Unhas há. Mas haverá dentes?
Terminou o mercado de verão e importa agora fazer o balanço da nossa actuação, tentando perspectivar as respectivas consequências. Assim, antes de ir ao pormenor, ficam as impressões gerais:
Em regra o Sporting foi diligente: definiu os alvos e concretizou as aquisições pretendidas de forma rápida e incisiva, o que terá estado na origem do sucesso relativamente a outros competidores, sobretudo nos casos de Pote e Nuno Santos.
O critério das aquisições parece ter sido o da procura de jogadores identificados com o futebol da nossa Liga, de rendimento comprovado, não requerendo adaptações.
No saldo final regista-se um misto de experiência e juventude que se adiciona a um plantel marcado pela juventude de alguns jogadores que parecem querer assumir algum protagonismo. Onde isso é mais notório e parece ter sido intencional foi na dupla para a baliza (Adán-Max) e na lateral esquerda (Nuno Mendes-Antunes).
O plantel foi construído ainda sem ser conhecido o desaire europeu. Se assim fosse talvez as opções tivessem sido outras, em particular para o meio-campo, onde a redundância é notória.
A dose de chocolate que os adeptos esperavam ficou pela metade. Se o regresso de João Mário foi o momento alto, a falta de um ponta-de-lança acabou por inevitavelmente defraudar as expectativas. Os nomes de Paulinho e Slimani para isso contribuíram. Qualquer um deles seria uma boa opção para Rúben Amorim. Se não ter vindo nenhum deles foi estranho, mais ainda foi a aparente fixação nestes dois nomes, quando o mercado neste patamar é vasto. Tendo sido consciente, é um risco que pode sair caro porque não parece haver no plantel jogadores com golo suficiente para as ambições de um bom campeonato. Especialmente nos jogos em que as equipas recorrem aos blocos baixos. E vão ser várias...
Ainda assim, e em jeito de conclusão, o plantel deste ano parece estar mais equilibrado e com pelo menos duas opções para cada lugar, para o qual os jogadores terão de lutar para merecer a titularidade. Não parecendo faltar unhas, fica no entanto a dúvida: terá este novo Leão dentes suficientemente afiados para as suas presas?
Adán: Pelas indicações dadas no inicio de temporada e que o jogo de Portimão parece ter confirmado será um elemento preponderante para a obtenção de pontos quando a sua disputa for renhida e aberta até aos momentos finais.
Porro: claramente uma melhoria em relação à existência, dará comprimento à ala, como se pode, embora os primeiros sinais indiciem dificuldades na precisão do jogo aéreo defensivo.
Fedal: um dos reforços com missão mais espinhosa pois quando se olha para aquele lugar ainda se vê Mathieu. Defesa experiente, bom jogo aéreo, veremos como controla a profundidade. Ainda não tivemos oportunidade para o ver sair a jogar, a precisão do passe longo.
Antunes: Será um importante reforço de experiência para ajudar nos acabamentos do quase imperial Nuno Mendes. Não havendo impedimentos deste, jogará pouco, não sendo de estranhar que o seu pé esquerdo possa ser um recurso para fechar os centrais do lado esquerdo. Isto se Gonçalo Inácio deixar...
Pedro Gonçalves: Uma das contratações mais excitantes e promissoras. Como se viu agora em Portimão é jogador para várias posições, o que lhe é permitido pela inteligência e conhecimento do jogo. Foi curioso notar, no melhor período do Sporting, como sabia ocupar os espaços e antecipar os lances, contornando assim o deficit físico face aos matulões algarvios. A bola sai dos pés dele, redondinha e deliciada com o trato.
Nuno Santos: tem tudo para ser o patinho feio por não ser uma malabarista. Estatuto que vai contrariar com rendimento elevado, raça e foco total na afirmação que procurou ao mudar-se para Alvalade.
Tabata: o joker deste mercado. Poucos imaginariam que o salto, que se adivinhou antes de da época de estagnação que foi o ano passado, fosse dado para Alvalade. Jogador com potência, arranque, velocidade e drible tem tudo para surpreender.
João Mário: a cereja no topo do bolo no encerramento do mercado. Qualidade técnica, conhecimento do jogo, critério a gerir os tempos de posse e passe, podendo executar a grande nível em mais do que uma posição no meio-campo. Um jogador de enorme qualidade e elegância cujo regresso, mesmo que só temporário, é uma boa noticia não apenas para o Sporting mas também para o futebol português.
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