O azul da apneia
A nota exibicional do derby de ontem foi a roçar o fraquinho. O Sporting jogou mais vezes em esforço do quem em classe, em claro contraste com o que havia feito nos dois jogos anteriores, com o SLB e com os russos. Como compreender que uma equipa inferior nos cause mais dificuldades?
A resposta pode ser encontrada nos espaços disponíveis para jogar e nas dificuldades especificas do nosso campeonato. O Belenenses não tem problemas em jogar com os onze jogadores atrás da linha da bola, o que, assinale-se o SLB de Rui Vitória também se viu obrigado a fazer na recente eliminatória da Taça de Portugal. Mas, como é óbvio, nem ele nem o técnico do Lokomotiv se podem dar ao luxo de Sá Pinto, ao recuar de forma permanente toda a equipa, com o único objectivo de retirar os espaços para o nosso futebol respirar, ao ponto de ficarmos azul de tanta apneia.
Devemos também considerar o cansaço. O cansaço que é físico, fruto de dois jogos por semana, com viagens longas pelo meio. E que vem do stress competitivo, que se instala com o decorrer dos minutos com o resultado adverso. Isso é ainda mais notório quando o leque de opções se encontra reduzido, por lesões. E claro, pela ausência de Carrillo. Não há jogadores insubstituíveis, mas o facto é que aquele que era considerado o jogador mais desequilibrador do plantel no inicio da época está fora, não tendo ninguém ocupado o seu lugar em importância, e isso tem um preço.
Depois há o "paradoxo Slimani". A sua preponderância na equipa é clara nos golos que têm resultado em pontos e nas suas actuações plenas de esforço e entrega total. Mas a qualidade das soluções no último terço decaem de qualidade, sendo isso particularmente visível quando é necessário apelar à qualidade técnica para resolver problemas que o colectivo não consegue.
Slimani, apesar dos enormes progressos, continua a exibir limitações técnicas e de compreensão do jogo que constrangem a qualidade dass soluções no ataque. Antes que me queimem na fogueira, recorde-se como foi determinante a acção de Montero em Moscovo, a abrir espaços, a temporizar o passe até ao limite para isolar um colega, ou a oferecer-se para triangulações com Ruiz. Slimani não faz isto e, ou jogamos de forma diferente, como muitas vezes Jardim e Marco Silva se viram obrigados, ou temos que esperar por mais um milagre de Jesus.
Oh, como é bom o colinho!
Foi perfeito o final do jogo de ontem para os profissionais da conspiração. Quando já tudo indicava que o Sporting iria conceder mais um empate em casa, Tonel, que vestiu a camisola do Sporting durante cerca de sete anos, acabaria por "oferecer" três pontos, por via de uma mão de todo desnecessária.
Oh, o escândalo! O Tonel é um vendido claro está, pouco importando se estava ou não a olhar para a bola quando esta lhe toca na mão. É também um sádico refinado porque esperou mais de noventa minutos para nos fazer o favor! Certamente estava combinado com o árbitro, sabendo que ele ia dar quatro minutos de desconto, e devidamente articulado com Slimani, para saltar com ele. Há peças de ballet, ensaiadas à exaustão, que não correm tão bem.
E o árbitro? O árbitro é um ladrão porque aponta um penalty quando um jogador joga a bola com a mão dentro da área! Ora isto vai ao arrepio do que está escrito na cartilha da arbitragem, onde certamente se lê que penalty's a favor do Sporting só em último recurso. E nos últimos minutos de jogo e que possam valer três pontos jamais, em circunstância alguma.
É esse o colinho que nos têm dado, marcarem penalty's que dantes não marcavam. O colinho a que estávamos habituados era aquele que com uma mão nos afagava para comer tenrinhos, enquanto com a outra nos afastavam dos pontos o mais depressa possível.
A passar o sinal amarelo muitas vezes
Quatro vitórias in extremis não acontecem por acaso, só por despeito é que não se reconhece o mérito. Mas o jogo de ontem não deixa de constituir um sinal de aviso. São muitas as vezes que andamos a queimar os sinais amarelos, um dia somos apanhados no vermelho.
Ontem, à semelhança do Bessa, jogamos muito pouco e, contrariamente ao que disse Jesus após o jogo, não foi por saber e por querer que chegamos ao golo. A mão de Tonel foi um momento fortuito que dificilmente se voltará a repetir. Estamos avisados.
Excelente artigo! Tão bom como a excelente vitória de ontem!
ResponderEliminarExcelente texto, claro e conciso.
ResponderEliminarA menção ao trabalho de Slimani é bastante clara. E não percebo o que se ganha ao tirar Montero e Ruiz para, depois, se confiar no Tanaka.
Ontem correu bem, mas a perda de pontos está próxima se a abordagem a este tipo de adversários não mudar.
abraço
Não sei se houve colinho por parte do Tonel, mas houve com certeza por parte do árbitro. O colinho esteve no facto de, mesmo nas barbas do apitador, dois jogadores do sporting terem invadido a área antes do penalti ser marcado, o que deveria ter provocado a repetição do mesmo... houve um jogador do belenenses que ainda reclamou, mas em vão.
ResponderEliminarBeeeem... atentos a todos os pormenores. Não fora a tentação de dar sempre nota negativa a quem arbitra o Sporting, há aí muita alminha que daria excelente observador de árbitros... Espera! Isso até é uma mais valia! Força! Não sei se ainda há tachos para dar, mas pode sempre tentar candidatar-se.
EliminarE o mosquito que entrou no olho do tonel quando fez penalti? Não notou? de certeza que foi o Bruno que o contratou. Aliás a semana passada o Jonas teve de colocar pomada para a micose no escroto e aposto que foi o Sporting que a causou. Viva o Benfica!!!
EliminarBoa análise. Slimani é o tal pinheiro que um dia Paulo Sérgio pediu numa conferência de imprensa. Mas pouco mais que isso . E um jogador que luta muito , molha a camisa , nunca desiste mas não é um Jackson. Tem pés tipo quadrados. Basta ver a maneira como domina a bola.
ResponderEliminarSó que com todos os defeitos é mesmo assim o nosso melhor ponta de lança .
Teo não convence ( a mim não ! ) montero é um jogador diferente. Muita técnica bom remate mas falta aquele instinto de golo.
Ruiz a segundo avançado nas costas de Slimani seria a melhor opção.
O jogo foi o que se viu. Belenenses estacionou a frota da carris na frente da baliza , e nos temos grandes dificuldades a jogar com essas equipas. Foi assim em todos os jogos em Alvalade , excepto com o Guimarães . O problema é mais profundo do que parece é Carrilho sozinho nada faria a diferença .
MLV