Grande jogo em perspectiva para a próxima quarta-feira! Foi para recebermos estes jogos e desfrutarmos destes ambientes deslumbrantes e plenos de emoção que quisemos um estádio ao nível do que então melhor se fazia. E, agora que temos pela frente o Barcelona, depois de o ano passado termos recebido Real Madrid e Borussia de Dortmund, sentimos que esta é "a vida que sempre quisemos". Por isso o sentimento que nos assalta imediatamente é a vontade de despir o papel de meros figurantes e por a Europa do futebol a olhar para nós mais uma vez, só que desta feita enquanto contamos os contos (euros) e os pontos.
A ideia de ganhar ao todo-o-poderoso Barça certamente que não sai da cabeça dos adeptos, até dos mais pessimistas, embora ela pareça ilusória nas horas de maior realismo. Mas, embora as apostas não nos favoreçam, é obrigatório pelo menos ter essa ambição e dessa forma preparar esse jogo. Porque nada nasce da descrença e da ausência de vontade. Há apenas duas coisas que não desejo: resultados humilhantes, pelo seu efeito negativo sobre o ânimo dos atletas e dos adeptos e no prestigio do clube e lesões.
"Temos muita responsabilidade. Agora o Sporting tem de ganhar pontos.
Estamos convencidos de que podemos conseguir algum frente ao Barça". (JJ)
Ao contrário do que se chegou a pensar, o Barcelona não ficou viúvo com a saída de Neymar. E nem mesmo o turbilhão de decisões incompreensíveis e disparatadas que marcaram a preparação da temporada fez ajoelhar a equipa. Ao contrário: esta é melhor trajectória de sempre nas primeiras seis jornadas. 18 pontos, 18 golos à maior (20m-2s), o que lhe confere não apenas a liderança da tabela mas também de melhor ataque e defesa em simultâneo. Algo que parecia inalcançável visto do jogo da Supertaça com o Real Madrid.
Para tal contou certamente com a maturidade e segurança de Ernesto Valverde e a sua opção por um surpreendente regresso às origens no que diz respeito ao posicionamento de Messi, com Suarez a fazer de Villa ou Thiery Henry e o azarado Dembelé destinado ao papel de Pedro. O regresso de Messi a 9,5, (zonas mais centrais, portanto), fez dele o goleador e melhor rematador de La Liga. Na brincadeira já se vai apontando que afinal, e ao contrário do que se dizia, era ele que precisava de sair da sombra de... Neymar.
Do ponto de defesa do nosso último terço de terreno, e apesar dos números avassaladores na La Liga, há aqui uma janela de oportunidade. Apesar de já ter voltado aos golos na estreia de um novo dérby catalão (Girona 0 - Barcelona 3), Suarez precisa ainda de tempo para se adaptar ao que de novo se lhe pede, ele que até é a personificação de
um "9". Dembelé vai ver o jogo da enfermaria e em Girona o lugar foi entregue a Aleix Vidal, que parece ter renascido com Valverde.
Mas o dilema é permanente e requer muita concentração: se atacas Messi o risco de quebrar a linha defensiva ao centro é enorme, por poder abrir espaços para Suarez, que se movimenta letalmente de fora para dentro. Se deixas Messi ali onde ele é exímio a decidir o risco não é menor.
Uma das grandes virtudes deste Barça está na recuperação do equilíbrio defensivo. Certamente que preferiríamos aquela equipa tantas vezes apanhada em contra-pé e inferioridade numérica, muito por causa do espaço que se formava amiúde entre a última linha defensiva e o meio-campo, com este a ser apanhado atrás da linha da bola. Isso ainda foi visível no jogo com o Real Madrid, cuja lição foi depressa aprendida por Valverde. Para tal chamou Rakitic atrás, para perto de Busquets e adiantou Iniesta, beneficiando assim do maior poder atlético e defensivo do centro-campista croata. A entrada de Semedo, capaz de recuperações notáveis, ajudou a consolidar a equipa defensivamente.
