Nota: junto ao post a entrevista concedida ao Record, reeditando assim o post.
Bruno de Carvalho completará no próximo dia 27 dois anos na liderança do Sporting. Está portanto a meio da viagem do mandato que lhe foi conferido pelos sócios. Um momento natural para se fazerem as tradicionais avaliações, será o que aqui hoje se tentará fazer. A sua nomeação em exclusivo e não de uma equipa parece-me fazer aqui todo o sentido tal tem sido o cunho pessoal e centralizador imprimido à tomada de decisões.
Numa análise como esta há matérias sobre as quais é possível emitir uma opinião definitiva outras há, pela sua complexidade, que só o tempo deixará perceber o produto resultante da tomada de algumas decisões. Depois há os condicionalismos resultantes do facto de a gestão de um clube estar muito ligada aos resultados desportivos, em particular o futebol, o grande gerador e consumidor de receitas, sendo estes determinantes para a definição do sucesso.
Elencar-se-ão de seguida, de forma resumida, aqueles que são considerados por mim os principais méritos na actual gestão, considerando desde já alguns aspectos e circunstâncias importantes que marcam a chegada de Bruno de Carvalho à presidência do clube:
- Um cenário particularmente difícil do ponto de vista financeiro, resultantes da falência da gestão anterior, que se reflectiu na pior época de sempre no futebol, agravado pelo facto de ficarmos fora das competições europeias.
- Um clube há muito desaurido e estilhaçado por convulsões internas, em muito resultante pela falta de vitórias e de liderança, com as consequências a fazerem-se sentir quer no espírito do clube e dos adeptos quer na forma como eramos visto de fora.
- Um clube a clamar por uma mudança na nomenclatura dos seus dirigentes de forma a acabar com álibis de alguns e por fim a muitos interesses instalados.
Méritos
- Implementação da reestruturação financeira. Independentemente de quem seja a autoria - da direcção anterior, dos credores, ou da actual direcção - o mérito tem que ser tributado a quem a implementa. Ela era crucial para o clube poder sobreviver depois de quatro anos (Bettencourt e Godinho Lopes) de um elevado investimento do qual não resultou nem retorno financeiro nem retorno desportivo.
- Neste âmbito os exercícios económicos positivos consecutivos merecem também destaque. Bem como melhores performances nos resultados obtidos com as vendas de jogadores, tão importante para o reequilíbrio financeiro.
- Algumas medidas tomadas neste âmbito, nomeadamente o despedimento de funcionários, podem até ter sido injustas para alguns, o que é sempre de lamentar, mas é também verdade que a margem de manobra era muito limitada e o Sporting acumulava em quase todos os sectores gente a mais, acomodada e mal orientada.
- A re-aproximação do clube às bases, com a implementação de medidas que trouxeram o acréscimo do número de associados.
- A resolução de alguns problemas que se arrastavam no tempo e pareciam insolúveis, como a colocação das claques na mesma bancada, conseguida de forma simples e célere, ou a edificação do tão ansiado pavilhão, cujo lançamento da primeira pedra está a um par de dias de ocorrer. O inicio das emissões da SportingTV.
- À reorganização das modalidades, sobretudo ao nível financeiro, com a diminuição de verbas, não correspondeu a tão temida perda de competitividade. É certo que também não melhoramos, mas dificilmente se consegue crescer sem por mais adubo, leia-se euros. A par disso juntou-se o hóquei às modalidades que regressaram integralmente ao clube, estimando-se que o mesmo venha a suceder com o basquetebol e o râguebi.
- Um dedo especial para a escolha dos treinadores. Grande parte do ressurgimento competitivo do clube, especialmente no futebol, advém de duas boas escolhas consecutivas, Leonardo Jardim e Marco Silva.
Fragilidades
- Ao contrário do que se podia esperar a conflitualidade interna continua a ser um problema para o Sporting. As responsabilidades são de todos, maiores de quem ganhou porque, como em qualquer contenda, os termos da paz são ditados por quem vence. É minha convicção que aqui Bruno de Carvalho podia ter feito mais e melhor e os seus "pecados" nesta área são tanto por acção directa sua como dos seus apoiantes mais acérrimos.
