segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Clube de malucos? Mas qual é a dúvida?

Clube de Malucos: mas alguém duvida? Só um clube de malucos é que passa a vida a dar tiros nos próprios pés ao longo de décadas, quase sempre com os mesmos actores, mais do que estafados e gastos, sem que alguém consiga fazê-los calar. Alguns deles com responsabilidades directas e indirectas na gestão, sem que da sua passagem pelo clube tenha resultado em particular beneficio para a instituição.
 
Clube de Malucos: mas qual é a dúvida? É preciso ter um elevado grau de insanidade para continuar a correr atrás da equipa para todo lado, ter um número razoável de assistências, face ao reduzido e tão espaçado no tempo de conquistas. De facto, o amor é cego e os adeptos do Sporting,NÓS, com todas as nossas diferenças e pertenças a grupos e grupinhos, amamos de paixão o clube para sempre, mesmo que o reneguemos mais vezes que Pedro renegou o Outro.
 
Clube de Malucos: obviamente que sim. Quem acha que amar e pugnar pelo êxito do clube se esgota na presença nos estádios e depois nestes começa a assobiar ainda no aquecimento dos jogos, e fora deles faz todo o contravapor possível e imaginário, minando, escavando, muito para lá do que é o direito inegável à critica, à diferença de opinião e até mesmo de visão estratégica e segue pensando que essa actividade é inócua senão é louco é parvo. Ou ambos.
 
Clube de Malucos: a começar pela primeira figura, o presidente. Não foi ele que disse a frase, mas deveria saber que, como de facto está a acontecer, que a autoria lhe seria imediatamente imputada. Porque sabe desde a primeira hora que todos os erros comunicacionais não apenas não passam despercebidos, como são amplificados, distorcidos, retorcidos até caberem nas narrativas. Mas pior, ainda que seja verdade, como creio que é, não é matéria para ser divulgado em prime-time num jornal e em ambiente senão hostil pelo menos desfavorável. Teria sido o discurso mais ajustado a uma conversa intimista, por exemplo, nos Leões do Minho, onde não pôde ir por estar ameaçado fisicamente.
 
Porque se sente acossado, FV veio finalmente falar das dificuldades que encontrou, quer do ponto de vista desportivo quer financeiro. Já o devia ter feito, mas no tempo certo. Já o faz tarde e soa a desculpa, que o é em grande parte. Porque o grande problema do Sporting é e tem sido a sua equipa de futebol, da qual ele se assumiu como responsável único. Tanto assim é que ainda ontem completou o ciclo de títulos no hóquei em patins, com a conquista da Taça Continental.
 
Sem estabilizar a principal equipa de futebol e ainda por cima com uma comunicação que tarda em encontrar o tom certo é FV que está a municiar os adversários e os muitos inimigos declarados. A esses está a juntar os que, não tendo qualquer intenção de se constituir oposição, não conseguem perceber os objectivos e as linhas orientadoras da sua actuação e manifestam legitimamente o rumo seguido. Desta forma compromete a continuidade das reformas já em curso, a sua equipa e até mesmo seu projecto para o clube.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Um quarto de século depois, é hoje!

É hoje!!! 

Depois de 25 anos de afastamento (1/4 de século!) o Sporting volta a ter uma equipa de basquetebol masculino sénior. É hoje que a equipa mais representativa do basquetebol leonino se apresentará aos sócios no Pavilhão João Rocha para a disputa do Trofeu Stromp.

É uma satisfação enorme que me invade ao ver o regresso da minha modalidade preferida, modalidade com grande história no Sporting, de grande implementação mundial e de grande espectacularidade.

Quando falamos do regresso do Sporting ao basquetebol, temos de ser rigorosos. É somente o regresso da equipa sénior masculina. Porque desde a época 2012/13 que já se praticava basquetebol no Sporting. Em 2012 um grupo de indefectíveis sportinguistas liderados por Edgar Figueiredo Vital “conseguiu” fazer regressar o basquetebol, através da Associação de Basquetebol SCP, assinando um protocolo com o Sporting Clube de Portugal para poder usar o seu nome e os seus símbolos nas competições de basquetebol.

Na época 12/13 foram formadas equipas de minibasquete e sub8, sub10 e sub12, que, conforme o correr dos anos, evoluíram até hoje haver equipas de todos os escalões até aos Sub18M e Sub19F.
Como, infelizmente, a comunicação social não dá qualquer informação sobre os escalões de formação das modalidades, em 2012 foi, simultaneamente, criada uma equipa sénior feminina para poder “mostrar” que o Sporting já tinha de novo basquetebol, chamando mais jovens para a formação. 

Começou pela 2ª Divisão (3º escalão nacional) onde disputou as finais four nas duas primeiras épocas, tendo subido à 1ª Divisão onde na época seguinte foi campeã nacional. Daí subiu à Liga Feminina, onde se manteve, até o início da época 15/16 quando a Direcção do Sporting assumiu o basquetebol como modalidade oficial do Clube, e decidiu acabar com a equipa sénior feminina.
Mas vamos aos mais importantes. É com enorme expectativa e um grande optimismo que perspectivo a carreira da equipa sénior no ano da sua reaparição.

Começando pelo treinador, Luis Magalhães, trata-se de uma boa escolha. Homem experiente, frequentemente ganhador, conhecendo muito bem o basquete português, e mesmo muito do basquete internacional, será uma mais-valia.

Relativamente aos jogadores penso que teremos uma equipa equilibrada. Para ocupar os lugares dos cinco estrangeiros permitidos foram escolhidos 3 atletas que já actuavam em Portugal com excelentes registos: Ty Toney, James Ellisor e Travante Williams. Os dois restantes, Brandon Nazione e Abdul Malik Abu, já têm experiências europeias e com boas referências.

Quanto aos jogadores portugueses, temos quatro que têm estado presentes nos últimos encontros da selecção nacional, Diogo Ventura, Cláudio Fonseca, Pedro Catarino, Diogo Araújo,  aos quais se juntam dois que regressam da sua formação basquetebolística nos universitários americanos, Francisco Amiel, Cândido Sá. Para completar o plantel teremos quatro jovens à procura de se afirmarem. 

A equipa já efectuou quatro jogos particulares, tendo perdido um, com uma equipa da Liga LEB Ouro (2ª Divisão espanhola) por uma diferença de 10 pontos, na condição de visitante, resultado que não deslustra. Os três jogos com equipas portuguesas (2 da Liga e 1 da Proliga) terminaram com vitórias confortáveis na ordem dos 20 pontos, o que nos permitiu ganhar a Albufeira Basket Cup e faz perspectivar uma excelente época para a equipa.

A equipa está preparada. Nós também!

Logo às 20:30 lá estaremos no Pavilhão João Rocha para festejar o regresso do Sporting ao basquetebol!

nota: texto de autoria do 8

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Quem é Silas, o novo treinador do Sporting?


Há quase dois anos, estava Silas prestes a iniciar a sua carreira de treinador, o Expresso entrevistou aquele que dizem será o novo treinador do Sporting. Um documento importante para se perceber quem é Jorge Manuel Rebelo Fernandes, especialmente por ter sido dada à estampa quase sem filtros, ainda antes de se ter tornado num treinador e se lançar na ribalta.

Gosta de ser comentador ou é mais difícil do que esperava?
Gosto, é algo que já tinha feito algumas vezes e gosto de falar sobre futebol, sobretudo o que acontece dentro das quatro linhas. Não acho que seja difícil, mais difícil é jogar e treinar.

Faz mais alguma coisa atualmente?
Estou a preparar-me para o futuro que passa por ser treinador. Tive uma experiência recente, como treinador do Sindicato, mas foram só dois meses, até fechar o mercado de trabalho para os jogadores.

Foi a primeira experiência como treinador?
Mais ou menos. Em futebol de 11 sim, mas aos 20 anos eu também jogava futsal, tinha sido campeão nacional de juniores, subo a sénior e alguns dos meus colegas passaram a ser meus jogadores no ano a seguir. Essa foi a primeira experiência e correu bem porque ganhamos uma Taça de Portugal. Depois, quando estava no Belenenses, já com 31 anos, os mesmos jogadores quiseram voltar a jogar futebol de salão e fizemos uma subida de divisão, entretanto fui para Leiria e não consegui continuar com eles.

É muito diferente treinar futebol de 11 e futsal.
E também é muito diferente treinar no sindicato ou num clube, porque no estágio do Sindicato todos vão jogar (e eu procurei sempre dar os mesmo minutos a todos) e num clube nem todos jogam. Ou seja no Sindicato olham para mim de uma maneira diferente, porque nenhum deles sente o lugar em risco; sentem que estou para ajudar todos.

