Não se pode dizer que tenha constituído grande surpresa o comportamento muito discreto no mercado de Inverno por parte do Sporting. O insucesso desportivo reduziu significativamente as possibilidades do clube quer de contratar quer de rentabilizar o forte investimento feito no verão. Ora muito desse insucesso começou a desenhar-se na incapacidade demonstrada em reforçar-se, apesar da generosidade dos gastos efectuados. Daí que as palavras chaves deste período tenham sido "reduzir" e "redimensionar" (a quantidade no plantel para o compromisso restante) "emagrecer" (a folha salarial). Mesmo esses objectivos ficaram aquém do desejável e só os mercados que ainda permanecerão em aberto permitirão realizá-los.
O número de jogadores continua assim excessivo, alguns dos excedentes são caros (p.ex. Douglas) e permaneceram por resolver os problemas resultantes da falta de soluções de qualidade em que os laterais são o exemplo mais notório. Mas não o único. Jorge Jesus certamente que terá que por uma velinha em vários altares a pedir a intervenção de todos os santos para que Bas Dost não se lesione ou seja castigado.
Não se pode dizer contudo que o plantel tenha ficado mais fraco, atendendo a que a participação dos jogadores que saíram mediaram entre o nada e coisa nenhuma no que ofereceram ao nosso jogo. O recurso agora à prata da casa, mais uma vez em momentos de aflição e não por convicção, terá pelo menos a vantagem de trazer sangue novo de jogadores que se identificam com o clube.
Ala, que se faz tarde
Meli
Ao contrário do que a brincadeira que se poderia fazer com o nome do jogador foi uma contratação sem nenhum açúcar. No máximo pode-se dizer que foi uma oportunidade única de viver seis meses de férias bem pagas numa das cidades da Europa com cada vez maior procura.
Markovic
Se a ideia era contrariar os rumores de uma morte antecipada como promessa de craque, o sérvio perdeu o seu tempo e nós o nosso dinheiro.
Elias
Foi dos que mais jogou, o que só contribuiu para acentuar a imagem já desgastada que havia deixado. O risco da sua contratação não compensou e percebe-se agora que narrativa posta a circular de ter no horizonte um negócio da China não passou de fantasia ou propaganda para justificar o equívoco.
Petrovic:
Se Markovic e Elias ainda se podem perceber pelo que conseguiram fazer num passado recente ou longínquo a vinda do sérvio só se pode compreender por teimosia e desconhecimento da totalidade dos jogadores à disposição e em particular os oriundos da formação. Um problema que poderá ser reeditado na nova época, uma vez que vai sob empréstimo para o Rio Ave.
Acabou-se o recreio para os miúdos
Para a generalidade dos regressos significa um corte abrupto em participações que até estavam a ser proveitosas para os jogadores. Para que se justifique é necessário oferecer-lhes condições reais para singrarem, porque entrar esporadicamente ou nos minutos finais dos jogos não o são.
Palhinha
Foi ali a Belém comer uns pastéis que reforçaram a convicção do erro que foi a contratação de Petrovic. Não se pense porém que é o substituto ideal de William, trata-se de um jogador mais posicional que o habitual titular. Isso trará eventualmente mais segurança em momentos defensivos mas obrigará Jesus a repensar a forma como a equipa se comportará na hora de construir, algo em que William é peça fundamental.
Francisco Geraldes
É sobre ele que se concentrarão todas as atenções sendo por isso o primeiro desejo é que tal não lhe tolha as muitas qualidades que demonstra há algum tempo e que os seis meses no nível competitivo mais elevado confirmaram.
Podence
Não terá na maior parte dos jogos que o Sporting ainda tem para realizar o mesmo espaço no horizonte que desfrutou em Moreira de Cónegos. Isso é capaz de obrigar a reconfigurar-se. Se conseguir domar os seus impulsos e perceber os momentos adequados para fazer valer a velocidade que possui preparará com sucesso a sua integração no plantel do próximo ano.
