Os JO e o Sporting
Acabaram os JO e os nossos atletas podem finalmente regressar aos cobertores do anonimato. O desporto português é a sua caminha velha e ronceira. Daqui a 4 anos cá estaremos para lhes cobrar com usura os parcos euros que lhes damos para que se sublimarem da nacional mediocridade. Somos uns progenitores descuidados na hora de educar os nossos filhos mas, uma vez fora de casa, exigimos que os meninos comam com os talheres certos e não arrotem no final. Infelizmente o tiro ao bode expiatório não é uma modalidade olímpica em nenhuma das suas possibilidades – tiro com arco, boxe, tiro de carabina, etc, - porque senão seria certo ver a verde-rubra no mastro (consultar Freud). Sacudir a água do capote e assobiar para o lado assegurar-nos-iam também o olimpo uma vez elevadas a categoria de modalidade.
Bom, no meu clube são bem conhecidas as discussões sobre o ecletismo. Regra geral não passa de retórica própria de eleições ou de arma de arremesso entre facções. O que os sportinguistas fazem em prol das suas modalidades assemelha-se muito ao que vimos em tempo de JO: pancadinhas nas costas dos vencedores e o exílio afectivo para os outros. Duvido que as sacrossantas modalidades mereçam um simples soslaio em diagonal nos jornais. Há reuniões da tuperware que registam mais participantes do que nós espectadores.
De demolição em demolição as modalidades estão agora votadas à categoria de sem-abrigo e como estes, numa franja mais perto do fim do que dos dias de esplendor. Permitimos a demolição da casa onde vivemos os dias de glória (o antigo pavilhão), deixamo-nos arrastar para baixo de uma bancada – não há festas de luxo em pardieiros – e saltamos agora de casa em casa. Pelo caminho ficou o basquetebol e o hóquei.
Diz-se insistentemente que o novo pavilhão está a chegar. D. Sebastião seria um bom nome, inauguração marcada para um sábado de nevoeiro. Perante o quadro actual, se a decisão fosse minha, confesso que não saberia tomar decisões tão importantes como a lotação do espaço ou as valências. Basta olhar,.p.ex., para o número de gameboxes vendidas.
Eu sou do SCP porque porque sim e porque não. Mas sou todo futebol. As modalidades, no actual panorama desportivo nacional, são um enorme lexotam. Como não concorro a eleições posso falar assim, mas reconheço que foram as modalidades que nos fizeram grandes no mundo. Descubram lá se são como eu e deixem-se de conversas.
Que este post não seja entendido como ingratidão pelos que praticam o sportinguismo em estado puro no anonimato das secções. Para eles o meu bem-haja.
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