Poupar por causa desse colosso, o Arouca?
Foi pela frase acima que começaram muitas das reacções ao resultado do jogo de ontem, algumas até quando se soube o alinhamento da equipa escolhida por JJ. Pela sobranceria. A mesma que os jogadores usaram no jogo com o Skenderbeu.
Nem com o Sekenderbeu nem com o Arouca a disputa é sobre o passado histórico de cada clube. A disputa é, como sempre em futebol, entre onze jogadores pela posse da bola, procurando marcar o maior número de vezes num espaço temporal de noventa minutos. Apenas aí e é aí que temos de jogar tudo e com tudo, porque antes e depois não conta.
Fazia sentido poupar jogadores por causa do Arouca?
Sem dúvida, especialmente em alguns jogadores-chave, sobrecarregados de jogos. Como se irá ver domingo, o campo é difícil pelas dimensões, a que acrescerá o facto de a semana ter sido chuvosa, com as respectivas consequências no relvado a fazerem-se sentir. Não deve ser também desconsiderado o valor do adversário, como me pareceu ter sucedido ontem, até porque a equipa adversária está muito bem orientada por um treinador que pode muito bem ambicionar outros voos.
Era possível poupar jogadores sem comprometer o resultado?
A resposta à questão acima já havia sido dada previamente, praticamente os mesmos jogadores golearam o mesmo adversário semanas antes. Porém o futebol é imprevisível e este ponto será melhor escalpelizado abaixo.
Revisitar "Guimarães 2014" na Albânia em 2015
A 1 de Novembro do ano passado o Sporting sofreria uma derrota cujos reflexos se estenderiam até ao final da época, expondo à evidência uma relação de instabilidade e atrito entre a SAD e o então treinador. Passado um ano e quatro dias o Sporting sai vergado por resultado idêntico de forma igualmente surpreendente. É verdade que não jogamos com a equipa titular, como aconteceu em Guimarães, mas não é menos verdade que o Skenderbeu não é o Guimarães. Derrotas como esta não se circunscrevem ao plano desportivo abalam o prestígio e o bom nome do clube quer a nível interno, quer externo.
Tal como então está em causa o brio profissional dos jogadores. Discordo quase sempre que seja este o caminho seguido porque não há qualquer indicio de menor comprometimento dos jogadores como o clube ou com o treinador, antes pelo contrário. Foram estes os mesmos que golearam os albaneses em Lisboa e estiveram quase sempre bem quando foram chamados. Tal como em Guimarães 2014, ontem foram várias as coisas que correram mal ao mesmo tempo.
Será contudo igualmente mau fazer-se de conta que não aconteceu nada como dramatizar excessivamente. Especialmente entre os jogadores mais jovens o talento não se extinguiu e, devidamente enquadrado entre os melhores, encontrará condições para vingar. Que se tenha aprendido alguma coisa com o sucedido no ano passado e que a derrota de ontem não seja completamente desperdiçada.
À atenção de JJ
Embora de forma não especialmente esclarecida, JJ acabou, como não podia deixar de ser, por assumir as responsabilidades pelo fracasso da estratégia seguida para o jogo. Mas não deve deixar de reflectir sobre o resultado e especialmente o que ele significa para o clube, em particular para os adeptos. Alguns pontos em especial:
- JJ não pode parecer apenas especialmente motivado para ganhar o campeonato e à sua antiga entidade patronal. O Sporting, mesmo com os actuais constrangimentos, tem um nome a defender e é possível e obrigatório fazer mais e melhor.
- Uma coisa é rodar alguns jogadores outra é jogar com as reservas. Não é possível a jogadores sem rotinas e sem ritmo responderem ao mais alto nível.
- Do ponto de vista do enquadramento psicológico, jogar com jogadores habitualmente reservistas é dizer-lhes ou que o adversário é fraco ou que o jogo não é importante. Em jogos em que as circunstâncias parecem conspirar contra nós, como o de ontem, acabamos por ficar limitados no poder de reacção. É o perigo que estas rotações encerram e ontem pagamo-lo bem caro.
- Ao optar por uma rotação excessiva JJ expõe os jogadores em demasia e ele, melhor do que ninguém, sabe isso.
- Tentar salvar Bruno Paulista do naufrágio geral é não perceber o que realmente aconteceu ontem e, quando assim é, a possibilidade de algo semelhante voltar a suceder é enorme.
Estou à vontade para falar sobre JJ, porque continuo a pensar que tendo terminado como terminou a ligação do técnico que o precedeu, a sua contratação era a única solução que poderia significar uma mais-valia para o clube. Tanto assim é que as derrotas de Jesus continuam a ser festejadas pelos nossos adversários, em particulare os adeptos do seu anterior clube, como se de vitórias próprias se tratassem. Além de demonstrar que a digestão ainda está por fazer é um bom indicativo da importância que lhe atribuem como fautor do nosso sucesso.
Ewerton nas pisadas de Rodriguez?
Como se costuma dizer o que torto nasce tarde ou nunca endireita sendo a contratação de Ewerton um exemplo vivo. Chegou sem estar pronto para jogar, quando a época começou lesionou-se novamente com gravidade e ontem volta novamente ao estaleiro. Aquele que é talvez o nosso melhor central tem também de ser muito mais fiável sobe pena de ser melhor apostar em quem possa oferecer estabilidade e continuidade na aposta.
"JJ não pode parecer apenas especialmente motivado para ganhar o campeonato e à sua antiga entidade patronal." - esta frase é totalmente esclarecedora, e penso que se deve estender a mesma uns quantos adeptos. A verdade é que parece que existe dois JJ, um para a liga portuguesa e para jogar contra o SLB, e outro para o resto dos jogos. Impensável para um Clube como o Sporting Clube de Portugal...
