Quantas vezes, em momentos semelhantes ao de hoje, em que é necessário ganhar para não descolar, e, por uma razão ou por outra, não conseguimos e resvalamos?
Quantas vezes, ante adversários inferiores, começamos a ganhar e, por uma razão ou por outra, acabamos por empatar ou perder?
Quantas vezes não revelamos força suficiente para contrariar a sorte adversa ou os erros de arbitragem?
Qualquer uma dessas peripécias, sobejamente conhecidas, vividas e sofridas parecem pertencer a um guião ao qual não conseguíamos mais do que cumprir um papel de actores passivos e cordatos. Hoje conseguimos furar as deixas pré-estabelecidas e improvisar, conseguindo construir um final diferente. Sem muito tempo para uma análise pormenorizada, partilho algumas impressões que o jogo me deixou.
Do ponto de vista colectivo as dificuldades sentidas com o jogo directo dos madeirenses foram as esperadas. E essas continuaram-se a sentir mesmo após o adversário ter ficado com menos um elemento,o que não é de nada surpreendente. Jogando dessa forma com dois toques facilmente se coloca a bola na frente, onde pontuam jogadores com qualidade técnica e compleição física suficientes para criar perigo. Por outro lado a acção defensiva do nosso meio-campo ficava muito limitada.
O Marítimo contou também com o pouco acerto em algumas tomadas de decisão, sobretudo do lado esquerdo da defesa. Não deve ter sido por acaso que os golos surgiram de lances onde Jefferson (muito melhor a atacar) e Rojo nem sempre estiveram bem. Curiosamente ouvíamos na televisão queixas sobre a prestação de Dier, que muitas vezes tinha que acorrer ao lado oposto ao seu.
Do ponto de vista atacante o Sporting manteve-se fiel ao seu jogo, que é muito diferente de qualquer um dos seus rivais, Muito jogo carrilado pelas laterais, menos envolvimento pelo centro. Parece um pouco incaracterístico e pouco eficiente mas a verdade é que a equipa cria várias oportunidades de golo e hoje só teve um jogo difícil porque Montero hoje foi apenas Freddy.
Algumas notas individuais:
Patricio - Mal colocado no lance do primeiro golo´(demasiado descaído sobre a direita e pé de chamada orientado para salto em frente), o que tornou impossível uma defesa que seria sempre muito difícil de conseguir. As bolas de meia distância e os cruzamentos continuam a ser a sua última fronteira.
Cédric - Não é tão vistoso como o seu colega do outro lado, mas sabe que a primeira missão de um defesa é ... defender. Vinha de um jogo menos conseguido e fez o suficiente para dar razão à confiança que Jardim lhe transmitiu ao não dar o lugar a Piris.
Dier - Certamente que se imaginava titular por esta altura. Não é o jogador confiante de outrora mas, tal como o jogo demonstrou, é jogando que ela se adquire.
Rojo - É um mistério como é titular na selecção argentina. Mas ainda bem que o é, isso joga muito a nosso favor.
Jefferson - jogador muito importante na manobra da equipa, esteve muito melhor a atacar do que a defender, onde deu muitos espaços.
William Carvalho - Esteve igual ao que nos vem habituando.
Vitor - Provou que é muito mais difícil estar lá dentro e ser consistente e eficaz do que deixar promessas no ar com dois ou três toques vistosos, entrando a partir do banco.
Adrien - exibição de luxo coroada com o golo decisivo. Correu, lutou, passou cortou, cansou de ver.
Capel - Não foi o melhor em campo mas foi decisivo, com um golo e uma assistência. Um bom regresso à titularidade.
Carrillo - a passar uma fase difícil e desinspirada. Quem acha que vai melhorar ao som do assobio obviamente não percebe nada do assunto.
Montero - Tal como disse acima só foi Freddy, o Montero mortifero e eficaz esteve de folga.
Wilson Eduardo - Não comprometeu mas não fez nada de registo.
Slimani - Marcou um golo muito importante mas falhou outro de forma patética. Um foi de cabeça e outro com o pé o que explica tudo ou quase tudo.
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Ficha do jogo ZeroZero |