Mesa da Assembleia Geral indifere o pedido de "Dar Futuro ao Sporting"
Não faltarão argumentos jurídicos a sustentar a mais recente decisão da MAG do Sporting, que indefere o pedido do movimento "Dar Futuro ao Sporting" bem como do seu contrário. Da informação que pude recolher esta era um decisão mais ou menos esperada, atendendo à forma e conteúdo do pedido. No entanto ninguém estranhará que daqui resulte um campeonato jurídico para decidir o campeão desta causa. Requisito já as pipocas?
Sobre este pedido parece-me que não deixa de ser caricato que os dois principais fundamentos para o pedido - a incompetência e a falta de cumprimento do programa eleitoral - sejam em sim mesmo ineptos por pouco sustentáveis como fundamentos para justa causa. Para a análise equilibrada e devidamente sustentada da verdadeira situação do clube não bastam os resultados desportivos de uma modalidade, ainda que ela seja o futebol. E, quando o mandato ainda não chegou a meio, parece-me também extemporâneo invocar incumprimento de programa.
A primeira conclusão a tirar deste processo é que urge repensar os estatutos. Não deixa de ser caricato que um dos subscritores do pedido tenha reconhecido essa necessidade, pela facilidade com que se pode fazer parar uma administração, num recente programa de uma estação de rádio.
A segunda é que, tratando-se do Sporting, e olhando ao ambiente que se vive em torno do clube, desde a destituição dos órgãos sociais anteriores, tentativas como estas deverão seguir-se.
A terceira é que cabe aos actuais órgãos sociais perceber o que está ao seu alcance para alterar a actual conjuntura, em tudo altamente perniciosa, quer para a sua acção, quer para o clube em geral. É certo que herdaram uma situação altamente complexa e desfavorável, como talvez nenhuma outra. É certo que as razões da crise actual ultrapassam em muito as questões de natureza financeira e jazem em terrenos muito mais profundos do que a superfície dos resultados do futebol deixam entrever. É certo que há uma espécie de legião de saudade e outra de espoliados do regime anterior que nunca se conformará ainda que o Sporting seja amanhã campeão.
Mas nunca é demais lembrar que lema da candidatura dos actuais órgãos sociais era precisamente "Unir o Sporting". Sobre isso há muito mais a fazer do que perguntar, como fez ontem o presidente na TVI, se o Sporting alguma vez foi unido. É que também se pode retorquir a esta pergunta: mas alguma vez esteve tão fracturado?
Ainda que se reconheça que as culpas sejam muitas e de várias origens a responsabilidade e a iniciativa cabe sempre em primeiro lugar a quem tem a responsabilidade de dirigir. Com verdade, humildade e competência e com um discurso que mobilize e congregue as forças dos Sportinguistas que anseiam ver o Sporting no lugar que merece, certamente que a união será menos utópica.