Pistas para o desfecho do dérby e de uma época que parece perdida
O que não é propriamente novo, já vem do ano passado, é o Sporting de Rúben Amorim ter perdido uma das suas principais virtudes: a sua capacidade defensiva. Até ao momento o Sporting já sofreu mais golos do que os jogos que disputou (18 golos, 16 jogos) e tem pior registo defensivo que todos os 3 que vão à sua frente, (SLB, FCP e SCB) e que Casa Pia (11) Vitória (16) Vizela (15) Portimonense (17) e os mesmos que o... Santa Clara. Tal seria mais facilmente aceitável ou compreensível se o Sporting fosse uma equipa cujo ataque fosse demolidor, e que por isso se desequilibrasse, o que está longe de acontecer. Dos quatro primeiros classificados, o Sporting é de longe o pior, a 6 golos do Braga e a 9 dos outros dois rivais.
Como explicar tamanha fragilidade e exposição aos adversários, se a linha defensiva perdeu apenas um elemento (Fedal) que, no final da sua passagem até já tinha perdido o estatuto de titular. Talvez o problema defensivo não seja propriamente dos últimos a ter que desempenhar a tarefa, mas sim do que se passa à sua frente.
Vejamos: os laterais jogam projectados e colados à linha. Pote parece ter perdido as qualidades que fizeram dele apetecível como "8" em Famalicão e está mais "burguês", parecendo distraído com as imagens de quando, lá à frente, marcava muitos golos. Edwards e Trincão não têm qualquer aptidão ou vocação defensiva, quando recuam defendem normalmente "com os olhos". Um pormenor: foi tudo menos casual que o principal volume atacante incidisse sobre o nosso lado esquerdo: Nuno Santos tem mais propensão ofensiva, de Pote e Trincão já falamos.
Ugarte foi imenso, mas muito pouco para suprir as necessidades, quer de defender ou de recuperar a bola e pegar no jogo. Não estranha por isso que na segunda parte tenhamos sido, na maior parte do tempo, uma equipa em sofrimento ou a à deriva, incapazes de desenhar uma jogada com principio meio e fim. É certo que a presença do lesionado Morita poderia ter, teria certamente, ajudado um pouco mais, mas dificilmente o suficiente para alterar o desequilíbrio de forças verificado.
É também cada vez mais evidente que o planeamento da época não correu bem. Por exemplo, entre outros, oO Sporting não pode ( ou não deveria poder gastar) mais de 40 milhões de euros no mercado e acabar o jogo com Chermitiy, Arthur e Jovane. Em quantas equipas da I Liga teriam essa possibilidade?
Mas, convém lembrar, o jogo até nos começou de feição. E não foi por acaso. O Sporting entrou personalizado e demonstrar que sabia ao que vinha e o que queria do jogo. Mas até aí o problema é o escorrer do tempo, em que a equipa desliga e fica à mercê do adversário. Aconteceu já várias vezes este ano para poder ser explicado apenas pela sorte ou pelo azar. Talvez se explique pelo que é dito acima e é uma conjunção de factores: as características dos jogadores e o modelo de Amorim que, combinados entre si, não resultam.
Esta é uma boa questão para Amorim reflectir. Os seus, nossos jogadores, jogam demasiado tempo em esforço e com pouco tempo e ocasiões para expressar o melhor das suas qualidades. Parecem por vezes até estar a perder valor. E certamente que estão. A bem da verdade que jogadores nossos poderão ter ficado na retina do novo seleccionador pelas melhores razões?
O facto de estarem já perdidos mais pontos a meio do campeonato não só diz tudo sobre o que tem sido o nosso percurso na Liga mas deixa também muitas interrogações sobre o que esperar da outra metade, se não houver uma alteração no significativa de comportamentos. A ideia de salvar a época com a UEFA é uma miragem, a manter-se a inconsistência da equipa. E tal nunca sucederá se nos tivermos a arrastar entre o quarto e quinto lugar, para onde poderemos cair hoje ao final do dia.
Uma nota final para a estreia e sobretudo para o que disse Amorim sobre Chermity no final: deve ser compreendida à luz da necessidade de renovar com um bom activo e com o que me parece ser mais uma vez a ideia do treinador: ou é o avançado que quer ou não quer nenhum.
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