- Mais importante do que analisar as estratégias, que podem ser diversas, são os respectivos resultados que contam. O isolamento institucional do Sporting mantém-se e é notória nas mais diversas ocorrências. Apesar da postura hoje ser diferente os resultados são os mesmos, com o Sporting a aparecer isolado e não conseguir congregar à sua volta nenhuma outra instituição ou agente.
- Se houve actuação que ficou muito aquém das promessas eleitorais foi a politica de aquisição e dispensas. Excesso de intervencionismo no mercado face às necessidades e possibilidades, (mais de 30 jogadores em 2 anos), acumulando-se a chegada de jogadores sem qualquer recomendação para incorporar uma equipa com as obrigações do Sporting.
- Excesso de intervencionismo na Academia, que era precisamente, apesar de muitos erros acumulados no passado, o que melhores e mais notórios resultados trazia ao clube. A "aposta na formação" tornou-se numa conversa recorrente, nem sempre com os melhores argumentos de parte a parte. Provavelmente os resultados das actuais intervenções só se conhecerão no médio prazo. São os hoje claros os dividendos de uma aposta efectuada há quase década e meia: Patrício, Cédric, Adrien, William, Tobias, Martins, João Mário, Wallyson, Mané, Iuri, Chaby, Nani e outros que já cá não estão só são possíveis por isso. Os sinais de aviso estão acesos: convocações para selecções desertas de jogadores, ausência inédita em fases finais.
- A comunicação excessivamente truculenta e desfasada do que me parecem ser as melhores práticas e até os valores do clube. As mudanças recentes são uma admissão que nem tudo correu bem e, sobretudo um sinal de reflexão e auto-critica, indispensável a quem quer melhorar.
- Provavelmente o ponto mais polémico desta análise face ao que é o
pensamento dominante hoje: os fundos. Uma guerra que sofreu notáveis
mudanças, ao começar com a Doyen, pedindo a regulação da actividade até
se generalizar a todo o tipo de partilha de passes, pedindo a sua
extinção. Ao contrário do que se tem vinculado, e que merecerá em breve
post próprio, os principais prejudicados serão os clubes com perfis
semelhantes aos portugueses e que tenham no horizonte não apenas as
prestações internas como também a sua competitividade internacional.
Momentos altos
- A eleição e respectiva aclamação no momento que se seguiu. O momento foi de natural festa mas foi também um momento importante de responsabilização.
- A conquista do segundo lugar no campeonato passado. É pouco, atendendo ao historial do clube, mas é muito atendendo ao ponto de onde se partiu e aos diferentes meios ao nosso alcance, face à concorrência.
Momentos infelizes
- A rábula com Manuel Fernandes, um símbolo do clube. Até porque as criticas de Manuel Fernandes não justificavam uma reacção tão violenta.
- A comunicação no Facebook nos momentos seguintes à derrota em Guimarães. É doloroso perder daquela forma mas o tempo veio demonstrar que se tratou de um acidente circunstancial.
- O "episódio Marco Silva". Felizmente quer a intervenção dos adeptos quer a reflexão que se seguiu, permitiu corrigir a estratégia lançada para despedir o treinador, sem razões de fundo que a justificasse. Continua a faltar por no lugar o mandatado José Eduardo e acabar de vez com os rumores sobre o contrato e continuidade de Marco Silva.
Desafios para os próximos 2 anos
- A palavra determinante será consolidação e estabilização. Por exemplo da reestruturação financeira, do projecto Pavilhão, da Sporting TV e de outros projectos importantes em curso, como a internacionalização da Academia, etc.
- Upgrade competitivo indispensável para que o Sporting se reencontre com a sua grandeza. Este não surgirá num ápice, requer paciência e sobretudo muita assertividade nas medidas, porque a margem é praticamente inexistente, face ao tempo perdido. Requer também convicção à prova dos primeiros dissabores.
- O ponto anterior é crucial no futebol, a mola real do clube. Será aqui que as principais ideias - é dizer também as principais guerras - de Bruno de Carvalho serão testadas: fazer mais com menos, as relações com os empresários, manter os melhores jogadores ou substitui-los por jogadores de valor igual, etc. e sobretudo alcançar resultados. Depois de duas épocas excepcionais - que foram do pior lugar de sempre ao regresso pela porta grande às competições internacionais - o Sporting, apresta-se a voltar a um "lugar natural" que parece ditado pelas diferenças orçamentais. Contrariá-las com o rumo traçado parece ser a convicção do presidente e é, quanto a mim, o grande teste que terá, a bem do Sporting, que passar com distinção. Porque um Sporting sem títulos é um Sporting contra o seu próprio destino.
