Se a cabeça não acredita o corpo não funciona
O Sporting tem ainda uma palavra a dizer nesta Liga e, ainda que não seja campeão, espero que a última imagem seja bem diferente de uma equipa sem grande identidade, de solução única – bola no Gyokeres e fé no sueco – e que sobretudo não acredita nela própria. É que só podendo ganhar um, podemos ser derrotados por várias razões, mas nunca por não acreditarmos ou por desistirmos.
Mas para alterar o rumo descendente – no qual a onda de lesões é uma das causas, mas longe de ser determinante – é preciso mudar a postura que tem estado latente nos últimos jogos e que ontem acabou por ser determinante. É preciso querer mais do que simplesmente marcar um golito e esperar que o Gyokeres marque mais outro. É essa a mensagem que vem do banco, se percebe da bancada e que parece ser assim também entendida em campo. É preciso uma liderança afirmativa e não apenas o lamento da ordem que a equipa entrou assim ou assado. É preciso fazer o que fez Carvalhal ontem que, ao invés de se escudar nas ausências de Roger e Navarro, empoderou os miúdos que tinha à mão, obtendo o empate precisamente por um deles.
Seguindo precisamente o caminho inverso, Rui Borges recorreu ao lamento e, não satisfeito, ainda recorreu à desvalorização de um activo importante do Sporting – Harder - que, tendo apenas 20 anos e muito pouca utilização (especialmente sob a sua vigência…) é “apenas” o terceiro jogador mais influente, atrás de Gyokeres e Trincão. Tê-lo feito no dia do aniversário do miúdo (sim, é um miúdo) é miserável.
Ter colocado um jogador em que confessadamente não se acredita para resolver um jogo aos noventa minutos é ser, para ser simpático, incoerente. O pior é que já tínhamos percebido que Borges não acreditava também no Debast, mas teve que se socorrer dele para fazer o onze. Não acredita no Bilel, apesar de publicamente ter admitido que era de um jogador assim que procurava. Também não acreditou no Edwards, para agora se lamentar de não ter ninguém para por a jogar no lugar do fantasma que vagueia perdido em campo com a camisola do Trincão. Ora se a cabeça (o treinador) não acredita, como hão de acreditar o corpo (os jogadores) e os membros (todos nós)?
Como dizia acima este não é nem um artigo de capitulação ou balanço. Não se pretende por isso avaliar para já todo o trabalho de Rui Borges, muito menos as terríveis condições em que recebeu a equipa e que se eternizaram com o avançar das jornadas. Muito menos crucificá-lo.
Se a liderança, ao invés de afirmativa e corajosa, for medricas ou timorata não chegaremos a lugar nenhum. Ontem o resultado podia ter sido o mesmo, quiçá pior, sendo verdade que criámos oportunidades para obter uma vitoria. Mas, quando se está a ganhar apenas por um escasso golo e a bola não entra, é preciso que, a começar pelas ideias do treinador, demonstremos vontade de querer mais e não esperar que o tempo escorra até ao final. E ontem nem foi a primeira vez que Borges viu, entre o banco e a linha lateral, a equipa cair, deixar de pressionar e aceitar tacitamente o que o jogo desse, sem alterar uma dinâmica que fosse.
O
campeonato ainda não acabou, resta agora tentar vencer com o que nos
resta ou “morrer” a tentar. Afinal, apesar do resultado de ontem,
continuamos a depender só de nós. NÓS!
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