Escrever sobre um jogo como o de ontem deveria ser considerado uma prática masoquista. Isto se atendermos apenas à consequência prática e imutável do resultado: a eliminação do Sporting, com toda a envolvente quase dramática, espelhada no percurso do marcador e nos demais eventos que a ela conduziram.
Mas um jogo não pode ser apenas olhado pelo seu resultado final, e o de ontem em especial. Houvesse mais assim e seguramente que o aspecto desolador de uma plateia com 50% dos lugares vazios seria mais raro. Constatá-lo num jogo como o de ontem, em que os bilhetes tinham um preço razoável (cada vez mais raro...) é tão triste como imaginar a lindíssima Anna Netrebko e o Rolando Villazon a cantarem Puccini com S. Carlos a meia casa. Substituam-se estes nomes pelos que forem mais de seu agrado.
Não tenho que apelar ao melhor do meu desportivismo para dar os parabéns ao S.C. Braga pela excelente organização colectiva que o seu técnico tem vindo a construir. Foi o que lhe permitiu não apenas ter a atitude certa para o jogo como, o mais importante, os argumentos para nos levar de vencida. Atitude já quase todas as equipas do Braga têm tido, os argumentos é que já são outra conversa.
Acontece que, gostando eu muito de futebol, gosto muito mais do Sporting e por isso é muito pouco, masoquista até, ficar pelo "fizemos um grande jogo". O sentimento que prevalece é que, tendo jogado ao mais alto nível e justificado no decurso dos 120 minutos de jogo - na prática, portanto - porque comandamos a Liga, não fomos tão competentes como deveríamos e poderíamos ter sido, sendo essa uma das explicações para a nossa eliminação.
Não gosto de me ficar pelo papel de "animador de festas", destinado aos, que jogando muito bem, acabam por ficar pelo caminho. A minha costela - ou deveria dizer todo um esqueleto? - de adepto do Sporting não me permite ser um melhor adepto de futebol.
O que podia ser épico tornou-se trágico. É esse o sentido da crónica do jogo, o que não deixa de ser uma contradição ao que foi dito acima. Este jogo contudo teve uma virtude de por em destaque o melhor e o pior do actual Sporting.
Do lado bom a força (já que regressamos ao futuro com a Guerra das Estrelas) merece destaque o nosso poder ofensivo quando jogamos com equipas que não se ficam pela expectativa. Há algum talento (Ruiz, claro, mas não só) mas é o modelo de JJ que potencia as qualidades dos jogadores, extraindo deles o melhor que podem dar.
Do lado mau a forma como defendemos, sendo as nossas laterais cada vez mais evidentes calcanhares de aquiles. Mas não só. Todos os golos foram importantes mas quer o primeiro, quer o último, eram perfeitamente evitáveis e foram determinantes. O primeiro pelo facto de nos ter impedido de chegar ao intervalo em vantagem e o quarto pelo que se sabe. Também a condição física de alguns jogadores, especialmente de Ewerton, que mais uma vez sai quando mais era preciso, quando o jogo ia para a sua decisão. Depois, o Karma. Se há jogadores com passado no Sporting em campo é quase certo que serão deles os golos. Assim foi.
Outra das explicações para a nossa derrota está em dois erros da equipa de arbitragem, que influenciaram o curso do resultado. A falta sobre o William é clara, no lance que precede o golo do Wilson Eduardo, que ainda por cima devia ter deixado Luís Carlos, um dos melhores do Braga, tomar banho mais cedo. Este o erro maior, atendendo a que quer árbitro quer auxiliar estavam a olhar para o lance. Já no golo de Slimani o erro é perfeitamente aceitável. O "pormaior" está no facto erros terem acontecido sempre em favor de uma equipa contra outra, com as consequências a fazerem-se sentir no resultado.
Apetece perguntar (já me tinha ocorrido quando soube da nomeação) porque se nomeia um árbitro com um trajecto tão curto para um jogo desta dificuldade. A pergunta cai de madura quando se vê o que andam os consagrados a fazer por esses campos fora. Mas é bom que fique claro, não se pode desculpar a derrota apenas com os erros da arbitragem, quando acumulamos erros atrás de erros de jogadores nossos.
Termina assim a defesa do titulo tão árdua e saborosamente conquistamos no ano passado. Falta saber se este resultado será aproveitado pela equipa crescer em eficácia e controlo do jogo ou se acusa o toque de uma eliminação que poderia ter evitado.
Grande texto, Leão.
ResponderEliminarQuem não viu o jogo, tem aqui tudo, o bom e o mau.
grande abraço
Cantinho,
EliminarUm enorme obrigado e abraço por fazeres o favor de aqui passares e comentares. Eu, que continuo a ser teu fiel leitor, não tenho conseguido comentar, como deveria. Abraço.