Tem todos os níveis do curso de treinador?
Não, tenho dois de quatro. Queria inscrever-me já no terceiro, mas um dos requisitos é ter estado a treinar no mínimo no campeonato nacional de seniores, durante dois anos. Parece-me estranho.

Porquê?
Porque estive inserido em contextos profissionais durante 22 temporadas. Tenho 13 temporadas de I Liga, parece-me estranho que não me deixem inscrever porque não tenho dois anos de treinador profissional. Não faz sentido até porque vejo muita gente a ter acesso ao 1º nível e que não teve nenhuma experiência como jogador, mesmo de formação. Da mesma maneira que acho que o facto de ser profissional de futebol não me dá garantias de que possa vir a ser um grande treinador, também acho que para se treinar miúdos de oito ou dez anos devia haver alguma experiência de campo, enquanto jogador, mesmo que sejam só cinco anos a jogar nas camadas jovens. Para mim é inconcebível, como já vi, haver treinadores e treinadoras de futebol que jogam voleibol e que nunca tenha jogado futebol federado. Faz-me muito mais confusão gente que nunca jogou poder ter acesso ao nível 1 e eu que tenho 22 anos de futebol profissional não posso ter acesso ao nível 3.

O que vai fazer então?
Em breve começarei a treinar, já tive várias abordagens.




Colocou um ponto final na carreira de jogador em maio. Foi muito difícil dar esse passo?
Foi menos difícil do que esperava. Primeiro porque já acabei quase a fazer 41 anos, quando quis, não fui empurrado, nem foi nenhuma lesão que precipitou a decisão. Mas algumas coisas já me tinham tirado a motivação.
Que coisas?
Ideias diferentes de treinadores… Fazer coisas nas quais eu não acredito, criou em mim um conflito interno porque sentia a obrigação de respeitar o treinador, enquanto treinador, porque sempre fiz isso, mas ao mesmo tempo não acreditava no que estava a fazer. Não me sentia confortável. A partir do momento em que ia para o treino já com alguma resistência, só para cumprir o compromisso que tinha para com o clube, achei que não fazia sentido continuar.

Quando é que começou a sentir isso?
Lá para o final da época. De qualquer das maneiras eu sabia que mais cedo ou mais tarde ia acontecer. Sabia que a partir de uma certa idade nem sempre ia encontrar gente com quem me identificava, e quando digo isto, digo também no trato humano, nas decisões que são tomadas, se são honestas ou desonestas.

Está a dizer que o meio futebolístico piorou com os anos?
Sim. Há muita gente a investir no futebol, que não tem muito conhecimento futebolístico, mas que pelo facto de meter dinheiro acha que lhe dá o direito de opinar e de se intrometer. Também acho que alguns treinadores, quando dependem só do futebol, tendem a ter decisões que não são justas. Ao lidar com gente assim, não me sinto confortável, é a minha natureza, sou muito claro, não sou pessoa de andar a fazer fretes. Juntando isto ao facto de me apetecer treinar e passar os conhecimentos que tenho a outra gente, a decisão não foi tão difícil como eu pensava. Joguei 31 anos, aos dez comecei a jogar federado. Por outro lado, tenho dois filhos que já começaram a jogar futebol e que vou acompanhando mais. Já me vinha a preparar há alguns anos para deixar de jogar. Se fosse há quatro cinco anos, com 36 ou 37 anos, ainda não estava preparado porque sentia que tinha muita coisa para dar ainda. Também tinha consciência de que no dia em que o meu rendimento baixasse a primeira coisa que as pessoas diziam é que eu estava velho, nunca me permiti isso.

Nasceu em Lisboa. O que faziam os seus pais?
A minha mãe era doméstica e o meu pai relojoeiro. Mas eu cresci com os meus avós.

Porquê?
Porque a minha mãe separou-se do meu pai biológico ainda antes de eu nascer. Quando digo que o meu pai era relojoeiro refiro-me ao meu padrasto, com quem a minha mãe se juntou já eu tinha seis anos. Eu vivia com a minha avó e a minha mãe e quando a minha mãe se junta com o meu padrasto eu estava já muito apegado à minha avó. Vivi com a minha avó até aos 21 anos. Mas apesar de viver na casa da minha avó, a minha mãe estava muito presente.

Conheceu o seu pai biológico?
Não tive relação nenhuma com ele. Nunca conheci. Vi-o, mas nunca falei com ele.

Ele sabe da sua existência?
Sabia, já faleceu. Tenho conhecimento de que já faleceu. Mas realmente nunca tive relação com ele. Quando ele quis ter algum contacto comigo eu tinha 11 anos e com essa idade já tinha uma opinião forte sobre aquilo que queria. Felizmente posso dizer que tive dois pais e duas mães porque tive o meu avô e a minha avó, tive a minha mãe e o meu padrasto que é mais do que o meu pai. Eu vivia com a minha avó mas a minha mãe estava todos os dias comigo e eu ia aos fins de semana para casa dela.

A sua avó ainda é viva?
É. Tem 81 anos. Chama-se Helena. O meu avô já tinha 90 quando faleceu há um ano e meio.

Tem irmãos?
Tenho uma irmã da minha mãe e padrasto, 16 anos mais nova, e acho que tenho mais dois irmãos do lado do meu pai biológico. Mas não os conheço, não sei quem são. Na realidade, não os sinto como irmãos. Depois tenho tios, cinco filhos da minha avó, que no fundo foram os meus irmãos porque cresci com eles.

São mais velhos do que o Silas.
Sim, temos diferenças de 15, 10 anos, acho que a minha tia mais nova tem mais quatro anos que eu.

Onde é que viviam?
Em Campolide. No bairro social Bela Flor.

Tem alguma ascendência africana?
Sei que tenho uma avó caboverdiana, da parte do pai biológico, que parece que já faleceu há muitos anos. Acho que o meu pai já era uma mistura caboverdiana/português. E se ele era mistura, eu ainda mais mistura sou (risos).

Não tem contacto com a família do lado do seu pai?
Não. E, para dizer a verdade, não tenho curiosidade. Para mim, no fundo, só tenho uma irmã que se chama Mariana, e tenho os meus tios que são como irmãos.

Foi na rua que começou o futebol?
Foi, claro. Na altura não havia internet, playstations; havia uma bola, havia outros brinquedos que adoro, como carros de esferas, skates, bicicletas sem travões, berlindes, pião, e havia a rua onde podíamos andar à vontade. Cresci na rua, a brincar de manhã à noite. De verão, então, que não havia escola, era o dia todo a brincar. Podia haver a fase do pião ou do berlinde, mas futebol havia todos os dias, mesmo com chuva. A minha primeira imagem de uma bola foi com três/quatro anos. Lembro-me bem porque era uma bola de cautchu, que eram raras, porque era raro termos bolas boas.

Ainda a tem?
Não. Nós jogávamos contra um taipal de madeira e houve alguém que chutou a bola e a bola bateu num prego que a furou. Era a minha primeira bola, aquilo para mim foi um choque. Nunca mais me esqueci.

Jogavam em algum campo?
O campo era a minha rua, que era a descer. Um dos pais de um dos miúdos, um grande amigo meu, era construtor e nós fazíamos as bancadas, as balizas, bancos de suplentes, tudo em madeira. Fazíamos as redes com sacas de batatas. Uma equipa jogava metade do jogo a descer e depois trocávamos.

Quando é que vai para um clube?
Aos 10 anos, para o Domingos Sávio. Um dos meus amigos jogava lá, num escalão acima. Começaram a dizer para irmos lá experimentar. E fomos. Tinha nove anos. O clube ainda existe. Saíram de lá muito bons jogadores, o Dominguez, o Zé Carlos, que jogou no Benfica, o Quaresma também jogou lá, o Figueiredo. Só joguei lá um ano mas foi a minha primeira experiência.

Quem era o treinador?
Era o Sr. António Silva, que ainda é vivo. Acho que toda a gente que passou por lá foi treinada por ele. Para além de treinador era o coordenador. Dava aulas também nos Salesianos. Tinha uma autodisciplina importante que nos passava também. Lembro-me que se jogasse ao sábado à tarde, de manhã tinha de ir marcar o campo com cal. Nós, jogadores, é que íamos marcar o campo e eram normalmente os mais novos. Todos nós marcamos o campo.

Esteve lá só uma época porquê?
Entretanto fui ao Sporting à experiência. Lembro-me que eram para aí uns 300 miúdos à experiência. Todos na porta 10A, à espera que nos chamassem. Era muito difícil ficar. Acabei por ter a sorte de ficar.

