Finalmente com uma réstia de tempo (mais ou menos...) para
escrever, vou-me debruçar sobre os temas que recentemente ocuparam a atenção dos
Sportinguistas e me captaram a atenção. Não falarei sobre o recente jogo com o Varzim porque, para lá da
pobreza da exibição e da preocupação que ela suscita nada há de relevante a dizer sobre ele.
Bastaram seis dias para Bruno de Carvalho afastar as dúvidas
sobre a sua própria candidatura. A essa decisão muito terá ajudado o
aparecimento de um candidato, Pedro Madeira Rodrigues. A rapidez com aparece
uma lista cheia de nomes para uma comissão de honra confirma que o tabu da
recandidatura nunca o foi verdadeiramente. Sobre esta não só a vejo como
natural como necessariamente saudável. É a forma mais democrática de sujeitar o
mandato que agora termina à imprescindível avaliação dos sócios.
Ora até agora ambas as candidaturas não produziram mais do
que palavras de circunstância, bem como as habituais paradas e respostas,
resultantes da marcação cerrada que cada um dos movimentos passarão a dedicar uma
a outra. O que de mais relevante me chamou à atenção foi a já famosa “Comissão
de Honra” pela sua composição e sobretudo pelo seu significado.
Composição
Relativamente à sua composição há uma nota
significativamente positiva que assinalo, que é a sua inclusividade e abrangência.
Essa é uma característica que respeita a natureza do próprio clube e uma das
razões da sua grandeza. Sobre a inclusão de elementos não Sportinguistas nem me pronuncio.
Há porém na composição da famigerada lista uma notável incongruência e inflexão que não pode deixar de ser assinalada, tendo em conta aquela que era uma das notas mais
destacadas do discurso que trouxe Bruno de Carvalho e dos que lhe eram mais
próximos. Isto leva-me a uma série de perguntas que me parecem não apenas
oportunas mas imprescindíveis:
Era aquele discurso meramente circunstancial e por isso puramente
oportunista, com o único objectivo de ganhar as eleições?
Como convivem na mesma lista nomes de pessoas que durante
anos foram e acusadas de autores e cúmplices
de malbaratarem o património do clube com aqueles que os responsabilizaram por
esses actos e puseram em causa a sua dignidade e honorabilidade?
É a integração de alguns elementos uma tentativa de
pacificação ou uma mera tentativa de reabilitação de alguns dos seus
integrantes?
Como é possível condenar mandatos de ex-presidentes e “absorver”
e reabilitar aqueles que, no âmbito das funções que lhes estavam atribuídas,
deveriam ter fiscalizado as suas actuações e não só foram coniventes como ainda
emitiram pareceres favoráveis e quase sempre elogiosos?
Como é que passarão a partir de agora a ser apodados os
elementos ligados às gestões anteriores, mas que agora o seu nome honra esta
candidatura?
A lista tem estado em permanente actualização. Atendendo à
presença de Paulo Paiva dos Santos ela tem que ser actualizada à noite e depois
logo imediatamente pela manhã?
Significado
Porém mais importante que discutir a lista de forma nominal
é o seu significado, até porque dela fazem parte nomes que se confundem com a história do Sporting. A sua simples constituição na candidatura de Bruno de Carvalho
não pode deixar de ser uma surpresa, mas desagradável. Significa o regresso do
conceito de notáveis, uma das marcas mais profundas e nefastas do período do
chamado “Roquetismo”, um dos conceitos mais fracturantes
entre os Sportinguistas.
Como foi notório para a generalidade dos Sportinguistas, muitos daqueles nomes do passado, e juntamente com muitos do presente,
tudo o que têm a dar ao clube: o nome numa lista. Sem convites-ofertas e outras
prebendas não terão qualquer interacção com o clube.
Muitos herdaram o
Sportinguismo por inerência familiar e o clube não passa de uma qualquer
propriedade que se visita em dias festivos e é encarado como um parente pobre e
inconveniente nos momentos de maior necessidade. Muitos dos que estão nesta
lista não alteraram este comportamento mesmo quando foram investidos nas funções
de dirigentes.
Notáveis são todos aqueles adeptos que correm o país com as
equipas às costas para lhes prestar apoio. Notáveis são aqueles que com sacrifício
próprio e dos seus despendem recursos e energia para não deixarem as nossas
camisolas ao abandono. Ainda mais notáveis são aqueles que não deixam ao
abandono as parentes pobres do nosso desporto, as chamadas “modalidades”. Notáveis são todos aqueles que se entregaram de alma e coração ao clube sem saberem antes o que receberiam de volta.
Não posso por isso deixar de me espantar com constituição de uma lista deste género
por parte de quem se anunciava como a mudança e em menos de quatro anos
absorveu e respira os velhos procedimentos. O seu aparecimento tresanda a mofo e tem o enorme carimbo do antigamente.
