quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Reforços, o que falhou?

Algures entre o final da época passada e até ao pontapé inicial da presente quem poderia vaticinar que quase a meio do campeonato o Sporting estaria tão longe do primeiro lugar? Mas não está apenas longe, ocupa o quarto lugar, a quatro pontos do segundo classificado? Tal quer dizer que, no momento em que estas linhas são redigidas, já não depende apenas de si para melhorar a sua classificação e tem atrás de si,  menor distância, a dupla minhota Vitória de Guimarães e Braga. Como entender esta decepção, que ocorre precisamente quando regista talvez o maior investimento da sua história, isto contando com aquisições e massa salarial?

Há duas respostas para a pergunta acima e estão umbilicalmente ligadas: as saídas de Slimani e de João Mário não encontraram reposta adequada na rol de entradas que se seguiram. De igual modo, apesar da escolha ter aumentado no número, o mesmo não se pode dizer relativamente à prontidão e qualidade. Isso é que se pode verificar pelo número minutos jogados pelos jogadores chegados este ano, com honrosa excepção de um jogador e meio: Bas Dost por inteiro, Campbell pela metade:


Para que se tenha uma ideia dos tempos de utilização em função dos compromissos até agora cumpridos, foram realizados 25 jogos, num total de 2.250 minutos e o jogador mais utilizado é William, com 2.013 minutos jogados. No quadro acima chamam a atenção os números de Alan Ruiz, um jogador que tarda a justificar a preferência e o custo envolvido. O facto do treinador não lhe ter confiado sequer um minuto que fosse na competição mais exigente, a Liga dos Campeões, diz alguma coisa e o tempo em que apostou nele, sem grande sucesso, pode ajudar a explicar porque não está encontrado melhor companhia para Dost no ataque. E se Campbell tivesse merecido a preferência e o mesmo tempo logo de inicio?

Que razões podem ter concorrido para este aparente fracasso nas contratações? Razões de quantidade, oportunidade e de qualidade seguramente, todas elas e não apenas uma, como abaixo se tentará explicar.

A quantidade
No final da época mercado, entre vendas e aquisições, o Sporting ficou com um plantel próximo das três dezenas de jogadores. Destes apenas são efectivamente convocados dezoito, o que deixa "fora-de-jogo" um valor muito semelhante. Um jogador que não compete com regularidade não oferece respostas imediatas, ao nível dos jogadores que o fazem. Os recém-chegados acumulam essa desvantagem não apenas com o desconhecimento das especificidades do nosso campeonato, mas sobretudo do quão exigente é o modelo de jogo de Jorge Jesus e o que este exige aos seus jogadores. O tempo de integração para muitos deles também não terá sido por isso o ideal e necessário, algo que escapou à análise no planeamento da época. Quando os compromissos mais importantes começaram a surgir ficou claro em quem Jesus confiou e de quem se socorreu: à excepção de Dost, aos jogadores que conhecia da época transacta.

Oportunidade
Aqui inscrevem-se questões de critério, relacionadas com as características dos jogadores, bem como das necessidades da equipa a colmatar. Ao contrário do que parecia à medida de que os nomes dos novos jogadores iam chegando, não houve uma substituição à altura para João Mário. Por outro lado, as opções para substituir jogadores nucleares na manobra colectiva não se revelaram eficazes quando chamados à titularidade. Isso ficou bem claro aquando da lesão de Adrien. E a companhia para Bas Dost está ainda por encontrar e afinar, estando ainda por perceber os problemas de Markovic, até agora a maior decepção. Acresce que é um pouco incompreensível que mais de 20 milhões de euros gastos e não se tenha resolvido o problema das laterais, cujo rendimento tem penalizado particularmente a equipa.

Qualidade
A questão sobre a qualidade dos reforços acaba por ser inevitavelmente questionada quando grande parte dos jogadores chegados no inicio de época recolhem tão pouco tempo de jogo em função do que era esperado. Apesar de tudo o que possa ser dito, apenas Meli me suscita dúvidas que resultam sobretudo do desconhecimento do seu valor. No mais a generalidade dos restantes, aquando da sua aquisição tinham aquilo que me parecia o essencial: potencial. Ora o futebol está cheio de exemplos de jogadores que não triunfam num determinado contexto e que noutro acabam ser felizes, muitas vezes de forma surpreendentemente, contra todas as melhores perspectivas. Exemplos que acontecem em clubes que se movimentam em nichos de mercados onde os valores a pagar tornam os falhanços quase proibitivos e por isso mesmo aparatosos, ao ponto de encherem cabeçalhos e primeiras páginas de jornais. Nos mercados a que o Sporting pode aceder a escolha é ainda mais reduzida, face à infinidade de clubes para tão poucos valores seguros que o dinheiro de cada um deles possa pagar.

Agora que se fala tanto em mercado, a próxima janela  será interessante para ver como o Sporting tentará resolver senão todos, alguns dos problemas que Jorge Jesus tem em mãos. O simples facto de os adeptos suspirarem por esta época quase tão ansiosamente como pelas prendas de Natal diz muito da decepção que o mercado de verão deixou em muitos deles e seguramente também em Jesus. Laterais e pelo menos um avançado para jogar fazer companhia a Dost é talvez a exigência menor. Perceber o que falhou para não voltar a repetir os mesmos erros é fundamental.

Nota: este artigo foi escrito ao abrigo de uma parceria do autor com o Portal FairPlay, onde poderá ler ainda sugestões de reforços para os lugares considerados mais prementes.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Eleições: tiro de partida.

Com a apresentação da candidatura de Pedro Madeira Rodrigues dá-se hoje um novo tiro de partida para as eleições, depois da falsa arrancada de Paulo Paiva dos Santos. Mas se a arrancada se ficou pelos blocos, num momento algo caricato, saliento a prestação do seu irmão, saindo em sua defesa e puxando dos galões pelo passado e pelos serviços prestados e pondo alguns pontos nos "ii's" que me parecem serem merecedores de referência. Na síntese que se segue os sublinhados são meus.

Pedro Madeira Rodrigues tem um longo passado como sócio do Sporting mas, tal como muitos outros nas mesmas condições, é um desconhecido para a maioria dos Sportinguistas. Será essa uma das maiores dificuldades a ultrapassar. Como hoje Bruno de Carvalho saberá melhor do que ninguém, terá na tradicional desconfiança como os "desconhecidos" são recebidos uma das maiores barreiras a saltar. Aguardemos pelas ideias e pela equipa para formular juízos. Para começar temos hoje a apresentação da candidatura. Sendo essencialmente uma formalização não deixa de ser importante. Como dizia Aaron Burns nunca temos uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão.

As noticias sobre dúvidas na recandidatura de Bruno de Carvalho são como as da morte do Mark Twain ou do Bonga: manifestamente exageradas. Ele sabe que tem as eleições praticamente ganhas: Como tenho dito, mais do que um candidato proponente ganhá-las será ele a perdê-las, como quase sempre acontece a um candidato da situação. O que me recuso a acreditar como sendo palavras suas é uma pretensa queixa pela militância dos Sportinguistas, como hoje vi no Record. Não deve haver muitos clubes que se possam gabar da fidelidade dos seus adeptos (o que é até reconhecido até pelos nossos rivais) apesar da escassez e triunfos. Não é seguramente pelos adeptos que tal acontece.
Ainda não está confirmada mas são cada vez maiores os rumores da candidatura de João Benedito. Fosse apenas pelos serviços prestados ao clube e a forma exemplar como sempre esteve de leão ao peito seria difícil de bater. Mas ser presidente são outros quinhentos.

A notória incomodidade e a má recepção que está a ser feita a outras candidaturas por sectores muito próximos de Bruno de Carvalho é um mau serviço prestado ao clube. A pluraridade de ideias e igualdade de oportunidades deve ser uma marca do clube que nos distingue das dinastias Vieiristas, Pintocostistas. Assim como não deve ser esquecido o período de candidaturas únicas, cooptações e outros unanimismos e o a que isso nos conduziu. Só quem tem direitos e alcavalas que tem como adquiridos é que tem que temer novas ideias e uma possível mudança. E esses são muito poucos, pelo que é um receio que não se justifica na maioria de nós.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Belenenses 0 - Sporting 1: quase que nos saía a fava no pastel

O Sporting foi ao Restelo fazer um jogo à imagem da época 2016/17: cheio de promessas de bom futebol que, com o passar do tempo, se transforma em futebol previsível e fácil de anular. O que se explica em parte porque o adversário conhece as nossas movimentações e porque a falta de confiança tolhe os nossos jogadores, tornando o nosso jogo mecânico e pouco criativo.

Por coincidência feliz, o Belenenses só não consegue o que se propôs - o tal nulo - porque o Bas Dost fica ligeiramente atrasado no acompanhamento do lance, por via de uma acção de um jogador do Belenenses. É assim que acaba por se gerar a imprevisibilidade que a criatividade dos nossos jogadores não produziu. Um pequeno mas importante exemplo para deixar Jesus a meditar sobre o que tem inevitavelmente que conseguir dar a equipa para que ela esteja mais forte não só para enfrentar conseguir sair deste mau momento, mas também o resto dos desafios que tem pela frente.

Alguns dados estatísticos que servem para reforçar as dificuldades que o Sporting está a ter no seu jogo ofensivo:

- Há cinco jogos consecutivos que o Sporting não consegue marcar na primeira parte, o que já aconteceu por 6 vezes em 15 jogos.

- Apesar de ter entrado na área adversária por 42 vezes (!), só efectuou 12 remates e desses apenas 7 seguiram em direcção à baliza.

