Leões em Mercúrio retrógrado
O clássico pode-se resumir em dois momentos de sorte (ou azar, neste caso para o Sporting, daí a referência ao conceito astrológico do título, relacionado com momento de menor fulgor e sorte):
- A poucos minutos do fim da primeira parte é perdoado um derrube de Geny Catamo que daria um penalty. O lance é claro, os jogadores estão isolados, pelo que o árbitro João Gonçalves nem precisaria de VAR. Optou por "não ver" e o colega no VAR era o... Rui Costa.
- O Sporting sofre dois golos em pouco mais de um par de minutos, já com a segunda parte a decorrer e ainda por cima quando vivia o seu melhor período no jogo. A equipa sentiu o golo, ainda conseguiu marcar, mas já não voltou a estar no controlo do jogo como até aí.
Convenhamos que o adversário se revelou muito melhor preparado do que nos dois anos anteriores. O treinador mesmo sendo novo no clube, em pouco tempo já conseguiu impor as suas ideias. Por outro lado, o Sporting que ainda vive um momento de transição, após a saída do seu elemento mais importante das duas últimas épocas, revelou algumas fragilidades defensivas, uma delas determinantes no sofrimento do golo inaugural. No ataque não conseguiu que a melhor arma que possui neste momento - a ligação Pote / Trincão / Suárez - funcionasse em plenitude porque os dois primeiros nunca conseguiram espaço para progredir em posse pelo centro. Nas alas faltou precisão e acutilância a Geny e na esquerda Mangas esforçou-se, mas sem beneficiar de ajuda de Pote.
Mal seria se ao quarto jogo houvesse razões para desesperos ou até deitar a toalha ao chão. Mas é indiscutível que o Sporting perdeu quatro pontos (3 da derrota mais um por perder com o adversário directo) que vai ter que os recuperar. Considerando as grandes diferenças para os restantes adversários fora do rol dos grandes, é muito provável que vá ter que fazer aquando da viagem ao Dragão, o que não nunca seria fácil, mas se a isso estiver obrigado, será uma tarefa ainda mais árdua.
Não foi um jogo brilhante do ponto de vista colectivo e do ponto de vista individual o destaque vai para o sub-rendimento quase geral, a que se terá eximido o capitão Hjulmand a larga distância de todos os demais.
Quanto à arbitragem, não é por acaso que há quem chame a João Gonçalves o novo Soares Dias. A mesma sonsice, sempre com o ar sereno e isento de remorsos, mesmo quando sabe que está a inclinar o campo. Sobre o penalty perdoado já falei acima, fora uns quatro cantos, quase todos quando o Sporting se superiorizou ao adversário, que transformou em confortáveis pontapés de baliza. De certeza que vai longe. Tão longe como o seu colega no VAR Rui Costa, que depois de uma carreira medíocre e de folha de serviços "prestados ao Sporting" bem preenchida no campo, agora quer acrescentar ao curriculum os feitos a olhar para o ecrã. Tem dado resultado a pressão exercida sobre a arbitragem desde que conseguimos com todo o mérito chegar ao bi-campeonato.