- Outras matérias terão igualmente importância crucial cuja resolução marcará a competitividade do clube, pelas suas implicações financeiras. A renegociação do patrocínio das camisolas será o próximo grande desafio. Outros há, como o aumento das receitas, as participações na SAD, a centralização dos direitos televisivos, que se tornarão com certeza nas próximas lutas a travar.
A entrevista:
Texto lúcido, excelente balanço.
ResponderEliminarSL
Excelente análise LdA!
ResponderEliminarO único ponto onde eventualmente não estaremos de acordo é relativo aos fundos, continuo a pensar que serão sempre mais as desvantagens que as vantagens!
SL,
Acho que é uma boa analise e que vai de encontro também ao que acho
ResponderEliminarSó queria deixar uma pequena ressalva:
Não vejo qualquer problema para clubes como o Sporting, deixarem de recorrer aos fundos - um clube como o Sporting ou como os seus rivais precisa de ter saldo positivo na venda/compra de jogadores e com os fundos o lucro que cabe aos clubes é sempre uma pequena parte do bolo (recorrendo a fundos, porto e benfica precisam de vender 70M, 80M por ano para terem lucro)
Veja-se o que o Sporting ganharia com Rojo e que vai ganhar se vender por exemplo William ou SLimani
Para além disso é falso que só com fundos é que clubes como o Sporting conseguem contratar bons jogadores - se o Sporting vender por exemplo Slimani por 10M - não me parece que seja assim tão dificil dar 4M ou 5M por um bom avançado - o problema para substituir Slimani ou outro titular que saia este ano é o salario e esse com fundos ou não, terá de ser sempre pago pelo clube
Aliás esse para mim é o proximo desafio de BC, conseguida a estabilidade financeira, é altura de elevar a fasquia e começar de forma sustentada a aproximarmo-nos dos orçamentos de benfica e porto, sabendo que eles podem eventualmente baixar os seus
Boa análise, foca os pontos essenciais.
ResponderEliminarPost equilibrado, justo, correcto. É o que se pretende neste tipo de balanços. Parabéns, LdA.
ResponderEliminarNão é que os antigos presidentes / CD tenham tido heranças fáceis, o SCP foi-se degradando continuamente, num processo de décadas, até atingir o caos com GL. Bruno de Carvalho herdou uma situação calamitosa a nível económico-financeiro e em traços gerais tem conseguido melhorar a situação do clube nesse aspecto. Isto, não significa, que não tenha cometido erros, mesmo neste campo, o que não deixa de ser compreensível. Até o melhor e mais emblemático dos líderes erra, ocasionalmente. Tal como também um mau líder acerta e toma decisões que geram resultados positivos. A diferença entre uma liderança positiva e uma negativa, está no saldo entre decisões acertadas e erradas. Os resultados surgem em função das decisões. E mts dos resultados das acções (e omissões) da gestão de BdC estão por comprovar. No fim do mandato o saldo será feito e ao fim desses 4 anos se saberá se a liderança que ele protagonizou foi (ou não) satisfatória.
Apesar de herdar um SCP exaurido financeiramente, BdC tinha condições únicas para, por exemplo, unir de facto o SCP e acabar de vez com o divisionismo interno que se arrasta. Ou seja, as circunstâncias herdadas não eram todas negativas… E aqui é que a porca torce o rabo. Não sei se por fraqueza de convicção ou de carácter fez questão de desperdiçar essa oportunidade: insistiu na divisão, promoveu polémicas internas desnecessárias e mantém um perfil egocêntrico e ditatorial ao longo deste tempo todo com óbvios prejuízos do clube. Um clube unido, seria certamente mais forte. BdC seguiu outro caminho. Outros, antes dele, tentaram unir e, por falta de condições, não conseguiram, BdC nem sequer chegou a tentar…
Os momentos infelizes identificados no post espelham muito dessa “estratégia” seguida à risca por BdC. Quem não está com ele sempre, é contra ele. È esta espécie de mantra maniqueísta que ele adoptou em conjugação com uma necessidade permanente de mediatismo pessoal e no passa-culpas constante / comparação com o passado recente (estratégia usada amiúde sempre que as coisas correm mal) que o tem levado a episódios que não deixam espaço a que a confiança nele medre, entre aqueles que não apreciam o estilo e não embarcam naquela visão salvifica que alguns têm de BdC. Visão essa que, para além de falsa, é perigosa, até porque o SCP está muito longe de estar a salvo. O caminho é longo e é demorado e o processo que BdC têm por vezes adoptado é errático e questionável. Urge alterar comportamentos que têm prejudicado o SCP.