O Sporting é o seu clube de coração?
Na altura era. Entretanto com a nossa vida profissional vamos perdendo isso, vamos tendo uma visão diferente. Mas na altura só via Sporting. A minha família era toda Sporting, o meu padrasto também e eu ia ao futebol com ele.

Lembra-se quando foi ver o primeiro jogo de futebol ao estádio?
Acho que foi em 1982. A frente de ataque era o Oliveira, Manuel Fernandes e Jordão. Lembro-me muito bem deles, primeiro porque eles eram muito bons, qualquer um dos três. Não me lembro do resultado do jogo.

Os seus pais sempre apoiaram a sua vontade de jogar futebol?
Sim. Não me lembro do meu padrasto falhar um treino meu. Já no Sporting eu ia sozinho e ele ia lá ter depois de sair do trabalho, que era na baixa, e depois seguíamos os dois para casa.

Voltando ao Sporting, na altura jogava em que posição?
Era médio, médio esquerdo. No primeiro ano no Domingos Sávio era extremo esquerdo. Entretanto no Sporting adaptaram-me a meio esquerdo e a partir daí passei sempre a ser médio e de vez em quando jogava a extremo. Sempre gostei mais de jogar a médio.

Quem foi o primeiro treinador no Sporting?
César Nascimento e o adjunto era o Osvaldo Silva, que na época seguinte passou a principal e o Mariano Barreto era o preparador físico.

Nessa altura já tinha a alcunha de Silas?
Já, ganhei-a no Sporting. Jogava lá um brasileiro chamado Silas, que era muito bom jogador, e nós éramos parecidos a nível de cabelo, cor da pele, maneira de jogar, e naquelas brincadeiras de rua nós escolhíamos “ser” um jogador e eu como jogava no Sporting escolhia sempre o Silas e, pronto, foi ficando.

Não teve mais nenhuma alcunha?
Houve uma altura, na rua, em que os meus amigos chamavam-me black, por ser o único que tinha o tom de pele mais escuro, porque eram todos brancos, a minha família também era branca e eu é que nasci com este tom mais moreno (risos). Mas o Silas é que foi passando e ficando.

É no Atlético que entra na fase de começar a sair à noite...
À noite e à matiné, à tarde, no Alcântara Terra (risos). Íamos muito para Alcântara porque estava ali ao lado do clube e tínhamos o Alcântara Terra, Alcântara Mar, o Bananas... Eu por acaso não era muito de sair. No juvenis, juniores comecei a sair um pouco mais, para o Alcântara Terra porque passava muito rock e eu adorava rock.

De onde vem esse gosto?
Com quatro anos já ouvia Doors, AC/DC, Iron Maiden, porque tinha um tio que tinha imensos LP's e influenciou-me. Lembro-me de ele sair de casa com os discos debaixo do braço para ir meter música em matinés. Antigamente havia muitas Sociedade, e eu cresci ao pé de uma, o Santana, que ainda existe, na Bela Flor. O meu tio ia lá meter música. Ele recebia à semana e todos os fins de semana trazia discos para casa. Ainda hoje ouço muito rock.

Nunca chegou tarde a um treino?
Não. Aliás eu não saia se tivesse jogo no dia seguinte. Como já disse cresci num bairro social difícil, tive oportunidade de fazer tudo o que possa imaginar. Desde cocaína, heroína, haxixe, tinha isso à minha frente diariamente. Entrava em casa de amigos meus que traficavam. Mas nunca tive a tentação de pegar em nada. Costumo dizer que eu tinha tudo para ser bandido menos cabeça. Esta é a realidade. Nem num cigarro peguei. Tive amigos de infância que enveredaram por caminhos da droga e infelizmente alguns já não estão cá.

Era gozado por não querer experimentar?
Não, sempre fui muito respeitado. Sempre tive uma personalidade muito forte. Sou pouco influenciável. Sempre fui. Mas o futebol também ajudou, sempre foi um escape claramente.

A sua avó era muito rígida?
Não, ela dava-me muita liberdade. Mas ao mesmo tempo sentia que eu era muito responsável. A única coisa pela qual ela ralhava comigo era por causa da escola.

Era mau aluno?
Eu queria era jogar à bola. Não é que tenha sido mau aluno, porque fiz o 12º ano. Mas também foi a partir de uma certa altura que tive um clique e pensei "espera aí que o futebol pode não dar e tu tens que...". A partir dessa altura comecei a levar a escola mais a sério.

Isso foi quando?
Com 14/15 anos. Até lá fui sempre “qb”, fui passando, perdi um ou dois anos por faltas porque queria jogar. Mas depois desse clique, comecei a criar boas amizades na escola e no fundo comecei a gostar de ir para escola porque queria estar com os meus amigos.

Quando é que começa a ganhar dinheiro?
O meu primeiro salário no Atlético foram 12 contos (60 euros). Estava ainda nos juniores.

Lembra-se do que fez com esse primeiro dinheiro?
Eu juntava muito dinheiro para comprar roupa, porque desde miúdo que adoro roupa. O meu padrasto dava-me uma semanada, a minha avó dava-me todos os dias uma moeda de 100 escudos (0.50€), às vezes gastava outras guardava. Entretanto, esse dinheiro guardava para comprar calças Levis que se usavam muito, Chevignon, essas marcas. E música. Já há alguns anos que não compro por causa dos downloads da internet, mas tenho mais de 800 cd's e são quase todos de rock.

Quem são as bandas preferidas?
Tenho várias. AC/DC, que comecei a ouvir com quatro anos, é uma das minhas bandas favoritas. Os U2, o Eddie Vedder dos Pearl Jam é incontornável porque é uma voz incrível, é das melhores. Estes três foram talvez os que mais me marcaram.

Enquanto esteve no Atlético também jogou Futsal?
Sim. Fui mantendo o futebol e o futsal até aos 21 anos, até ir para Espanha. Jogava futebol de salão no Santana, antes tinha jogado também num clube de bairro que era o Cascalheira. Fui campeão nacional pelo Santana. Isto foi nos juniores. Sábado jogava futebol de 11 pelos juniores do Atlético e no domingo ia jogar futebol salão com os meus amigos. Mas o Atlético não sabia (risos).

Não sabia?
Não. Eu acabava os treinos no Atlético e ia a correr para ir treinar pelo Santana, treinávamos à noite. Era uma coisa incrível. O meu filho mais velho já joga, mas as horas de treino semanais que ele faz fazia eu num dia. Se calhar até fazia mais. Eu treinava uma hora e meia no Atlético, ia para o Santana e treinava outro tanto, fora aquelas horas que jogava na escola. Era só futebol.

Quando é que começa a namorar?
Aos 18 anos. De vez em quando ainda falo com essa minha primeira namorada. Mas até aos 18 anos eu não queria saber de namoradas, a minha paixão era mesmo só futebol.

Como é que vai parar a Espanha depois do Atlético?
Nos últimos anos do Atlético, como sénior, já tinha empresário.

Como é que surge o empresário?
Eu jogava com o Bruno Jesus, que hoje em dia também trabalha como empresário, e ele tinha um empresário, o Jorge Gama, que andava sempre a ver jogadores com potencial. O Bruno deve ter falado de mim e o Jorge Gama contratou-me. Eu e o meu padrasto reunimos com ele, gostei muito do Jorge e acabámos por assinar contrato. Trabalhei com ele a minha vida toda. Ele primeiro arranjou-me a possibilidade de ir treinar ao Campomaiorense, cujo treinador era o João Alves, que disse que eu não estava preparado para jogar na I Liga.

E estava?
Acho que nessa altura já estava preparado para fazer parte de um plantel. Não fiquei. Vou ao Salgueiros e acontece a mesma coisa. O treinador era o Dito. Continuei no Atlético, na II divisão, mas entretanto o Jorge começa a fazer vídeos de jogos meus e começa a divulgar. Em Espanha há interesse de um clube, o AD Ceuta, que também era da II divisão B, mas já com um nível profissional diferente e pagaram-me um bom dinheiro.

Quanto?
Na altura (1998) pagaram 12 mil contos ao Atlético, que obviamente deixou-me ir. Eu ganhava no Atlético 100 contos (500 euros) e em Espanha fui ganhar à volta de 600 contos (3000 euros). Lembro-me que, por volta dos 15/16 anos, a minha avó começou a pressionar a minha mãe para me pôr a trabalhar porque achava que o futebol não dava nada e que eu tinha de ajudar em casa. Mas a minha mãe e o meu pai não cederam. Eles davam uma ajuda financeira à minha avó. Eu estudava, mas os filhos da minha avó começaram a trabalhar muito cedo, todos eles. Mais tarde a minha avó percebeu que estava errada, quando comecei a poder ajudá-la. Ainda hoje a ajudo.