- O intenso dominio que a posse de bola (65%) revela não se traduz em ocasiões de golo (7)

Do ponto de vista individual parece-me cada vez mais claro que Campbell tem que jogar, porque é dos poucos que consegue criar jogo de qualidade de forma espontânea e imprevisível e ainda assim assistir. Gélson faz tudo bem até chegar o momento de tomar uma decisão como entregar a bola. E aí, seja o cruzamento largo ou assistência no pé ou no espaço a bola perde-se invariavelmente no vazio ou nas pernas do adversário. Talvez dizer isto seja um pouco injusto para um jogador tão jovem e que ainda por cima deve ter o melhor número de assistências. O Sporting precisa de mais, muito mais.

De um modo completamente diferente, a actuação de Alan Ruiz sugere uma reacção semelhante. Ter bom remate e assistir em passes ou triangulações tem de acontecer mais vezes. Mas não é apenas a frequência, é também a velocidade de pensamento e execução.  É também o baixo nível de intensidade que põe nas suas acções. É um pouco por isso que a ligação com Dost funciona ainda em modo pisca-pisca, e são muitas as vezes que não pisca. O que era suficiente no futebol sul-americano é de menos do lado de cá. Desse facto se recente a produção de Bas Dost, quase sempre sem ser servido com qualidade, no que é responsabilidade não apenas de Alan Ruiz mas de toda a equipa.

Não podia terminar as notas individuais sem falar de Beto. Quando as coisas tremeram foi ele que segurou, como se estivesse lá o Patrício. Não lhe poderia fazer melhor elogio.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Já conhece o Sr. Critério, pai do menino Colinho?

O Sr. Critério é um cavalheiro muito bem apessoado, elegante até. Muito bem de vida, sempre sensato nas escolhas, é de uma coerência a toda a prova e confiável acima de qualquer suspeita. Tanto assim é que é mais fácil o Pedro Guerra passar pelo arco da Rua Augusta que o Sr. Critério ser apanhado em contradição. 

Antes que esta analogia sirva de inspiração, recomenda-se porém que o comentador não cometa a imprudência de arriscar tal proeza. Se o objectivo é ver a estátua de D. José no Terreiro do Paço ou a frente do referido arco agora de higiene feita, sugere-se a saída de perfil  pela A5, até Cascais (com o aviso prévio à Brisa, para retirada das cabines de portagem, bem como dos pórticos) com operação de desembarque em frente ao Cais das Colunas, a ocorrer apenas por razões de segurança durante a praia-mar.

Para os que temem um possível encalhe, lembro o Tolan, cujo bojo a espreitou três anos a fio pela linha de água do Tejo e provocou as delicias mirones, engenheiros e doutorados em achismo. Imagine-se agora os benefícios que traria ao turismo lisboeta em expansão o efeito visual majestoso do preeminente e proeminente comentador ancorado em frente à Ribeira da Naus e o negócio fervilhante que se desenvolveria em seu torno: estúdios anfíbios da TVI, vai-vem de cacilheiros, faluas, cangueiros, botes, fragatas, canoas e catraios para satisfazer a demanda. (Devia ter ido à Web Summit apresentar esta ideia).

Tudo muito mais vantajoso do que ter um comentador televisivo atravancado entre as colunas do monumento e o trabalho que daria ao Regimento de Sapadores Bombeiros. E não sabendo da operacionalidade do Regimento de Engenharia 1, que em 2014 foi deslocado da Pontinha para Tancos, e  como a Escola Prática de Engenharia mudou também de Tancos para Mafra, o melhor mesmo é não arriscar. Logo agora que o Palácio das Necessidades vai ser concluído, ninguém quereria que o Arco lhe sucedesse no nome e muito menos no odor que o nome suscita.

Esta mania de derivar a conversa para um tema que nada tem a ver com o tema do artigo apanhei-a por contágio. Não sei se a ver os nossos laterais a jogar (?) ou se depois de ver o Nuno Rogeiro dissertar sobre as implicações geo-estratégicas de um pão-de-ló da Filipa Gomes por desenformar, em simultâneo com o estranho êxito de vendas de camisolas de gola alta em aço nas zonas sobre a influência do Daesh.

(Se não sabe quem é a Filipa Gomes responda para o e-mail do blogue e receberá uma proposta de adesão à MEO. Só faço isto porque eles patrocinam as nossas camisolas, claro. Espera, estão-me a dizer aqui ao lado que me enganei no nome. Não é Filipa Gomes? Hã? Esquece... Se não sabe o que é o Daesh diga que é primo do Putin, afilhado do Obama ou sobrinho do Assad.)

Estava a falar do Sr. Critério antes de ser interrompido pelo Pedro Guerra que, como todos sabem é metediço e não deixa ninguém falar. Mas o blogue é meu e por isso enquanto o conseguir manter de açaime vou tentar acabar isto. Para o manter entretido puzio não a brincar com búzio, como vocês já estariam à espera, mas a tomar conta do Colinho, para o miúdo não estranhar. O Colinho é filho do Sr. Critério e ambos conhecem-se de há muito. Não o pai e o filho, que obviamente se conhecem, mas o filho e o comentador.

Pois, o Sr. Critério gosta de futebol como todos nós e quem não gosta de futebol que se f... Hã, não posso dizer? Mas tem algum mal dizer que quem não gosta de futebol que se faça à vida e procure outro blogue? Pois! Também me parecia.

Como dizia, o Sr. Critério gosta de futebol, mas isso é dizer pouco. É ele decide se o Artur Soares tem Dias, se o Manuel vai de Mota, se o Fábio é mesmo Veríssimo, se o Bruno apita a sua Paixão ou se o João se fica pela Capela ou vai aos finos à Catedral.  Sim, fino e não imperial. Imperiais é a mania de grandeza dos lisboetas, imperial é o Leão no cima da estátua na Rotunda da Boavista.

É também ele, o Sr. Critério, que lhes diz se é braço ou mão, intencional ou casual, mesmo que pareça um daqueles números de circo, em que a bola passa de uma mão para outra. Vai até mais longe, chegando às aulas de anatomia: "Por favor, não se esqueçam que o Nélson Semedo tem ombros até ao cotovelo!".

Ah, e o Sr. Critério é muito rigoroso nas suas avaliações. Arbitrar mal, aquilo que nós, na gíria do futebol, chamamos roubar, é avaliado pelo famoso "parâmetro BEBA & PIF" (acrónimo de BES/BPN/BANIF". Isto é, a menos que o engano seja superior à soma dos prejuízos acumulados por aquelas entidades bancárias de renome na praça, a nota a atribuir ao árbitro terá sempre que ser positiva. Não posso concordar mais, o que é afinal um penalty duplo no mesmo lance comparado com um rombo, prejuízo, buraco, desvio, desfalque de vários mil milhões de euros que vamos ter que pagar até ao fim das nossas vidas?

*como tinha prometido no post anterior, resolvi falar sobre arbitragem. Gostem ou não do resultado, o melhor mesmo é fazê-lo a brincar

domingo, 18 de dezembro de 2016

Sporting 0 - SC Braga 1: O Natal como o conhecemos

Uma das piores exibições desde que Jesus assumiu o comando técnico da equipa do Sporting redundaria numa derrota pesada e talvez excessiva, mas que pune a ineficácia dos nossos jogadores.  A quantidade de passes falhados anulou completamente a possibilidade de ligar o nosso jogo, impedindo que a bola chegasse com qualidade ao último terço. 

Mérito para os visitantes, que souberam condicionar muito bem as nossas peças fundamentais que, ao reduzir o tempo de posse de bola e os espaços, obrigou os nossos jogadores a errar mais do que estamos a habituados. E ainda beneficiaram das oportunidades mas claras, ao contrário da nossa equipa que chegou à baliza sempre aos repelões, sem grande qualidade para ter sucesso.

De forma algo surpreendente - confesso a minha surpresa - o campeonato é agora pouco mais de que  uma miragem, remetendo-nos para outras épocas natalícias. Como não podia deixar de ser, também para não estranharmos, o golo tinha que ser marcado por Wilson Eduardo ou em alternativa teria que ser o Rui Fonte. E no banco estava o Abel. A tempestade perfeita.

Propositadamente não vou falar de arbitragem, deixo isso para amanhã. Até porque quem joga tão mal e faz tão pouco para vencer o jogo invocar a arbitragem fica sempre a saber a desculpa. Quando falhamos tanto temos que admitir que o árbitro também pode errar.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Quem é Nélio Lucas e como a Doyen lucrou 300% com o Sporting





O Expresso continua a publicar artigos relacionados com o Football Leaks. Este está directamente relacionado com o Sporting, embora até agora sejam Benfica e Porto os principais protagonistas. No decurso da próxima semana actualizaremos este dossier.
A misteriosa Doyen que lucra 300% com o Sporting

Pense num negócio com margens de lucro superiores a 500%. Não haverá muitas atividades com esses níveis de rentabilidade. Mas há um negócio, que move paixões, onde semelhantes margens estão a ser conseguidas. É o futebol, que faz vibrar milhões de fãs. Nos bastidores, há centenas de atores pagos a peso de ouro. Se o nome Kondogbia não lhe diz nada, talvez também não saiba o que é a Doyen. Seja bem-vindo à história de um dos fundos mais influentes na história recente do futebol europeu, que só num negócio com o Sporting teve uma margem de lucro de 300%. Mas já lá iremos.

Geoffrey Kondogbia é um futebolista francês de 23 anos contratado pelo Sevilha em 2012 por €3 milhões. O dinheiro veio de uma empresa que nascera um ano antes, a Doyen Sports Investments (Doyen), como mostra a investigação Football Leaks, coordenada pela rede EIC-European Investigative Collaborations, a partir de documentos obtidos pela revista alemã “Der Spiegel”. A Doyen ficou com 50% dos direitos económicos de Kondogbia. Para ter os restantes 50%, o Sevilha prometeu pagar à Doyen €1,65 milhões, mais prestações de €150 mil ao ano até que o jogador fosse vendido a outro clube. Na prática, o Sevilha obteve um empréstimo de €1,5 milhões, com juros de 10% ao ano. Sim, 10%.