Se financeiramente podemos fazer um saldo positivo até ao momento, já a gestão desportiva tem muito por onde criticar: academia, construção do plantel, nomeadamente do actual, conflitos frequentes com técnicos e jogadores, são os aspectos mais relevantes. A estratégia de guerra generaliza, contra tudo e todos, também me deixa muitas dúvidas: julgo que seria mais prudente e eficaz combater em menos frentes. Ir ganhando batalhas umas, atrás de outras, ao invés de querer combater todas as batalhas em simultâneo… Note-se na história da humanidade, repleta de exemplos. Nenhuma Nação, nenhum politico, nenhuma sociedade, nenhuma organização prevaleceu isolado e em luta contra vários inimigos em simultâneo. Tb aqui é urgente que BdC defina outra estratégia e angarie aliados para a N/ causa… Isto se quiser obter resultados efectivos, mais do que fazer ruído que o seu “séquito” tanto aprecia.
Jorge Alemão,
ResponderEliminaro problema quando se fala de fundos é não atender que se está a falar não de uma mas de uma multiplicidade de meios que os clubes se podem socorrer quer para contratar ao exterior como para manter os seus melhores jogadores e que essas possibilidades não se esgotam no que é oferecido pela Doyen.
Não sou dogmático nesta questão mas parece-me que BdC se tornou dogmático por razões que não consegui ainda perceber na totalidade. A minha questão é que ele é livre para escolher o seu caminho, que pode num momento interessar recorrer aos TPO's como não. O erro parece-me ser pedir a sua extinção, o que limitará as possibilidades. Quem sabe ele não tenha outras em vista.
Seja como for, e falarei disso no post sobre o tema, sem alargar as suas possibilidades de recrutamento em campeonatos emergentes ou jogadores low-cost, o Sporting terá sempre muitas dificuldades em juntar-se aos da frente. E o Sporting, quanto a mim, até poderia estar à frente dos seus rivais porque não tem necessidade de depender tanto deste tipo ou de outros instrumentos para investir na qualidade do seu plantel, se souber gerir e potenciar convenientemente o plantel que actualmente dispõe.
LDA
EliminarSe o problema é apenas financiamento, concerteza que se arranjarão formas alternativas - alias não tenho duvidas que a Doyen e outros fundos também se reformularão de forma a poder operar na legalidade
Mas mais uma vez volto a repetir - o recurso a jogadores Low-cost é uma opção desta direcção mais pelo salario do que pelo custo do passe e como sabes não há fundo que pague % de vencimentos
Sobre a extinsão faz todo o sentido porque é com o recurso a fundos que os nossos adversarios vivem e sobrevivem - sem fundos e sem a possibilidade de gerarem riqueza aos fundos e a individuos como J. Mendes e provavelmente também a outros como J. Mourinho, terminariam esses negocios de milhões e equilibrava-se o cenario.
Agora para o Sporting como referi o proximo passo devia ser subir o tecto salarial de forma sustentada para atrair mais jogadores de qualidade mesmo que se continuasse a apostar em simultaneo em jogadores jovens com potencial quer da academia quer do Scouting
PS: quando digo Scouting, devia ser mesmo scouting e não jogadores de empresarios como normalmente acontece
Sempre achei que essa falha na parte da união custava muito a Bruno de Carvalho. Mais do que lhe custar apoio directo, acho que lhe retira força em certas lutas abrindo-lhe o flanco a vários comentário vindos de outros "quadrantes" futebolísticos. É uma pena que até agora não tenha percebido isso. Estivessem todos os Sportinguistas focados nos que nos querem melindrar e não uns nos outros e este caminho seria tão mais fácil.