Quando soube que ia ganhar esse dinheiro todo ligo-lhe logo?
Não, não lhe disse nada até ao dia de saída para Espanha. Porque ia tornar-se mais difícil para ela e para mim. Disse-lhe só no dia em que ia sair de Portugal. Chorou muito. Eu também.

Foi difícil ir para Espanha sozinho.
Foi. Eu deixava família, amigos da escola, o Atlético onde tinha estado nove anos, deixava a namorada. Mas também tenho uma capacidade de adaptação muito grande.Lembro-me que fui embora a chorar mas quando tive de deixar Ceuta, um ano depois, também vim embora a chorar. Era muito miúdo, muito dado às pessoas.

Viveu sozinho ou partilhou apartamento com outros jogadores?
Quando saímos de Lisboa para Espanha, tínhamos de ir ver um jogo do Ceuta perto de Marbella e não sei porquê o Jorge Gama foi pelo caminho mais longo. Quando chegámos, ficámos hospedados no São Pedro de Alcântara, um hotel cinco estrelas. Eu nunca tinha estado num sítio assim, eu vivia num bairro social, já não era barraca, mas também vivi em barraca até aos quatro anos. Depois é que fomos para uma casa pré-fabricada...Tenho uma historia gira até...

Conte.
A primeira vez que vi um chuveiro pensava que era um telefone (risos). A sério. Quando vivia na barraca eu ia tomar banho ao chafariz, ou às vezes a minha avó aquecia umas panelas com água. Não tínhamos televisão também... E quando cheguei àquela casa, fui à casa de banho sozinho, e quando olho para o chuveiro pensei que era um telefone, pego naquilo ponho junto ao ouvido e abro a torneira (risos). Enchi o ouvido de água (risos). Nunca mais me esqueci, tinha quatro anos. Percebi logo para o que é que aquilo servia.

Voltando a Espanha...
Ficámos no hotel e foi lá ter um empresário que se chamava Rodriguez. Fomos ver o jogo do Ceuta e entretanto o Jorge Gama tinha que ir à Corunha porque estava a fechar o negócio do Pauleta que ia do Salamanca para a Corunha. Eu fiquei com esse tal Rodriguez, que me levou até Algeciras. Depois apanhei o barco para Ceuta e quando lá chego estavam pessoas à minha espera que me deixaram num hotel. Só que era um hotel muito mau. Eu tinha vindo de um hotel cinco estrelas. Aquele nem televisão tinha. Era mesmo no porto, com aquele ambiente de porto, estranho, com muitos muçulmanos por ali. Fui treinar no dia seguinte. Quando chego ao balneário, eles olham para mim de lado.

Porquê?
Ao início não percebi. Mas na altura havia algum racismo e como eu tinha um tom de pele mais escuro... Quando entro no balneário com o roupeiro ele pergunta a um jogador se eu podia sentar-me ao lado e ele diz que não, que estava ocupado, o que era mentira. E eu acabei por pendurar as minhas coisas onde pude e sentei-me no chão. Mas isto só durou até eu começar a treinar. Assim que me viram jogar, vieram logo ter comigo e perguntaram-me de onde eu era. A partir daí ficou tudo bem.

Ficou a viver no hotel?
Não. Comecei a pensar: “então eu deixei a minha casa, a minha avó, a minha comida caseira e venho para isto?” Ligo ao Jorge Gama e digo que quero ir embora. Ele ficou um bocado assustado, ligou para o presidente e passado um bocado aparece o presidente. Foi buscar-me, meteu-me num hotel cinco estrelas, deu-me 500 contos na mão e deu-me um carro (risos). Eu nunca tinha visto 500 contos na minha vida. Estive num bungalow durante três meses, ele é que me pagava tudo. Depois, tive o meu apartamento e aconteceu um episódio surrealista.

Explique.
No dia em que a senhora da imobiliária me dá a chave fui ao apartamento ver se era preciso comprar alguma coisa. Entretanto liga-me um amigo, e sento-me no sofá a falar ao telefone com ele e a sintonizar os canais na televisão. Entretanto começo a ouvir um barulho [Silas emite estes sons ssss, shshshhs, ssss]. Depois para. Passado um pouco outra vez [ssss, shshshhs, ssss]. Levantei-me, comecei a olhar, à procura, porque havia ali alguma coisa, espreito atrás do sofá, desvio-o um pouco, e estava lá uma piton!

Uma cobra piton?!
Sim (risos). Desliguei a chamada, começei a andar para trás devagarinho e fui bater na porta ao lado onde estavam a decorrer obras. Peço aos homens para irem ver e eles é que a identificaram logo. Pelos vistos foi alguém que sabia que a casa estava fechada e tinha a chave (nem sei se não era o dono), provavelmente fazia tráfico de animais e pôs ali a cobra. Liguei à senhora da imobiliária, expliquei-he a situação, ela nem queria acreditar. Passei ao senhor das obras e ele confirmou. Ela veio, trouxe um senhor de um loja de animais e ele disse que a cobra até estava habituada a pessoas. "Mas eu é que não estou habituado a cobras", respondi-lhe (risos). Apanhei um grande susto, a cobra ainda tinha metro e meio. E depois aconteceu-me outro episódio, também em Ceuta, que não foi nada engraçado.

Conte.
Vinha pela rua a andar com um colega, ao lado havia um prédio em obras e não sei como caiu-me em cima da cabeça uma espécie de parapeito em cimento. A minha sorte é que caiu na horizontal e partiu-se (devia estar meio podre calculo eu), se tivesse caído na vertical, não sei... Ainda levei onze pontos na cabeça (risos).

Ficou a viver naquela casa onde estava a piton?
Não, entretanto havia um guarda redes que também queria casa e fomos viver juntos. Ainda hoje falo com ele, é treinador de guarda-redes do Cádiz.




Na epoca a seguir vai para o Elche.
O Elche tinha subido à II Liga queria reforçar-se e pagou 100 mil euros pelo meu empréstimo.
Saiu de Ceuta, em Marrocos e foi viver para Alicante.
Sim. Era um clube mais organizado, só estive no hotel dois dias e comecei logo a ver apartamentos para viver. Aí vivi sozinho. Era uma cidade maior e o grupo era mais disperso. Ceuta era diferente porque é um sítio muito pequeno para onde vai muita gente solteira e passávamos mais tempo juntos. Em Alicante cada um estava na sua vida, com as suas famílias. Mas eu fui arranjando lá amigos.

Estava lá algum português?
Estava lá o Tinaia, que jogou no Real Madrid, tinha jogado no FC Porto. Mas ele não estava a jogar e deixou de aparecer. Eu também já estava muito adaptado. Naquela altura viver em Espanha ou em Portugal era muito similar.

Acaba o empréstimo e volta a Ceuta.
Sim, tinha mais um ano de contrato. Entretanto voltei a viver com o mesmo colega.

E vem depois para a U.Leiria estrear-se na I Liga.
Sim. Tinha feito uma época extraordinária, a jogar como Nº10 fiz 18 golos. Tínhamos eliminado o Málaga, que era da I Liga Espanhola por 3-2 e eu fiz dois dos golos. Entretanto, o José Mourinho, que tinha estado no Barcelona já me conhecia, até pelo trabalho de scouting que eles fazem muito bem. O Ceuta queria renovar mas eu já tinha chegado a acordo com a U. Leiria. Pelo meio ainda há um episódio caricato.

Que foi?
Depois de assinar, o presidente João Bartolomeu liga-me e pergunta-me naquele jeito dele: "Ouça lá Silas, você acha que estou a fazer um bom negócio consigo?". E eu respondi-lhe "Não sei, você é que sabe". Uma semana depois o Jorquera, guarda redes do Ceuta que depois jogou muitos anos ainda na primeira equipa do Barcelona, diz-me que o treinador do Barcelona B queria que eu fosse para lá.

Não foi porquê?
Na altura ia ganhar oito mil euros para o Leiria (acho que era dos jogadores mais mal pagos) e o Barcelona B dava-me 24 mil. O presidente do Barcelona B liga-me (estavam mesmo interessados) eu pego rapidamente no telefone, ligo ao Jorge Gama e conto-lhe o telefonema do Bartolomeu. Peço-lhe para ele ligar ao Bartolomeu e dizer que nós podemos desfazer o negócio uma vez que ele não tinha certeza de que fez um bom negócio.