Este seria um modelo de negócio que se repetiria em várias transações, oferecendo aos clubes sem liquidez uma alternativa ao tradicional, mas cada vez mais fechado, financiamento bancário. A Doyen cobrava aos clubes um juro de referência de 10% para lhes emprestar dinheiro. Dinheiro esse que era avançado pelos acionistas da Doyen a uma taxa indicativa de 4,5%. Com este diferencial de juros a empresa fazia uma parte dos seus ganhos. Era como um banco exclusivo para clubes de futebol.

O contrato com o Sevilha foi um dos primeiros. No pior dos cenários, se outro clube não adquirisse os direitos de Kondogbia até 2015, a Doyen receberia do Sevilha €3,45 milhões. Mas não foi isso que aconteceu. Em agosto de 2013, Kondogbia foi contratado pelo Mónaco, que pagou €20 milhões, o valor da cláusula de rescisão. A empresa, que tinha 50% dos direitos, encaixou €10 milhões. O que deu um lucro de €8,5 milhões em apenas um ano: uma rentabilidade do capital investido de 567%, antes de descontadas as comissões. O agente de Kondogbia, Jonathan Maarek, assegurou à rede EIC que a Doyen “nunca teve qualquer influência nas escolhas desportivas” sobre o atleta.

Em junho de 2014, a Doyen transferiu €1,3 milhões a uma empresa sua parceira, a Denos Limited, instalada no paraíso fiscal de Ras Al Khaimah, nos Emirados Árabes Unidos. A verba é justificada, nos documentos que o Expresso consultou, por serviços de consultoria prestados pela Denos nas transferências dos futebolistas Kondogbia, Falcao e Miguel de las Cuevas. A Doyen não respondeu às questões colocadas pela rede EIC sobre os negócios com Kondogbia.

A Doyen (que tem sede em Malta e escritório em Londres) e a Denos (que opera no Dubai) partilham uma história comum: a de que nas milionárias transferências de jogadores de futebol os intermediários fazem-se pagar bem e muitas vezes trabalham em rede, recorrendo a paraísos fiscais e a estruturas que permitem ocultar o rasto do dinheiro.

A Doyen é liderada pelo português Nélio Lucas. A Denos faz muitos dos seus negócios por intermédio de Amadeu Paixão, outro agente português que explora com Nélio Lucas a empresa britânica Principal Sports Management, que por seu turno presta serviços à Doyen. Amadeu, de 64 anos, é um dos mais experientes intermediários portugueses. Nélio, aos 36 anos, é um dos mais ambiciosos empresários do futebol europeu.

E agora veja como um dos maiores negócios de sempre do Sporting se transformou, paradoxalmente, num dos seus piores pesadelos. Falamos de Marcos Rojo... que renderá à Doyen €12 milhões. Mais juros.

O caso Rojo

Em julho de 2012, o Sporting contratou o futebolista argentino Marcos Rojo ao Spartak de Moscovo, oferecendo ao clube russo €4 milhões. Desse valor, €3 milhões foram financiados pela Doyen, que ficou com 75% dos direitos económicos do jogador. Além disso, o fundo financiou €1,5 milhões para a contratação do marroquino Zakaria Labyad, e um empréstimo de curto prazo de €1,57 milhões (mais €175 mil em juros).

No negócio com o Sporting a Doyen salvaguardou-se: por um lado, o fundo garantia que, qualquer que fosse o futuro de Rojo, receberia pelo menos €4,2 milhões pelos seus 75%; por outro lado, estipulava-se que se algum outro clube oferecesse pelo menos €8 milhões por Rojo, o Sporting deveria aceitar ou, não o fazendo, compensar o fundo. Um contrato tirado a papel químico do de Kondogbia: se terceiros oferecessem o dobro do investimento feito pela Doyen, qualquer que fosse a vontade do clube, a empresa de Nélio Lucas podia obrigar o clube a devolver-lhe o capital investido e, em cima disso, um retorno de 100%.

Os negócios de Nélio foram feitos com um Sporting em situação de emergência financeira. A direção de Luís Godinho Lopes já tinha alienado uma parte dos direitos económicos dos jogadores do clube ao BES e ao BCP. Pouco antes de sair do clube, em 2013, Godinho Lopes mandatou o agente Amadeu Paixão para vender o avançado Ricky van Wolfswinkel (cujos direitos eram detidos em partes iguais pelo Sporting e pelo fundo irlandês Quality Football). Os ingleses do Norwich ofereceram €10 milhões. A comissão de intermediação foi fixada em €500 mil, cuja faturação Amadeu Paixão deixou a cargo da Denos. Mas o Sporting só pagou metade, considerando que o resto devia ser pago pela Quality Football. E a Denos processou o Sporting no Tribunal Arbitral do Desporto na Suíça.

Mais tarde veio um novo processo. Em agosto de 2014, o Sporting vendeu os direitos de Marcos Rojo ao Manchester United por €20 milhões. Descontando €4 milhões para o antigo clube de Rojo (Spartak), caberia à Doyen €12 milhões (o que dava um lucro de €9 milhões, ou 300%, em apenas dois anos). Só que o Sporting decidiu rescindir o contrato e apenas restituir ao fundo os €3 milhões investidos em 2013. Mais tarde a FIFA abriria uma investigação sobre este caso.

A Doyen processou o clube na Suíça e um acórdão de dezembro de 2015 deu razão à empresa, condenando o Sporting a pagar €12 milhões. O Sporting recorreu para o Supremo Tribunal da Suíça, argumentando que a sentença obriga os leões a pagar “juros usurários” e “valida contratos que violam direitos fundamentais dos jogadores”, lê-se no último relatório e contas do clube. Esta quinta-feira, o Sporting informou que o Supremo confirmou a sentença de primeira instância, condenando o clube a pagar €12 milhões mais juros.

O conflito ilustra os dilemas da indústria do futebol. Para quem defende os fundos, como Nélio Lucas, há dois grandes argumentos. Por um lado, o financiamento ajuda os clubes menos abastados a contratar jogadores melhores. Por outro lado, quando um fundo lucra com a valorização do investimento feito num jogador, também o clube sai a ganhar com a sua transferência. “Os clubes ricos são cada vez mais ricos, por isso a competição é cada vez mais injusta e desvirtuada”, lembrou Nélio Lucas numa conferência em Madrid no ano passado. A outra face da moeda é que quanto maior o peso dos fundos, menor é a autonomia dos clubes na gestão do seu futuro. No final de 2014, a FIFA pôs em marcha um plano para acabar com este modelo de financiamento (“third party ownership”, ou TPO), banindo-o a partir de maio de 2015.

O fim do mundo? 

A proibição de novos TPO fez soar os alarmes. Várias empresas estavam focadas no negócio de investir no passe de um futebolista e num par de anos embolsar o dobro ou o triplo. Mas os gestores destes fundos rapidamente pensaram noutras formas de ganhar dinheiro, como o investimento direto nos clubes (e não nos jogadores) ou negócios de titularização de direitos televisivos e direitos de imagem (em que um fundo adianta ao clube o dinheiro desses contratos, com um juro associado).
Mas é ainda cedo para decretar o fim do mundo para os fundos que investem no futebol. No caso da Doyen, a empresa tem interesses económicos em vários atletas em Portugal. No Benfica, detém 50% dos direitos económicos do jogador Ola John, fruto de um acordo de dezembro de 2012. Em agosto desse ano, o Benfica tinha adquirido os direitos ao clube holandês Twente por €9,15 milhões. Em dezembro, a Doyen comprou ao Benfica metade do passe por €4,6 milhões. Mas garantiu que, qualquer que fosse o futuro de Ola John, o Benfica teria de lhe entregar pelo menos €5,95 milhões. O valor ainda está por pagar.

Este é, tanto quanto sabemos, o único contrato ativo da Doyen com o Benfica. Mais a Norte a empresa tem tido resultados interessantes. No Futebol Clube do Porto (FCP) o fundo de Nélio Lucas teve em 2014 um dos seus melhores negócios: uma rentabilidade superior a 300% no investimento feito no futebolista Mangala. Em dezembro de 2011, a Doyen tinha adquirido 33% dos direitos do atleta francês por €2,6 milhões, quando Mangala chegou ao FCP. Em julho de 2014, o FCP vendeu os direitos do futebolista ao Manchester City por €30,5 milhões. Negociando separadamente com o clube inglês, a Doyen encaixou quase €11 milhões. Por seu turno, o agente Jorge Mendes, como intermediário, ganhou €4,2 milhões. A FIFA pediu esclarecimentos ao FCP, admitindo que o facto de a Doyen negociar a sua posição com o Manchester City indiciava que o fundo podia condicionar a venda do jogador (contra os regulamentos da instituição). No campeonato inglês os clubes têm de deter 100% dos direitos dos atletas. Logo, se a Doyen não aceitasse vender a sua parte, o FCP não conseguiria transferir Mangala para Manchester. Mas o negócio fez-se.

Outros jogadores do FCP em que a Doyen adquiriu direitos económicos foram Steven Defour, Radamel Falcao, Brahimi e Sérgio Oliveira. Em todos eles os contratos foram feitos de modo que a Doyen tivesse sempre lucro, independentemente de o clube conseguir ou não valorizar os futebolistas. Na aquisição pelo FCP do francês Imbula, por €20 milhões (a mais cara contratação de sempre dos dragões), chegou a especular-se que a Doyen teria financiado metade desse valor, mas o FCP assegurou à FIFA ser detentor da totalidade dos direitos do atleta.

