Ciclismo: queda aparatosa antes da partida
Há muito pouco a dizer sobre o lamentável epilogo da história do "regresso" do Sporting ao ciclismo. Basta ler a descrição da forma totalmente amadora como este assunto foi negociado, feita pelo próprio Vicente de Moura, para perceber que dificilmente o resultado poderia ter sido outro.
"Já tínhámos financiamento de vários sponsors, o suficiente para criar uma equipa. Negociámos com um senhor chamado Jorge Mendes, que nos apareceu com um projeto, que era ele a liderar o regresso ao ciclismo do Sporting, sendo ele o intermediário com sponsors, mas também com equipas que estão no mercado. Naturalmente, esse negócio foi-se fazendo e ele ia negociando até encontrar uma equipa de renome. Depois, na quarta-feira, não só aparece para assinar no Sporting, mas também vinha acompanhado por cinco pessoas, que ninguém conhecia, exceto o Nuno Ribeiro. Aí, temos o Sporting, os sponsors, o coordenador e uma equipa liderada pelo Nuno Ribeiro""Na quarta-feira houve essa conversa, o acordo foi estabelecido. E, como sou uma pessoa de boa fé, ligada à ética e ao fair play, e a todos esses elementos ligados ao desporto, mas que infelizmente cada vez obedece menos a eles... Tirámos algumas fotografias e o próprio Nuno Ribeiro deu uma entrevista à Sporting TV. E isto ficou por ali. No dia seguinte, o que era necessário era fazer um documento, uma carta, que transforma uma parceria a dois numa parceria a três. Um acordo que permitia permitiu que a equipa do Nuno Ribeiro que utilizasse os símbolos do Sporting. Reconhecemos, não conhecendo a empresa que forma... Pensámos, muito bem, amanhã tratámos com os nossos assessores jurídicos"
Fica pois bem claro que o Sporting partiu para o anúncio no seu jornal de um acordo que não estava ainda assinado, e que ainda por cima foi negociado com pessoas cujo conhecimento e idoneidade desconhecia praticamente em absoluto, com o resultado que agora se conhece. O FCPorto (poderia ter sido o SLBenfica, ou outro qualquer) limitou-se a aproveitar a publicitação enganosa de um acordo que não estava no papel para uma das suas habituais manobras de desestabilização.
Devo dizer que não é a falta das camisolas do Sporting no ciclismo que me preocupa. Não é de agora, é já de há muito que a modalidade deixou de me merecer crédito, como aliás já em tempos aqui o tinha referido: "A propósito do regresso do ciclismo". O que me incomoda é a forma totalmente amadora como o dossier foi gerido, contribuindo para que o nome do clube faça uma humilhante volta a Portugal nas parangonas dos jornais sem que uma equipa sua ter sequer chegado a sair para a estrada.
Infelizmente, ao invés de ter deixado cair o assunto, quer o comunicado do clube quer a comunicação do presidente deixam transparecer mau perder, o que colide com a versão de ter sido o próprio clube a impor a rotura do "acordo". Bastava uma curta declaração dando conta que o novo patrocinador do ciclismo e o FCPorto possuem o mesmo "ADN" e por isso a sua ligação faz todo o sentido.
Oxalá não tenhamos que pagar com língua de palmo as bocas de "falta de pedalada" dirigidas ao nosso principal adversário na Liga e com quem temos jogo marcado para breve...