Dias de Glória!
O jogo encaminhava-se para o final, com o Sporting a parecer incapaz de alterar o resultado desfavorável e o adversário a, de forma surpreendente, a abdicar de jogar e preferir perder tempo com dói-dois mais ou menos simulados, a esperar pelo alivio do apito final. O futebol encarregou-se castigar a falta de ambição e ousadia e acabou por premiar a equipa que soube sofrer. O jogo estava a segundos do final quando acontece o lance de Trincão que redundaria no penalty que Gyokeres mais uma vez bateria de forma irrepreensível. Começaria aí um mini-jogo que nos levaria à glória final, arrastando os nossos adversários para um deprimente anti-climax de todo inesperado poucos segundos antes. São esses trinta minutos que contam para a história desta Taça de Portugal.
É inevitável ter que falar sobre o lance que envolveu Matheus Reis, pela polémica que suscitou. As imagens cada um interpreta como quiser, a mim pareceu-me um lance fortuito, que ainda assim poderia ter redundado na expulsão do jogador. A celeuma é por isso natural, embora se perceba que a tracção dada não é nem sequer parecida com o penalty e expulsão no lance sobre o Pote e provavelmente o titulo no anterior dérby. Compreendo que os nossos adversários aproveitem o caso para evitarem uma reflexão sobre uma época em que mais uma vez gastaram como nunca, para ganhar apenas o troféu menos importante dos três em competições nacionais. Nas restantes, teve em mão a possibilidade de decidir a seu favor ambas mas ambas se declarou incapaz, incluindo o derby em casa.
Que os Sportinguistas crucifiquem o jogador parece-me um verdadeiro tiro nos pés, uma saudade pelo tempo em que vivíamos em constante sofrimento. Este se não for infligido pelo adversário nós tratamos de criar. Este lance deve ser resolvido pelo que está estipulado nos regulamentos disciplinares, permitindo ao jogador fazer a sua própria defesa. Pugnar por um duplo castigo ou até pior, só pode ser entendido como um tiro nos pés e que teria difícil aceitação no grupo de trabalho que deu testemunho de grande coesão e onde o jogador tem alguma preponderância.
Uma palavra sobre a final no Jamor e a sua organização. Os adeptos gostam de tudo o que envolve a final, os churrascos, o convívio, as fan zones, etc, mas também é verdade que quer o estádio quer a envolvência não reúne as condições mínimas. É inqualificável e até uma humilhação para os seus profissionais, ver elementos da PSP a correr atrás de adeptos que no intervalo procuravam fazer realizar o alivio que a natureza impunha, porque a infraestrutura instalada não tem resposta para tanta afluência. Isto sem falar que os adeptos masculinos têm muito mais facilidades do que as adeptas.
Tanto quanto posso perceber até ao momento em que redijo este artigo não conheço nenhuma noticia de confrontos graves. E se eles não existiram tal deveu-se mais ao bom-senso dos adeptos do que das decisões da organização. No meu caso pessoal, a policia impediu-me de estacionar do lado do Sporting, obrigando-me a ir para um parque onde estavam adeptos do adversário. A mim e a meia-dúzia azarados como eu. Se é verdade que grande parte dos adeptos foram correctos, ter que fazer por duas vezes uma espécie de "walk of shame", com situações muito próximas de poder desencadear confrontos físicos de consequências imprevisíveis, nem eu ou ninguém deveria ter que pagar um bilhete para ter que passar por isto.
Uma palavra final para os adeptos: dissemos presente e vivemos os dias que tanto sonhamos e que parecia que nunca mais chegavam. Este é o momento de o desfrutar. O que eu faço por estes dias é passar atrás, rever e voltar a rever.
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