William Carvalho, mais uma vez entre a razão e a hipérbole
Valor absoluto ou ainda só uma promessa?
É um pouco entre as duas carruagens que se tem destingido a viagem de William na presente liga: entre a das promessas e dos valores já consagrados. A convocação para o play-off contribui para o recrudescer das conversas acerca do real estatuto de William Carvalho.
Seria absurdo olhar para um jogador de 21 anos (completa 22 em 7 de Abril próximo) e pretender tratar-se de um jogador "acabado". Na verdade esse é um conceito que nem creio dever-se aplicar a qualquer jogador, independentemente da idade. Como em qualquer outra profissão, um jogador pode sempre aprender e evoluir. Mas é inquestionável que o elevado nível com que se apresentou nestes primeiros jogos apanhou quase toda a gente de surpresa, até porque a sua estadia pela Bélgica passou despercebida.
Refeitos da surpresa e com o aumento do grau de dificuldade dos embates, em particular com os rivais de sempre, FCP e SLB, surgiram também as primeiras dificuldades a sério e não se pode dizer que o jogador tenha passado incólume por elas.
O estilo e a necessidade
O que tem feito de William Carvalho num jogador que facilmente cai no goto de quem o vê o jogar - e talvez também muito apetecível para muitos clubes - é forma imperturbável como sai das situações de pressão, a que normalmente se concentra sobre os jogadores da sua posição. Absolutamente notável para um jogador da sua idade e com o seu trajecto. A essa qualidade junta-se a forma criteriosa e absolutamente descomplicada com que entrega o jogo.
Onde as dúvidas se instalam é na sua capacidade de defender, qualidade tão essencial como a forma como constrói o jogo e que sem ela será sempre um jogador por acabar. Um jogador que faz bem a posição mas não "aquele" jogador, como por exemplo são Matic ou Fernando. Nesse aspecto a sua actuação no último derby é bem sintomática de quanto este aspecto do seu jogo tem de crescer.
Devo dizer contudo que aqui William - como qualquer jogador - terá sempre a sua progressão ancorada à da própria equipa. É óbvio que parte dos problemas revelados não lhe são exclusivos. Mas é também claro que, naquele lugar, precisa de ser mais sanguíneo, de maior capacidade de sofrimento, de mais reacção.
Veja-se por exemplo o terceiro golo, que resulta de uma perda de bola sua - acontece também aos melhores - mas a forma como se alheia da sorte da equipa acaba por ser decisiva no aumento do grau de dificuldade de decisão aos colegas que ficaram atrás, ao permitir igualdade numérica para os adversários. E é também notória a necessidade de ser mais "imperial" nas disputas de bolas divididas. O vislumbre de um certo receio estará ligado à lesão grave que sofreu ou é uma característica? A ser ser-lhe ia senão fatal pelo menos subtractiva de qualidade.
A chamada à selecção e a possibilidade a primeira internacionalização
Devo ser dos poucos ou único que não gostou do timing desta chamada à selecção. Tendo havido jogos amigáveis que precederam este momento decisivo, e olhando-se para as exibições do jogador e dos que jogaram naquela posição, não teria sido mais avisado tê-lo chamado então?
Porque sou muito céptico em relação ao apuramento - as dificuldades são reais, quer pelo momento, quer pelo histórico - pelo que não gostaria que um jogador como William Carvalho, que reclama um lugar cativo no futuro do futebol português, visse a sua estreia marcada por um fracasso.
Atendendo às características do jogador e dos adversários do play-off, sobretudo da presença de um jogador como Ibraimovic, será avisado entregar-lhe a posição 6?
Veremos quais serão as opções de Paulo Bento e veremos como responde o jogador se for chamado.
Os Sportinguistas e a formação
O exemplo da relação dos Sportinguistas com a formação tem também um bom exemplo em William Carvalho. É minha impressão, várias vezes aqui expressa, que a formação do Sporting, motivo de justificado orgulho para todos nós, raras vezes é tratada com a importância que lhe é devida. Serve muitas vezes de arma de ostentação perante os rivais, quem sabe à falta de evidências mais palpáveis, como são os títulos ou simples vitórias. Mas na hora das aflições ou do desencanto é sobre os nossos jogadores que recai o odioso de forma mais primária.
Os que estão são sempre os que têm que carregar o fardo de épocas de desencanto colectivo. A que se acrescenta a da estagnação ou regressão dos próprios jogadores, factor quase sempre esquecido pelos adeptos. Os que chegam são sempre o futuro, enquanto o presente, se o sucesso não chegar, não se encarregar de os marcar.
No jogo da glória é essa a casa em que está neste momento William Carvalho. Em trajectória descendente está Cédric, que de titular, exibições a crescer e quase internacional A viu o dérby da bancada. Sem discutir a decisão de Jardim em dar a titularidade a Piris, esta não me parece que seja uma forma de gerir bem as expectativas de um jovem em afirmação.
Gostar da nossa formação e em concreto dos "nossos meninos" é dar-lhes o real valor. E isso é tanto não os depreciar injustificadamente como elogiá-los de forma hiperbólica, criando amanhãs para os quais ainda não se sabe se o sol estará disposto a nascer.
Anderson Esiti contratado ao Leixões Sport Club
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=1ZdlTIbKLuI
Gostei. É grande, defende bem, agressivo mas não à Rinaudo, entrega tb bem.
O video mostra muitos lances de 3 ou 4 jogos, ou seja dá uma ideia do trabalho dele ao longo do jogo. Não é o mesmo que ver um jogo completo dele, mas pelo tamanho do video anda lá perto.
Resta saber como se portará na 1ª divisão e numa equipa como o Sporting.
António,
ResponderEliminarConvém não deitar foguetes antes da festa. Jogadores contratados pelo Sporting são apenas os anunciados pelo clube.
http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=441027
Discordamos em quase tudo excepto numa coisa, William é bom! Aliás, concordamos em mais coisas, Cédric é bom, André é bom, Adrien é bom, Patrício é bom e a Academia é um espetáculo!!! Também acho que o relevo da Academia e do Sporting no desenvolvimento do futebol em Portugal nas últimas décadas é ignorado, para não utilizar termos piores. Mau, eu vim aqui para discordar! Discordemos então.
ResponderEliminarAs coisas boas, e uma chamada à selecção é sempre uma coisa boa, nunca são precoces, o momento que acontecem é sempre bom, mesmo que resultem depois em algo mau. William já provou que tem capacidade para este nível, uma má exibição na estreia não o vai marcar, principalmente porque no lote de jogadores que estão presentes há gente com um nível de responsabilidade no desfecho final desta eliminatória incomparavelmente superior. William se for chamado a campo "só" tem de dar o seu melhor e crescer ainda mais.
O mesmo com Cédric, não vejo a sua ausência do derby como uma despromoção, Cédric tem dificuldades a defender, que compensa com uma entrega exemplar e com uma dinâmica ofensiva muito boa, estas suas características são as indicadas para 90 % dos jogos nacionais, mas num embate contra o nosso rival, neste momento da época eu também apostava em Píris que também está em crescendo e é um excelente defensor. Se a saída de Cédric fosse num jogo contra o Olhanense em casa ficava preocupado, mas penso que o treinador tem uma boa dor de cabeça nas laterais e vai continuar a alternar a titularidade ganhando no final o Sporting por ter bons jogadores em permanente competição pela titularidade.
P.S.- Não gosto da comparação de William com Patrick Vieira, um jogador de que nunca gostei, sarrafeiro de primeira e pouco mais. Para mim é um Yaya Touré de verde e branco! Um falso lento, delicioso de ver jogar.