Ele não desfez o acordo.
Não sei se lhe cheirou alguma coisa (risos), mas disse "não, não que eu já prometi ao Mourinho que ele vinha e agora não quero estar a dizer que o jogador não vem". E pronto, gorou-se a possibilidade de eu ir para o Barcelona B ganhar três vezes mais.

Como é que foi a experiência com o Mourinho?
Foi muito boa. O playoff da Liga, em Espanha, acabou muito tarde e o Mourinho disse-me para tirar 20 dias de férias, para vir depois da pré- época porque queria que eu viesse descansado. Cheguei a uma semana de começar a temporada. Começo a treinar com eles e há um jogador o Duah, um ganês, que era extremo e que se lesiona. O Mourinho pergunta-me se posso jogar a extremo esquerdo contra o SC Braga e eu como queria jogar disse logo que sim. Empatamos e a partir daí nunca mais saí da equipa. O Mourinho tinha 38 anos nessa altura, ou seja, era mais novo do que eu sou agora, e tinha uma relação connosco muito próxima. Às vezes íamos almoçar, tomar café...lembro-me que uma vez fomos jogar a Faro, ganhamos, eu estava castigado, e ele liga-me depois do jogo e diz: "Vai ter connosco agora a Leiria porque vamos sair todos juntos". Tinha uma relação muito próxima, tínhamos muitos almoços de equipa. O grupo era fantástico.

Para si o que é que ele tem que o torna tão especial?
Além de todo o conhecimento futebolístico que tem, e que é imenso, tem esta capacidade de seduzir o jogador, da relação humana, que nos fazia naturalmente dar a vida por ele. Ele tem uma característica, gosta muito de jogadores com potencial, que ele veja que podem chegar ao topo mas que ainda não estejam lá. A maior parte das contratações do Mourinho são muito baseadas nisto. Jogadores com muito talento mas que ainda não tenham chegado ao topo, que tenham a ambição de chegar o mais alto possível, que é para crescerem com ele e ser ele a metê-los lá.

Ele só esteve quatro meses em Leiria. Quem se seguiu?
Veio o Mário Reis que esteve pouco tempo. Tínhamos um nível muito alto com Mourinho, a nossa exigência como grupo também estava muito alta, e o mister Mário Reis teve azar nesse sentido. Era muito boa pessoa, mas o grupo nesse momento precisava de outra coisa. Sai e o Vítor Pontes, que era o guarda redes, assumiu interinamente o comando até final da temporada. No ano a seguir veio o mister Cajuda.

Uma figura muito carismática do futebol nacional...
Ele é muito inteligente, muito perspicaz, escolhe muito bem jogadores e trabalha muito a parte psicológica. Acho que foi a melhor época de sempre da U. Leiria. Foi um 5ª lugar com acesso à Europa, com uma final da Taça. É um treinador que todos os dias falava connosco. Mas falava durante uma hora ou mais. Confesso que chegou a uma altura em que já estávamos fartos de tanta conversa. Mas conseguiu tirar o melhor de todos nós. E tem uma característica, quando as coisas estão a correr bem ele não intervém muito, deixa andar. Ele convive muito bem com o caos, quando as coisas estão más é quando ele intervém e intervém bem, sabe quando e como tem de intervir, quando as coisas estão bem, deixa andar.




Depois dessa época sai ele e sai o Silas para Inglaterra. Porquê?
Eu vou para Inglaterra porque tive uma oferta financeira muito boa, para mim e para o clube.
É por esta altura de Leiria que se estreia na seleção A.
Sou chamado num torneio da seleção B, no Vale do Tejo. Sou o melhor jogador do torneio. Nunca tinha representado Portugal nem nas camadas jovens. O Scolari estava a assistir ao torneio e chama-me. Também é verdade que estava a fazer uma temporada muito boa na União de Leiria. Mas penso que foi esse torneio que me colocou na seleção A.

Como foi o contacto com o Scolari?
Muito bom. O Scolari a nível humano também tem um contacto com o jogador muito forte. Dá primazia a essa parte da relação humana.

Só fez jogos amigáveis pela seleção.
Sim. Entretanto vou para Inglaterra, há uma proposta de dois milhões de euros para a U. Leiria e uma proposta muito boa para mim também. Até aí nunca tinha ganho dinheiro a sério. Em Espanha o meu salário mais alto tinha sido de seis mil euros. Dinheiro a sério foi em Inglaterra.

Nessa altura ainda estava solteiro?
Tinha uma namorada espanhola que já vivia comigo em Leiria e que vai também para Inglaterra.

Como foi o embate com a Liga inglesa?
Foi mau no sentido em que não tive a lucidez suficiente, porque na altura tive outras opções, inclusive de equipas importantes cá. Os três grandes andavam a sondar-me e um deles já me tinha feito uma proposta. Só que nessa proposta eu tinha que esperar que acabasse o contrato com a U. Leiria. E eu tinha mais um ano de contrato. A proposta financeira do clube inglês era quase o dobro da que eu tinha de Portugal. Mas na altura devia ter tido a lucidez de analisar o tipo de jogo da equipa inglesa. Não o fiz porque toda a gente falava de Inglaterra, na altura o Hugo Viana foi para o Newcastle, o Hélder Postiga vai para o Tottenham e o Cristiano Ronaldo para o United. Ou seja, vamos os quatro para Inglaterra, falava-se muito de Inglaterra, era a melhor liga do mundo... Isto também mexe comigo.

Não pensou que o futebol fosse tão diferente?
Não. Era mesmo muito diferente do que estava habituado. Era um futebol muito direto, era chutão na frente, correr para a frente, um futebol pouco elaborado. As minhas características não se adaptavam bem àquilo. Se fosse mais tarde...Alguns anos mais tarde já tinha ferramentas para conseguir lidar com aquilo, mas naquela altura não tinha. Confesso que não. Começou-me a criar um conflito interno difícil de ultrapassar. Em janeiro falei com o treinador para sair.

Quem era o treinador?
Um galês, Dave Jones. Ele poderia ter feito muito mais e melhor com os jogadores que tinha. Podíamos ter jogado um futebol muito melhor e que se adequasse mais às características dos jogadores que foi buscar.

Pediu para sair e...
Em janeiro pedi para sair porque continuava a ser pré-convocado para a seleção, mas estava a perceber que se não jogasse, com o lote de jogadores que nós tínhamos, que eram muitos bons, facilmente deixava de ser chamado.O treinador disse para não sair porque ia começar a jogar mais. Mas não. Fiz só 14 jogos.

É emprestado ao Marítimo na época seguinte.
Nós descemos de divisão, eles queriam que eu ficasse na II Liga mas eu não quis porque se o futebol na I Liga era aquilo, na II então... Quando não jogava na primeira equipa eu ia jogar nas reservas, à terça-feira. Fui o melhor marcador das reservas. Uma vez jogamos contra o Newcastle do Bobby Robson e ele veio falar comigo porque ficou muito bem impressionado. Mas depois na primeira equipa não tinha essa continuidade. Eu justificava a chamada, mas não me punha a jogar na equipa A.

Não faz o Euro 2004.
Não. Praticamente não joguei durante um ano e havia também um lote de jogadores muito bons. Se eu tivesse jogado de forma a estar noutro nível, e pelo menos podia lutar com as mesmas armas...

Segue-se o Marítimo. Porquê a Madeira?
Cajuda. Já tinha trabalhado com ele. Arranjei maneira de ser emprestado porque não queria jogar na II Liga inglesa. Deixaram-me ir mas na condição de que se subissem outra vez, voltava.

Como correu a experiencia no Maritimo?
Logo no primeiro jogo, com o Belenenses, lesionei-me e o Cajuda é despedido nesse primeiro jogo. Veio Mariano Barreto e eu andava com uma pubalgia, mas tínhamos uma eliminatória importante para o clube, com o Glasgow Rangers…Eu não andava a treinar, comecei pouco a pouco a treinar e entretanto o Mariano pede para me convocar, caso precisasse de mim por alguns minutos. O que acontece é que o jogo começa a correr mal e na primeira parte aos 30 minutos já ele estava meter-me em campo. Vamos a prolongamento, no fundo joguei 90 minutos, e quando vou bater um penálti, fiz golo mas fiz também uma ruptura de 4cm no adutor que deixou-me fora até janeiro. Depois ainda fui a tempo de fazer sete jogos e quatro golos. O Mariano Barreto é despedido e assume interinamente o mister Caldeira, que é agora adjunto do Leonardo Jardim, com o Juca. Fiz uma parte final de temporada muito boa.