Nélio Lucas teve distintos negócios com os dragões: em 2014 a Vela Management (por ele administrada) ganhou uma comissão de €840 mil na transferência de Otamendi para o Valência, tendo ainda firmado com o clube um contrato de prospeção de talentos por €300 mil. Ora, foi através desta mesma Vela que a empresa Energy Soccer, de Alexandre Pinto da Costa, faturou €700 mil pela transferência de Casemiro do Porto para o Real Madrid. A Energy Soccer é um dos parceiros privilegiados da Doyen em Portugal. Em fevereiro de 2015, o FCP obteve um empréstimo de €3 milhões do Banco Carregosa parcialmente garantido pela Doyen.

O grupo Doyen assume-se como “um dos principais atores da indústria de entretenimento desportivo”. A empresa não divulga no seu site os resultados financeiros que obtém. Mas as informações obtidas na investigação Football Leaks indiciam que a Doyen já terá investido mais de uma centena de milhões de euros no futebol e marketing desportivo. O Twente, na Holanda, e o Atlético Madrid, em Espanha, além dos clubes portugueses, foram alguns dos alvos da máquina de fazer dinheiro liderada por Nélio Lucas e financiada pela família Arif. Quem? Explicamos-lhe já de seguida. *European Investigative Collaborations



Nélio, o superagente improvável

Quem é o português à frente da Doyen que em dez anos “passou de contar tostões para contar milhões”?

Em março de 2000, Nélio Lucas foi caçado a conduzir sem carta e pagou uma multa de €319. Em novembro de 2000, passou um cheque sem cobertura e pagou uma multa de €600. A 29 de novembro de 2000, passou outro cheque sem cobertura e pagou uma multa de €720. Em 2002, cometeu um delito fiscal, foi julgado pelo mesmo em 2005 — e pagou uma multa de €1190 em maio de 2007. Em agosto de 2015, dez anos e €2929 depois, assinou um contrato para comprar um iate no valor de €3,2 milhões através de uma empresa de Malta.

Em pouco mais de uma década, Nélio Lucas saiu da Aldeia da Mata para a ilha de Malta, e para as offshores, e hoje é o CEO do fundo mais global e diversificado a operar no futebol: a Doyen Sports Investment. É uma história invulgar que nos traz à cabeça o ideal e o ideário do american dream, o sonho americano à portuguesa de um rapaz obviamente inteligente, mas pobre, filho de dois pequenos agricultores de um lugar de Condeixa-a-Nova, que partiu para os EUA à procura de uma vida melhor. Este é o seu perfil, feito através do cruzamento de artigos de jornais com fontes próximas e com a análise aos documentos do Football Leaks — e revela o percurso improvável deste agente.

O caminho

Coimbra, Aveiro, Cape Canaveral, na Florida, Beverly Hills, em Los Angeles, Madrid e Londres. Nélio Lucas esteve em todo o lado e conheceu toda a gente; ou, pelo menos, diz ter estado em todo o lado e conhecido toda a gente, gente importante como Mariah Carey ou Bruce Springsteen, do qual foi road manager na Creative Artists Agency — revelou-o ao “Libération”, numa rara entrevista em que ele conta aventuras do seu passado. Uma delas é esta: Nélio garante ter feito um teste de QI cujos bons resultados o levaram a trocar a família e a Mata por uma família de acolhimento na Florida; não foi possível confirmar esta informação. Outra: Nélio diz ter estudado comunicação, marketing e política internacional na Universidade da Califórnia (UCLA), em LA; contactada pelo Expresso, a instituição assegura não ter nos “seus registos” nenhum “aluno com o nome de Nélio Lucas” ou “Nélio Freire Lucas”, de seu nome completo.

Vamos aos factos comprovados: aos 18 anos, em 1997, abriu uma empresa chamada 100% Produções Arte & Espectáculo para organizar festas e outras variedades, e, depois, a L.D. World Football Management, com a qual inaugurou o novo estádio do Beira-Mar, em 2003. Aveiro ter-lhe-á ficado na cabeça, porque foi lá que apareceu outra vez como representante da britânica Stellar Group, de Jonathan Barnett, um agente que dividia a meias um negócio com Pini Zahavi, o superagente original. A ideia era simples: colocar jogadores ingleses no Beira-Mar. Correu mal para o clube, que desceu de divisão, mas bem para Nélio, que começou a colaborar com Zahavi na Soccer Investments & Representation (SIR). Em Londres.

“Durante nove anos”, disse Nélio ao “Libération”, “trabalhámos juntos. Ele tinha contactos em Inglaterra, eu no resto do mundo; eu encontrava os jogadores que ele procurava e fechava o negócio”. Ganhava 450 mil euros por ano, mais 10% por cada contratação. Pelo meio, Nélio também fez uma perninha como “técnico em gestão de casting de atores”, e há um vídeo a correr na internet em que este é entrevistado a propósito disto mesmo.

As offshores

Em 2010, Nélio decidiu separar-se de Zahavi, e, em 2011, esteve na origem do aparecimento do fundo Doyen Sports Investments, o braço ‘desportivo’ da Doyen. Nélio conhecera o filho do dono do grupo, Refik Ari, nos EUA, tornaram-se íntimos e quando o fundo quis diversificar a sua atividade o português foi chamado para dar a cara. Segundo conta um amigo, terá sido a própria Doyen a pagar “um milhão de euros a Zahavi” para a rescisão do contrato. Nélio juntou-se a Amadeu Paixão, um misterioso português radicado em Inglaterra, e a Juan Manuel López e Mariano Aguilar, ex-jogadores do Atlético de Madrid dos tempos de Paulo Futre.

Os quatro fundaram a Assets 4 Sports, em Espanha, pela qual receberiam os pagamentos da Doyen Sports Investment. Nélio, Amadeu, López e Aguilar trabalhariam numa espécie de regime freelance para o fundo. Em 2011, a Assets 4 faturou 150 mil euros e 75 mil euros em 2012; em 2013 a Assets 4 foi extinguida quando Nélio e a sua entourage optaram por sociedades offshore: a Vela, a Principal Sports Management, a Wood Gibbins & Partners Limited, a Denos, a Rixos a PMCI, um complexo esquema de empresas em paraísos fiscais pelas quais passaram a ser feitos os pagamentos relativos às comissões mas também aos custos do ofício, como viagens ou estadias.

Foi através da Wood Gibbins & Partners Limited que Nélio assinou contrato para comprar o tal iate de 3,2 milhões de euros, por exemplo; sobre a Vela, detida a 50% por Nélio e outros 50% por Aguilar, o Football Leaks demonstra que cada um deles recebe 450 mil euros anuais e 10% de comissão sobre os jogadores transacionados. Foi igualmente pela Vela que Nélio pagou a festa do seu 35º aniversário, em Londres, que custou €162 mil, com uma lista de convidados a fazer lembrar uma gala da FIFA. Basicamente, constavam lá todos os que são alguém.

Um salto quântico. Em menos de dez anos, Nélio Lucas passou a viajar em jatos privados, a frequentar as festas mais exclusivas nos lugares menos inclusivos, a dar-se com Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, ou Adriano Galliani, CEO do AC Milan, a ter lugar nos camarotes do Barcelona, Benfica, FC Porto, Real Madrid, na O2 Arena, a almoçar nos melhores restaurantes com os melhores diretores desportivos e a dar bacalhaus aos melhores futebolistas do mundo. E, segundo Nélio ao “Libération”, a servir como um facilitador de negócios expedito, dando conselhos aqui e acolá pelos quais também cobra — ou tenta cobrar.

Em Portugal, este benfiquista dos sete costados amigou-se com Alexandre Pinto da Costa, filho do presidente Pinto da Costa, com o qual intermediou o negócio de Imbula, do Marselha para o Dragão. Ambos são vistos em jantares na zona de Matosinhos, nos quais Nélio, que tem um fraco por mocassins de pele de crocodilo e por relógios caros, come habitualmente bacalhau ou polvo sem tocar numa gota de álcool. Ele gosta da ostentação. Recentemente, num colóquio internacional sobre fundos e futebol, Nélio foi convidado para ser um dos oradores principais e interveio via videoconferência diretamente de uma piscina. Um conhecido de longa data resume-o: “Deixou de contar tostões para contar milhões.”

Este é Nélio Lucas, o mais curioso e ambíguo dos superagentes. E é português.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Mudanças com o videoárbitro? Esperem sentados.

Mais tarde ou mais cedo as novas tecnologias acabarão por chegar ao futebol, quanto mais não seja por fenómeno de arrastamento provocado pela sua adopção e respectivos benefícios por outras modalidades igualmente populares à escala mundial. Falta apenas saber quando e com que grau de profundidade. Ficar-se-á apenas pelas "bolas inteligentes" capazes de nos dizerem se foi ou não golo ou se avançará para a análise de lances de maior complexidade é o que falta ainda estabelecer.

É verdade que os primeiros testes efectuados esta semana não podiam correr pior para a credibilidade das soluções, o que colide precisamente com os objectivos pretendidos: justiça desportiva e transparência. Mas estamos ainda a dar os primeiros passos e, a menos que não seja essa a vontade das cúpulas, ou não haja o bom senso indispensável, as tecnologias de apoio à decisão dos árbitros acabarão por ser uma realidade. É igualmente imprescindível muito rigor para as soluções a implementar estejam acima de qualquer suspeita para que o seu uso não tenha exactamente o efeito oposto ao pretendido.

Há no entanto que o dizer com toda a clareza, até para que as expectativas não sejam defraudadas: as novas tecnologias não substituirão a soberania na decisão dos árbitros, não mudarão nada na apreciação do respectivo trabalho por parte dos observadores, não farão as nomeações, não designarão os internacionais, etc, etc. Como certamente já perceberam estou a referir-me a aspectos muito particulares do futebol português que, permanecendo como estão, tornarão a introdução das tecnologias no futebol numa inutilidade.

