O que eles querem é isto, ou como "a má moeda expulsa a boa"
(foto do Sporting Clube de Portugal)
Ontem, depois do jogo com FCP, onde ficou decidido o afastamento do Sporting dos play-off de apuramento do campeão nacional de basquetebol, Luís Magalhães anunciou o abandono da liderança da equipa técnica, não sem antes tecer comentários cáusticos, porém lúcidos e irrefutáveis:
"Hoje, também saio do Sporting e do basquetebol. Estou cansado. Há mais coisas a fazer na vida. Não me revejo neste tipo de coisas. Não quero estar metido nisto, prefiro afastar-me. Agradeço aos jogadores, ao staff do Sporting. Era por ter vindo por uma época e fiquei três. Sou treinador há muitos anos, quando a Liga tinha um basquetebol elevadíssimo. Esta própria federação, estes membros que lá andam há vários anos deitaram-na abaixo. Agora continuam a dar golpes no basquetebol e não quero estar metido nesta situação. Prefiro sair, prefiro afastar-me".
Antes de mais o mais importante: o sincero agradecimento a Luís Magalhães pelo muito que nos deu ao longo destas últimas três épocas. Com o seu contributo fez com que o Sporting não apenas regressasse mas regressasse em grande, construindo uma hegemonia que os seis troféus em nove possíveis demonstram: 1 campeonato nacional, um tri de Taças de Portugal, uma Supertaça e uma Taça da Liga. Com ele o Sporting voltou a ser pioneiro, tornando-se no primeiro clube português a chegar aos quartos-de-final na Europe Cup organizada pela FIBA.Como se sabe, liderávamos a Liga em 2020 quando, por força da pandemia, esta foi suspensa.
Esse agradecimento é extensível a toda a sua equipa técnica, aos jogadores e demais staff. Ao Conselho Directivo por recuperar uma modalidade que nunca deveria ter desaparecido, pelo que ela representa no nosso historial e pela importância que ela tem em termos de implantação no panorama desportivo internacional. Há muito futuro a desbravar neste cantinho da Europa e o Sporting pode e deve ter nessa acção um papel de relevo.
No capitulo da gratidão serão sempre incontornáveis os nomes de Jaime Brito da Torre, Edgar Vital, Carlos Sousa e Juvenal Carvalho que, muitas vezes na sombra, trabalharam para este sucesso ter lugar, depois de lutarem durante anos pelo regresso da modalidade.
A saída de Luís Magalhães deixa um grande desafio à secção. A sua substituição não será fácil porque foi a excelência dos seus conhecimentos que atenuou e até anulou a vantagem financeira dos rivais, bem como as dificuldades que a implantação, a partir do zero, de uma modalidade contra organizações estabelecidas e bem alicerçadas representou. O Sporting obrigou os rivais a abrirem os cordões à bolsa, fazendo jorrar literalmente rios de euros para, sem grande sucesso, tentar contrariar a eficácia do nosso jogo.
Não o tendo conseguido na quadra, enveredaram pelo seu método tradicional: coacção, chantagem, pressão sobre as instituições, com ameaças de abandono da modalidade. Ao que a Federação respondeu, pondo-se de cócoras (diria mesmo de quatro...) perante o FCP, no já tristemente célebre amuo, em que ameaçaram o abandono da modalidade. Atitude que mereceu sonora reprovação por parte da Associação Nacional dos Juízes de Basquetebol, tendo então emitido um comunicado a propósito:
"A ANJB evidencia de forma clara não se rever minimamente na forma e no conteúdo do comunicado [...] e enaltece a necessidade da garantia da autonomia e independência da arbitragem do basquetebol"
Infelizmente a generalidade dos clubes da Liga permaneceu muda e queda, aceitando este acordo ignóbil, que premeia um comportamento aberrante e que deveria merecer ampla condenação.
Mas as queixinhas, os achaques e os chiliques do FCP devem ter entretanto perdido a razão de existir com as recentes eleições para a federação. Nomeadamente, e entre outras, para o Conselho de Arbitragem. Quem é, que curriculum tem na arbitragem o actual presidente, além de, no basquetebol, ter sido jogador e treinador, nomeadamente do FCP?
O que eles querem é isto, que pessoas competentes, capazes de se lhes opor e desmascarar, acabem por se fartar de escorregar no lodo onde aqueles gostam de chafurdar. Quem gosta verdadeiramente de desporto sente-se escorraçado. A má moeda expulsa a boa moeda.
Com as alterações na composição dos órgãos da antiga federação houve também uma alteração do nome : passou a chamar-se Federação Portuguesa de Andebol ao Cesto, onde uma equipa pode defender como se defende no andebol e as outras equipas têm de defender com as regras do basquetebol, mas muito rigorosamente arbitradas.
ResponderEliminar