ResponderEliminarMas dou-te razão. Quem vence a guerra, dita as leis da paz.
"Os sinais de aviso estão acesos: convocações para selecções desertas de jogadores (...)"
ResponderEliminarFantástico, tendo em conta que, para o autor do artigo, "selecções" - plural - significa apenas a Selecção de sub-19. Pelo menos a julgar pelo que escreve, falaciosamente.
Ademais, fala em "mais de 30 jogadores em 2 anos", o que é correcto, mas é, tão só, um dado estatísitico. Seria preciso analisar caso por caso para se perceber uma verdadeira conclusão, deixando de lado a subsjectividade. Há demasiadas falhas, pois claro que as há, mas a administração anterior também contratou nada menos que 36 jogadores nos dois anos de mandato que completou e, ainda hoje, ouço e leio que "acertaram bem mais" que esta, esquecendo-se slectivamente de consequentes análises. Enfim, cada cabeça sua sentença...
Espero que repare que o comparativo que fiz com a administração anterior não é nem quer ser uma continuação de uma "caça às bruxas" mas, antes e só, um exercício da expressão da exigência que, finalmente - mais vale tarde que nunca - surgiu entre os Sportinguistas. Se aquela administração serviu para alguma coisa tangível foi, de facto, para este aumento exponencial no escrutínio e na exigência.
Em todo o remanescente do artigo, não poderia estar mais de acordo.
E já agora, LdA - esqueci-me de o referir no anterior comentário, BdC, que eu tenha lido ou ouvido, pelo menos, nunca pediu a extinção dos Fundos ou da possibilidade dos TPO mas, antes, a regulamentação expressa sob os mesmos. O que faz sentido, e basta ver o caso de Mangala no Porto, vendido por 54M € (entre Porto e Doyen) quando nem metade valia desse montante e, para além disto, faria sentido que as despesas inerentes ao jogador não fossem bi-partidas apenas nos valores de transferência, já que depois entre o deve e o haver, financeiramente, o custo/lucro com o jogador, da parte do Clube, fica mais/menos a zeros - e isto em caso de sucesso, caso contrário...
ResponderEliminarUncle P.
ResponderEliminarOlhe para dois factos inéditos na história do Sporting como bem entender. A propósito deles eu tenho o direito de entender como sinais a obrigar a reflexão sem ter que ser acusado por isso de qualquer falácia porque são factos, mesmo que eventuais.
Sobre o que a administração anterior fez é bom recordar-lhe que foi entendido pelos sócios que não deveria continuar. O meu entendimento pessoal é que não foi pelos quase 40 jogadores que contratou - o que eu não faria - que tal aconteceu. Tivesse Leonardo Jardim chegado 2 anos mais cedo e o caso poderia se outro. Mas não foi apenas pelo treinador, pura e simplesmente a gestão desportiva, nos moldes em que foi executada, estava condenada a falhar.
Sobre a questão dos fundos pode ler aqui:
http://www.maisfutebol.iol.pt/liga/sporting/bruno-de-carvalho-fundos-sao-monstro-que-tem-de-ser-banido
LdA, faltam aí declarações. BdC falou em contexto, de acordo com os moldes ACTUAIS das parcerias com TPO's. Nesse sentido, deveriam ser banidos. Sabe tão bem que este "jornalismo" descontextualiza tudo conforme lhes der mais jeito para as parangonas.
ResponderEliminarEm relação à formação, são dois factos inéditos mas, ainda assim, o LdA não teve em conta o contexto. Pega na ideia e cola-a, crua, justificando assim o que dessa questão acabou por dizer. Nenhum dado estatístico pode ser lido à luz dos simples números. Quer um exemplo? A questão das expulsões (13, salvo erro) a Clubes adversários do Benfica. É um facto. Mas foram todas elas mal feitas?
Quanto à anterior administração, obviamente não terá sido só um factor. Embora cada um deles, por si só, já fosse motivo, todos juntos elevam essas razões a um nível ainda mais superior. E pode crer que nem que Guardiola pegasse naquela equipa de 2011/12 ou na da época seguinte, com os custos que se reolveu ter só havia uma saída. Podia ser adiado um ou dois anos, mas eventualmente acabaria por implodir.
