Muitos sportinguistas sabem porque ainda ficam em casa
Poucas coisas irritarão tanto como, por incúria ou ignorância, não ser tratado pelo nome de baptismo. Pelas mesmas razões é comum os sportinguistas irritarem-se quando vêm escrito Sporting de Lisboa quando somos Sporting Clube de Portugal. E é irritação que sinto quando vou, por exemplo, ao site da UEFA e vejo Sporting de Lisboa, como se o nome da cidade onde nascemos sirva para nos distinguir de outros Sporting´s como o de Gijon, ou outros. Por mais respeito que nos mereçam, essa distinção é feita pelo nosso percurso histórico, pelas conquistas alcançadas e também podiam e deviam ser feitas pelo nome do País que ostentamos no nome e para cujo desporto contribuímos de forma ímpar.
É óbvio que é em Lisboa que reside a força estrutural do clube mas é de vistas curtas gerir o clube como se a sua força se circunscreva difusamente na sua área metropolitana e zonas limítrofes. O Sporting diz que é de Portugal mas extravasa muito para lá das suas fronteiras. Julgo que ninguém duvida disso, basta ver o que tem sido a afluência dos sportinguistas aos estádios nas jornadas mais recentes, como foi Guimarães, Famalicão ou Aveiro. Mas falta dar uma dimensão prática a essa noção, nomeadamente nas horas a que se disputam os jogos em Alvalade que, sendo a nossa casa, tudo deve ser feito para permitir a recepção do maior número de sócios e adeptos espalhados por todo o País.
Infelizmente não é isso que sucedeu no último jogo com a União de Leiria, e já tinha sucedido em jornadas anteriores, e se vai repetir na jornada da Taça de Portugal, quando recebermos o SCBraga. Jogos disputados no domingo à noite, especialmente agora no Inverno, são um convite a ficar em casa. Não só para os que vivem a centenas de quilómetros de casa, e com isso não conseguem evitar chegar a casa a poucas horas de ir para o trabalho, como também a muitos que, vivendo mais perto, não evitam chegar já a horas que convidam ao descanso.
Quando este fim-de-semana assistimos à transmissão do jogo do Real Madrid para 60 milhões de chineses e com o estádio cheio às onze horas espanholas, quando sabemos que desde pelo menos a presidência de Filipe Soares Franco se fala em usar o mesmo expediente (julgo que foi também uma das medidas faladas durante a campanha eleitoral, não tenho a certeza se pela lista vencedora) urge perguntar porque tal ainda não aconteceu. Parece haver aqui um campo de oportunidades por explorar, quer ao nível das receitas de bilheteira e eventualmente televisivas ao abrirmo-nos a novos mercados (desconheço se o contrato com a Olivedesportos inclui a venda destes direitos), podendo nós chegar primeiro que os nossos rivais e com isso retirar dividendos.
Seguramente que uma medida deste género não ira ser a panaceia para todos os males que obstam a um estádio de Alvalade cheio e vibrante como esta equipa tem feito por merecer. Até porque é impossível a existência de um horário à medida de todas as agendas sportinguistas e novos horários implicam alterações de hábitos e exigentes negociações com os representantes dos interesses televisivos. Mas tenho poucas dúvidas que pior do que jogos ao domingo ou segunda-feira à noite é muito difícil. Nesta conformidade o Sporting Clube de Portugal é muito mais apenas Sporting de Lisboa e arredores. E, quer-me parecer, a culpa não é só da SportTv...