Foi um um grande clássico pela emoção e e incerteza do resultado aquele que o FC Porto e o Sporting proporcionaram aos seus adeptos. A nós Sportinguistas em particular o resultado final significa praticamente o encerrar da caminhada para o titulo de campeão. Mas não do campeonato ou das nossas responsabilidades e ambições na competição. Subsistem ainda objectivos importantes para alcançar que determinarão o futuro próximo do clube, pelo que não há tempo para baixar a guarda ou para lamentações. Muito menos para balanços, é hora isso sim, de apelar a todas as forças e concentração para o que resta da temporada.
Por certo que todos concordarão que, face à trajectória de ambas as equipas, não seria surpresa para ninguém que no final do jogo o anfitrião se nos superiorizasse. De facto foi isso que aconteceu no resultado final mas não no jogo jogado. Esse foi equilibrado e, da mesma forma que os três pontos caíram para os da casa, poderiam estar agora a ser por nós agora contabilizados ou terem sido repartidos. Quem presenciou o jogo viu dois candidatos ao título que se equivaliam na força e na valia. Venceu o FC Porto, que foi quem falhou menos quer na hora de defender quer pela eficácia.
Para a eficácia dos da casa contou muito a prestação do seu melhor defesa, Soares Dias, na senda de uma tradição familiar que já vem do século passado. Não gosto de falar de arbitragens e muito menos de usar como desculpa. Mas a participação do árbitro na construção do resultado final é um facto. O lance sobre Doumbia é um penalty clássico ( e respectiva expulsão..) que poderia figurar num qualquer compêndio de arbitragem mas entra directamente para um qualquer ranking de erros grotescos demonstrativos de que pelo menos o comprometimento psicológico de grande parte da classe arbitral continua a de sempre.
Infelizmente é mais um lance que cairá no esquecimento quando se fizerem as contas do campeonato. Mas alguém duvida que se fosse em Alvalade e contra o FCP não sobraria ao árbitro a coragem que agora faltou? Isto também é falta de estrelinha, uma falha estrutural da nossa Liga e que, em condições iguais e em momentos decisivos beneficia quase sempre os rivais.
Dizer isto não significa assumir que o resultado seria outro. Faltaria ainda concretizar o penalty e contrariar a inevitável reacção do adversário. Mas poderia ter deixado o Sporting numa situação de vantagem no marcador, que seria também uma vantagem estratégica que a equipa nunca beneficiou. O rápido restabelecimento da vantagem dos da casa - numa série de falhas defensivas inadmissíveis num jogo desta importância e num candidato ao título... - não permitiu que o Sporting dispusesse dos 45 minutos finais para colocar ainda maiores desafios do que os conseguiu. E quando o fez foi mais em desespero de causa, o que normalmente compromete a eficácia.
Faltou também nesses momentos um pouco mais de sorte que, valha a verdade, teve em vários momentos na sua baliza. Mas quem é tão passivo a defender não se pode queixar muito da sorte. Foi essa passividade na abordagem aos lances, primeiro por Coentrão e depois por Mathieu, que deixaram o elo mais fraco da defesa exposto: Ristovski. Quando acontece o primeiro golo ele já estava anunciado antecipadamente. O FC Porto apostava nos cruzamentos ao segundo poste onde não por acaso Marcano e Filipe apareciam para explorar a superioridade dos centímetros sobre o lateral macedónio.
Destaques individuais para o enorme jogo, (mais um...) de Bruno Fernandes, bem acompanhado quase sempre por William e Bryan Ruiz. E claro, a estreia promissora de Rafael Leão. Tem ainda muita broa para comer, é daqueles jogadores que parece ter um pacto com os deuses e que o fez aparecer destacado na sua primeira presença num clássico e com apenas um toque na bola.
O desfecho deste jogo deixa-nos arredados da luta pelo titulo obviamente. Mas deixa também muitas interrogações inevitáveis, como por exemplo:
- A da passividade que nos custou este jogo e que já foi responsável pela forma como abordamos os jogos que nos custaram o titulo: Moreirense, Setúbal e Estoril.
- a constituição do plantel e recomposição do mesmo enquanto o mercado esteve disponível e que contriubuiu para a excessiva dependência e falta de alternativa a Bas Dost, entre outros.
- A preferência por jogadores por exemplo como Doumbia, Petrovic (um erro repetido) que não trouxeram nada de novo a não ser empate de recursos e afastamento de jogadores jovens de oportunidades de afirmação mais céleres e mais proveitosas para o clube.
Mas em coerência, tenho que terminar como comecei: agora é hora de ir à luta com o que ainda há para ganhar. E não é pouco.
Num campeonato a três estamos em 3º lugar. Que reflecte mais ou menos o valor de JJ sem túneis.
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