De qualquer forma, esta não é a minha luta. Em todos os meios-copos há quem os veja meio-cheios e meio-vazios, dependendo da própria pessoa. Compreendo as suas ideias, mas foca-se demasiado em certos pontos de vista mais negativistas. Só lhe faltava agora, como já li algures, pegar no assunto dos 3 adeptos que vão treinar com a equipa amanhã e fazer disso uma tragédia grega.
SL
Uncle P, recordo o que escrevi:
EliminarProvavelmente os resultados das actuais intervenções só se conhecerão no médio prazo. São os hoje claros os dividendos de uma aposta efectuada há quase década e meia: Patrício, Cédric, Adrien, William, Tobias, Martins, João Mário, Wallyson, Mané, Iuri, Chaby, Nani e outros que já cá não estão só são possíveis por isso. Os sinais de aviso estão acesos: convocações para selecções desertas de jogadores, ausência inédita em fases finais.
Pergunto: devem estes 2 factos inéditos merecerem reflexão ou não?
No presente texto acha mesmo que "me foco demasiado em certos pontos de vista mais negativistas"? Onde? Ou é o meu caro que está a comentar à luz de um qualquer preconceito formado sobre mim?
Ah, e se tiver lido em algum lado que o BdC deveria dar duas voltas em pijama ao Marquês para esconjurar a falta de títulos também será capaz de aqui me vir dizer que só me falta isso também?
Excelente, Leão de Alvalade, a análise que fazes é justa e ponderada. Muito bem.
ResponderEliminarPermite que em “desafios para 2 anos” coloque maior ênfase na reestruturação financeira pois, de facto, não foi concluída. Sobre esta matéria caiu um manto de omissão. Perante a ausência de notícias, não seria má ideia explicar o ponto em que se encontra, pois a informação completa é indispensável para evitar especulações. Para além do mais, em 27 de Dezembro de 2013, BdC admitiu que a reestruturação financeira do Sporting poderia estar "em perigo", devido à fraca receita que o clube registava no que dizia respeito à captação de novos sócios e aquisição dos pacotes de bilheteira destinados a associados. Depois disso, sobre o assunto, imperou o silêncio. A reestruturação financeira deixou de estar em perigo?
Por outro lado, já é tempo de esclarecer os sportinguistas sobre o modelo de desenvolvimento que se pretende para a SAD e qual a sua estrutura accionista. Igualmente, sobre os propalados investidores. Também aqui reina a omissão.
Estou convicto que a unidade dos sportinguistas nunca foi um objectivo de BdC. A opção de BdC não é necessariamente má, isto é, prejudicial ao sucesso desportivo e financeiro do Sporting. Na perspectiva dos actuais dirigentes seria necessária uma fractura com um determinado “tempo sportinguista” (basicamente desde Roquete). Ora, isso não acontece sem cindir com parte da massa associativa e adepta.
Uma análise muito bem conseguida. Concordo com tudo.
ResponderEliminarUm abraço
O post é excelente, como é hábito.
ResponderEliminarMas peca por não focar no que é mais perigoso para o Sporting: a actual inexistência de uma estratégia de crescimento.
Não é que essa "estratégia" nunca tenha existido. Nos primeiros tempos, o Bruno e os seus mais fiéis seguidores (recordo uma entrevista do Carlos Vieira à Económico TV) achavam que o aparecimento do messias chegaria para fazer regressar todos os filhos pródigos a casa e que o Sporting cresceria muito: em sócios e em receitas. Mas a dura realidade mostrou que apenas se deu continuidade ao crescimento em sócios que vinha desde a idade das trevas, a uma queda nas receitas publicitárias e a um enorme vazio sobre o lugar do Sporting na sociedade (que não seja no insulto e aparições nos programas da manhã).
A estratégia financeira que foi imposta pelos credores - e à qual o Bruno não consegue desviar um milímetro, ao ponto de ter montado um circo que incluía AG plebiscitária só para não pagar uma indemnização (já à Doyen, montou um circo e vai ter de pagar uma indemnização...) - limita o investimento mas não tolda a possibilidade de realizar iniciativas consequentes, que não se esgotem no instantâneo fotográfico. Agora iniciativas, além de peditórios e do movimento Basta, nem vê-las. Subsiste uma enorme interrogação sobre o papel que o Sporting poderá ter na construção do desporto em Portugal, uma vez que tem conseguido isolar-se institucionalmente em tudo o que é modalidade.