Acabou-se o recreio mas talvez não ainda a brincadeira
Já sobre Spalvis, André Geraldes e Gauld impendem as maiores dúvidas sobre a sua prontidão para jogar, isto sem deixar de constatar que as razões do seu regresso nada tiveram a ver com a vontade do treinador, antes se deveram a decisões administrativas cuja bondade e acerto são altamente questionáveis.
Spalvis acabou por ser recambiado por não ter condições de poder jogar no imediato. André Geraldes e Gauld foram arrancados a uma época positiva para agora não saberem sequer se poderão ser inscritos. Ainda que a sua inscrição venha a ser considerada regular, não deixa de constituir um embaraço para quem assumiu como primordial a luta por valores mais elevados no relacionamento entre os diversas entidades que constituem o universo do futebol. Dificilmente os jogadores não deixarão de se sentir usados e prejudicados, vendo os seus interesses mais básicos serem atirados para debaixo do tapete.
Embora, como é dito acima, seja possível que mais jogadores saiam para os mercados ainda em aberto, e sendo muito pouco provável qualquer admissão, estarão encerradas as portas do mercado 2016/17. E antes que se comece a falar no próximo é imperativo analisar exaustivamente as decisões tomadas nos últimos meses no que diz respeito à formação do plantel.
É que, desde a gestão do potencial dos jogadores da casa, à política de empréstimos (para fora e para dentro), ao perfil adequado aos novos jogadores a integrar, há muita decisão a merecer análise profunda para que os mesmos erros de avaliação não sejam repetidos.
Seguramente que dos que agora foram cometidos resultarão condicionamentos futuros na abordagem do mercado da próxima época. Dificilmente o Sporting encontrará no final do presente ano o mesmo volume de receitas que obteve no inicio da presente época. E, se o conseguir, terá que o fazer à custa da desvalorização do seu lote de titulares, ficando a interrogação se será desta que consegue suprir com acerto e realismo os lugares que venham a ficar vagos na titularidade.
Grande texto, Leão!! (e bela imagem)
ResponderEliminarDestaco esta passagem:
"O recurso agora à prata da casa, mais uma vez em momentos de aflição e não por convicção,"
Desta vez, não sei se a "aflição" é a mesma que em 2013, quando Bruma, Ilori, Dier, Zezinho, Fokobo, Esgaio (juntamente com Jesualdo, Patrício, Wolfs e Capel), safaram o Sporting de descer de divisão. Aí, a aflição foi desportiva.
Desta vez, creio que a aflição é mais política. Serviu para "acalmar" as massas. Espero que JJ veja neles a mais valia desportiva que não quis ver em Julho e Agosto.
SL
De acordo com o Grande Artista e Goleador parece que Francisco Geraldes e Gauld não estão a trabalhar com a equipa principal. Lamento se isso corresponder à verdade. Confirma-se que o nosso mister é um homem de ideias fixas e um zero absoluto do ponto de vista psicológico. Não juntar Geraldes depois de uma semana em que esteve com os níveis de motivação e reconhecimento nos píncaros é fruto de uma cegueira total. Razão tem Manuel José quando classifica JJ como o melhor treinador português mas salienta o seu ego patológico.
ResponderEliminarJG,
EliminarEstá a fazer confusão com o André Geraldes.
Talvez seja melhor para si conhecer o plantel do Sporting antes de tecer esses juízos precipitados.
EliminarFCS tem razão. Li mal o que estava escrito no blogue que citei. A referência era ao André. Mas o que escrevi estava no condicional.O que não acontece com o que escrevi sobre JJ.
EliminarOk, caro JG, mas usou o condicional para confirmar o incondicional, precipitadamente.
EliminarNão sei se esta é a melhor maneira de fazer críticas, não vá um de nós confirmar que também você é um homem de ideias fixas, e que se agarra a qualquer informação "condicionada" para dar opiniões ;^)
Por exemplo, o JJ ainda é cego ou abriu os olhos neste caso?
Ou muito me engano,ou por aquilo que BDC disse à RR, ou se calhar por aquilo que não disse, Coates é o Carrilho versão II.
