolando para o ano inteiro, iremos ver custos de pessoal na ordem dos 75M o que é uma barbaridade! Podemos comparar com o total de proveitos do ano passado de 80M!!
Os proveitos operacionais (PO) foram de +7.9M que é inferior percentualmente ao ano passado e que é o resultado de parcelas não periodizadas que poderá dar um RO igual ou superior aos desastrosos -17M do ano anterior, a não ser que o Sporting faça uma campanha sem mácula (até à final) na Liga Europa.
Não houve aumento dos PO este ano nas outras rubricas. Não se prevê uma melhoria.
A diferença para o ano passado é que se fizeram vendas de activos no valor total de 73M, enquanto este ano o valor foi de apenas 27M.
O valor em caixa (23M) em 30/9 advém do recebimento das vendas ao Leicester e ao Inter. Valores que já estarão gastos.
O passivo diminuiu 12M, mas o passivo remunerado está praticamente no mesmo nível.
Não nos podemos esquecer que em 30/6 o passivo total tinha aumentado 60M num ano.
Os proveitos antecipados continuam na ordem dos 50M. Nem todos os proveitos futuros antecipados estão no factoring que é de 26M. Na nota 21 estão explícitos 12M de créditos futuros.
Na nota 25 estão mais 8,7M de créditos futuros.
Só aqui temos um total de cerca de 50M de créditos futuros antecipados. Igual ao ano que passou.
Ainda é cedo para ver como termina o ano em termos de passivo. Tudo irá depender do volume de vendas de activos em Janeiro para fazer face às necessidades de tesouraria até ao fim do ano.
Também não nos podemos esquecer que até 31/7/2018 o SCP terá de pagar aos bancos a parte das vendas de activos feitas neste ano acordadas no Acordo Quadro.
A maior parte dos contratos com clientes foram celebrados no 1º trimestre e entraram na totalidade neste período. Isto é, durante o resto do ano não irá haver mais proveitos desse lado.
Somando tudo, não há grande diferença em relação ao ano que passou, excepto que os prejuízos operacionais irão provavelmente ser maiores assim como as necessidades de tesouraria.
Sobre os CCP 3 dados que o caro nao valoriza e que dessa forma acaba por empular o que serao os CCP no final do exercico.
ResponderEliminar1. 0,8 M€ pagos no 1. Trimestre relativo a indemnizações.
2. Premios de 1,3M€ pelo playoff da CL.
3. Nos proximos 3 trimestres deixara de contar com os encargos com Adrien o que nao devera andar longe de um valor proximo de 2M€.
O passivo corrente ou nao corrente diminui 12M € apesar do aumento da rubrica de fornecedores.
Sl,