ResponderEliminarTambém concordo que a referência ao Paulista foi mais do que infeliz, não só porque não corresponde ao que se passou em campo, mas principalmente por rebaixar ainda mais os restantes jogadores que estiveram em campo.
Nunca pensei que houvesse tanto medo do Arouca...
" JJ não pode parecer apenas especialmente motivado para ganhar o campeonato e à sua antiga entidade patronal. O Sporting, mesmo com os actuais constrangimentos, tem um nome a defender e é possível e obrigatório fazer mais e melhor."
ResponderEliminarConcordo a 100% com esta afirmação, como alias ja tinha dado a entender no post anterior.
O que se passou ontem, não teve a haver com tatica, não teve a haver com falta de habilidade. O adversario era demasiado inferior para se entrar com estes aspectos. O que aconteçeu foi uma falta de entrega gritante de parte de todos, desde o treinador e acabando nos seus jogadores.
O Jesus já fez o mesmo no Benfica, com bons e maus resultados. Quando foi a epoca seguinte ao "quase tudo que não foi nada", lembro-me que uma equipa de segundas linhas do Benfica ate conseguiu eleminar o Porto no dragão para a taça da liga. Mas isto não aconteçe por acaso, e é tudo uma questão de mentalidade, e trabalho, e vontade.
E este tipo de mentalidade, não se impoe em 3 meses claro!
Mas a questão principal é perceber se esta mentalidade, esta sequer a tentar ser incutida nos jogadores. E digo isto pela atitude do treinador em relação a prova em questão, por algumas vibrações que ele "emite", e pela consequente diferença de entrega que os jogadores mostram ca dentro, e lá fora, quando o normal ate é o contrario.
Temos o caso do Porto, que é exactamente o oposto. Já o ano assado não foi campeão por causa disto. Jogadores de enorme qualidade, já com algum traquejo e nome, mas que pareçem só querer suar a camisola depois de ouvirem tocar o hino da champions.
E para nós ate da jeito que eles assim se mantenham realmente.
LdA,
ResponderEliminarFoco-me apenas nestes pontos referidos por si:
"Do ponto de vista do enquadramento psicológico, jogar com jogadores habitualmente reservistas é dizer-lhes ou que o adversário é fraco ou que o jogo não é importante. Em jogos em que as circunstâncias parecem conspirar contra nós, como o de ontem, acabamos por ficar limitados no poder de reacção. É o perigo que estas rotações encerram e ontem pagamo-lo bem caro."
Não acredito que a "lavagem cerebral" que habitualmente é feita pelos treinadores na preparação do jogo não tenha sido: Mostrar confiança nos jogadores e dizer-lhes que embora o jogo seja difícil confia nos seu potencial para o vencer. O que ontem me pareceu foi exactamente o oposto do que diz. JJ certamente os preparou para as dificuldades, eles é que pensaram no que fizeram em Alvalade e acharam que por terras albanesas seria igual. Quanto as rotinas, nas poucas peladinhas que JJ faz nos treinos, certamente temos de um lado o melhor 11 e do outro os menos utilizados, o que faz com que também ganhem essas rotinas....o que me pareceu, volto a referir, foi uma sobranceria dos jogadores.
"- Tentar salvar Bruno Paulista do naufrágio geral é não perceber o que realmente aconteceu ontem e, quando assim é, a possibilidade de algo semelhante voltar a suceder é enorme."
Não penso que seja um salvamento apenas uma constatação de que foi o unico que terá cumprido tacticamente com o que foi pedido e que talvez tenha sido o único que tentou dizer que embora sendo pouco utilizado, queira ser mais. JJ mais do que ninguém sabe o "material" que tem em mãos e aqueles ouvidos ferveram bem após o jogo.
Mixed feelings quanto ao post.
ResponderEliminarNão partilho da sua perspectiva em relação à Liga Europa. A visibilidade da competição é praticamente nula e os proveitos financeiros que dela resultam são escassos. Basta ver o que foi a prestação das equipas inglesas na eliminatória da fase de grupos em que jogaram com 2ªs linhas e foram eliminadas por equipas praticamente desconhecidas. Dito isto, parece-me que JJ fez bem em escalar os habituais não titulares para o jogo em questão. O jogo foi lançado em circuntâncias anormais: péssimo relvado, arbitragem demasiado permissiva e antes dos 20 minutos já a perder por 2-0 e a jogar com 10, a fazer lembrar a final da Taça. Onde me parece que JJ não esteve bem foi quando tira Tanaka (aos 18m e a perder por quase 2-0) passando um sinal errado à equipa.
Concordo totalmente com a reprovação das afirmações em relação ao Paulista. Fez um jogo paupérrimo, tal como os companheiros, e ainda não percebo a sua contratação, principalmente tendo em conta os valores envolvidos e tendo Palhinha e Semedo nos quadros.
"as derrotas de Jesus continuam a ser festejadas pelos nossos adversários, em particular os adeptos do seu anterior clube, como se de vitórias próprias se tratassem".
ResponderEliminarparabéns, assim alguns benfiquistas que fazem isso já sabem como é a vida de um sportinguista, que ganha uma champions de cada vez que o Benfica perde, seja quem for o seu treinador...
As derrotas do benfica são festejados da mesma maneira pelos nossos. O problema reside no facto de jj achar, e bem, não ter pantel para várias frentes e os 2 milhões de prémio. A sobranceria dos jogadores não tem que ver serem da a ou da b.
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