Sempre entendi que a renovação que
o Sporting precisava – e pelos vistos continua a precisar – não era de pessoas
porque os Sportinguistas são insubstituíveis, apenas têm que estar nos lugares
onde mais são úteis e capazes. Não precisava nem de uma revolução geracional ou
de classes porque sempre foi inclusivo. O que o Sporting precisa é de uma
revolução de mentalidades e de competência, que os resultados desportivos
demonstram estar ainda por suceder. Precisa de um nível de exigência mais apurado e menos autocomiseração.Menos olhares para o quintal dos vizinhos, pelo menos até ao nosso estar devidamente arrumado e limpo.
Muita coisa haveria por dizer... Mas à medida que ia lendo o texto fui tomando a resolução de não o fazer, por motivos que não me apetece explicar.
ResponderEliminarNo entanto, relativamente ao última parágrafo... É daquelas coisas que não consigo ouvir/ler sem dar a minha opinião:
"O que o Sporting precisa é de uma revolução de mentalidades e de competência, que os resultados desportivos demonstram estar ainda por suceder. Precisa de um nível de exigência mais apurado e menos autocomiseração.Menos olhares para o quintal dos vizinhos, pelo menos até ao nosso estar devidamente arrumado e limpo."
É precisamente isso que os vizinhos corruptos mais desejam... Se já estamos longe de acabar com esta podridão, mais longe (muito mais longe) ficaríamos se adoptássemos essa postura.
É possível arrumar e limpar a casa, à medida que se denuncia a podridão que grassa no nosso futebol, protagonizada pelos nossos vizinhos.
Sempre fui um opositor da anterior Direcção, mas nunca deixei de apontar o dedo quando assim se justificou por receio de branquear a incompetência que desesperadamente queria ver fora do meu clube. O nosso silêncio é o que eles mais desejam. O nosso rugido jamais deverá ser silenciado.
SL
Meu caro, há uma enorme diferença entre "Menos olhares para o quintal dos vizinhos, pelo menos até ao nosso estar devidamente arrumado e limpo." e fazer de conta que não se passa nada em nosso redor. Essa é uma interpretação errada e extensiva do que escrevi, que aliás é cometida aqui muitas vezes de forma inexplicável, até porque o texto parece-me claro.
EliminarÉ tão bom ter um diabo externo. Cuba teve-o durante décadas e o canalha Fidel fez o que quis. Vocês adoram ditadores. Adoram lhes lamber o cu.
EliminarAcho incrível é o relaxamento de BdC quando a equipa que é resultado de 4 anos de trabalho "24 horas por dia" está em... 4º.
ResponderEliminarO 4º lugar, apesar de ser humilhante, tendo em conta que o 3º despediu o seu treinador (até parece mentira!), podia ser circunstancial. Mas depois vemos:
Markovic emprestado.
Campbell emprestado.
Laterais medíocres (um deles foi dispensado!)
Equipa ultra dependente de um jogador que quer sair.
Brian Ruiz a caminho dos 32 anos e a descer a pique de rendimento.
É preciso ter muita "confiança" para afirmar que se está a desenvolver um trabalho fantástico depois de analisar a situação actual.
Na próxima época é preciso um investimento substancial (relembro que para este 4º lugar foram investimentos... mais de 30M€) para renovar o plantel, e para isto é fundamental entrar na Champions.
Se for reeleito será normal, o que é anormal actualmente é a total despreocupação perante os factos acima mencionados, que constituem uma enorme nuvem negra sobre a próxima época...
Excelente artigo LdA!
ResponderEliminarCusta ver ao ponto que chegou o Sporting em que todos os que atacavam os "notáveis" e as anteriores direcções apoiam esta comissão de honra, apoiam porque agora significa união... e há 4 anos? e há 6 anos? A incoerência do sportinguista está em altas... e isso é o que mais me custa!! É preocupante mesmo e pode ser muito perigoso este seguidismo ao líder... vamos ver como acabará... o último a fazer esta "união" foi o Godinho Lopes...
Este parágrafo diz tudo e é assim que eu continuo e continuarei a ver o Sporting:
"Notáveis são todos aqueles adeptos que correm o país com as equipas às costas para lhes prestar apoio. Notáveis são aqueles que com sacrifício próprio e dos seus despendem recursos e energia para não deixarem as nossas camisolas ao abandono. Ainda mais notáveis são aqueles que não deixam ao abandono as parentes pobres do nosso desporto, as chamadas “modalidades”. Notáveis são todos aqueles que se entregaram de alma e coração ao clube sem saberem antes o que receberiam de volta."
Confesso que das que acredita piamente que o BdC é a solução ideal.
ResponderEliminarMesmo assim admito que comete erros, principalmente a nível de Comunicação. Tem muito para melhorar aqui.
Também noto que há uma coisa que ele não conseguiu: unir os Sportinguistas (oa que não gostavam dele continuam não gostar).
Não sei se essa tal lista de Honra foi pensada com o propósito de unir os Sportinguistas, mas é assim que penso. Penso que tenha sido uma jogada de mestre. Espero ter razão.