Para sustentar a afirmação feita no parágrafo anterior socorro-me do sucedido no último dérby. Basta ver o que disseram comentadores e sobretudo árbitros consagrado sobre a evidência dos lances para se perceber como a classe está comprometida com interesses de terceiros ao ponto de não possuírem condições essenciais ao exercício da função de julgar: independência e imparcialidade. E que dizer da nota do árbitro, quando quem o avalia fica indiferente ao que observa na televisão?

O Sporting fez deste tema uma importante bandeira, apropriando-se de um tema que já vinha de há muito (e que conheceu desenvolvimentos a partir do Mundial de 2010 ) mas sem lhe dar grande profundidade, porque é claro que há outras decisões complementares a ser ponderadas. Mas esqueceu-se deste "pormaior" que é afinal o ecossistema do futebol português e por isso os principais problemas que contribuem para a suspeição de que enferma continuam exactamente como estavam. E assim continuarão com ou sem tecnologias.

Eu sei que é mais fácil ir discursar lá fora, mas é cá dentro que as mudanças têm que ser levadas a cabo. E sei também como elas são difíceis de acontecer, mas todos os dias sem dar um passo são dias perdidos. O que conseguimos realmente mudar nestes últimos quatro anos? O que fizemos de facto para promover a mudança, se considerarmos que não a podemos fazer sozinhos? O nosso discurso e e postura promovem as alianças que precisamos? Quantos aliados podemos conquistar para esta causa?

Para consumo interno (clube) e para estratégia de poder manifestar indignação pelo inclinação dos relvados em momentos decisivos resulta, mas a longo prazo não muda nada. E não ter mudado nada é afinal a constatação de que como a estratégia até agora seguida não está a resultar.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Doyen: uma derrota esperada

Sem surpresa o Sporting acabou de comunicar que a decisão final do caso "Doyen/Rojo" está tomada, em desfavor do clube. Há ainda diferentes interpretações do valor total a pagar mas que nunca será inferior aos 12 milhões, embora seja muito provável que seja mais. Continuo a pensar que este caso poderia ter sido gerido de forma diferente, menos onerosa para o clube e que esta decisão do tribunal de certa forma confirma que a estratégia não foi premiada. A este propósito mantenho o que disse na altura da primeira decisão e que pode ser lido aqui [LINK]

Felizmente a verba está provisionada antecipadamente - que não é o mesmo que dizer que está paga nem mesmo sequer haver liquidez para o fazer - pelo que o impacto desta decisão está atenuado e é altura de virar a folha e passar adiante, embora seja necessário o inevitável apuro de responsabilidades. Mas  transformar esta derrota numa vitória, como parece o tom geral dos comentários que se vêm na página de FB onde a noticia foi dada a conhecer é fazer um pouco a figura do ministro iraquiano da propaganda, quando reclamava vitória iminente quando as tropas americanas já passeavam nos arrabaldes de Bagdad. Haja decoro!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Setúbal 0 - Sporting 1: Companhia holandesa assegura o bilhete para mais uma viagem

É muito provável que amanhã já ninguém se lembre deste pormenor, mas a vitória neste jogo e correspondente passagem ao quartos-de-final começou no momento em que Jorge Jesus resolveu não fazer as tradicionais rotações de jogadores, nomeadamente as do guarda-redes. Pois se não fosse Patrício, um dos melhores do mundo na sua posição no 1x1, e teríamos tido uma noite bem mais longa e quem sabe amarga.

Este jogo tinha todos os ingredientes para ser difícil:

- a equipa vinha na ressaca de dois desaires, cada qual em competições diferentes, mas marcadamente traumáticas. A possibilidade de os jogadores estarem cansados física, mas sobretudo sobrecarregados mentalmente era muita.

- O adversário ter sido goleado há poucos dias em Alvalade podia ser a ignição de um certo relaxamento.

- Tradicionalmente o Sporting encontra sempre grandes dificuldades neste estádio, particularmente nesta competição. 

- As alterações introduzidas no onze inicial por Couceiro, quer do ponto de vista individual, quer do ponto de vista da organização da equipa, tornaram o Setúbal numa equipa mais difícil de ultrapassar.

- Para o quadro ficar mais denso falhamos um penalty que nos teria deixado cedo na frente do marcador.

À medida que o tempo corria parecia que a noite ia mesmo assim ser longa, até que um trovão de Dost, muito bem assistido por Marvin, nos empurrou para o sorteio da eliminatória seguinte. O Jamor continua a ser um destino possível e desejável.

Augusto Inácio: «Marco Silva nunca entendeu a comunicação do Sporting»


Está em curso nos tribunais o julgamento da acção interposta por Marco Silva contra José Eduardo. A frase que titula o post é retirada de uma citação de Augusto Inácio para qualificar os problemas entre o antigo treinador e a SAD. Nesse mesmo julgamento o visado, José Eduardo, confessou que "tudo o que disse sobre Marco Silva foi-me transmitido pela administração da SAD". 

Ora, tendo isto em conta, e por mais razões que pudessem assistir então à administração neste diferendo, seria sempre muito difícil de entender a comunicação de uma SAD profissional e bem paga que mandata terceiros para enviar recados pela televisão ao treinador da sua equipa da sua modalidade mais representativa. Tinha tudo para acabar mal, como hoje se sabe que acabou.

E, tendo em conta muitas das acções e omissões mais recentes, a que se vem juntar a presença ontem de Bruno de Carvalho ontem na CMTV (???) a dificuldade de entender as acções e propósitos da comunicação da SAD vai permanecer por mais algum tempo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Tremenda injustiça para com Jorge Sousa

Não se compreende o que os jogadores do Benfica fizeram a Jorge Sousa. Foi um boicote, do mais infame que tenho visto em Portugal! Jorge Sousa foi à Luz para tentar bater o recorde de João Capela (4 penaltis não assinalados contra o Benfica, no mesmo jogo) e os maquiavélicos jogadores de vermelho apenas lhe deram a possibilidade de não assinalar dois. Louve-se Pizzi que quis colaborar, passando a bola de uma mão para outra, mostrando bem que devia ser penalti, mas que Jorge Sousa nunca iria apitar. Luisão então esteve vergonhoso: nem um dos seus habituais golpes de Karaté executou. Nem Lindelof andou com os braços pelo ar como costuma. Boicotaram a tentativa de recorde de Jorge Sousa. Lamentável!!!

Tenho visto muitos Sportinguistas a dizerem ponderar se devem, ou não, “desligar-se” do fenómeno futebol, devido aos consecutivos atropelos que adulteram a verdade desportiva e, normalmente, sempre no mesmo sentido. 

Também eu já, por várias vezes ao longo dos anos, me deparei com a mesma dúvida. E, irritado, revoltado, com vontade de ir para cima dos vigaristas, dos chefes dos vigaristas, dos propagandistas defensores da vigarice, e dos DDT, e dar-lhes um aconselhamento físico que os fizesse perceber que “vigarices nunca mais”, porque era perigoso para a sua integridade física, caio em mim e penso: “isto é uma luta contra o Sporting”, “eles querem é deitar abaixo o Sporting”, e outros pensamentos semelhantes.

É ai que me revolto (ainda mais), e que penso se o que “eles” querem é isso, então vamos lutar. Lutar mais ainda! Apoiar, proteger, e lutar contra os inimigos do Sporting. Em todas as frentes. No apoio às equipas, no desmascarar nos media e nas redes sociais, e em tudo o que é opinião publica, todas as vigarices de que o Sporting é alvo.

Aproveitando a “deixa” de inúmeros comentadeiros pós- derby que argumentam que venceu a eficácia, e que o Sporting não foi eficaz, temos de dizer que não há equipas perfeitas, todas cometem erros, mas que a umas aparece o colinho salvador para corrigir os erros, enquanto que a outras inventam-se mais erros, para ajudar a estragar o trabalho feito.

Não podemos desistir. Temos de lutar contra as vigarices do futebol em Portugal, e não só.

Esforço, dedicação, devoção e gloria. Eis o Sporting!

Nota importante: a autoria do post é do editor "8" deste blogue.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Outra vez limpinho, limpinho, limpinho

Foi talvez um dos melhores dérbys dos últimos tempos, muito intenso, muito disputado e com o resultado em suspenso praticamente até ao final. Do ponto de vista táctico as equipas encaixaram-se como siameses nos minutos iniciais para se separarem por iniciativa do Sporting, que começou paulatinamente a procurar assumir o jogo.  

Mas é difícil superar um adversário bem preparado e simultaneamente dar a volta à sorte. O Sporting foi apenas inferior em dois pontos decisivos para o desfecho do jogo: em alguns momentos defensivos, onde acumula erros e "distracções" fatais, quase sempre a partir das laterais, e na eficácia atacante. Parece pouco mas é quase tudo.

E depois teve azar, porque Jorge Sousa deve ter faltado às consultas do Jorge Oculista. Há pelo menos dois lances passiveis de penalty, sendo o de Nelson Semedo inaceitável. Mas posso até pensar que foi um problema de visão. Mas quando o jogo chegava ao fim, nos últimos minutos, o árbitro erra praticamente todas as decisões contra nós, que anteriormente não falhou em lances idênticos, ficando a sensação de que o senhor sabia o que tinha que fazer. Conseguiu pelo menos atenuar a intensidade da nossa reacção e desestabilizar a equipa. 

Mas há também responsabilidades da nossa parte. No que diz respeito ao processo defensivo o Sporting sofre o primeiro golo numa transição rápida em que Zeeglaar se deixa literalmente "comer pelas costas" por Sálvio, que ainda na parte final do lance se encontrava vários metros atrás, para ir fazer golo metros à frente do defesa. O segundo golo acontece no centro da nossa pequena área, com João Pereira a esquecer-se de Jimenez, precisamente o jogador a quem estava agarrado fracções de segundo antes. Continuamos a ser penalizados por estas debilidades que nos estão a custar resultados após resultados e não se vislumbra o fim para eles.

