Quantos Coates precisa o Sporting para se abrigar?
Quando apareceu em 2009 Coates surpreendeu pela rapidez que exibia para um jogador com o seu porte atlético (1,96m). Porém foi um apurado sentido posicional e leitura de jogo que o notabilizaram, o que frequentemente lhe permitia antecipar as jogadas e estar no sitio certo. Apesar da sua tenra idade, Coates construiu uma imagem de central de perfil cerebral, mesmo em situações de pressão, o que de certo modo justificava a sua precoce aparição como titular do Nacional de Montevideu e depois na selecção.
Hoje, com 25 anos, a sua silhueta esguia está moldado por mais músculos, certamente fruto do trabalho físico tão habitual em Inglaterra e que parece ser responsável pela menor rapidez. É pelo facto de ter perdido a titularidade no Sunderland, onde acumulou quase 1.500 minutos de jogo, que o Sporting viu abrir-se a janela de oportunidade de o contratar. Uma jogada de risco para ambos os lados porque se se trata de um jogador obviamente caro e com estatuto a exigir titularidade, não é menos verdade que há sempre um risco latente para um atleta que desce da Premier League para uma liga considerada menor e logo para integrar a equipa que a lidera. O facto de já não haver jogos para experimentações e rodagem acentuam o índice se risco.
O que o "caso Slimani" nos veio anunciar é que o sistema já é à prova de novas tecnologias
Brincando com o nome do novo central, pronunciando-o ao jeito anglo-saxónico (coats = casacos) formulei o titulo do presente artigo. O objectivo é aproveitar também esta ocasião para abordar o recente desenvolvimento no caso Slimani, em que o jogador passa a ser objecto de procedimento disciplinar. Face às imagens disponíveis e sobejamente conhecidas de todos pode-se considerar aceitável aquela acção. Já o mesmo não se pode dizer do arquivamento dos processos intentados pelo Sporting a alguns dos jogadores do SLB, que tiveram comportamentos semelhantes ou até mesmo mais graves e que as imagens, conhecidas de todos também, documentam.
O recurso à parcialidade num qualquer julgamento costuma ser acompanhado de algum disfarce ou manobra de diversão. A forma descarada com que se toma esta decisão revelam a frieza e segurança dos sicários que se sabem a coberto de qualquer punição. Contam com o silêncio cúmplice de todos quantos gostando de futebol preferem calar-se por lassidão ou conveniência. As imagens valem mesmo por mil palavras, sendo por isso reveladoras.
Mas se quisermos ficar apenas pelas palavras há que acrescentar mais um dado que torna esta decisão incompreensível: Nos regulamentos da FPF só é possível o castigo a um jogador com base no que está escrito nos relatórios dos jogos. Ora o lance do Slimani, bem como todos os outros dos jogadores do SLB, não constam do relatório do jogo.
Como é que o Conselho de Disciplina contornou este "pormenor"? Chama o árbitro de jogo que, à posteriori (!) se pronuncia sobre o lance, acolhendo a teoria do SLB. Já sobre actos de igual teor praticados por jogadores benfiquistas o árbitro declara que "não vê qualquer agressão." Face ao que as imagens documentam, isto seria suficiente para colocar em causa a sua capacidade para o exercício da função, para defesa do futebol e até do próprio, como seria natural.
Obviamente que esta grau de articulação entre Conselho de Disciplina e arbitragem para satisfazer uma das partes (o SLB) não é casual. Mas há algo de muito mais grave em tudo isto e que parece para já estar a escapar à atenção geral:
Este nível de comprometimento e parcialidade demonstra que a introdução de novas tecnologias não será suficiente para garantir a isenção e verdade desportiva e a credibilização do futebol. É isso que me parece estar a ficar agora demonstrado quando um órgão disciplinar e um juiz conseguem distorcer e contornar o que é claro e evidente para todos. É isto que o famigerado sistema parece querer agora anunciar.
