O último mercado de Hugo Viana na revolução do Sporting
Quando, por ocasião do anúncio da partida de Coates, anunciava aqui o fim de uma era estava longe de antecipar a mudança profunda que o futebol do Sporting empreenderia nesta época, desde o seu início e até entrando pela dentro.
Estamos na presença de uma reformulação quase integral de toda a estrutura do futebol leonino. Do triunvirato que o superintendia – Frederico Varandas, Hugo Viana, Rúben Amorim, subsiste apenas o presidente. Viana fiz o seu último mercado e já está em funções Bernardo Palmeiro (um regresso, após passagem pelo Rio Ave) e Rui Borges senta-se agora no lugar outrora ocupado por Amorim. O nome de Flávio Costa merece também atenção, pois terá a cargo o tão importante gabinete de prospecção e scouting. Simultaneamente o Sporting via partir os elementos mais experientes: Coates, Paulinho, Adán e Neto, três capitães.
Saídas
Edwards sai, deixando atrás de si um pecúlio de golos importantes e provavelmente dos melhores que se viram nos últimos anos no Sporting. Mas sai sem deixar a marca que se esperaria pelo seu talento e que o projetasse como uma referência incontornável. A ideia de que era possível lá chegar foi uma chama demasiado intermitente e que a falta de consistência é uma barreira entre ele e o sucesso. Uma falta que parece apena nas suas mãos resolver, isto mesmo reconhecendo que teve azar este ano com as lesões no dealbar da temporada.
É provável que até ao fim dos diversos mercados ainda abertos se encontrem soluções para Esgaio e Kovacevic. O guarda-redes não trouxe o que se foi à procura – segurança e estabilidade e parece estar de regresso ao país de origem, a Polónia , desta feita para o Légia.
Entradas:
Justamente por Kovacevic não ter resultado e Israel ainda demonstrar em algumas situações que parece curto para as necessidades de uma equipa que quer ser campeã nacional que o Sporting viu em Rui Silva a possibilidade de trazer, a par com a experiência, a segurança e estabilidade necessárias. Uma vez que grande parte do seu trajecto foi realizado na vizinha Espanha, pouco se conhecia dele, para lá das chamadas à selecção nacional. Os poucos jogos até agora efectuados permitem para já perceber que tem um bom jogo de pés, que controla muito bem a profundidade, faltando ainda ser verdadeiramente posto à prova entre os postes.
A lesão de Pote e a saída de Edwards veio aprofundar a necessidade de acrescentar um elemento que usasse preferencialmente o pé direito. A escolha recaíu em Biel, um jogador cujo trajecto não é propriamente brilhante, parecendo configurar uma aposta do scouting. A grande dúvida é se trata de um atleta capaz de merecer de Rui Borges uma aposta no onze inicial imediatamente ou chega para crescer. Do pouco que sabe, parece ser um jogador rápido, com recursos técnicos que lhe permitem vaguear entre linhas, criador de situações de jogo que lhe permitam assistir mais do que finalizar.
Faltou um defesa lateral direito, o que é um pouco estranho, pois foi onde, pelos menos aparentemente, onde o Sporting empenhou mais tempo. Alberto Costa e Andrés Garcia escolheram outros destinos. Fresneda, a crescer de jogo, continua contudo a revelar fragilidades no 1x, mas parece ainda a tempo de recuperar o brilho que mostrou no inicio da carreira e o tornaram um nome presente em muitas listas de scouting.
Por fim, mas muito importante, é o reconhecimento do trabalho efectuado por Hugo Viana, que abandona o Sporting com a mesma descrição com que entrou. É uma peça incontornável no sucesso e recuperação recentes do Sporting. O seu palmarés certifica-lhe a qualidade e o novo destino confirma-o como um nome importante o panorama do futebol europeu, mais ainda pela juventude – apenas 42 anos - que é até invulgar encontrar no desempenho do cargo. Muito ganharia o Sporting se quem o segue agora no cargo.
Hugo Viana está associado á recuperação desportiva que está intrinsecamente ligada à recuperação económica. As primeiras aquisições no tempo de vacas magras não foram particularmente brilhantes, registando negócios pouco recomendáveis, com Rafael Camacho (sobretudo pelos altos vencimentos / fraco rendimento desportivo) mas depressa mudou a agulha. Escolhas como Adán, Nuno Santos, Pedro Gonçalves Ugarte, Porro, Paulinho, e mais recentemente Hjulmand, Harder, St. Just e o “monstro” Gyokeres são medalhas honoríficas que qualquer profissional do seu ramo gostaria de ostentar. Apesar de todos esses nomes, a ideia de ir buscar Amorim a Braga é um momento sublime e definidor. Os resultados falam por si.
Palmarés como jogador:
Primeira Liga: 2001–02
Taça de Portugal: 2001–02,
Taça UEFA: Finalista 2004–05
Palmarés como director desportivo
2 Campeonatos Nacionais
1 Taça de Portugal
1 Supertaça
3 Taças da Liga
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