O castigo de Bruno de Carvalho, as infelicidades de Jesus e outros protagonistas
O castigo de Bruno Carvalho
Como o próprio reconheceu, o castigo entretanto aplicado foi justo. Ao ser afastado do banco poderá viver com menos intensidade as incidências da partida e quem sabe repensar a sua posição. Como o próprio Jesus afirmou, do ponto de vista técnico, a importância da sua presença no banco é nula. Já do ponto de vista institucional não é. Tendo em conta a postura que entendeu adoptar na luta do que lhe parecem ser os interesses do Sporting fica ali mesmo à mão de semear para ajuste de contas e até humilhações. A repensar.
Jorge Jesus
O treinador não está a ser nada feliz nas provas a eliminar desde o início da época, onde tem coleccionado desaires. Foi assim com o afastamento da fase de grupos na Liga dos Campeões, foi a carreira cheia de sobressaltos na fase de grupos da Liga Europa, foi a eliminação na Taça de Portugal e é agora a situação periclitante e de sucesso improvável na Taça da Liga. É declaradamente assumida a aposta praticamente total no campeonato nacional, onde Sporting tem sido dominador quase desde o início. Uma jogada de risco calculado ou um all-in pouco racional?
Não sou capaz de dar uma resposta taxativa. Isto porque creio que ninguém terá dúvidas da importância que tem para o clube voltar a vencer um campeonato e se tal tivesse que acontecer à custa de todas as outras competições teria subscrição muito próxima da unanimidade. Se tivesse que fazer alguma crítica esta recairia no número de alterações que o técnico realiza, deixando a equipa órfã de talento, consistência e identidade. Não seria possível ser mais cirúrgico, pelo menos até estar assegurada a continuidade por exemplo, na Taça da Liga? Nunca saberemos a resposta a estas interrogações pelo que, enquanto a liderança do campeonato for uma realidade, a estratégia de Jesus tem validação automática.
William
Hoje dizer que o desempenho de William já conheceu melhor acerto e maior fulgor é perfeitamente consensual. Como descarto à partida que o jogador se tenha acomodado e viva dos rendimentos - isso seria impossível com praticamente todos os treinadores, com Jesus é mesmo - interroguei-me já bastantes vezes sobre as razões do eclipse, logo num jogador que parecia ser dos que mais ganharia com a chegada de Jesus. Obviamente que a pista de "mouro na costa" - leia-se propostas milionárias - tem de ser sempre equacionada num jogador com o seu potencial e com a visibilidade já adquirida. Mas inclino-me para uma hipotética falta de adaptação/resposta que o modelo de Jesus lhe esteja a provocar.
Começo a explorar esta possibilidade ao constatar que, ao longo de toda a época até agora disputada não vimos ainda um jogo completo "à William". O 4x4x2 de Jesus parece estar a tirá-lo da sua zona de conforto. Ao contrário do 4x3x3, onde o melhor William apareceu e deu cartas, o modelo de Jesus pede-lhe funções mais alargadas e obriga-o a articular mais com o companheiro de sector, Adrien. Tem que ser menos posicional, sendo mais exigente do ponto de vista físico, da concentração e da reacção. Como ele percebe, melhor e de forma mais célere que ninguém, que não está a responder como seria esperado, é natural que o primeiro sinal seja de falta de confiança. A forma como sair deste desafio definirá o seu futuro próximo. Não vejo Jesus a desistir dele porque, mais do que ninguém, perceberá o seu potencial. Mas, no limite, não recuso a ideia de Jesus optar por João Mário ao lado de Adrien, este sim, a aproveitar muito bem a mudança de treinador.
Boeck
Ao que parece estará de regresso ao Brasil. Assisto com pena a uma série de comentários pouco abonatórios para o eterno suplente de Patrício. Está precisamente aí, na eternidade em que espera por uma oportunidade, a razão para as suas infelizes aparições recentes. Pela especificidade da função, são muito raros os casos de guarda-redes que aparecem no seu melhor após longas paragens. E não é a jogar um par de jogos por ano, de forma intercalada, que se chega à forma. Acresce que gosto da forma como vestiu a nossa camisola pelo que, nesta hora, não o podia esquecer, chama-se a isso gratidão. Não deixo também de crer que Patrício não se teria afirmado e crescido se não pressentisse atrás de si alguém capaz de com ele disputar o lugar. Sê feliz Marcelo.
