É uma daquelas banalidades em que o discurso futeboleiro é pródigo: "o jogo mais importante é sempre o próximo". No caso do nosso próximo jogo com o Setúbal a importância é exacerbada por uma série de factores que me parece não poder deixar passar despercebidos:
- O jogo infeliz com o Rio Ave, o último jogado em casa, requer a devida exorcização para que perder pontos em casa não se torne numa obsessão para jogadores e adeptos.
- Algumas semelhanças do adversário de amanhã com o Rio Ave e as características habituais das equipa de José Mota: futebol duro, canela até ao pescoço, futebol directo, a explorar as brechas de quem, como nós, tem obrigação de ganhar e para tal tem que atacar mais vezes, mais tempo. Mota precisa de pontos e não tem receio de jogar tudo num pontinho que seja.
- A lesão de Jefferson. Nenhuma lesão é oportuna, mais ainda num plantel curto, muito menos será a de um defesa que fez todos os jogos e é importante na manobra ofensiva da equipa. A solução que me parece mais óbvia e sensata é a deslocação de Rojo para a esquerda e regresso de Dier ao centro. Até porque terá que ser provavelmente a mesma solução para a jornada seguinte, no Dragão. Contudo é difícil não prever que se perderá alguma dinâmica deste lado.
- Uma das poucas vantagens de renovar completamente a equipa a cada ano futebolístico é quase não haver jogadores que se lembrem do curriculum de Duarte Gomes. Desde as
peitadas em Alvalade a vergonhosas prestações
como no Dragão ainda no tempo de Paulo Bento. Resta esperar, até porque mais não podemos fazer, que a anormalidade da jornada passada se repita: o Paulo Baptista, nosso velho conhecido, deu lugar ao que deve ser sempre um árbitro de futebol, eficaz e discreto.
- Por último, mas não menos importante: a vitória com o Setúbal põe-nos no Dragão a lutar pelo primeiro lugar. É difícil que este facto não perpasse na cabeça dos jogadores. É nestas alturas que se fala do estofo. É nestas alturas que se nota a diferença entre as grandes equipas e as outras. Um jogo difícil também porque é nestes jogos que fica decidida grande parte da sorte do jogo seguinte, o tal "mais importante". Esperemos que não haja intervenções cirúrgicas tendentes à amputação dos nossos melhores membros...
Nota: Não me parece que o Sporting mesmo ganhando os próximos dois jogos e chegue ao primeiro lugar deva mudar o discurso. Não apenas porque ninguém leva a sério quem fala ao sabor das circunstâncias. Não apenas porque há quem tenha gasto muito mais e esteja melhor apetrechado e por isso se tenha que assumir e puxar dos galões. E, finalmente, porque a procissão ainda vai no adro. Mas é importante que esta equipa ainda jovem se habitue a pisar o espaço coberto pelo palio da procissão do futebol português.
Excelente texto.
ResponderEliminarVamos Sporting, rumo ao nosso lugar!