Depois há decisões infelizes de Jorge Jesus, que parece gostar de jogar com pelo menos um jogador em campo. Bryan Ruiz está sem estamina, não tem poder de explosão. É verdade que nunca foi o seu forte, mas o que eram inteligência, esclarecimento, definição, é agora lentidão e complicação, emperrando o jogo. Percebeu-se a diferença com entrada de Campbell, sem que se entendesse porque saiu Bruno César e não Bryan. Não satisfeito trocou um Ruiz lento por um Ruiz (Alan) parado ou invisível. 

Fizemos ainda assim um grande jogo e é a isso que temos que nos agarrar, agora que voltamos ficar a cinco pontos de distância e depois de dar um trambolhão na classificação. Mas quando há qualidade como a que exibimos hoje tem de haver esperança.

Devemos também realçar que o vencedor acabou por ser premiado por  uma equipa muito eficaz e que do ponto de vista dos seus interesses esteve sempre muito bem, sabendo aproveitar muito bem aqueles pontos que todos sabemos serem os nossos pontos fracos.

Realces individuais para a exibição monumental de William na segunda parte e pelo exemplo de Adrien durante todo o jogo. Patricio continua num momento fabuloso e fosse sempre por ele e estaríamos bem melhor.

Mas este jogo não deixa de lançar sérias interrogações sobre a real valia do nosso plantel, especialmente quando comparamos os jogos do ano passado com este mesmo adversário e as opções que Jesus tinha então à disposição e as que tem hoje. Vários milhões depois, e ao contrário do que pareceu na pré-temporada, a dúvida sobre a qualidade das decisões são cada vez maiores e mais justificadas.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A autópsia ao cadáver de Légia

Vão ser precisas mais horas de distância sobre o jogo de ontem para poder restabelecer-me de mais um desaire que "não podia" ter acontecido. Dizer não podia não é aqui desrespeitar a equipa que nos venceu porque foi mais competente do que nós ou muito menos o futebol e o desporto em geral. Mas já passou o tempo suficiente para pelo menos poder olhar para o jogo e discorrer sobre ele e em particular sobre o levou a este desfecho, tão amargo para nós.

Mantenho o raciocínio que presidiu ao post anterior: o jogo começou por ser perdido na cabeça de Jorge Jesus. Mais uma vez me parece que foi vitima da sua sobranceria, ao não dar o valor devido ao adversário. A surpresa que julgava ir causar acabou por redundar naquilo que se costuma dizer "ir buscar a lã e acabar tosquiado".

Jorge Jesus não mudou apenas o sistema de jogo que a equipa tem mais tempo de treino e jogo, mas mudou também jogadores das posições que habitualmente jogam. A defesa nunca se conseguiu articular entre si, sendo notório o desconforto do trio, incluindo o de Coates, que terá feito um dos piores jogos com a nossa camisola. As hesitações de Semedo e Oliveira também denunciaram esse desconforto. Mas os três acabaram por ser sobretudo vitimas da anarquia que reinou no sector que os precedia no terreno.

Com duas penadas infelizes JJ desarticulou toda a equipa: falo das posições escolhidas para Bruno César e Gélson. Não apenas perdemos toda a profundidade e imprevisibilidade que Gélson dá ao flanco direito, bem como a ligação com as assistências a Dost, como perdemos a inteligência na ocupação de espaços como a ligação entre sectores que Bruno César tem oferecido. As acções de William e Adrien tornaram-se quase inúteis perante as saídas rápidas dos polacos nas suas costas, aparecendo facilmente em frente ao derradeiro trio defensivo.

O conforto que retirou aos seus jogadores ofereceu-o aos adversários, ao conceder-lhes espaço e liberdade de acção quando esta devia ter-lhes sido condicionado  a que a nossa superioridade técnica actuasse como valência em nosso favor. Para se chegar à conclusão do erro cometido basta aliás o reconhecimento tácito de JJ, ao voltar à fórmula habitual, logo após o intervalo e a consequente melhoria registada, mas ainda assim insuficiente para repara o mal entretanto feito.

Infelizmente para o que aconteceu ontem já não há remédio. A ideia de que talvez até seja bom, porque a Liga Europa é uma maçada, tem jogos à quinta-feira, não dá muito dinheiro até é apelativa, se alguém conseguir explicar como é que sair com três míseros pontinhos, por uma porta das traseiras da competição, é mastigável e deglutível.

Ah, pois, temos as competições internas para nos afirmar como prioridade, é aqui que vamos escalar até ao topo do ranking da UEFA, o tal que nos permite "ter mais sorte" nos sorteios. Porque é nas competições internas que vamos conquistar os pontos que precisamos para continuar a aceder aos sorteios da Liga dos Campeões.

Ah, pois, é aqui, na tal "afirmação interna", que vamos encontrar o financiamento adequado e suficiente para sustentar o disparar dos custos da SAD, na busca de um nivelamento mais próximo dos orçamentos e consequente competitividade dos nossos rivais, de forma a interromper um ciclo "nem, nem" (nem dinheiro, nem títulos) que nos afastou dos da frente?

O discurso de JJ ontem no final é decepcionante. Porque não explicou as suas opções (o que se até se compreende, atendendo ao resultado) mas sobretudo porque já preparou a próxima desculpa, caso domingo volte a registar novo insucesso. Alguém tem que lhe explicar que de facto o futebol do Sporting não tem ganho assim tantas vezes como gostaríamos, mas foi precisamente para inverter esse rumo que o clube lhe dá a ele o que até agora nunca ninguém havia tido: dinheiro para gastar e autonomia para decidir. 

E, lendo e ouvindo o que se vai dizendo por aí, parece-me que JJ já cá está há mais tempo do que parece: tal como muitos adeptos, parece já se ter especializado em álibis e desculpas: é o tempo que ora passa devagar ou a correr, a bola que infelizmente é redonda, o frio que é gelado, sempre um bocadinho mais para  nós e contra nós do que para os outros.

E quando as desculpas se esgotam é a vez dos números de prestidigitação (sem esquecer as manobras evasivas com o rival, para entreter  a populaça), acenando com amanhãs luminosos, porque o futuro é já a seguir, é o campeonato . Sim, esse mesmo que entregamos de bandeja no ano passado e cujo segundo lugar ainda foi ampla e ruidosamente festejado, com direito a voltareta presidencial e o treinador premiado com chorudo aumento.

Por isso é que quando nos perguntamos porque nos acontecem tantas vezes estes "episódios Légia" talvez a resposta não seja assim tão difícil de encontrar. É que para ganhar mais vezes, ser campeão, é preciso mais do que 90% de concentração. É preciso querer ganhar mais do que apenas nos títulos de jornais e falar menos e só depois de ganhar. É preciso trabalhar mais mas sobretudo melhor.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Légia 1 - Sporting 0: Paragem Cerebral


Perdemos o jogo e fomos eliminados ainda antes de subir ao relvado. Tudo começou e acabou na cabeça de Jorge Jesus, o Cérebro. No que foi igualado por William, ao fazer-se expulsar num momento que todos eram poucos para tentar remediar o que já se adivinhava. O melhor é não me alongar mais, nestas horas de frustração e mágoa o melhor é respirar fundo várias vezes. 

PS: No final do jogo, no âmbito da iniciativa #Sporting160, juntamente com o @bancadeleao e o autor do programa, o @castrojr76, gravamos um podcast em que se analisam estes últimos dias, que nos levam de Varsóvia ao dérby e que pode ser ouvido neste [Link] de Varsóvia a Lisboa.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Football Leaks, o tsunami que abala o império de Jorge Mendes


O jornal expresso juntou-se a um consórcio de jornalistas que acederam a milhares de documento que deixam "a céu aberto" o esquema de fuga de capitais sobre o qual rola a todo o vapor o império de Jorge Mendes e dos clubes e jogadores seus agenciados. É essa a reportagem que aqui é hoje publicada para os leitores do blogue:


"O dia em que uma consultora fiscal recebe um questionário das Finanças sobre um cliente seu é um dia de trabalho. Para uma consultora que faz assessoria a estrelas do desporto agenciadas por Jorge Mendes, é um dia de trabalho extra, porque isso implica um custo mediático associado se a história correr mal. E se essa estrela for Cristiano Ronaldo, esse custo é multiplicado por mil ou por milhões. E é um dia de sarilhos .

A partir do momento em que a informação chegou, o 3 de dezembro de 2015 não podia ser apenas mais um dia nos escritórios da empresa de serviços jurídicos Senn Ferrero: o Ministério das Finanças espanhol abrira uma investigação, que ainda está em curso, para apurar possíveis irregularidades de Ronaldo nas suas declarações do Imposto sobre o Rendimento de Não Residentes (IRNR) relativas aos anos 2011, 2012 e 2013. Naquelas perguntas enviadas para o número 3 da Plaza de La Lealtad (perto do Museu Nacional do Prado e da Bolsa de Madrid), os inspetores mostraram-se particularmente interessados na questão dos direitos de imagem do jogador do Real Madrid e isso comportava um risco maior para Ronaldo. A Senn Ferrero sabia porquê. Os contabilistas de Jorge Mendes que a Senn Ferrero alertou também sabiam porquê. E este é o porquê: um esquema empresarial complexo com paragens nas Caraíbas, na Irlanda e em contas bancárias na Suíça que geria desde 2009 os rendimentos provenientes da publicidade prestada por Ronaldo a várias marcas.