Começa a receber propostas?
Sim, ligam-me o Belenenses, o V. Guimarães...Assim que ligou o Belenenses...eu cresci em Lisboa, tinha aprendido a admirar o Belenenses, por isso quando o Carvalhal fala comigo, já não pensei noutra coisa. Pensei: “Não vou nem para Inglaterra, nem para V. Guimarães vou ficar no Belenenses, fico em casa”. Nunca tinha jogado em Lisboa, numa equipa grande. Para mim o Belenenses era um equipa grande.




Vai para o Belenenses e volta a casa da sua avó?
Não eu já tinha comprado um apartamento, em Carnaxide, quando estava em Leiria. Entretanto comprei casa à minha avó. Ela vive numa casa que sou eu que pago no bairro social porque ela nunca quis sair de lá. E a minha mãe também vive numa casa minha.
Depois do Carvalhal que outros treinadores apanhou no Belenenses?
Couceiro, Jorge Jesus, que esteve lá dois anos...

Sabemos que tem uma grande admiração por Jorge Jesus...
Acho que foi o treinador que mais me marcou.

Porquê?
Primeiro porque estive dois ano com ele, coisa que nunca tinha acontecido com nenhum treinador. Depois a maneira dele ver o futebol mudou também a minha. Se tivesse ido para Inglaterra depois de ter treinado com ele, eu teria outro sucesso. O Mourinho também me marcou, mas com ele estive apenas três meses e meio. Dois anos com o mister Jesus a absorver tudo o que ele nos tinha para dar, que era uma barbaridade, a nível de conhecimento futebolístico...

Ele percebe tanto de futebol com diz?
Percebe mesmo muito. Para mim, não é antes de Cristo e depois de Cristo, mas antes de Jesus e depois de Jesus (risos). Porque comecei a ver o futebol de maneira totalmente diferente.

Em que aspecto?
Tático, conhecimento do jogo, perceber o porquê de fazer certas coisas. Marcou-me de uma maneira brutal. Há uma coisa que ele diz que é verdade, ele pode dar erros gramaticais mas as ideias dele não estão erradas, a maior parte delas. Quando o apanhei ele estava muito à frente de todos os outros. Meto-o no patamar do Mourinho a nível tático.

E no relacionamento com os jogadores?
É mais distante comparativamente ao Mourinho. Mas ao mesmo tempo foi o treinador com quem eu mais falei de futebol. Ele apoia-se muito no jogador. Não tem nenhum estigma, no sentido de poder vir falar comigo, enquanto jogador dele, para perguntar a opinião e o que sinto, em relação ao futebol. Agora temos é de estar seguros daquilo que vamos dizer-lhe. É inútil ir ter com ele só por falar, porque ele percebe quando alguém quer falar com ele só para ter protagonismo. Ele tem muito a máxima de que as ideias não são minhas, são nossas. Eu ia ter com ele, dava uma opinião, ele ficava a pensar naquilo e no dia a seguir se ele achasse que a ideia era válida implantava-a. Nunca tive nenhum treinador com esta abertura...bem, tive mais um, o Nascimento, que foi adjunto do Cajuda, com quem tinha uma relação próxima, mas com ele, eu só dava opinião quando ele me perguntava.




Dessas quatro épocas no Belenenses qual é a maior recordação que tem?
A final da Taça de Portugal. Eu cresci a olhar para a final da Taça como o auge, tirando a seleção obviamente. O facto de crescer a ir ao Jamor e ver toda aquela festa envolvente ao jogo criou em mim um sentimento especial por aquela competição.
E ser campeão nacional, não?
Sim, claro. Eu fui campeão no Chipre.

Quais foram os jogadores de renome que apanhou no Belenenses?
Rui Jorge, Romeu, Marco Aurélio, Zé Pedro, Meyong, o Sousa, Hugo Leal, Ruben Amorim, Rolando...

Por que não continua no Belenenses?
O último ano no Belenenses criou-me um desgaste grande. Tínhamos vindo de duas temporadas muito boas com o Jesus, entretanto a equipa é desmantelada. Fiquei eu, o Cândido Costa, o Zé Pedro e poucos mais. Veio muito jogador brasileiro, acho que a equipa ficou muito mal estruturada. As coisas não correram bem. Entretanto o presidente do clube também sai, vem uma comissão de gestão, vem o Jaime Pacheco, as coisas continuam a correr mal, o Jaime Pacheco sai e entra o Rui Jorge já só para dois jogos. Houve situações muito más durante o ano.

Mas que situações foram essas?
Um dos treinadores tentou meter os adeptos contra os jogadores, depois a comissão de gestão dizia que os jogadores recebiam e os jogadores não recebiam há três meses. Havia imensa gente a querer meter toda a gente contra nós e nós não tínhamos ninguém que nos defendesse, a verdade era essa. Eu era o capitão. Sempre fui muito capitão dos jogadores, nunca fui capitão, nem dos treinadores, nem dos presidentes, fui muito capitão dos jogadores, porque fui sempre eleito pelos jogadores. Se calhar porque achavam que eu defendia bem os interesses do grupo. Mas ao mesmo tempo era capaz de chegar junto de um colega meu e chamá-lo à razão se estava a agir mal. A verdade é que no aspecto desportivo quando corre mal acaba sempre por sobrar para alguém. As figuras de maior destaque no Belenenses tinham sido eu e o Zé Pedro e acabou por sobrar para nós.

Em que medida?
O desgaste era muito.Todas as semanas havia problemas para resolver e eu sentia-me na necessidade de defender os meus colegas. Não fazia sentido ter três ou quatro meses de salário em atraso e eles virem para os jornais dizerem que os jogadores tinham tudo em dia e que não corríamos porque não queríamos. Não tínhamos ferramentas táticas que nos permitissem ganhar, esta é que é a realidade. E todos naturalmente tínhamos responsabilidade, mas os treinadores não queriam assumir, o diretor geral não queria assumir também...Entretanto acabei contrato, o Belenenses acabou por ficar na I Liga, e só me ligaram quando já tinham começado a pre-temporada.

Porquê?
Eu já estava em conversações, tinha o V. Setúbal, Olhanense, U. Leiria e à partida já não ia ficar no Belenenses. Quando me ligaram já tinha tudo certo com a U. Leiria.

Nos tempos do Belenenses conheceu a sua mulher e teve um filho.
Sim. Eu conheci a minha mulher quando estava na Madeira. Depois venho para o Belenenses e entretanto fomos pais do Gonçalo, em 2007. Quando fui para a U. Leiria eles foram comigo. Estive lá época e meia.

E vai para o Chipre.
Recebi uma oferta muito boa a nível financeira do Chipre. Fui com a família e quando lá cheguei estavam lá uns 10 portugueses e brasileiros, ou seja, parecia que estava em Portugal.

Ficou três anos e meio, em três clubes diferentes.
Cheguei em janeiro de 2011 ao AEL Limassol, e esse ano correu-nos muito mal. Quando cheguei estava a bater no fundo. No ano a seguir mudaram de treinador e contrataram um diretor desportivo português que depois levou muitos jogadores de Portugal e acabamos por ser campeões nacionais. E fomos à final da Taça. Entretanto saí para o AEP porque tive uma oferta financeira também boa, só que não me pagaram. Era muito boa mas não me pagaram (risos).

Rescindiu?
Sim, com justa causa e fui para outro clube Ethnikos Achnas, onde estive também um ano e meio. Gostei muito de estar lá, havia problemas financeiros e esse foi o único senão mas as pessoas tratavam-nos muito bem. O próprio presidente era uma pessoa que não tinha dinheiro mas estava todos os dia lá. Se houvesse uma situação mais crítica eu ia falar com ele.

Vem embora por causa das dificuldades financeiras do clube?
Sim, o desgaste também já era grande e juntando a isso havia o facto do meu filho ter de começar a escola. Entretanto tínhamos tido o segundo filho, que nasceu lá, em Limassol. E disse à minha mulher, vamos embora que também está na hora de pensar em preparar-me para ser treinador.

Mas voltou ao Atlético.
Sim porque eles ligaram-me e ao Atlético não podia dizer que não. Achei engraçado tentar acabar a carreira no clube onde tinha começado. Ainda para mais o treinador era o Nascimento aquele com quem tinha uma relação muito boa. Foi um ano que me correu muito bem, fiz 10 golos com 38 anos. Fui o jogador com mais minutos. Sentia-me bem ainda.