É pacificamente aceite que o Sporting terá que passar grande parte do tempo em missões defensivas. E que terá que ser muito criterioso nas saídas para o ataque de forma a não perder a bola em transição, algo que adversário aproveita como poucos o sabem fazer tão bem. Com esta nova versão do Barcelona a exploração do espaço entre linhas, que anteriormente se conseguia imprimindo grande verticalidade às acções atacantes, não deverá ser agora possível.
Ainda assim, não seria de todo surpreendente que Jesus recuasse Bruno Fernandes e desse a Podence a missão de infernizar o juízo aos defensores catalães. Mas a hipótese mais provável e confiável parece-me ser também a mais conservadora, optando pelo que está testado e com bons resultados: Battaglia,William, Bruno Fernandes, Gelson, Acuña.
A grande dúvida no ataque do Sporting poderá muito bem ser resolvida em função da escolha de Valverde para o centro da defesa. Não é provável que o técnico estremenho opte por Pique e Mascherano, ao que certamente Jesus responderia com a velocidade de Doumbia na titularidade. Embora Dost seja confiável nos espaços frontais à baliza e possa ser importante nos duelos aéreos, assemelha-se mais favorável à estratégia leonina um avançado com mobilidade elevada, pelo menos na fase inicial do encontro.
Ah, e claro, é preciso sorte. Mas esta, ao que se
diz, protege os audazes. Aí, e apesar de tantas vezes traído pelo ego, o
Sporting tem um treinador que já deve jogado este jogo vezes sem conta e sempre
para ganhar.
Nota: artigo publicado em parceria com o site Fair-Play
Meu caro Leão, pode ser um excelente jogo para o Sporting este contra o Barcelona. O risco que se corre tem a ver com a capacidade goleadora do Barça, que está muito elevada. Concordo com a análise feita ao momento que o nosso adversário atravessa. Retirar Messi da "sombra de Meymar", passe a ironia, parece ter devolvido o astro argentino a todo o seu esplendor. No jogo contra o Eibar, do excelente Paulo Oliveira, Messi fez coisas geniais.
ResponderEliminarAcho que JJ vai optar pelo melhor onze,com William numa posição central do meio-campo, com Battaglia, B.Fernandes e Acuna mais recuados a apoiarem o duo da frente. Aposto em Dost e Gelson embora Doumbia pudesse jogar por ser mais móvel. Reservava.o para o jogo em Barcelona. Acho, no entanto, interessante a existência de uma referência no centro da defesa do Barça. Um sistema 4.1.3.2, com William a ser o elemento charneira, como foi o ano passado contra o Real. Neste jogo William vai ter do outro lado Sérgio Busquets e da acção dos dois muita coisa vai depender.
A única possibilidade do Sporting passa por ser capaz de controlar o jogo, de ser capaz de manter a bola, uma dificuldade extrema frente ao Barça, e ser rápido a atacar com o desdobramento do quarteto do meio-campo e a subida de B.Fernandes e Acuna. Um Gelson ao seu melhor nível poderia ajudar muito neste jogo. Mas pode-se sempre recorrer a Podence com essa função infernizadora e desestabilizadora.
acho que nao ha volta a dar, ta tudo dito, os nossos laterais vao ser fundamentais.
ResponderEliminarMuito bom post! A diferença de poderio financeiro é tão grande que só temos de encarar este como um jogo onde não temos nada a perder e resta lutar e disfrutar. O sonho comanda a vida. Spoooorting!
ResponderEliminarBom post Zé!
ResponderEliminarUm jogo quase perfeito do SCP. Com muito mérito de JJ. Não gostei foi de ver alguém beijar as botas ao Messi em Alvalade com o SCP a perder. Brunices.
ResponderEliminarP.S. Em Basileia um resultado perfeito para os lampiões que tiraram o dia para andar pelas redes sociais a escrever que o SCP ia levar 5 batatas.