Ao todo, de 2009 a 2014, Ronaldo recebeu €74,8 milhões pelos seus direitos de imagem como jogador do Real Madrid e também já recebeu adiantados €75 milhões para o período 2015 a 2020, mas só na declaração de rendimentos de 2014 é que mencionou este bolo. Ou melhor, uma fatia deste bolo, €22,7 milhões, repartidos em dois pedaços. O que representam estes dois pedaços, o que aconteceu ao resto do montante acumulado, quais as offshores usadas, como foram vendidos os direitos de imagem em 2009-14 e 2015-20, por que caminhos andaram Ronaldo e outros jogadores agenciados pela Gestifute de Jorge Mendes - estas são algumas das questões que derivam de uma extensa análise aos documentos extraídos da plataforma Football Leaks. A investigação foi liderada pela revista alemã “Der Spiegel”, que partilhou os dados com a rede European Investigative Collaborations (EIC), um consórcio de jornalismo de investigação composto por mais de uma dezena de jornais e que contou com a colaboração do Expresso.

Esta é a história sobre Ronaldo. Luzes, câmara, contratação

O “Big Brother” de Cristiano Ronaldo começou a 6 de julho de 2009, sentado no banco de trás de um carro, com um motorista e uma câmara de televisão para documentar o dia. “Hoje há jogo ou quê?”, diz Ronaldo em espanhol. Ele sabe que não há jogo, está a ensaiar uma piada. Talvez não acredite que aquelas pessoas à porta do estádio Santiago Bernabéu estejam ali apenas porque ele próprio estará dentro do Bernabéu daqui a pouco. Serão 80 mil fãs a aplaudir o português, vestido de branco, ladeado por Eusébio, Don Alfredo di Stefano e Florentino Pérez. Não faltarão o “Hala Madrid!”, os agradecimentos, os toques na bola de futebol, o abraço aos adeptos que conseguirem furar o perímetro de segurança. Ronaldo foi contratado pelo Real Madrid e a sua apresentação aos sócios e adeptos foi transmitida em direto por televisões de todo o mundo. Naquele momento, Ronaldo tornou-se global. Os seus assessores tinham-no previsto.

A 20 de dezembro de 2008, ainda jogador do Manchester United, Ronaldo assinara outro contrato, longe do rebuliço. Foi com a Tollin Associates Limited, uma empresa registada na Vanterpool Plaza, que fica em Road Town, na ilha de Tortola (Ilhas Virgens Britânicas - BVI). Nas Caraíbas. Para os mais curiosos, a Vanterpool Plaza é um prédio de dois andares em tons de amarelo; no piso térreo há uma farmácia gerida por uma senhora chamada Vanterpool, o piso superior está alugado a uma firma de advogados.

Segundo os contratos obtidos pela revista “Der Spiegel” e partilhados com o consórcio EIC, ficou acordado que de 1 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2014, a Tollin seria a depositária dos direitos de imagem do jogador e o jogador seria o recetor de “todos os rendimentos recebidos pela sociedade”, à exceção de 20 mil euros anuais e possíveis gastos operacionais. E, também, à exceção da comissão de Jorge Mendes. É que, uns dias depois, a 30 de dezembro de 2008, a Tollin transferiria a exploração desses direitos de imagem a uma empresa com ligações a Jorge Mendes, a Multisports & Image Management (MIM), sediada em Dublin. E a MIM, por sua vez, já tinha uma colaboração com a Polaris Sports, também com sede na Irlanda e controlada por Jorge Mendes; ambas tornar-se-iam responsáveis por negociar todos os acordos publicitários em nome de Cristiano Ronaldo. Funcionaria assim: o dinheiro dos contratos publicitários iria para a MIM e para a Polaris e, após deduzidas as respetivas comissões dos intermediários, o resto seguiria para a Tollin - era o mesmo jogo que Mourinho já jogara [ver páginas seguintes]. Ou seja: as marcas lidariam diretamente com a MIM e com a Polaris e só depois os seus pagamentos viajariam para a Tollin, fazendo com o que o rasto se perdesse no caminho entre a Irlanda e as Caraíbas. Porquê este esquema? Porque com este tipo de estrutura é possível explorar as vantagens fiscais das BVI.

Recordar Beckham: Vamos por partes, como num jogo de futebol. Um longo jogo de futebol.

Aquecimento. Um cidadão é um cidadão e uma empresa é uma empresa e os impostos sobre as receitas geradas pelos direitos de imagem são mais baixos se o pagamento for feito a uma empresa e não a um cidadão. E se o pagamento for feito a uma empresa com sede na Irlanda, um lugar com um regime fiscal especialmente competitivo, as taxas serão ainda mais baixas. A MIM e a Polaris, ligadas a Mendes, estão ambas sediadas na Irlanda, onde a taxa de tributação sobre as empresas é de 12,5%. É esta taxa que se aplica aos lucros destas empresas: as comissões são tributadas, o resto das receitas de Ronaldo seguem livres para a Tollin.

Primeira parte. 

Quando Ronaldo chegou a Madrid em 2009 estava em vigor a “Lei Beckham”, uma lei aprovada pelo governo espanhol em 2004 para atrair trabalhadores estrangeiros com elevados rendimentos. A “Lei Beckham” (assim popularizada por ter tido entre os primeiros beneficiários o futebolista David Beckham) foi revogada em 2010, mas os residentes estrangeiros então a viver em Espanha tiveram direito a um período de transição que acabaria a 31 de dezembro de 2014. Já voltaremos a esta data: 31 de dezembro de 2014. Ora, esta medida garantia aos estrangeiros residentes em Espanha uma tributação de não residente, os chamados “impatriados”, que pagariam impostos apenas pelos rendimentos obtidos em Espanha e a uma taxa de 24%, muito inferior à taxa de até 48% que se aplicava aos residentes com salários mais elevados. Usando esta legislação, os conselheiros de Cristiano Ronaldo estimaram que cerca de 80% dos rendimentos dos direitos de imagem do jogador eram gerados no estrangeiro e à volta de 20% provinham de Espanha; no total, entre 2009 e 2014, a Tollin encaixou €74,8 milhões pela exploração dos direitos de imagem de Ronaldo: €63,3 milhões ‘do estrangeiro’, €11,5 milhões de Espanha. Segundo os assessores de Ronaldo, ao abrigo da “Lei Beckham”, só estes últimos tinham de ser declarados. O fisco espanhol parece duvidar.

Segunda parte. 

Durante anos, nem os tais 20% figuraram nas declarações de rendimentos do jogador. Não aconteceu em 2011. Nem em 2012. Nem em 2013. Eles vieram à tona apenas em 2014, cinco anos depois da apoteótica apresentação no Bernabéu. A 30 de junho de 2015, no último dia possível para apresentar a declaração, os consultores fiscais compilaram e emitiram o documento para as Finanças, a que a investigação da “Spiegel” e do EIC tiveram acesso. Aí se incluía o salário como empregado do Real Madrid (mais de 34 milhões de euros, que refletiam um bónus em cima do seu ordenado base anual); a casa em Madrid, as compras, algum dinheiro em contas bancárias e os carros, mas não os seus bens no estrangeiro: as casas em Portugal, as contas nos bancos SGKB - St. Galler Kantonalbank (Suíça), BPI (Portugal) e Banque Internationale (Luxemburgo). Também não se mencionava a sua conta no banco Mirabaud, em Genebra.

Os contabilistas de Ronaldo decidiram apresentar na declaração às autoridades fiscais espanholas o valor de €22,7 milhões: €11,5 milhões pelos direitos de imagem de 2009 a 2014 sem referências ao nome Tollin ou ao facto de Ronaldo ter recebido esse dinheiro via uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas; e €11,2 milhões pelos direitos de imagem de 2015 a 2020, pagamento a cargo de uma sociedade chamada Arnel, com morada na… Vanterpool Plaza, na Road Town da ilha de Tortola, nas BVI.

O mais importante seria que o nome da Tollin ou do seu administrador não aparecesse em lado algum. Depois do rocambolesco caso de evasão fiscal dos Messi, pai e filho, era fulcral que Ronaldo mantivesse a sua reputação intacta. A defesa dos interesses de Ronaldo estava a cargo da Senn Ferrero e do advogado português Carlos Osório de Castro, que trabalha com a Gestifute há alguns anos.



Prolongamento.

Aparentemente, correu bem. Num primeiro momento, a Agência Tributária não desmontou a estrutura offshore de Ronaldo e isso terá aliviado a entourage de Mendes, por continuar omissa a existência da Tollin, que entretanto foi extinta quando o contrato com Ronaldo terminou, a 31 de dezembro de 2014. A azáfama e o stress da recolha de documentos em contrarrelógio para entregar a declaração no último dia tinha valido a pena. Questionada pelo “El Mundo”, que pertence ao consórcio EIC com o qual o Expresso colabora nesta investigação, a Agência Tributária de Espanha não esclareceu se tinha voltado ao tema offshore no caso Ronaldo. O “El Mundo” apurou, todavia, que o processo do Imposto sobre o Rendimento de Não Residentes (IRNR) continua em aberto e incide sobre os períodos 2011, 2012 e 2013.

E agora os penáltis. 

Uma semana depois de a rede EIC ter enviado dezenas de perguntas a Jorge Mendes e a Ronaldo, no âmbito da presente investigação jornalística, sobre os direitos de imagem do jogador da Gestifute, a sua situação fiscal e o uso de sociedades offshore, a empresa de Mendes optara não responder. Eis senão quando esta quinta-feira é publicada uma notícia no jornal espanhol “El Confidencial” a contar metade da história citando fontes próximas de Ronaldo. Horas depois, a Gestifute emitiu um comunicado garantindo que “tanto Cristiano Ronaldo como José Mourinho estão em dia com as suas obrigações fiscais tanto em Espanha como no Reino Unido”. Era uma jogada preventiva de quem sabia da investigação jornalística prestes a ser publicada.

