Quando ontem assistia à hecatombe do FCP em Munique ocorreu-me, em jeito de brincadeira, que os alemães enganaram os portistas com um velho truque de futebol de rua: quando uma equipa de bairro alcança a superioridade relativamente aos seus vizinhos acaba por ter dificuldade em arranjar adversários. Para conseguir resolver esse problema vai aos bairros dos vizinhos jogar propositadamente mal para, depois, na volta sová-los na sua casa, apanhando o adversário confiante que é possível ganhar. Não foi isso que aconteceu, claro está.
Acidente de percurso?
Desenganem-se os que pensam que o que ontem aconteceu na capital da Baviera foi um acidente. O acidente tinha acontecido uma semana antes, com o Bayern a dar 3 borlas de avanço, o que abriu a porta do sonho dos portistas. Um sonho que afinal era apenas a premiere de um pesadelo, que pode ocorrer com uma larga maioria de equipas que se cruzem com os alemães. Já sabemos o que isso é, já tivemos o nosso quinhão. Nestas matérias não há bandeiras imaculadas, e quem ri por último pode ser apenas o próximo a ser o alvo do riso alheio. Com tantos anos de futebol há quem ainda não tenha percebido isto...
Há perder e há sair derrotado
Perder com o Bayern ou mesmo ser eliminado com uma grande diferença de golos é uma ameaça real da qual não há nenhum clube que se possa considerar a salvo. E perder, por mais desagradável que seja, é um dos três resultados possíveis em qualquer jogo de futebol. Já sair dobrado sobre o peso de uma goleada, sem quase nada ter feito para o contrariar, transidos de medo e petrificados ante o espectro da derrota é o maior sacrifício a que pode ser sujeito um adepto de futebol. É também a punição severa mas correcta para quem abdica da sua identidade e dos melhores princípios, deixando-se à mercê dos acontecimentos. Como adepto, são estas as derrotas mais difíceis de superar.
É a táctica estúpido, ou o como o dinheiro não é tudo
O poder económico dos clubes explicam grande parte das diferenças conferidas pelos resultados. Mas não explicam tudo. Ninguém duvidará que o FCP podia ter feito muito melhor, com estes mesmos jogadores, especialmente depois da improvável vantagem alcançada na primeira mão. Ou que o dinheiro aplicado em alguns deles poderia ter tido melhor uso. Os fundos voltarão à liça, mesmo que na semana passada os seus mais acérrimos detractores estivessem particularmente amnésicos. Contudo, independentemente da fonte e do montante, tão ou mais importante do que ter dinheiro continua a ser saber gastá-lo.
Por o dinheiro não ser tudo é que o PSG, com orçamento descomunal, perdeu a eliminatória com o Barcelona por uma diferença de 5-1. E o City e outros gastadores já lá não andam há algum tempo e não é por falta de talento dos seus jogadores. Ou que, por exemplo, o Brasil não é campeão do Mundo mais vezes. O papel dos treinadores é cada vez mais diferenciador.
Muito bom, LdA.
ResponderEliminar"O papel dos treinadores é cada vez mais diferenciador" - sem dúvida. Acaba em beleza o post :)
Um bom exemplo é ver o PSG. Não gosto de os ver jogar, vão vivendo de lances individuais que o dinheiro consegue comprar. O colectivo é zero.
O porto falhar o campeonato este ano é que é surpresa para mim. Com um plantel destes devia mostrar muito mais. Tenho poucas dúvidas que no dia que JJ sair o benfas tb será menos forte.
Em relação ao jogo do porto, sem aqueles dois laterais ( excelentes jogadores) antevi um pesadelo na Alemanha. Depois quando começa o jogo e se vê aquele bloco baixo desde o primeiro segundo...A doyen aqui ajudou muito pouco. É muito bonito ter jackson, danilo, brahimi, alex sandro, etc., mas recordo que mourinho fez muito mais com nuno valentes e derleis.
Nota: aquekle Thiago Alcántara é fabuloso.
Forte abraço, amigo.
Sporting sempre
Cure, aquele abraço.
EliminarO dinheiro não é tudo, mas, infelizmente, é quase tudo.
ResponderEliminarBasta ver que nas quatro equipas que passaram às meias finais estão os três planteis mais valiosos do mundo: real, barcelona e bayern.
Têm sido invariavelmente as equipas que chegam mais longe e assim deverá acontecerá nos próximos anos.
Claro que, de vez em quando, lá surge uma equipa com orçamento menor, mas bem organizada e bem treinada, que aparece a dar alguma luta, como foi o caso do Atletico no ano passado ou do Dortmund há uns anos, mas de uma forma geral tem sido o dinheiro a ditar as leis.
O fosso criado pela desigualdade de orçamentos é demasiado grande (como ficou bem patente nesta eliminatória) para que alguma equipa portuguesa se atreva a sonhar com um título na CL.
O futebol moderno é isto, infelizmente.
Jô
Uma outra diferença sensível entre o nosso caso e o do FCP, foi a de que, agora, não havia adeptos com vassouras à espera no aeroporto. E também a de que, ao contrário do Lopetegui, o nosso treinador da altura não alinhavou dez desculpas seguidas para a goleada (de quem nem precisava, tal a normalidade da coisa), quase sem parar para respirar. JPT. SL
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