Paulo Bento ontem e o futuro amanhã
A continuidade de PB à frente do comando técnico da equipa é o assunto que ressalta da entrevista e que a ela sobreviverá pelos próximos meses. A pergunta que não foi feita, e por isso não respondida, é se PB tem vontade de continuar. Fica por isso um vasto campo aberto a todo o tipo de especulações, que não tardarão. E o teor destas oscilará tanto como os resultados da equipa de futebol. Do resto da entrevista fica a ideia de que o futebol é muito bonito é nos relvados. Fora deles são raras as vezes que me faz trocar um cortejo de bocejos por segundos de surpresa ou admiração.
Quando contratamos PB assumimos um risco. Renovar hoje com PB é muito menos arrojado do que foi então contratá-lo. Quem o contratar sabe com o que conta e até onde. Isto é o mesmo que dizer que não levantaria a voz contra a renovação do seu contrato. Seria mais útil do que a manutenção do limbo que se anuncia. É também o mesmo que dizer que os feitos de PB à frente da equipa são lastro suficiente para se saber que ganhar campeonatos, no que depende da sua gestão, é uma questão de tempo. Aqui ou noutro clube. E nunca é demais realçar que com PB tentamos fazer uma retoma nas vitórias em contra-ciclo com uma estrutura económico-financeira próxima da ruína.
Mas o futuro acontecerá sempre e por isso há que prepará-lo. Com os que quiserem estar connosco e com quem nós conseguirmos aliciar. Para tal é necessária uma gestão desportiva eficaz e a existência de um projecto sólido, bem alicerçado e dirigido, para além da gestão corrente. Essa é dúvida que subsiste. Quem a faz hoje e quem a fará no futuro? Quem assegura a manutenção de uma filosofia e projecto ganhadores, que sobreviva às inevitáveis mudanças directivas? Se queremos assegurar a continuidade deste técnico, ou atrair alguém competente que lhe suceda, temos que oferecer a ideia que somos capazes de ganhar mais, mais vezes.
O tabu de PB não é para mim uma angústia, como não deve ser nunca, num clube com a nossa idade e história, a alternância de jogadores, técnicos ou dirigentes. Sei que há muitos sportinguistas que a seguir a PB apenas vêem as trevas e o abismo. O recente exemplo da sucessão de Scolari na Selecção (independentemente do que aconteça logo…) demonstra à evidência que não há homens providenciais. São muitas as criticas que se podem fazer a PB e com legitimidade. Eu não me abstenho delas. Por exemplo, má gestão dos casos com os eslavos, comparativamente a Moutinho (apenas o capitão...). Mas sempre com a ideia de lhe fazer a justiça de que a maior parte das suas decisões têm sido vantajosas para nós.
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