Paulinho, olha o tapete da sala!
145 jogos, 53 golos, 21 assistências e quatro títulos (2 campeonatos, uma Taça da Liga e uma Supertaça) depois Paulinho deixa o Sporting.
Ainda mal refeito da minha surpresa, cometi o erro de ir ver o vídeo de despedida do João Paulo Dias Fernandes. Foi por pouco que o tapete da sala não ficou a fazer lembrar o relvado daquele célebre jogo com o Nacional da Madeira. Um homem aguenta o que pode, mas quando a primeira lágrima consegue romper a barragem erguida com tanto esforço, a apelar à indiferença – é só mais um jogador, zero ídolos, etc – as restantes bailaram nos olhos e escorreram, empurradas pelas do Paulinho.
É tão estranho. Esta é única parte deste artigo que será consensual: o Paulinho não é um super-craque mas deixa aquela que será a melhor adaptação musical a um cântico de apoio a um jogador do Sporting. O resto é a minha humilde opinião, de anónimo adepto de bancada.
A sua entrada no Sporting não o beneficiou pelo alto preço pago pelo respectivo passe, pela exclusividade de funções que lhe foi imposta por opção do treinador e pelas limitações orçamentais. A pressão que notoriamente acusou em alguns momentos, fez-se sentir.
As opiniões dividiram-se, mas Paulinho continuou inteiro, sem quebrar. Um dos capitães sem braçadeira, daqueles que enchem o balneário, quando o silêncio quer abrir o caminho à dúvida e a descrença. Acreditar no método, no processo, no rigor e na entrega total ao trabalho sempre. E coragem para não desistir e acreditar. Acreditar sempre. Foi sempre assim, não Paulinho?
É essa coragem que certamente o leva agora a atravessar o Atlântico à procura do contrato da vida curta de profissional de futebol, quando finalmente tinha encontrado na presença de Gyokeres o fermento necessário para levedar a sua melhor expressão. Agora, que finalmente havia conquistado o seu espaço com alguns golos importantes e outros mesmo determinantes para o nosso sucesso colectivo - como aquele da jornada inaugural, já com gongo prestes a soar - que ainda celebramos.
Não lhe foi oferecido o lugar que agora disfruta no seio dos Sportinguistas. Foi conquistado com perseverança e abnegação. Esforço, dedicação e devoção, não é Paulinho? Percebemos tão bem a dificuldade do afastamento, da voz embargada no dizer “até já”. Sim, porque sabemos que voltarás, e estarás entre nós, na tal cadeira ao lado da tua filha. E do Olimpo Verde e Branco onde certamente todos nos voltaremos a encontrar um dia, a verás passar este amor de geração em geração. Este amor que tanto arde como consola, que acontece pela primeira vez e depois fica para sempre. Voltamos a ver-nos em Alvalade.
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