Refazer do choque, reconstruir a confiança
Assim sendo, e de uma forma sucinta, o que me parece ter sucedido foi uma conjunção de factores que, reunidos no mesmo jogo, formaram uma tempestade perfeita. A saber:
- Erros individuais, dos quais os de Debast foram os mais evidentes, por imporem a dúvida e a instabilidade no sector recuado. Mas não podem ficar de fora as oportunidades falhadas que ampliariam o resultado, bem como o apagão do VAR no lance do segundo golo. Tendo em conta que o segundo e terceiro golo foram sofridos de seguida tratou-se de um erro que fica ligado ao resultado final.
- Alterações a um modelo de jogo que não parece estar completamente consolidado. Os três golos conseguidos num curto espaço de tempo deram uma sensação de domínio e superioridade sobre o adversário e provavelmente até de facilidade que não correspondiam inteiramente ao que ia assistindo em campo. O Sporting tinha dificuldade em sair a jogar, perdendo muitas bolas na construção, bem como não tinha controlo sobre as investidas do adversário. O último remate enquadrado tinha ficado antes de se completar a primeira meia hora de jogo.
- Sofrer dois golos praticamente consecutivos matou a equipa animicamente, não logrando mais voltar a encontrar-se com o seu melhor jogo.
- Intervenção tardia de Amorim, que parece ter demorado a interpretar onde estavam as fragilidades da equipa. Morita e Hjulmand não conseguiam parar os adversários, que pareciam estar em superioridade numérica. E sem conseguir manter a posse de bola por muito tempo, foi-se perdendo e tornando cada vez mais vulnerável e à mercê do adversário.
Muito foi dito já sobre este jogo. Não creio, contudo, que a "necessidade de reforços" tenha sido determinante para o desfecho. Poderá ser verdade para a formação de um plantel à altura das ambições do clube para as várias competições que está envolvido, mas, como provam os 3 golos de vantagem alcançados, havia qualidade mais do que suficiente para ter trazido o troféu para casa.
O mesmo direi em relação à juventude e "falta de experiência" no sector defensivo. É bom lembrar a superioridade com que o Sporting bateu este mesmo adversário, então até melhor apetrechado do ponto de vista individual, no jogo em Alvalade para o campeonato. A defesa era constituída por Quaresma - Diomande - Inácio. Mas, provavelmente, a equipa estava mais confortável e ligada com Catamo e Nuno Santos nas alas e agora mais exposta com Quenda e Catamo. E seguramente mais cómoda e segura no 3x5x3 do que no novo 4x4x2 experimentado na final.
Resultados como da final deixam marcas e requerem vitórias que sirvam de paliativo ao choque sofrido em Aveiro. A começar já no jogo inaugural do campeonato, em casa, com o Rio Ave, na sexta-feira, cujo nível de dificuldade aumentou assim exponencialmente, senão tanto do ponto de vista técnico, pelo menos na sua componente emocional. Isto ante um adversário que se reformulou "dos pés à cabeça" e que tem um dos melhores treinadores da Liga.
É por isso importante que sejamos nós os adeptos a dizer presente e estar preparados para fazer o nosso jogo das bancadas para o relvado, como tão bem fizemos no ano passado. Um dos segredos do titulo do ano passado foi seguramente a lua de mel vivida entre a equipa e adeptos que nos levou até altar do titulo nacional.
Uma boa análise do jogo, racional e assertiva.
ResponderEliminarGosto muito de ler as crónicas deste blogue.
Obrigado!
Eliminar