Em dia de auto-congratulação por uma vitória eleitoral - redenominada de Dia do Sporting, o que faz os fundadores do clube dar voltas na tumba (mas esses eram uns croquettistas, também não interessam) - e com o lançamento da primeira pedra para as eleições de 2016, talvez faça sentido dizer aos sportinguistas como é que o Sporting poderá manter-se grande perante todos os adeptos se continuar a ser esmagado pelos seus rivais em investimento e mediatismo. Faz falta dizer aos sportinguistas como é que se pretende o clube daqui 10 anos e faz falta ao Bruno imaginar um clube que vá além do seu umbigo. Fazer figas para que os rivais reduzam os seus orçamentos é um bocado curto.
LdA, há uma diferença - grande - entre reflexão e crítica. Não lhe disse em lado algum que estava errado, quis fazer-lhe entender que há muito argumentário ue escolheu (?) não usar e, por isso, a crítica é deficitária. Só isso. Dizer que é um facto que as selecção estejam "desertas" de convocações de atletas nossos não é facto, é inverdade, é tudo o que lhe queira chamar menos um facto. E, usando o argumento (esse sim, factual) da formação a médio-prazo, o LdA talvez percebesse porque é que essas convocações são parcas em determinados escalões, mas escolheu (?) antes sublinhar o positivo em relação aos jogadores actualmente na equipa principal ou à beira de e ignorar o negativo (que também vm vem de trás e o LdA sabe bem disso) de estarmos em déficit em alguns escalões na actualidade. Havia que o explanar sob os 2 desígnios e não só aquele que mais se ajustava à sua argumentação.
ResponderEliminarSe merece reflexão? Claro que sim. Se merece crítica? Também, desde que (in)formada.
O LdA porventura não se apercebe, mas qualquer um que leia os seus textos os toma de uma perspectiva mais de "copo meio-vazio". Uns aplaudem, outros apontam-no. Simples. Não me condene a mim por fazê-lo porque até nem sou só eu neste mesmo artigo.
A minha frase final do anterior comentário pretendia enfatizar um ponto e, julgo, o LdA percebeu-o. Dito isto, as provocações e as atitudes ficam com quem as faz. Incluindo aqueles que se alimentam da crítica mas só quando é feita a outrém...
Uncle
EliminarNão há qualquer provocação no meu comentário, apenas uma reacção natural a uma tentativa despropositada de me colar a algo sobre o qual não me pronunciei.
Quanto ao copo meio cheio ou meio vazio aceito com toda a naturalidade a afirmação. Emitir a minha opinião sobre o Sporting é não só um direito como uma obrigação como sócio. Quando acredito posso ser mais positivo ou entusiasmado. Quando tal não acontece é natural que revele dúvida ou pessimismo. O tempo ajudará a perceber se os meus juízos estavam certos ou errados sem com isso ter que ouvir acusações como as que aqui deixa, de forma mais ou menos explícitas.
Uncle
EliminarNão há qualquer provocação no meu comentário, apenas uma reacção natural a uma tentativa despropositada de me colar a algo sobre o qual não me pronunciei.
Quanto ao copo meio cheio ou meio vazio aceito com toda a naturalidade a afirmação. Emitir a minha opinião sobre o Sporting é não só um direito como uma obrigação como sócio. Quando acredito posso ser mais positivo ou entusiasmado. Quando tal não acontece é natural que revele dúvida ou pessimismo. O tempo ajudará a perceber se os meus juízos estavam certos ou errados sem com isso ter que ouvir acusações como as que aqui deixa, de forma mais ou menos explícitas.
Virgílio, acredita que o Clube ainda estava de pé se lá tivesse continuado o Godinho?
ResponderEliminarPodia falar de pavilhão, plantel competitivo, Sporting TV, etc. No entanto essa questão parece-me ser a mais importante, e bastante simples, na verdade.
SL
E o Bernardo acha que o SCP acabava se GL tem continuado?
