E se corre mal?
O que podia correr mal, correu mesmo muito mal no clássico do passado sábado. Poderíamos ter marcado primeiro e acabamos por sofrer logo de seguida. E algo semelhante haveria de ocorrer até ao jogo chegar o ao final com um resultado demasiado pesado para nós e lisonjeiro para o vencedor. O futebol, pelo menos o que se joga no campo, ainda é um jogo e há muitos imponderáveis e aleatoriedade que o tornam imprevisível. É por isso que continua a arrastar multidões e a muita da razão da sua popularidade.
Saber aceitar esta característica quando ela nos é desfavorável é também saber merecê-la quando a corrente é a nosso favor. Aceitá-la é saber merecer a sorte que tivemos em diversos jogos do ano em que fomos campeões, como por exemplo naquele que me parece ter sido o jogo do título, em Braga.
O facto de no clássico passado o Diogo Costa ter sido o melhor em campo deveria fazer reflectir os adeptos antes de decidirem bater tudo o que mexe e embarcar em catastrofismos. Apesar do resultado adverso, o nosso desempenho foi bem melhor do que o último jogo ali realizado por nós, o ano passado.
Isso não invalida a reflexão sobre o que correu mal. E, na semana que antecedeu o clássico, foram várias as coisas que correram mal:
- Amorim atirou-se para uma zona fora de pé na conferência em que deu como certa a permanência de Matheus Nunes e a ideia de que "não há um euro mais". Ainda que não tenha faltado à verdade - certamente que SAD e jogador o haviam deixado tranquilo relativamente à permanência - esqueceu-se da velha máxima de Pimenta Machado, ainda mais quando o assunto envolve dinheiro e somas consideráveis. Também não faltou à verdade quando diz que "não há um euro mais". Os orçamentos são para cumprir. Mas também isso é volátil enquanto a janela de transferências está aberta. E foi descuidado ao usar uma expressão passível de interpretações literais, como foi o caso. Justifica-se neste caso maior descrição, como o futuro imediato acabaria por provar.
- A SAD aceitou passivamente Amorim como seu porta-voz em assuntos relativos ao mercado e até mesmo em matérias financeiras. Pela primeira vez ficou claro que tal deve merecer melhor reflexão. Nem Amorim deve ficar tão exposto, nem uma sociedade cotada em bolsa deve tratar estas matérias com a ligeireza de "não há um euro" ou "vendemos para cobrir necessidades básicas". Os adeptos inclusive ficaram a necessitar de alguma informação. E ela é necessária para evitar especulações e aproveitamentos mal intencionados e perniciosos.
- O negócio do Tabata tornou-se incompreensível tendo em conta o valor e o tempo em que foi realizado.*
- A saída de um jogador com a importância de Matheus Nunes na véspera de um clássico nem sequer é inédita, mas revela não ter sido devidamente preparada. Com a saída de Palhinha e a lesão prolongada de Daniel Bragança a necessidade de um jogador para aquela zona do terreno já se justificava, com a venda tornou-se dramática. No jogo do clássico, com os dois médios amarelados (e Ugarte foi-o muito cedo) o nosso meio campo ficou "fofinho", sem que Amorim pudesse fazer alguma coisa para alterar os acontecimentos. A ida agora ao mercado vai ser mais dispendiosa porque nos vai ser cobrada a urgência, a necessidade e os "bolsos cheios".
- Estamos tão bem habituados estes últimos anos à ausência da cacofonia e imprevisibilidade que este momento acabou por cair com algum estrondo no seio dos adeptos. E, apesar das queixas que se podem invocar noutras alturas, não foi a comunicação social que inventou o caso. O regresso a algum recato e maior articulação entre as partes não fará mal nenhum aos nossos corações já habitualmente descompassados.
*editado depois do post original
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