ResponderEliminarLeão de alvalade à presidência já ! E inacreditavel a facilidade com que se critica tudo e todos neste blogue. Mais de 80 por cento dos sportinguistas estavam satisfeitos com o plantel no início da época. E tão fácil criticar depois não é ? Contratações falhadas não aposta nos putos da formação ...aposto que quando veio slimani e Montero as suas expectativas eram muito baixas , um gajo que vinha da Argélia e outro que jogava na msl...pois é meu caro o futebol não é assim tão linear quanto pensa . ..vai me dizer que achava que Elias , markovic , campbell, o próprio petrovic que e internacional , meli de quem na argentina diziam bastante bem , andre que até tinha um passado com golos enfim iriam ser todos uma desilusão ? Constatar factos é fácil fazer críticas construtivas e que não é para todos
ResponderEliminarRJP999,
Eliminarmais de 80%? Como se chega a esse número?
Quanto ao resto é a minha opinião se quiser dar a sua esteja à vontade.
A aposta em Rui Patrício, Ruben Semedo, William, Adrien e Gelson é por aflição ou por convicção?
ResponderEliminarTW,
Eliminaralguns deles até foi. Houvesse convicção e outros mais se podiam ter aproveitado.
Gostava de saber quais deste 5 considera que foram por aflição?
EliminarEstá à vista de todos o grande resultado da grande estratégia com que o nosso último Salvador se apresentou nas últimas eleições. Senão estou em erro chamava-se "mais com menos". Pelo que se ouve só nesta janela de mercado vai dar para poupar 7M. Que não só não chega para pagar JJ como ainda ficou muito entulho. Outra palavra bonita com que o nosso actual Salvador gostava muito de encher a boca era a palavra meritocracia. Que como outra ideia qualquer na boca do Bruno vale o que vale e daí a última renovação de JJ para números pornográficos. Senão JJ também era chamado a contribuir para o grande esforço agora. E 8M dava para pagar a muito entulho que ainda não saiu, como por exemplo o velho sonho Douglas e muito mais! Uma coisa é certa, o Bruno na oposição já andava a pensar noutro rumo há muito tempo. Mas com JJ entalado...
ResponderEliminarExcelente análise - apesar do chamado "benefit of hindsight". Eu confesso que achei que as contratações tinham sido boas (ou boas, dentro do prazo que tivemos para as fazer, como o caso de Elias, que foi claramente contratado para prevenir a saída de Adrien, ou até como ficha nessa negociação), e lógicas tendo em conta que não íamos querer abordar a Champions com miúdos da formação. Encarando a análise com um balanço "a posteriori", apenas discordo na apreciação de Douglas (que parece que é o último argumento para os anónimos com uma fixação patológica no Presidente do SCP). Douglas praticamente não jogou. Foi, claramente, contratado para suplente de Coates, com quem partilha características, e este, apesar de ter um longo historial de lesões, no SCP tem estado saudável (e espero que assim continue). Lembro-me bem do que jogou Vujacic, um belíssimo jogador, no primeiro ano do SCP, pelo que descartar Douglas pode ser precipitado. SL! JPT
ResponderEliminarJPT,
EliminarVujacic, como bem disse, teve um 1º ano muito mau. Mas recordo-lhe que só se evidenciou (e muito), quando Queiroz o desviou para defesa-esquerdo. Aí, foi dos melhores que vi no Sporting, já a central... Por isso, só se o Douglas valer alguma coisa noutra posição, pois tal como o Vujacic, a central...
Denunciar um aldrabão não é patologia nenhuma. Patologia é adorar um aldrabão ou tão só aceitá-lo. O melhor que cada um tem a fazer é falar só daquilo que sabe. No caso patologias e futebol. O Douglas, com 30 anos e a vida arrumada, também deve estar prestes a explodir. Mas devagarinho.
ResponderEliminarVujacic chegou ao SCP com 29 anos, Phil Babb com 30, André Cruz com 32, Valkcx com 29, Luizinho com 31. De facto, o melhor que cada um tem a fazer é falar só daquilo que sabe. JPT
ResponderEliminarDaí a fila de interessados em pagar metade do ordenado agora.
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