Vão ser precisos nervos de aço
Se é verdade que empatar em casa com o Arouca é um mau resultado, não é menos verdade que, face ás peripécias do próprio jogo, esse ponto acaba por ser um mal menor e isso deve-se à entrega total dos jogadores. Só uma equipa com um enorme coração conseguiria resgatar um ponto perante aqueles dez minutos de puro non-sense, mais dignos de um filme de terror, a somar a todas as outras contrariedades e problemas que se avolumam no seio do futebol do Sporting. Honra seja feita também ao adversário que procurou desde o principio ir em busca da baliza de Rui Silva, cuja actuação foi uma das principais responsáveis por evitar a derrota que, em muitos momentos, pareceu quase certa.
Em dez minutos o Sporting sofre um autogolo e duas lesões que obrigaram Rui Borges ir a um banco depauperado inventar soluções. No lance do autogolo a displicência de St Just, - é obrigação do defesa atender à forma como se faz um atraso para um guarda-redes que só pode jogar com os pés – acabou por dar ainda mais confiança a um Arouca muito bem orientado e servido de jogadores de bom índice técnico. A lesão de Bragança gelou o sangue até do adepto mais racional. Mas não ficaria por aí o infortúnio.
Não será nenhum exagero especulativo concluir que o cansaço e as dificuldades que têm sucessivamente impostas aos jogadores parecem estar a afectar o discernimento até daqueles que habitualmente se revelam os esteios de serenidade, como parece ter sido o caso do capitão Hjulmand neste encontro. Acaba por estar ligado a dois dos momentos mais importantes e definidores do jogo.
Não me parece discutível a existência de penalty – se fosse ao contrário reivindicaria a falta – o que é indiscutível é que o mesmo critério não nos deu um penalty sobre Gyokeres. Mas já deu para ontem dos concorrentes ao titulo fazer um golo que lhe pôs numa bandeja três pontos. Perante isto, se para nós é difícil manter a calma, imagine-se o que sentem aqueles que no relvado sentem que ser melhores não é muitas vezes suficiente. Subsistem muitas dúvidas se o segundo amarelo ao capitão seria mostrado em idênticas circunstâncias aos nossos rivais, mas é há pouco a dizer sobre a legitimidade da falta.
Resultante deste jogo foi o encolhimento para dois pontos da distância que nos separa do rival mais próximo e seis do terceiro lugar. Uma das condições para se ser campeão é ter nervos de aço. Quem se deixou enganar com a perspectiva de que os seis pontos da jornada passada nos dariam passagem tranquila não teve em conta os condicionalismos que afectam a equipa desde a saída de Rúben Amorim. Atrevo-me a dizer que em tempos não muito longínquos teriam significado já há algum tempo uma sentença de morte para as nossas melhores aspirações. Estamos vivos e em primeiro lugar e como já se viu ainda há muito ponto para ganhar e perder por TODOS os candidatos.
Só aqueles cujas pernas não tremem nem a voz esmorece nos momentos mais desafiantes merecem pisar o Marquês em Maio. Só esses estão à altura do esforço e do suor dos jogadores que no sábado deixaram a pele em campo.
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