EliminarNão perco tempo a fazer suposições... Certezas ninguém as tem,talvez sim, talvez não, nunca se saberá. Não sei eu, nem saberá o Bernardo. Agora o que sei é que se não fosse BdC, outro presidente sucederia a GL... Mesmo no estado lastimável e com eleições antecipadas surgiram vários candidatos a pretender gerir o clube, certo? Sinal de que o SCP continua a ser um clube mt apetecível... Como se pôde comprovar. Aí tem a sua resposta.
Mas sabe que no que acredito de certezinha absoluta? Até pq está à vista de toda a gente? É que o SCP aguentou muita incompetência dos seus dirigentes durante mts anos e se se manteve de pé até hoje, mt deve à sua incrível massa associativa e adepta, que nunca desiste. Claro que a crença tb tem os seus efeitos perniciosos... Foi tb graças à continua crendice e fé cega nos nossos incompetentes dirigentes que chegamos ao estado que se sabe... E nisto,meu caro amigo a culpa não é só de GL... Dito isto, não me peçam para deixar de olhar criticamente sobre a gestão do clube actual. BdC tem mt por e para melhorar. A começar por ele próprio...
Pavilhão? Está construído? Ainda não... É um assunto que já se arrasta há tantos anos que só dou a obra por concluída qd vir com os meus olhos o pavilhão edificado. E mais uma vez, a concretizar-se, terá sido graças aos adeptos e sócios que têm contribuído generosa e decisivamente no sentido de colocar (mais) uma importante infra-estrutura em pé...
Plantel competitivo? Para o terceiro lugar... Tanto que eu critiquei o Filipe Soares Franco por elogiar segundos lugares... Agora o terceiro já é louvado... Enfim, sinais dos tempos.
SL
Mais um excelente artigo Leão de Alvalade.
ResponderEliminarVocê como Leão do Norte , penso que se esqueceu do fim do baixa cuequismo ao FCP , que colocou o nome do SCP enquanto rival e não clube simpático , hoje é temido e um clube como o SCP é temido , e eu sei o sentimento dos sportinguistas do Norte nesta questão.
- Mais união , acabar com o discurso "aqueles sportinguistas que"
- Melhor estratégia na política de aquisições e relacionamento com empresários
- Mais atenção à formação
- Falar menos
- Dar a volta a este estádio horrível que não orgulha nenhum sportinguista , que se de um jeito nisto de uma vez por todas, este estádio não tem alma (é díficil mas peço-lhe).
- Menos autopromoção (todos sabemos da sua importância no clube)
- É hora de uma postura mais Presidencial
De acordo, o estadio 'e de facto muito mau e aquele fosso...
EliminarConforme se previa, a única coisa que desvelou sobre o futuro do Sporting nesta "grande entrevista" é que o Bruno irá recandidatar-se. O que isso significa é um mistério, tal os zigue-zagues estratégicos que o caracterizam. Mais uma entrevista em que o "eu" se sobrepõe ao nós e em que o registo é o taberneiro habitual (sem mensagem, sem fio condutor, sem estratégia, sem objectivo que não a auto-promoção, um mero descorrer sobre assuntos da actualidade (ou não)).
ResponderEliminarMas há três apontamentos nesta entrevista que são de salientar.
O primeiro, quando diz que a ida para o banco é uma forma de gerir "há mais 20 anos". Ora bem, além do precoce gestor com 20 aninhos (este homem era um fenómeno já no ISG!!), estou a ver o bom do Bruno a ir dar instruções aos trolhas na instalação do soalho flutuante, só para saber que aquilo estava a ser bem instalado, e a achar que isto era forma de gerir o negócio. Surpresa, o negócio foi à falência.
O segundo é que ficámos todos esclarecidos sobre o que pensa o Bruno daqueles que o criticam: não têm ideias, não têm dignidade e são uns cobardes. Voilâ.
O terceiro é que ficámos também a saber que, para o bom do Bruno, o desporto é emoção e no desporto não há lugar a cortesia e cavalheirismo. Se ainda houvesse as argolas do símbolo olímpico no estádio, era desta que caíam de vez...
Mais 6 anos disto não por favor...
Auto-promoção q.b. alias à semelhança da nossa realidade (outras conversas).
EliminarAinda assim melhor que a auto-flagelação que aqui cometes, se fores mesmo adepto do sporting. As outras opiniões são importantes quando acrescentam substância, falar assim é pouco, não acrescenta e ocupa o espaço de outros (com ou sem dignidade ou cobardia).