Nem tens de o fazer, Leão.
EliminarMuito obrigado, mas saberes que vais lendo, já serve muito bem.
abraço
Antes de mais temos de levar estes jogos na desportiva, depois, também não gosto de dizer que foi um bom jogo, pois não ganhámos. Só de dizer também que o P. Fonseca, esteve por um pouco fora da taça (para não relembrar árbitros), mas desde ter ganho a ser um bom treinador é muito precoce dizê-lo.
ResponderEliminarLdA
ResponderEliminarIndependentemente dos méritos e deméritos das duas equipas, temos de concordar que foi uma "boa" nomeação a equipa de arbitragem.
No ambiente calmo que se conhece em Braga, um árbitro mais novo que alguns jogadores em campo, com uma boa preparação dos jogadores e do banco arsenalista para a pressão, cada falta cometida pelos jogadores do Sporting originava imediatamente um círculo à volta do árbitro e dos seus assistentes, obviamente que causaria uma enorme falta de ar para poder apitar para um determinado lado.
No golo anulado a Slimani o erro é mínimo (mas é erro) tenho a certeza que quem ajudou a tirar as dúvidas (diz a lei que quando as há protege-se os atacantes) do assistente foram aqueles mais de vinte elementos nas suas costas a gritarem para cima dele.
Apesar da desilusão do resultado final e do que isso implica, fica a compensação de termos assistido a um grande jogo de futebol, embora com o resultado influenciado por erros de arbitragem.
Concordo que os momentos do jogo foram o 1º golo do Braga, bem perto do intervalo e capaz de mudar o moral da ambas as equipas, e o 4º, onde mais uma vez o Rui Patrício parece mal batido deixando a bola passar por entre as pernas num cabeceamento.
ResponderEliminarTambém concordo que o trabalho e modelo de JJ potencia as qualidades dos jogadores. E o Ruiz está cada vez melhor.
Já não concordo com a referência aos erros de arbitragem. Entre penalties resultantes de lançamentos de linha lateral feitos dentro de campo (Tondela), penalties resultantes de claro fora-de-jogo (Estoril), penalties flagrantes contra nós perdoados (por exemplo em Arouca e contra SLB), jogador do Nacional expulso na 1ª parte sem que nada o justificasse, bloqueio ilegal no primeiro golo contra o Moreirense, etc, acho que é preferível não tocar nesse assunto. Nem que seja para não sermos iguais ao BdC...
Www.3grandesnaliga.blogspot.com
EliminarNesse blog encontras todos os jogos dos grandes na liga este ano e os lances polémicos. Depois podes fazer contas e ver se o Sporting é mesmo benificiam como dizes
Eu não preciso ir a blogues. Tenho olhos na cara e conhecimento suficiente sobre leis do jogo para saber formar uma opinião sobre o assunto. O pior cego é o que não quer ver...
EliminarComo é possível referir Tondela como jogo em que "nós" (é mesmo do Sporting?) fomos beneficiados?
EliminarNem vale a pena tentar discutir com alguém a fazer-se de sportinguista ou simplesmente burro.
Agora não enviem a nota de culpa por causa do fato de treino porque o Mourinho já foi despedido. Não esquecer que o mais melhor bom já andou a aprender inglês.
ResponderEliminarA única nota negativa que tem esta eliminatória é que não a passamos. E o futebol é isto. E morrer é o contrário de estar vivo. O Jesus sempre foi muito parecido com a Lili Caneças.
ResponderEliminarEstá quase tudo aqui dito,mas permito-me salientar o descrito em relação aos laterais.Fecharam sistemáticamente demasiado no meio,o que com a sua falta de velocidade permitiu abrir via larga e desimpedida para os velozes avançados bracarenses.A juntar a isso os centrais tb pouco velozes desposicionavam-se e ficavam às aranhas.Apanhado o fraco foi um ver se te avias do Braga,pois ninguém corrigiu essa dectetada nossa fraqueza:bola lançada para um das nossas laterais onde havia sempre alguém à vontade para dominar e esperar que chegasse o nosso lateral...com este apanhado a meio caminho devolver a um colega mais interior e correr esperando novamente a devolução em espaço mais profundo e perigoso. Contei isto vezes demasiadas para meu desgosto,parecendo que os nossos eram a "gasóleo" e os outros a "gasolina super"! Aspecto que ainda não conseguimos eliminar é de se controlar o jogo quando estamos a vencer,mas já melhorámos um pouco.Não o suficiente para tantos jogadores experientes e batidos noutros campeonatos!!! De qualquer modo foi um belíssimo espectáculo de futebol(assim fossem todos)estragado pelo azedume da nossa eliminação e por erros infantis dos ditos, neste caso, muito pouco "juizes".
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