Mais 40 anos disto?
Soará hoje o tiro de partida que inaugurará a Liga 23/24. Na antecâmara ficou o triste espectáculo da Supertaça em Aveiro, deixando entrever que nada mudará para melhor no que diz respeito à vontade de tornar o futebol num lugar menos tóxico e mais são. E onde ganhar seja reconhecido como um prémio justo para quem foi melhor ou teve mais sorte.
A barragem mediática que hoje se pode ver pelas capas dos jornais, na tentativa de branquear o comportamento renitentemente soez de Sérgio Conceição, foi secundado no apoio dado em forma saída a par de Pinto da Costa em Aveiro. A comunicação do clube, a oficial e a que age na sombra, lançou uma barragem de fogo sobre o árbitro, reconhecidamente infeliz e geralmente dando mostras de ser incapaz, mas sem influência no resultado, num jogo de passa culpas que não ilude nem sequer os portistas que assistiram ao jogo: a equipa de Sérgio Conceição não jogou um caracol na segunda parte, sendo claramente subjugada como se de um recém primodivisionário se tratasse. E, quando jogou bem, jogou sem balizas, o que no futebol equivale a dizer a zero, que foi afinal o que de melhor conseguiu o seu ataque no resultado final.
No palanque estavam praticamente todos os responsáveis do futebol, mais as entidades que o tutelam. Do Sec. de Estado, passando pelo presidente da FPF, o pelo presidente da Liga, etc, não houve 1(!) palavra de repúdio nem sequer sinal de desconforto perante o triste espectáculo mais uma vez proporcionado por Conceição & restante pandilha.
E porquê? Por muitas razões, entre as quais:
A Liga são os clubes e estes agem geralmente dominados por outros interesses e alianças que não os da salvaguarda do interesse pelo espectáculo, da transparência nas tomadas de decisão, de forma a credibilizar a indústria ou o fenómeno desportivo em geral, ou mesmo no sentido de respeitar os adeptos que os alimentam. As decisões absurdas estão aí para provar que a Liga se preocupa muito mais com as limousines e show-off do que com os adeptos que lhes pagam os cartões de crédito.
Os sucessivos governos não têm coragem de "cutucar as onças", de chamar os bois pelos nomes ou de mexer nas vacas sagradas. O Secretário de Estado deve estar a desejar que a equipa nacional de atletismo faça tão bons resultados ou tão maus no campeonato mundo que se avizinha para que as atenções divirjam e ninguém se lembre de lhe perguntar se gostou do que viu em Aveiro. Ou se está a programar mais algum almoço particular com Pinto da Costa, para de seguida lhe render uma rastejante homenagem pelos imensos títulos conseguidos, deixando convenientemente de fora as nódoas que se vêm de longe.
A FPF tem um presidente que está a ver se vai mais longe na Uefa e FIFA, que quando fala da formação e de Ronaldo não consegue dizer o nome do Sporting Clube de Portugal, o que é como escrever um soneto sem uma única rima. O presidente da liga quer ser presidente da FPF. O Dom Pinto da Costa quer que alguma coisa mude para que tudo possa ficar na mesma, especialmente agora que lhe vê pela primeira vez alguma contestação e o poder a mudar de mãos.
Rui Costa quer que a amnésia colectiva que se instalou sobre o período em que foi o número dois do presidente que montou uma rede de interesses, com metástases a espalharem-se até ao sector judiciário visando o controlo dos árbitros, que incluía, pelo que se vai lendo, um saco azul de mais de 1 milhão de euros. Valor esse que seria certamente para acções de caridade e uns bilhetezinhos para a bola. De Rui Costa sabemos hoje apenas que fez o seu clube voltar aos títulos, de onde andava arredio, e que está a formar uma equipa invencível, o que é sem dúvida nenhuma meritório.
Onde e como fica o Sporting no meio de tudo isto? Como e onde sempre tem estado. Sozinho e por vezes nem com todos os seus pode contar.
Por isso é provável que sejam mais 40 anos disto.
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