Famalicão 2 - Sporting 2: Já dizia Camões: erros nossos, má fortuna e a roubalheira do costume
Devíamos estar a celebrar hoje um vitória épica, daquelas para guardar na memória e contar aos netos. Daquelas que se põe no álbum da família a ilustrar o exemplo de um familiar (leia-se uma equipa) cuja raça a impede de sucumbir aos seus próprios erros e aos azares que só quem não joga não tem. Ao invés disso estamos há horas entre o torpor e raiva de quem foi espoliado mais uma vez. Mais uma vez a manobra habitual, sempre que demonstramos que devem contar connosco: "há que lhes cortar as pernas antes que possam entrar na corrida. O resto do trabalho eles mesmos encarregam-se de fazer em forma de haraquiri."
Sem dúvida que ontem cometemos erros e que esses erros penalizaram-nos sempre. Erros dos quais soubemos sempre procurar a redenção, numa manifestação notável de entrega e compromisso. Não pode então haver compreensão para os erros da arbitragem, missão reconhecidamente complexa e difícil? Não, obviamente que não, quando os principais erros foram sempre contra a mesma equipa. Erros na marcação de faltas, critério disciplinar dual e conivência na utilização de jogo e linguagem com níveis de agressividade fora o âmbito que as leis permitem, sem a devida punição. Quanto ao golo anulado, tinha que ser. Trata-se de um árbitro cuja melhor qualidade que se lhe pode reconhecer é a coerência do critério: na dúvida é contra o Sporting.
Como adepto do Sporting partilho da ideia de muitos de nós de que tudo o que sucedeu antes e depois do jogo resultou não de mera encenação, azelhice mas de um trabalhinho bem urdido, competente. Começou ainda na inicio da semana com a pressão de um dos responsáveis da comunicação azul-e-branco, continuou na nomeação da equipa de arbitragem de campo e VAR e culminou na originalidade doentia, a tresandar a conluio, de um comunicado do Conselho de Arbitragem feito certamente de pijama e depois de pancadinhas nas costas do inepto Luis Godinho. Já nem pudor têm em exibir a sua falta de pudor. O árbitro sente-se autorizado e intocável, premiado até, pelo luxo da exibição do jogo com o FCPorto na reicidência da nomeação em apenas 8 jornadas. O CA sente-se intocável também, apesar do desfilar despida de credibilidade pela conivência com a ditadura da mediocridade.
Após todos estes anos a vermo-nos arredados por erros nossos, má fortuna e a roubalheira do costume o sentimento de impotência, frustração e desorientação instala-se. Já tentamos de tudo, nem sempre com a melhor estratégia, nem sempre com a indispensável perseverança. A pescadinha de rabo na boca é prato único na ementa de um clube em permanente agitação e instabilidade. E desse espectáculo se alimentam os escribas, cartilheiros, fazedores de opinião e até a exibição velada ou expressa de ambiciosos projectos de poder sempre perfeitos no papel até serem as próximas vitimas.
Como adepto adiro de alma e coração à ideia de "onde vai um vai todos". Esta equipa merece o nosso carinho e o nosso amparo. Não podemos estar no estádio com eles, mas eles vão sentir que não estão sozinhos. Onde eles forem nós vamos também, sempre!
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