Chegamos vivos à paragem do campeonato. E agora?
Em que estado é que chegamos a este momento?
Tomando em conta o que nos disse o recente jogo com o Famalicão, e até mesmo os jogos mais recentes, especialmente os do consulado de Rui Borges, a irregularidade tem sido uma das notas dominantes no desempenho da equipa. Tão depressa voltamos ganhar uma vantagem confortável como a perdemos em três jornadas apenas. O último jogo foi paradigmático e as peripécias que o envolveram ilustram com propriedade não apenas o momento actual, mas também o que tem sido o trajecto do Sporting nesta Liga.
Vejamos então:
Alguma dessa irregularidade é facilmente explicada pela orfandade a que a equipa inevitavelmente teria a que estar sujeita com a saída do pai / autor da ideia. Enquanto ele esteve presente a imagem que o Sporting projetava era a de um potencial turista a passear entre jornadas até à consagração, tal era a superioridade exibida. Como sabemos hoje, quatro anos parecem muito pouco para João Pereira estar num grande clube europeu e com Rui Borges a inconstância de comportamentos e resultados têm sido a nota dominante. Falaremos a seguir do actual treinador, ainda neste tema há que acrescentar um aspecto que pode ter alguma relevância e que parece faltar em muitas análises: no início da época o Sporting decide empreender uma renovação de plantel, amputando-o de algumas das referências de balneário, como por exemplo o capitão Coates e Paulinho, retirando ao plantel algum do sustento que a experiência necessária para lidar com os maus momentos necessita.
Estarei sempre grato a Rui Borges pela forma serena e exemplar como tem enfrentado as dificuldades que o têm esperado a cada virar de jornada, desde que chegou. Em bom rigor, e sendo justo, além das lesões que lhe retiraram muita da melhor qualidade individual que poderia dispor para resolver jogos, o treinador quase não tem tido semanas limpas para impor as suas ideias, pelo que seria extemporâneo deliberar sobre a sua preparação para liderar o Sporting. Mas a dúvida adensa-se porque há algo que tem ficado mais ou menos evidente a cada jogo: o Sporting já não é, ou não tem sido, uma equipa que abafa os seus adversários e que praticamente não lhes concedia oportunidades ou remates sequer. São demasiados os jogos em que parece afundar-se depressivamente, perdendo a identidade de equipa grande que quer ganhar, ficando à mercê do adversário, até mesmo dos que menos se espera. Não pressionamos como antes, os tempos e os locais onde o fazer parecem ter sido perdidos, são muitas as clareiras entre sectores, estendo tapetes para os adversários correrem até à nossa baliza. A qualidade na gestão da posse da bola desceu significativamente e sem bola e o espaço concedido aos adversários impõem um sofrimento dispensável. Rui Borges não tem tempo ou não identifica e consegue resolver este problema?
Esta sensação de insegurança transmite-se às bancadas, mas certamente é a sua expressão no seio da equipa que produz os maiores danos. Os jogadores parecem atirados muitas vezes para um plano de desconforto que exponencia não apenas a possibilidade de erros individuais na execução, como ajuda à instalação de uma instabilidade emocional que retira o discernimento. Comportamentos como o de Dioamande na Vila das Aves ou o lance de ontem de Maxi são ilustrações possíveis para erros que penalizam excessiva e desnecessariamente a equipa. Talvez a juventude da equipa, na aludida falta de experiência em lidar com a pressão que significa agora a ausência de margem para errar seja outro ponto a considerar.
Deixei propositadamente para o final o parágrafo destinado aos que deveriam ser apenas intervenientes passivos, mas que há muito entre nós assumem com gosto e de forma voluntária o papel de protagonistas. Falo obviamente da arbitragem. Não fora um número infindável de erros com influência nos resultados e o Sporting teria neste momento pelo menos já uma mão no troféu da Liga. E isso tem, tem que ter, clara influência no comportamento dos jogadores. Eles sabem por experiência própria que as regras e os critérios são diferentes dos que são aplicados aos que concorrem com eles directamente.
Adivinha qual destes lances foi considerado penalty? Este é apenas um exemplo retirado aleatoriamente dum lote de muitos outros
Não há qualquer explicação minimamente razoável para diferença de tratamento que coloca o Sporting como uma das equipas mais indisciplinadas neste momento, quando no final da primeira volta, isto é, há dois meses atrás, liderava o ranking das equipas mais disciplinadas (clique para abrir o link). Os lances que requerem interpretação são quase sempre de decisão desfavorável, tal como os critérios aplicados a uns e a outros. Ainda agora no jogo de Famalicão foi notória facilidade com que viu o penalty de Diomande por oposição à má vontade do árbitro em assinalar uma penalidade clara ocorrida a poucos metros do local onde se encontrava. Isto quando já havia ignorado outra bem mais clara com o beneplácito do VAR. A forma como se amarela Hjulmand não tem paralelo em mais nenhum clube, concorrente directo ou não. Sem rigor mas sem receio de estar muito longe da verdade, nem 50% das faltas sofridas por Gyokeres são marcadas.
Há medida que a Liga se encaminha para a sua decisão o carácter intervencionista da arbitragem parece inclinar-se cada vez mais. Como se pode explicar o que vem sucedendo nas últimas jornadas?
Últimos 7 jogos do SLBenfica no campeonato 🔴
7 penaltis a favor
1 penalti contra
3 expulsões a favor
0 expulsões contra
Últimos 7 jogos do Sporting CP no campeonato 🟢
3 penaltis a favor
3 penalti contra
1 expulsão a favor
4 expulsões contra
E agora?
Faltam apenas oito jornadas para o final. Não há margem de erro disponível pelo que este período de paragem, que praticamente retira a Rui Borges os jogadores titulares, tem de servir para aprimorar o nosso jogo. O foco está identificado, como se viu nas palavras de Rui Borges e Gyokeres: preocupação orientada apenas e só para o que se pode controlar. Afinal continuamos a comandar a Liga.
Mas é cada vez mais claro que o Sporting não só não tem amigos no sector arbitragem como há entre muitos dos elementos que o compõem uma clara má vontade que não é apenas dirigida à equipa principal, mas se estende até à equipa B, como se pôde ver nos últimos dois jogos. O que João Pereira tornou público é de enorme gravidade e motivava um rigoroso inquérito disciplinar. Se estes "senhores" continuarem a proceder deste modo as nossas possibilidades são consideravelmente reduzidas. Se assim for ao menos que tenham o decoro de ir festejar com a equipa que levaram ao colo. Uma parte do troféu também será deles, afinal.
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