Sporting 2 - SL Benfica 1: Tanto para tão pouco!
Colectivamente o Sporting foi superior em quase todos os pontos. Preparou melhor o jogo em função das suas forças e debilidades do adversário, chegando em alguns períodos da primeira parte a asfixiar o adversário.
A equipa sabia o que fazer em todos os períodos do jogo. Sem pressas a organizar o ataque, fugia à pressão desorganizada do adversário e, assim que o conseguia, partia em vertiginosas transições à procura da baliza adversária.
Foram quase tantas as transições como as ocasiões que se perderam por má definição ou precipitação no último passe, com a defesa encarnada já em palpos de aranha para responder à ameaça.
Morita e Hjulmand estiveram imperiais em grande parte do tempo. Concentrados e reactivos a defender e muito perspicazes na procura o colega solto para receber, nunca arriscando em demasia, sempre pacientes na procura da melhor solução.
Gyokeres é um nome incontornável na nossa estratégia mas pode melhorar muito na decisão. Num dia bom a primeira parte poderia ter construido um resultado histórico.
Teve pouco apoio em Edwards, ainda longe do seu melhor, desde que regressou da gripe que o afastou. Se é verdade que algumas vezes o sueco o podia ter solicitado também é que desperdiçou várias oportunidades para fazer melhor.
Matheus Reis esteve muito abaixo do seu melhor também, desperdiçando boas jogadas sem conseguir ligar o jogo na chegada ao último terço.
Houve momentos em que pareceu que a eliminatória parecia ir ficado resolvida logo no seu primeiro encontro mas a entrada de Tengsted baralhou a equipa, ficando um pouco perdida nas referências.
O golo sofrido fez a equipa abanar. Ao contrário do que possa parecer, a quebra foi mais anímica e psicológica do que física. Tanto assim é que após a anulação do segundo golo dos visitantes a equipa voltou-se a equilibrar e a subir de nível, obtendo um golo monumental por Nuno Santos que deu pena ver ser anulado. Seria uma forte candidatura ao Puskas.
Se tivesse que apontar um defeito a esta equipa seria precisamente a sua dificuldade mental em lidar com as incidências da partida que lhe são desfavoráveis. Seja os erros dos árbitros, seja a superioridade momentânea dos adversários. É muito comum ver a equipa soçobrar porque se desarticula emocionalmente, parecendo não saber lidar com a necessidade que todas as equipas acabam por ter que lidar.
Uma outra evidência que já vem de jogos anteriores com o SLB de Schmitt é a superior qualidade de Amorim sobre o alemão. Se o Sporting joga ao nível elevado a que assistimos ontem na primeira parte tal deve-se à forma superior com que o treinador prepara minuciosamente a equipa para todos os momentos do jogo. Este Sporting não é o mesmo do ano em que foi campeão, é hoje muito melhor e bem estruturado.
Contudo, se a equipa de Schmitt nos é inferior a riqueza individual do plantel à sua disposição também o é. Bastaria olhar para o banco ontem para o constatar. E isso nos momentos decisivos, em que as lesões, o stress competitivo e o cansaço impõem a sua presença, pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso.
Uma nota final sobre a arbitragem para dizer que podia ser pior. Foi preciso coragem para anular aquele segundo golo e manteve o critério no que seria o nosso terceiro. Difícil de entender que o árbitro e o VAR não tenham visto o penalty sobre Pote, mas há males que vêm por bem e isso as arbitragens não conseguem ainda controlar. Do erro nasceu o nosso primeiro golo.
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