É por isso que vai para a Índia?
Sim, ia ganhar um bom dinheiro e não disse que não. Era uma experiência de dois três meses. Foi o único sítio em que a minha família não foi comigo.

Porque é que foi durante tão pouco tempo?
Porque é uma Liga de promoção. Fui eu, o Simão e o Miguel Garcia. Foi engraçado.

Termina a carreira no Cova da Piedade.
Ligou-me o atual guarda redes do Cova da Piedade, Pedro Alves, ligou-me o Vitor Moreno que tinha jogado comigo em Leiria, ligou-me o Carlos Alves que tinha jogado comigo no Belenenses, ligou-me o treinador que tinha jogado comigo nos juvenis do Atlético. Queriam reforçar a equipa para subir à II Liga. Como eu tinha tão boa relação com todos eles, fui. Mas pensava jogar só mais três meses. Fomos campeões nacionais, subimos, propuseram-me renovar, eu sentia-me bem e renovei. A parte final da segunda época já correu menos bem pelos motivos de que falamos no início e pronto, pus um ponto final.

Disse que o seu filho mais velho joga futebol...
Jogam os dois, o de cinco anos também já joga. O mais velho começou a jogar com três anos, em Leiria e nunca mais parou. Acho que já tem quase mais clube do que eu (risos). Agora joga no Pinhalnovense. O mais novo também começou a jogar no ano passado, ainda não compete, mas já vai a torneios.

Porque decidiu ir viver para a outra margem, no Montijo?
Foi uma questão de logística. Queria que os meus filhos pudessem crescer mais ou menos da mesma maneira que eu, a andar na rua à vontade, a jogar à bola ou a andar de bicicleta o dia todo se quiserem e isso não podiam fazer em Carnaxide onde eu vivia, nem num apartamento com vizinhos. Decidi comprar uma moradia perto do Montijo, num sítio calmo onde eles pudessem andar à vontade com os amigos.

Qual dos dois tem mais jeito para o futebol?
É difícil dizer. Acho que têm os dois. O mais novo há uma semana foi chamado ao Sporting. Alguém da prospeção do Sporting foi vê-lo jogar. Ele estava a jogar dois anos acima do escalão dele e nesse jogo fez dois golos. O mais velho também já tinha sido chamado. Acho que têm os dois potencial, mas mais do que potencial têm paixão. Mas não vou pressioná-los. Gostava imenso que pudessem jogar até à idade de sénior. A partir dai eles que decidam se querem ser profissionais ou não, se têm paixão ao ponto de fazer os sacrifícios que eu fiz.

Qual é o maior sacrifício de todos?
São muitos. É abdicar da família, dos amigos, de quando temos 15/16 anos e os nossos amigos vão sair à noite, ter de ir para casa porque tenho jogo no dia a seguir. É aos 11/12/13 anos estar a brincar e chegar à hora do treino ter de ir embora. E não é como hoje, que levo o meu filho de carro, fico lá e trago-o. Era ir a pé ou de transportes públicos, sozinho.



Qual a sua maior frustração no futebol?
Não sou nada frustrado, sinceramente. Acho que não joguei num grande por opção minha. E joguei num dos melhores campeonatos do mundo.

Onde gostava de ter jogado e não jogou?
Na I Liga espanhola. Mais do que num grande em Portugal. Joguei na II e na IIB e não consegui jogar na I. Mas consegui jogar na I Liga inglesa. Por outro lado, acho que se tivesse tido uma oportunidade mais cedo na I Liga a minha carreira tinha sido ainda melhor. Estreei-me na I Liga a uma semana de fazer 25 anos. E mantive-me na I Liga até aos 38 anos.

Não tem pena de não ter participado mais na seleção?
Tenho um grande orgulho em dizer que poderia ter optado por jogar por outra seleção. Tive convites de Cabo Verde, de Angola, mas eu sempre disse que o meu país é Portugal e se não consigo jogar na seleção nacional não represento nenhuma. Sempre tive esta ideia. Foram só três jogos, é verdade, mas tenho muito orgulho. Acho que se estivesse a jogar numa equipa boa tinha sido chamado mais vezes. Por outro lado também tenho noção de que estava a competir com grandes craques, como o Deco, Hugo Viana, rui Costa, Maniche, Raul Meireles, todos grandes jogadores.

Quem é o seu maior ídolo?
Luís Figo. Joguei com ele. Era um jogador fabuloso. Depois quando tive a possibilidade de jogar e treinar com ele ainda fiquei mais admirado. Tecnicamente ele não perdia um passe, não fazia um mau controle, um mau drible, não tomava uma má decisão. Todos os dias eu ficava impressionadíssimo com ele.

Que clube ambiciona treinar?
O Atlético é um dos que gostava muito de treinar. O Belenenses também me marcou muito.

Tem tatuagens?
Tenho uma nas costas que foi a primeira e foi uma maluquice de Espanha. É uma pantera, mas não significa nada, fui fazê-la mais para acompanhar um colega, esse sim levava uma ideia. Já a que tenho na perna foi pensada e tem um significado. É um vocalista com uma guitarra, porque gosto muito de rock, e é uma frase para os meus filhos que saquei de uma música dos U2.

Qual é a frase?
"Can you hear me when I sing you are the reason I sing". É de uma música de que gosto muito ("Sometimes you can't make it on your own"). A frase está feita numa forma de bola por causa do futebol. Fi-la quando o meu filho mais velho nasceu.

Pensa ter mais filhos?
Eu gostava de ter mais um. Uma menina. Mas para já a minha mulher não está para aí virada (risos). E estes dois já dão trabalho.

É um homem crente?
Eu creio sobretudo nas pessoas.


quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Última chamada para Frederico Varandas

Gosto de dar a cara pelas minhas opções e, sabendo o que sabia à época, se fosse hoje voltaria a fazer a mesma escolha. Isto é, voltaria a votar na lista de Frederico Varandas. Hoje não sinto que tenha errado mas não posso dizer o mesmo relativamente às escolhas que Frederico Varandas fez para o futebol. De forma muito particular, a quem tem oferecido o cargo de treinador da equipa principal de futebol. 

O seu primeiro grande erro foi aceitar meter o pescoço por uma ideia que não parece ser dele mas, como sempre me pareceu, do seu amigo e colega. Se tens que morrer, morre pelas tuas ideias e não pelas de terceiros, como parece que foi o caso. O segundo e talvez maior erro foi não ouvir os que o lhe fizeram ver que ao trocar Peseiro por um treinador desconhecido e sem curriculum estava a prescindir do seu escudo protector. 

Ora o presidente do Sporting não é o presidente do SLB ou do FCP. Ambos têm um percurso de muitos anos e conquistas, bem como estruturas suficientes que os protegem dos erros e da contestação que eventualmente possa surgir. Não têm oposição constituída. No Sporting o que mais há é oposição e, ao contrário dos outros clubes, o lugar mais frágil é o do presidente para onde todos atiram a matar.

Há pessoas com sorte e outras que não têm nenhuma ou muito pouca. A mais que provável má escolha de Keizer foi agravada pelas suas próprias conquistas. No Sporting é assim: até quando tens sorte isso pode ser ter azar. O Sporting ganhou com sorte, ambas as taças foram ganhas nos penaltys, jogava umas vezes muito pouco, mais ou menos aqui e ali, mas demasiado pouco para não ser fácil prever que a nova época ia ser complicada. Foi com essa sensação que abandonei o Jamor.

Sou insuspeito para falar de BdC. Acertou nas caras que escolheu para treinador, ainda que, na generalidade dos casos, não os tenha conseguido acompanhar e aguentar. Por razões diferentes, ambos, FV e BdC, foram confrontados com a necessidade de repensar o treinador acabado de vencer uma Taça de Portugal. BdC quis livrar-se de Marco Silva e para isso percebeu que tinha que arranjar um escudo protector para poder assumir o despedimento de um treinador que acabava de ganhar 1 Taça de Portugal. FV não percebeu que o futebol de Keizer era de tal forma incipiente que o tornava num desastre por anunciar. Se o percebeu não agiu.

A escolha do treinador de futebol é determinante em qualquer clube, no Sporting, que anda afastado dos títulos há quase duas décadas mais ainda. Por muito que os Sportinguistas se assumam como amantes do ecletismo, é o futebol que marca a saúde do clube. Só assim se percebe que desportivamente o Sporting siga pujante em praticamente em todas as modalidades e, simultaneamente, esteja mergulhado numa crise profunda. Se fosse ao contrário, pouco mais haveria que lamentos sem grande repercussão. 