O comunicado da Gestifute nota que “nunca Cristiano Ronaldo como José Mourinho estiveram envolvidos em qualquer processo judicial relativo à prática de qualquer delito fiscal” (o que é verdade: houve inspeções da autoridade tributária espanhola, mas não se seguiu nenhum processo em tribunal). E a Gestifute acrescenta que “qualquer insinuação ou acusação dessa natureza relativa a Cristiano Ronaldo ou José Mourinho será denunciada e perseguida nos tribunais”.

Mas no que a esta história diz respeito, falta perceber como, quando e a quem é que Ronaldo vendeu logo em 2014 os seus direitos de imagem para 2015-20. Foi um “bom amigo”. Mas porquê?

O magrebe

A 20 de dezembro de 2014, o Real Madrid ganhou o Mundial de Clubes em Marraquexe ao bater o San Lorenzo da Argentina por 2-0. Para trás ficou uma vitória por 4-0 frente ao Cruz Azul do México nas meias-finais e uma competição em que a segurança e o vírus ébola foram temas dominantes - e, já agora, uma competição em que Ronaldo ficou a zero dentro do campo. Fora dele, Cristiano goleou.

Nesse mesmo dia 20 de dezembro, o avançado, segundo os documentos obtidos pela investigação da “Spiegel” e do consórcio EIC, emitiu duas faturas para duas companhias, uma no valor de €63,5 milhões, outra de €11,2 milhões. A primeira para a Adifore, a segunda para a Arnel, a empresa offshore referida na sua declaração de rendimentos de 2014. CR7 assinara contrato com ambas por período igual, mas com contornos diferentes: até 31 de dezembro de 2020, a Adifore iria gerir os direitos de imagem do resto do mundo e a Arnel os direitos de imagem relativos a Espanha; uma vez mais, o rácio era o mesmo (80/20). As comissões de 10% a 15% à MIM e à Polaris também ficaram asseguradas.

Tudo isto foi feito antes do fim do ano, mesmo a tempo de entrar no exercício de 2014. Não foi por acaso. Não faltava muito para terminar o acordo entre Ronaldo e a Tollin e, sobretudo, para acabar o período de transição da “Lei Beckham”. Lembra-se da data de 31 de dezembro de 2014? Pois bem, a partir do dia 1 de janeiro de 2015, todos os rendimentos de Ronaldo e dos outros “impatriados” passariam a ser taxados como os de qualquer outro espanhol com os mais elevados salários, até 48% e não a 24%, e isso incluiria o salário do Real Madrid e o bolo dos direitos de imagem, independentemente da origem dos mesmos. Mas ao vendê-los à Adifore e à Arnel antes do reveillon, Ronaldo só teria, à partida, de declarar os €11,2 milhões (e fê-lo) e tributar 24% desse valor - e poderia não declarar os €63,5 milhões.


Contas feitas, em 2014 Ronaldo declarou €22,7 milhões (€11,5 milhões relativos a 2009-2014 e €11,2 milhões pelo contrato para 2015-2020) dos €149,8 milhões que recebeu por contratos de publicidade. Fica resolvido o ‘como’, o ‘quando’ e o ‘porquê’ - fica a faltar o ‘a quem’

Última paragem: Singapura

A 29 de junho de 2015, Cristiano Ronaldo foi para uma conta das suas redes sociais dizer que tinha chegado a acordo com um “bom amigo” para vender os seus direitos de imagem. O texto parece saído de um manual de assessoria de imprensa: “Estou muito entusiasmado por anunciar o meu acordo com a Mint Media, propriedade de um bom amigo meu, o empresário Peter Lim de Singapura, para que esta adquira os meus direitos de imagem. Este é um passo muito estratégico para mim e para a minha equipa de agenciamento para levar a marca Cristiano Ronaldo para outro nível, especialmente na Ásia”


Na declaração de rendimentos de 2014 constavam os direitos de imagem explorados em Espanha. Mas não os do resto do mundo

Nos documentos a que a rede EIC teve acesso não há prova de que a Arnel e a Adifore sejam, de facto, de Peter Lim, e também não há documentos que sustentem que foi ele a pagar os €74 milhões de uma só vez a Cristiano Ronaldo. O que há são manifestações públicas de uma relação próxima entre o jogador, o empresário e o agente, sustentadas pelo post de Ronaldo de 29 de junho de 2015, curiosamente um dia antes de a sua declaração de rendimentos de 2014 ser submetida ao Estado espanhol pelos advogados da Senn Ferrero.

Com Ronaldo, o timing é tudo. Porque só um jogador com uma invulgar capacidade de estar no sítio certo e à hora certa consegue marcar 374 golos pelo Real Madrid, 118 pelo Manchester United, 68 por Portugal, 5 pelo Sporting, e ganhar três Ligas dos Campeões, dois mundiais de Clubes, um Europeu de seleções, uma supertaça europeia, três ligas inglesas e uma espanhola, entre outros troféus. E, acima de tudo, ser eleito o melhor jogador do planeta em três ocasiões diferentes – e provavelmente a quarta no final deste mês. O que ainda não se sabe é se Ronaldo terá conseguido explorar a relação espaço-tempo de uma forma tão eficaz no planeta fiscal.

Para especialistas em assuntos fiscais, como o hispano-alemão Rafael Villena, que passou anos a fio a examinar estas estruturas, a situação é clara: “Ronaldo devia ter declarado todo o dinheiro pago à Tollin em cada ano, a começar em 2009 e não apenas em 2014”, diz à “Spiegel”. Fontes consultadas pelo “El Mundo”, por outro lado, acreditam que Ronaldo poderá ter incorrido em três irregularidades. A primeira, não ter tributado as receitas provenientes de empresas que, teoricamente, não têm presença em Espanha, como as asiáticas Emirates, Americana Group ou Drive Dentsu. A segunda, ter decidido que apenas 20% dos pagamentos de empresas com atividades evidentes em Espanha (Real Madrid, Nike, Herbalife ou Samsung) seriam declaráveis. A terceira, não ter declarado os mais de €14 milhões que saíram diretamente para duas empresas irlandesas relacionadas com a Gestifute: a MIM e a Polaris Sports. E, a isto, somam-se os antecedentes com outros clientes de Jorge Mendes, como Fábio Coentrão, Pepe e Ricardo Carvalho, todos eles com estruturas offshore; e as multas aplicadas a Messi, Javier Mascherano, Xabi Alonso ou Adriano, outros futebolistas de perfil alto que jogam (ou jogaram) em Espanha.

*European Investigative Collaborations

80%

Os colaboradores de Cristiano Ronaldo e da Gestifute fizeram a seguinte divisão para os direitos de imagem do futebolista do Real Madrid: 80% para os proveitos gerados fora de Espanha, 20% para os proveitos gerados em Espanha, onde o português reside desde 2009.

O INÍCIO


A 6 de julho de 2009, Cristiano Ronaldo foi apresentado no Santiago Bernabéu perante 80 mil pessoas, ladeado por Eusébio, Di Stéfano e Florentino Pérez. Em dezembro de 2008, o jogador já assinara outro contrato, com uma empresa chamada Tollin, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Ficou acordado que a empresa seria a depositária dos direitos de imagem do futebolista e o futebolista seria o recetor de “todos os rentimentos recebidos pela sociedade”

Quem é Peter Lim? 

Segundo a “Forbes”, estima-se que Lim tenha uma fortuna a rondar os 2,4 mil milhões de dólares, que terá enriquecido um dia quando investiu na compra de uma empresa de óleo de palma que depois revendeu a um preço exorbitante. Além de ser um “bom amigo” de Cristiano Ronaldo, Peter Lim também é um grande amigo e parceiro de negócios de Jorge Mendes, o agente/gestor de carreira de Ronaldo. Porque foi através de Mendes que Lim se tornou dono do Valencia, clube da primeira liga espanhola que já foi treinado por Nuno Espírito Santo, o primeiro futebolista a ser representado pelo agente português, nos anos 1990. Além disso, há vários futebolistas no Valencia que fazem parte da carteira de clientes de Jorge Mendes, como Cancelo, Enzo Pérez ou Rodrigo.

O que é a “lei Beckham”


TAXAS A “Lei Beckham” foi criada pelo governo espanhol em 2004 e permitiu aos estrangeiros residentes em Espanha que auferiam salários elevados pagar impostos com uma taxa de 24%, bem mais baixa do que aquela aplicada aos espanhóis, que podia chegar aos 48%. Essa “Lei Beckham” seria revogada em 2010 mas Ronaldo, que chegou a Madrid em 2009, beneficiaria deste estatuto de “impatriado” até final de 2014.

149,8 Milhões, foi quanto Cristiano Ronaldo recebeu pela exploração dos seus 
direitos de imagem pelos períodos 2009-2014 e 2015-2020. Desse bolo total, declarou €22,7 milhões, relativos apenas às receitas provenientes de Espanha

A ligação entre Lim, Mendes e Cristiano Ronaldo

VENDA A 29 de junho de 2015, Cristiano Ronaldo disse que tinha vendido os seus direitos de imagem a um “bom amigo”. “Estou muito entusiasmado por anunciar o meu acordo com a Mint Media, propriedade de um bom amigo meu, o empresário Peter Lim de Singapura.” Lim também é amigo de Mendes e foi através dele que comprou o Valencia, clube da 1.ª liga espanhola.

12,5%“Não foram detetadas quaisquer irregularidades nas contas do clube”

Antonio Galeano, diretor-geral para os media do Real Madrid

12,5%     

O imposto sobre sociedades na Irlanda é de 12,5%. E foi justamente pela Irlanda, através das empresas MIM e Polaris, que passaram as receitas dos direitos de imagem de Cristiano Ronaldo. Uma parcela ficou como comissão para as duas empresas, taxada a 12,5%, e o resto seguiu para as Ilhas Virgens.

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