Poder-se-á perguntar se tudo isto não é apenas uma tentativa de desestabilização, e que no final prevalecerá o bom-senso? Confesso que, depois de ter assistido ao "porco a andar de bicicleta jurídico" que foi a invenção do "dolo sem intenção" tudo é possível.
Voltando ao titulo do post, "quantos Coates precisa o Sporting para se abrigar"? Pois não sei. É que se e certo que quem anda à chuva se pode molhar, gente deste jaez é capaz de fazer a chuva cair de baixo para cima, tornando completamente inútil o melhor dos casacos, por impermeáveis que sejam.
Há coisas que não mudam...
ResponderEliminarÉ verdade que passamos do 8, presidentes / estrutura que não dizia(m) um piu nem fazia(m) nada), para o 80 presidente que passa a vida a reclamar, com e sem razão, em momentos oportunos ou nem por isso, de forma correcta e legitima ou de forma despudorada. Mas, tenha o SCP um presidente que reclama ou que se cala, levamos sempre na marreca da mafia (os tais sicarios...). Mais ainda qd lideramos a classificação da Liga insistentemente.
Eles tinham tanta esperança num escorreganço real na mata...
Para o SCP ganhar uma LIGA não basta ser melhor, tem que ser MUITO melhor e mesmo assim é (qs) sempre à rasquinha e com poucos pontos de diferença... Força SpoooOOOoooorting!
Virgílio.
Obrigado pela análise ao novo central, que desconhecia.
ResponderEliminarSabem-me informar qual o artigo dos regulamentos?
Obrigado e SL
Penso que no ano passado essa regra foi mudada, pode-se agora recorrer às imagens e vídeos para analisar os lances.
ResponderEliminarPor muito que não goste ou esteja ressabiado com a pessoa de BDC . Se vc fosse sportinguista de verdade punha o Sporting em 1º lugar em vez de estar sempre no bota abaixo. Prefiro pensar que é boifiquista, pois seria uma falta de dignidade tal que qualquer pessoa teria pena desse ser humano.
ResponderEliminarCaso a FPF continue com processo SLIMANI e não o arquive de imediato o processo. SPORTING deveria anúnciar a retirada imediata de TODOS os seus jogadores das Seleções Nacionais
ResponderEliminar"Nos regulamentos da FPF só é possível o castigo a um jogador com base no que está escrito nos relatórios dos jogos."
ResponderEliminarFalso. O regulamento prevê recurso a imagens televisivas.
Vir aqui como anónimo contradizer o post sem fundamentar é pouco honesto. Isto é o que diz o regulamento e é claro:
Eliminar1.
A decisão em processo sumário é sustentada em relatórios da equipa de arbitragem, dos elementos
das forças de segurança públicas ou dos delegados da FPF, por auto com infração verificada em
flagrante delito, ou declaração do arguido.
2.
O processo sumário su
stentado em auto por infração por flagrante delito é elaborado por instrutor
nomeado para o efeito, e baseia
-
se na transcrição de factos percecionados diretamente, ainda que
através da visualização de imagens televisivas que demonstrem e comprovem inequivo
camente, os
factos que consubstanciam a infração, bem como os seus autores.
De facto com tanta impunidade o Sporting bem pode lutar pela introdução das novas tecnologias que eles arranjarão sempre forma de aplicar a lei à sua medida.
ResponderEliminarExcelente artigo, parabéns.
Penso que é notório que o Sporting continua sem ter ninguém nos órgãos importantes do futebol português. Lembro-me há uns anos o Pinto da Costa "ilibar" o Deco numa agressão a um árbitro e o jogador apanhou um jogo de suspensão...
ResponderEliminarNada de novo no futebol português, nada de novo...
Acerca da contratação do Coates, penso que foi muito bem feita. Empréstimo, o que não nos faz ficarmos com um activo que não desejamos caso o jogador não corresponda. É pena os 5 milhões caso o Sporting o queira contratar. É quase o dobro do que o Sunderland pagou, mas pronto. Vai-se ver.
SL
Dani
Centrais é à dúzia desde 12/13! Este, emprestado, é só o mais caro. Um case study em qualquer clube, em qualquer parte do mundo.
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