No site do Público:
"A profissionalização do árbitros portugueses já está em marcha. A
direcção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) deliberou esta
quarta-feira atribuir 150 mil euros para a primeira fase do projecto,
que deverá estar concluída no final da presente temporada.
Este é o passo inicial para
a concretização de uma medida há muito aguardada pela classe. Depois do
lançamento da Academia de Arbitragem, a FPF, sob a liderança de
Fernando Gomes, avança para o terreno com um projecto que tem sido
defendido com unhas e dentes por Vítor Pereira, presidente do Conselho
de Arbitragem (CA)."
Em teoria a profissionalização dos árbitros é uma boa medida, inevitável até. Serão os últimos, ou dos últimos, a permanecer amadores ou semi-amadores num mundo altamente profissionalizado e em que cada agente é compelido a especializar-se ou ficar a ver os comboios a passar. Mas não é por essa circunstância que a arbitragem se deve profissionalizar, antes pela exigência da própria actividade. Que ninguém duvide, julgo que ninguém o faz, que tomar centenas de decisões em 90m de jogo requer aptidões excepcionais, além da vocação e talento específicos, que têm de ser considerados como pré-requisitos.
Na prática a profissionalização pouco ou nada irá curar a doença crónica de que padece a arbitragem: a suspeição. E sem eliminar as razões da infecção não se eliminará a doença. Por isso antes de se passar à profissionalização, ou até em simultâneo, mais do que sinais de desinfecção dever-se-iam tomar medidas muito concretas na eliminação da opacidade envolventes, afinal o caldo de cultura para todas as bactérias e parasitas que se alimentam do meio.
O Apito Dourado, como qualquer oportunidade perdida, ao ínvés de criar um novo regime, só veio acentuar a desconfiança em torno da arbitragem, criando nos adeptos, perante as evidências, a ideia de impunidade. Os actores são mais o menos os mesmos, os procedimentos também pouco mudaram. Saber que Lucílio Baptista viu os seus recitais premiados com um lugar
de vogal no conselho de arbitragem não ajuda a credibilizar o meio,
antes pelo contrário. Não saber quem são, como e porquê são recrutados os observadores também não. Mas estes são peças fulcrais na classificação dos árbitros e que por isso influenciam quem sobe e desce, logo quem chega a internacional. O mesmo é dizer quem ganha mais, provavelmente o cerne da questão.
Os próprios árbitros também continuam a ser os mesmos, esses que durante anos foram incapazes de fazer uma denúncia ou sequer uma nota de protesto contra pressões a que estiveram sujeitos. Pior, foi por serem coniventes e não o fazerem que hoje alguns conseguiram chegar a internacionais. Esta subserviência, este beijar a mão do dono, é a raiz da sua própria descredibilização aos olhos dos adeptos. Reconhecida a subserviência generalizada, há que apontar a incompetência
pura e dura. João Ferreira, Capela, Paulo Baptista, são-o, isto para
citar apenas alguns.
(Há dias tomei conhecimento de um dado curioso e que escapa à generalidade dos adeptos, mesmo dos que "consomem" futebol diariamente. Jorge Coroado, à época talvez o melhor árbitro, seguramente um dos melhores, esteve 6 anos sem arbitrar um jogo que fosse do FCP. Este dado só não é estranho porque se sabe que, para lá da sua propensão para a azia, era conhecido por não ser pressionável. O resto cada um que julgue por si.)
Mas será que os árbitros portugueses são piores que os outros? Não creio, antes pelo contrário. Afirmo isto no que à apreciação técnica diz respeito e pelo que vejo nas suas actuações em competições internacionais. Mas das suas actuações nos rectângulos do nosso rectângulo com vista para o mar é como se víssemos outros. Aqui os critérios são de geometria variável, adaptando-se em função da cor da camisola de quem quem faz a falta, de quem mete a bola à mão, ou o inverso. Afinal o mesmo que se verifica com as decisões do Conselho de Disciplina na apreciação e consequente punição de uma cuspidela e que leva os adeptos a pensar que ainda vão ter que esperar pelas melhorias da doença que infecta o futebol português.
Resta esperar que Fernando Gomes e sobretudo Vítor Pereira consigam impor uma nova ordem, a que é imprescindível uma limpeza prévia e consequente abertura e transparência em todos os actos. Que contarão sempre com a reacção corporativa e de quem tem na arbitragem o seguro de vida para o estatuto que actualmente detém no futebol português.
Um artigo destes parte dos conhecimentos e até preconceitos do autor. Podemos concordar ou não, tudo bem. Mas, amiúde, certas afirmações, mesmo entre parêntesis, revelam precisamente os seus preconceitos mais do que os conhecimentos. E nesta matéria de arbitragem cada qual terá a sua verdade. Nada melhor do que os factos. Quero enfatizar, por exemplo, essa informação errada, que criou o preconceito genérico nos sportinguistas que parecem nunca terem tido arbitragens favoráveis e árbitros até bem "amigos", sobre J. Coroado e os 6 anos sem apitar o FC Porto. É mentira, factual. Como tenho os árbitros de todos os jogos do campeonato dos 3 grandes desde 1984-85 e estão todos devidamente repartidos pelos nomes dos árbitros, pois isso é mais uma treta que, atirada a talhe de foice, serve como que para infirmar o que se diz no tema, com uma dose de veneno aplicada para dar mais força ao argumento.
ResponderEliminarDe resto, quem mais tem a mania de falar de arbitragens menos dados e factos tem à mão. É só mais um exemplo de falar por falar. Do JC e o FCP, pior é falar por ouvir dizer. Convém até ter elementos/dados próprios e não confiar em fontes de Imprensa que, enfim, são tudo menos credíveis. E contribuem para a desinformação.
do comentário do Zé Luís conclui que as informações do senhor são mais credíveis que as da comunicação social
ResponderEliminarse não quer cair no ridículo, desafiava-o a desmentir a afirmação que o LdA fez em relação ao Jorge Coroado...caso contrário terei de o colocar no mesmo lote da imprensa, ou seja, sem credibilidade nenhuma e que só contribuiu "para a desinformação"