Já quanto à substituição fico com sentimentos mistos ao ouvir o nome de José Sá. Reconheço-lhe alguma qualidade mas não me parece que Rui Patrício vá perder o sono com a sua presença. Na idade em que está precisa de jogar. Mesmo que o faça na equipa B não vejo como possa já constituir uma alternativa segura a possíveis ausências do nosso habitual titular. Em suma, se tudo isto se confirmar, no curto/médio prazo não ficamos melhor.
Teo
Seguramente que este Teo, o que (não) temos visto com a nossa camisola, "não é o mesmo" que tem sido titular da sua selecção e, com isso, sentado no banco nomes aparentemente improváveis como Jackson. Agora que parece que se estão a abrir as portas para um regresso ao seu continente de origem, aceito resignado a ideia de o ver partir. À cabeça está o seu pelo menos aparente pouco compromisso com a equipa e por consequência com os objectivos do clube. Se, como parece ser verdade, é o próprio a querer ir embora, compre-se o bilhete já hoje. Não há nada pior numa equipa que um elemento onde apenas o corpo está presente. Isto agravado do facto de ser dos que mais deve cobrar ao fim-do-mês. Se ficar, que fique de cabeça limpa e com vontade de nos demonstrar o que é Jesus viu nele para o ir buscar.
Novidades
Não deu ainda para fazer grandes avaliações sobre os reforços Zeegelaar e Schelotto. Outra coisa seria se estes tivessem sido integrados naquela que se entende seja a melhor equipa. Ainda assim arriscaria dizer que há ainda muito caminho para andar até compreenderem o que Jesus pretende que façam.
Relativamente ao "mau" desempenho das taças, creio que se está a relevar o que é circunstancial. O que aconteceu com o CSKA não foi "lógico". O que aconteceu com o Braga não foi "lógico". E mesmo o que aconteceu com o Portimonense não foi "lógico". Em comum os três jogos (e, já agora, também o jogo com o Skenderbeu) tiveram uma invulgar infelicidade, nuns casos do árbitro (em quase todos, na verdade), noutros de jogadores-chave. Duas das exibições foram mesmo excelentes (o CKSA fora e o Braga), e de longe melhores que algumas das nossas vitórias na Liga (por exemplo, contra o Belenenses). Em todos esses jogos fomos traídos pela eficácia, por erros individuais e, em especial, por decisões de terceiros. O futebol tem abundâncias de coisas casuais e difíceis de explicar, e o que nos aconteceu, esta ano, nas Taças, anda um pouco por aí. SL! JPT
ResponderEliminarJPT,
Eliminarpor alguma razão digo que não está a ser nada feliz. Entre outras razões, obviamente, porque não se explica tudo com apenas um factor. Mas passou por aí, é verdade.
EliminarJá agora, relativamente as novidades dos reforços Zeegelaar e Schelotto, caro Leão de Alvalade, posso dar te uma mera opinião de quem viu in loco o Portimonense vs Sporting; sendo certo que como dizes não dá para fazer grandes avaliações, mas aqui fica mais um contributo para formares uma ideia do que nós espera destes jogadores.
Schelotto: este jogador não tem qualquer ritmo competitivo (nem de treinos) e daí que só se viu na 1.º Parte, na 2.º parte foi para esquecer, e foi por alguma vezes que ao fazer um simples sprint ao lado de joão mario ficava tão exausto que mal respirava, inacreditável.... denotei alguns arranques mas pouco mais, não tenho muitas esperanças neste jogador.
Zeegelaar: isto sim, bom toque de bola e técnica, joga simples, acho que jesus ficou com boa impressão dele, e ainda não esta entrosado com os elementos da sua equipa, quando isso vier ao cimo, acredito que a maior parte do ataque vai partir dele, ainda nós vai dar alegrias.
Espero ter contribuído para uma simples opinião.