D.
Não me surpreende a abrangência da "lista de notáveis", que apenas antecipa a vitória esmagadora do actual Presidente nas próximas eleições - que sempre achei certa e continuo a achar, sejam quais forem, entretanto, os resultados do futebol. No plano dos factos, a diferença entre o "antes" e o "depois" de Bruno de Carvalho, no nosso Clube, é tão evidente e tão colossal, que, entre pessoas de discurso racional é difícil argumentar contra a renovação do seu mandato, e os "notáveis" são sensíveis a isso: todos querem estar com o vencedor. As reacções alérgicas extremas à pessoa do Presidente do SCP são compreensíveis (ele tem, sejamos simpáticos, uma personalidade "difícil"), tal como se entende o ressentimento extremo dos sobrinhos, primos e cunhados que ele afastou do Clube (concretizado na candidatura associada a um blogue cujo discurso logra a proeza de enobrecer o de Bruno Carvalho), mas são fenómenos individuais, que, apesar de não serem raros, não deixam de ser individuais, sem real expressão no vasto universo de sócios do SCP. Estes são mais sensíveis ao SCP ter voltado a "contar para o totobola" no futebol e em várias modalidades, apostando nos melhores atletas e treinadores; a Alvalade ter voltado a encher; ao pavilhão estar prestes a abrir; e à melhoria da sustentabilidade financeira. Contra estes factos, não há muitos argumentos, e, pior, aqueles que existem consistem, na sua maior parte, em reproduções de "slogans" que os nossos rivais têm utilizado incansavelmente contra o SCP, o que ainda mais complica a tarefa da oposição ao actual Presidente, sendo que os "notáveis, como é da sua natureza, não querem ter nada a ver com derrotados. Quanto ao interesse do actual Presidente em semelhante lista, parece-me evidente: sendo ele criticado pelo seu reduzido peso institucional e cariz quase "insurreccional" (o dito "líder de claque"), esta "benção dos notáveis", incluindo toda a sorte de "figuras gradas" do Universo Leonino, é o género de oferta que ele nunca poderia recusar. SL! JPT
ResponderEliminarJPT,
EliminarComo costumo dizer aos meus amigos (do Sporting e de outros clubes) enquanto o parâmetro usado para apurar "a diferença entre o "antes" e o "depois" de Bruno de Carvalho" for a pior época de sempre ele será reeleito por unanimidade e aclamação. Atendendo a um histórico com um horizonte mais alargado o que me parece é ter havido uma normalização do que era o clube como o conhecemos nas últimas décadas cujo mérito é indiscutível, atendendo ao ponto de partida, mas não justifica ainda os elogios desbragados que se vão assistindo aqui e ali.
Eu incluo no meu parâmetro para o "antes" e o "depois" a direcção de José Eduardo Bettencourt, que criou as condições para o que veio depois. No dia em que um Presidente do SCP contratou, com o FC Porto, a venda do nosso capitão de equipa, reconhecendo, por escrito, o fim da paridade que, ao menos em teoria, existia entre os "três grandes", escreveu-se tudo o que veio a seguir. Reconquistar essa posição de paridade é a maior vitória da actual direcção (reconhecida, por exemplo, por todos os portistas que conheço, que, sendo eu de Lisboa, são, naturalmente, poucos). SL. JPT
EliminarSinceramente, este discurso dos notáveis é do mais subjectivo que há e não interessa a ninguém.
ResponderEliminarO que são notáveis? Uma pessoa que ninguém conhece passa a ser notável porque está numa lista de aopio ao BdC?
Para mim, que votei e votarei BdC, não há notáveis, não há lambuças nem croquetes. Tal como não há carneiros ou seguidistas. Aliás, não conheço ninguém (absolutamente ninguém) que seja totalmente acrítico dos mandatos de BdC ou de quem o precedeu. Só por isso já se vê a estupidez de tais rótulos.
O que há é sportinguistas, que pensam e têm opiniões diferentes.
E, sinceramente, este raio de discurso, que existe dos dois lados (incrível como há dois lados), não faz o menor sentido e temos que acabar com ele.
Mais interessante do que colar rótulos às pessoas, é discutir ideias, é avaliar mandatos, é olhar para as medidas e ver o que foi e o que não foi feito.
Um trabalho que eu gostaria de ver feito (e isso sim, seria um trabalho fantástico para todos) seriam uma análise crítica às 100 medidas do programa apresentado pelo BdC nas últimas eleições.
Cheira-me a fritos, estão a fazer croquetes...
ResponderEliminarEm 20013 contou só com os sem cabeça. Como é aliás característico das seitas. Em 2017 estão de regresso os invertebrados à Tribuna. Nada que mais uma cambalhota não resolva. Para os brunecos, pelos vistos, regaram o sapo com molho união.
ResponderEliminarAté o coveiro mor? A sério Bruninho? Também foi o casa do Burroso?
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