A Casa onde todos ficaram a piar
Devíamos estar a falar do retorno do Sporting às melhores exibições, talvez a conjugação de melhor exibição / melhor resultado desde o jogo com o Portimonense. Isto a nível doméstico, uma vez que a exibição contra o Tottenham foi seguramente das mais consistentes com que fomos presenteados nos últimos anos, ante um adversário com um "andamento" e plantel muito acima do que há por cá.
Porém o que infelizmente acaba por estar no centro das atenções é o ocorrido na bancada sul. O sucedido deixou toda a gente a piar uma opinião, um veredicto, este é o meu. Tudo terá começado com os assobios à equipa, os insultos ao presidente, a pirotecnia e as duas cargas policiais que se seguiram. Quem ganhou com tudo isto? O Sporting não foi de certeza.
Comecemos onde tudo começou, na atuação da Juve Leo. Deixo para mais abaixo a discussão sobre a pirotecnia. Não tendo estado no estádio há muita informação que me falta para poder comentar de forma justa e equilibrada. E tenho a sensação que ainda que tivesse estado essa possibilidade continuaria a existir, uma vez que há relatos de actuação prévia ao jogo por parte da PSP, junto da sede da JL, conhecida como "casinha".
Parece que tudo terá tido origem na pirotecnia, mas também nas tarjas claramente dirigidas à policia, nomeadamente o "1312", um acrónimo para ACAB (all cops are bastard) é há muito usado pelos adeptos, especialmente no "fenómeno ultra". É "notável" que a atenção da policia se concentre tanto nas nossas claques, quando se sabe pouco ou nada relativamente às dos nossos rivais, e não é por não se fazerem notar...
A violência policial terá ocorrido como resposta à primeira intervenção e quando os elementos da policia foram despedidos à cadeirada. É o que se costuma dizer "estar mesmo a pedi-las", uma vez que a escalada da resposta por parte da PSP seria mais que óbvia. Daí que as queixas da JL não colhem, quem semeia ventos...
Quem se pode queixar e com toda a propriedade foi quem foi apanhado na enxurrada. Para a PSP e para a JL a lógica da violência não passa de "um dia normal no escritório". Para a generalidade dos adeptos é só mesmo isso: violência exercida num local que procuramos para nos divertir e, sobretudo, viver a paixão pelo nosso Sporting. A JL deu o pretexto que a PSP queria para descarregar a adrenalina acumulada pelos dias fechados nos quartéis, porque é cada vez mais raro ver policiamento na rua. Mas quando há futebol, parece que saem debaixo das pedras da calçada, numa exibição de força e material dignos de um país em estado de sitio.
Foi muito comentado o facto de em alguns sectores terem existido aplausos à intervenção da PSP. Não é bonito de ser ver, nunca o faria, mas é uma resposta ao que estava a ser a actuação da JL até ali, e totalmente ao arrepio do que deveria ser o que se espera de um "grupo de apoio" do clube. Se é para assobiar a equipa ou insultar o presidente talvez seja melhor fazer um protocolo com os SD ou os NN. Mas, pensando melhor, onde, quando, e por quem, mais episódios como este têm sucedido com mais frequência, senão em Alvalade e pelas claques? Com amigos destes, quem precisa de inimigos?
Isso leva-me ao comunicado emitido pelo CD, na sequência destes tristes acontecimentos. Este é omisso relativamente à carga policial e, quanto a mim, mal. Razões:
Por poder ser-lhe colada a autoria moral da carga policial, como aliás já está a acontecer nas redes sociais.
Por abrir a porta à ideia que em Alvalade a policia tem "bar aberto" para cascar nos adeptos, como aliás temos visto vezes sem conta, quando o mesmo não sucede nos outros estádios, especialmente nos dos nossos rivais. Ainda no recente clássico houve pirotecnia e não houve carga policial. E quanto a mim bem, porque a possibilidade de existir uma tragédia, como tantas outras que conhecemos, seria muito real.
Quanto ao cancelamento do protocolo com a JL só está a acontecer aquilo que Frederico Varandas havia prometido na sequência de uma entrevista, por altura da reeleição. Quem estiver para apoiar o Sporting terá esse apoio reconhecido e contrário também sucederá. É mau para todos, imaginam-se as cenas dos próximos capítulos, mas é também a mensagem adequada para a JL: não haverá impunidade.
Por último o "problema da pirotecnia". O governo já prometeu criminalizar este tipo de actividade, misturando no mesmo saco coisas que são completamente inofensivas com artefactos perigosos. Uma forma preguiçosa de actuar muito discutível. Porém, o que ressalta deste episódio, é que, não estando nenhuma lei ainda em vigor, a actuação da policia foi justificada pela necessidade de "proteger a integridade fisica dos espectadores" e pelo "teor ofensivo para as forças policiais" de algumas tarjas.
Muito discutível esta legitimidade para intervir, porém o que ficou mais saliente é que a própria carga policial inicial esteve longe de "proteger a integridade física dos espectadores" e a segunda funcionou exactamente ao contrário, ainda que motivada pela cadeirada com que foram recebidos. Vamos ver o que vai acontecer nos outros estádios...
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