Neste momento FV está completamente exposto e aparentemente num beco cuja única saída é não errar novamente na escolha. A primeira época integralmente ao seu cuidado começou desastradamente na Supertaça ainda não saiu desse registo. Mais uma vez meteu o pescoço quando,  a poucas horas do final da janela de mercado, faz uma reorganização altamente questionável do plantel, com o treinador já na porta de saída. 

A não inscrição de Pedro Mendes é irrelevante do ponto de vista do reforço do plantel, por muito que queiram fazer crer o contrário. Mas, do ponto de vista de gestão política, revela uma inabilidade total, rapidamente castigada pela sucessão de lesões comprometedoras que terminaram no golo do avançado dos sub-23. Associar a ideia de falta de jeito para lidar com o futebol profissional à falta de sorte é a última pedra no caminho.

A importância do mandato de FV transcende-o. É vital para higienização do clube, que represente uma solução de equilíbrio e o regresso à universalidade dos nossos valores, em contraponto com a descaracterização (diria mesmo o avacalhamento) e sectarismo que o clube foi e continua sujeito. É vital para a sustentabilidade do clube que os mandatos deixem de ser interrompidos, que matérias em aberto, como o da reestruturação financeira, a modernização administrativa, o reinvestimento nas infraestruturas, na formação, no scouting, o reforço do marketing, etc., fechem os seus ciclos de forma virtuosa para que o clube evolua e se aproxime dos seus rivais.

Não sei se haverá sobrevida para FV depois destes meses de instabilidade, que acima de tudo nasceram dos seus próprios erros e falhas, mesmo reconhecendo a oposição canalha a que tem estado sujeito desde a primeira hora. Para que tal seja possível, é vital não apenas devolver a competitividade ao futebol, mas também comunicar muito melhor, quer do seu ponto de vista pessoal quer mesmo institucional. Não podendo nunca ser um líder carismático, tem de ser um líder competente e não o está a ser. Essa seria a forma mais próxima de realizar a utopia de unir o Sporting.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Sigaaaa!


O único que percebe de futebol no Sporting neste momento é o Coates. Já despediu o Keizer e agora encurtou o prazo ao Leonel Pontes. Assim abre o espaço à entrada de um treinador que consiga por a equipa a jogar futebol e não se comporte como um bando de excursionistas com medo da própria sombra.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

PSV 3 - Sporting 2: Ainda não há Pontes para sair de Keizer

Foram notórias as mexidas de Leonel Pontes na estrutura da equipa, o que pelo menos fez com que a equipa iniciasse o jogo de forma mais personalizada do que vinha conseguindo. Mas tudo ruiu rapidamente com obtenção de um golo que começou por ser oferecido pelo péssimo comportamento de Coates na abordagem inicial ao lance e depois nos movimentos seguintes. Golo que foi complementado por um outro passados apenas seis minutos e empurrado pelo próprio Coates para o fundo das redes. 

Nota comum aos dois golos sofridos: desorganização total na transição defensiva. Depois de ultrapassada a primeira zona de pressão, quase sempre mal feita, o Sporting abre-se em grandes avenidas sem limite de velocidade e quase sem oposição. Os avançados caem desta forma à frente dos defesas desamparados, com a agravante de serem muitas vezes só os centrais, o que exponencia a possibilidade do erro. A linha média são vários jogadores a correr quase sempre atrás da linha da bola. Bem, e para o terceiro golo não há adjectivos.

Apesar de começar com mais posse foi também notória a falta de comprimento e acutilância da equipa. Tudo muito bem até aos últimos trinta metros, depois disso não há movimentos nem ligações entre os diversos componentes do ataque. Não vimos explorar uma das fragilidades defensivas mais notórias do PSV, que é o espaço que deixa muitas vezes entre as linhas média e defensiva. Julguei ir ver Bolasie em cunha, a explorar a profundidade e Vietto nas costas, com Bruno Fernandes a aparecer a dar linhas de passe e temporização mas ficamo-nos por remates de longe e pouca penetração na área.

A missão de Leonel Pontes é difícil porque lhe vai faltar tempo. Mudar de sistema é a parte mais fácil  e por isso aí está o 442. Mas mudar de modelo implica mudar os comportamentos na organização defensiva, na transição defensiva e ofensiva e na organização ofensiva. Requer tempo para que os jogadores percebam a mudança do que lhes é pedido e para a indispensável criação das rotinas. Além disso não tem tido sorte, tudo acontece. Desde as lesões simultâneas Vietto e Phyllipe, aos golos como o primeiro e segundo de ontem. Isto sem falar que não vai ter Bruno Fernandes para o jogo de segunda feira com o Famalicão. 

A equipa continua a ter muitos dos defeitos de Keizer e poucas Pontes para um futuro melhor. Com a agravante que a confiança já conheceu melhores níveis e isso também não ajuda. Estes jogadores são capazes de muito mais e melhores mas andam frequentemente perdidos em campo.

Para finalizar, o homem da foto: tem que ser dada uma explicação aos adeptos para este... fenómeno.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Boavista 1 - Sporting 1: Era bom era, mas...


Fotos da autoria de @Isa, editora de fotografia do A Norte de Alvalade

Tema incessantemente usado desde o fecho de mercado, era bom era que o problema do ponta-de-lança por si só justificasse a falta de acutilância do nosso ataque no Bessa, em especial na primeira parte. Infelizmente o problema foi mais profundo e resultou em grande parte da reformulação total do nosso ataque de um momento para outro, associado ao que a lei de Murphy ("qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível") acabou por ditar, com as duplas lesões de Vietto e Luis Phyllipe. A total ausência de rotinas, de conhecimento até do que as movimentações de Bolasie poderiam oferecer, ditaram o resto. Nas mesmas circunstâncias estaria o tal novo ponta-de-lança que não chegou.

Era bom era que Leonel Pontes tivesse uma varinha de condão para resolver os muitos problemas que afligiam a nossa equipa e começavam por um problema de identidade. Começou pela raiz de muitos deles, a organização defensiva. Não vai acontecer de um dia para outro mas já se notaram melhoras significativas. As dinâmicas ofensivas demoram mais e esse vai ser o principal problema daqui para a frente para o treinador. O tempo, ou a falta dele.

Não tendo sido um mar de rosas a prestação de Rosier foi pelo menos o suficiente para perceber que há caminho por ali. Era bom era que assim fosse.

Mas era bom era que a a lei de Murphy ("qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível") não voltasse a fazer das suas, naquele passe de Wendell, feito com a mesma convicção de quem está em Copacabana e tem de voltar para o escritório. Começar o jogo a perder era das piores coisas que pode acontecer a uma equipa que precisava de se perceber a si mesma, depois de tantas alterações.

Continuamos a joga sem um verdadeiro "6" e isso tem um reflexo enorme na qualidade do nosso jogo, quer a defender, quer a atacar. Não sei se Doumbia se vai fazer um "6" ou não mas, nesse entretanto, podíamos ir já pensando nas alternativas... 

Alternativas que devem ser pensadas com cuidado. Atrevia-me a nomear o Daniel Brgança mas, como mais uma vez ficou claro com Plata, jogar no último nível só é tarefa fácil nas redes sociais, onde as sentenças diárias têm dificuldade depois em ter vida no contexto real. O potencial do jogador está lá, mas vai ser preciso polir muito para Plata brilhar com intensidade.

Era bom era que Jese regressasse aos bons tempos, mas não foi ainda desta. O jogo também não estava de feição e ele também não fez muito por isso. Por vezes, nestes casos, o melhor é simplificar os processos e não deixar que a ansiedade em provar qualidade se torne um obstáculo difícil de transpor.

Como diria Gabriel Alves Bolasie tem aquele perfume selvagem do Congo, caso, claro está, se ficasse por um hotel de cinco estrelas em Kinshasa. Mas é um reforço que muito jeito nos pode dar porque tem velocidade e é capaz de improvisar. Assim uma espécie de Marega em versão light mas com um par de pernas e cérebro.

Para finalizar o nosso grande amigo Jorge Sousa. Viu o que quis e quando quis. Era bom era que tivesse mais respeito pelo Sporting e pelos seus profissionais. Em particular pelo Bruno Fernandes, que não tem canelas até ao pescoço. E assim se vai construindo mais uma vez a história de uma equipa violenta, que acumula em cinco jogos do campeonato 16 amarelos, dois dos quais são duplos, tendo por isso conduzido a duas expulsões. Quando pedirem aos jogadores para ser aguerridos e meterem o pé lembrem-se que eles gostam mais de jogar do que ficar em casa... Os nossos vizinhos da segunda circular têm cinco cartões amarelos. Cinco!

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