Adeus VMOCS, até sempre
Com discrição, mas de forma eficaz, o Sporting concretizou mais uma importante operação no âmbito da reestruturação financeira. Dessa forma fica afastada a exposição a uma possível perda de maioria da SAD por via de uma possível transformação em acções das famigeradas VMOCS.
Começando pelo princípio, naquilo que pode ser a medida mais polémica (ou a ser polemizada…), o Sporting procedeu a uma antecipação de receitas que teria a receber por via do contrato com a NOS, no valor de 50.075 milhões de euros. A empresa Sagasta foi novamente a parceira na operação, sendo neste momento credora de 113.990 milhões de euros.
O próximo relatório e contas ajudará a perceber melhor o que esta operação representa para as contas da SAD. No entanto o adiantamento de receitas com este objectivo merece aprovação, não apenas pelo que significa a recompra das VMOCS com um desconto de 70% mas também pela extinção da divida ao Novo Banco.
Isto é, os 51 milhões de euros em VMOCS detidos pelo banco foram adquiridos agora por 15,4 milhões de euros. Tal como havia sido acordado previamente com o outro credor, o BCP, o Sporting pagou agora mais 9 milhões a este banco para ajustar ao preço pago ao Novo Banco.
É bom lembrar que dos 83,4 milhões em VMOCS detidos pelo BCP a SAD pagou então 14 milhões de euros, ficando agora, com este acerto, pelo valor total de 23,27 milhões a recompra de VMOCS ao BCP.
Este valor somado aos 15,4 milhões agora pagos perfaz um custo total de 38,67 milhões da operação de resgate de 134 milhões detidos por ambos os bancos, a que acrescerão os juros a pagar à Sagasta, obviamente.
Fechado o processo VMOCS, que tanta tinta e tempo fez gastar, o Sporting inicia uma nova fase como é antecipado no comunicado:
Um passo que permite arrancar a fase 2.0 do planeamento estratégico, criando as condições para a entrada de uma parceria estratégica minoritária no capital na SAD, para que exista um reforço da política de investimento, da melhoria da experiência de todos os Sócios e da globalização do Clube.
Aqui há pelo menos duas coisas a ponderar desde já:
1- A importância de quem será o novo investidor. Tem-se falado de forma recorrente do multimilionário Todd Boehly, um dos proprietários do Chelsea. Outro nome frequentemente falado e muito desejado por muitos é o de Cristiano Ronaldo.
Um investidor como Todd Boehly é o que me parece menos interessante. Não gostava de ver o Sporting numa pareceria em que surgiria menorizado e como clube formador nunca poderá ser uma barriga de aluguer para miúdos à procura de afirmação. Para isso temos cá os nossos. Outro galo cantaria se uma possível pareceria estratégica permitisse a total autonomia do Sporting no scouting e consequente aquisição, contemplando apenas o direito de preferência em caso de igualdade nas propostas recebidas.
Cristiano Ronaldo seria o círculo prefeito, embora me pareça, de forma meramente intuitiva, que os movimentos dele não o parecem indicar. A academia com o seu nome está ainda por merecer a sua presença. E não parece que a sua ligação ao extremo oriente esteja para terminar em breve. A acontecer e de forma bem ponderada, seria ouro sobre verde, por tudo e pela carga emocional que representaria.
2- A haver uma entrada de capital via novo investidor é desejável que ele seja aproveitado de forma estruturante para o clube e não meramente despejado em aquisições de jogadores que, por muito que possam aportar, envolvem sempre um elevado risco, podendo perder-se o efeito multiplicador e perene que se deseja com esta operação.
Para finalizar o Sporting detém agora, por via desta operação, 87,9 por cento da sua SAD. Faz por isso todo o sentido o passo que agora se anuncia, a de atrair investidores que ajudem a preparar o clube para um futuro com solidez e ainda mais competitivo.
O comunicado do Sporting:
O Sporting Clube de Portugal informa que adquiriu 51.416.952 de VMOC ao Novo Banco, e que após a conversão dos referidos valores aumentará a sua participação no Capital Social da Sporting SAD para 88%.
Este é um marco histórico na vida do Clube. Concluiu-se a última etapa que permite acelerar a Nova Era que já se iniciou.
A concretização deste objectivo constitui o passo final do caminho que foi definido em 2018, com o propósito de assegurar que o Clube seria dono do seu próprio destino.
Uma vez assegurado a 4 de Março de 2022 o controlo da maioria do capital da SAD, colocou-se hoje, 27 de Dezembro de 2023, um ponto final ao Acordo Quadro de Restruturação Financeira assinado em Novembro de 2014.
Um feito que permite ao Sporting Clube de Portugal iniciar um novo ciclo na sua notável História. Um ciclo em que o Clube possa, de forma constante e inequívoca, estar na disputa da liderança de todas as competições desportivas, de forma sustentável e sustentada, com foco na criação de valor a longo prazo.
Um passo que permite arrancar a fase 2.0 do planeamento estratégico, criando as condições para a entrada de uma parceria estratégica minoritária no capital na SAD, para que exista um reforço da política de investimento, da melhoria da experiência de todos os Sócios e da globalização do Clube.
Obrigado a todos os Sócios. Este era um caminho que se antecipava longo, mas que os Sócios do Sporting Clube de Portugal tornaram curto.
Obrigado por se manterem fiéis aos valores inabaláveis que nos fundaram, e que guiam a nossa crença de todos os dias sermos melhores, de inspirarmos os outros a serem melhores através do desporto, de liderarmos através do exemplo positivo. Crença essa que liderou a mobilização quando ela foi crítica.
Começámos uma Nova Era, mas mantemos o mesmo ADN, os mesmos valores e crenças de sempre.
Começámos uma Nova Era com Esforço, Dedicação e Devoção para atingirmos a Glória.
A ideia de que o eventual investimento « seja aproveitado de forma estruturante para o clube e não meramente despejado em aquisições de jogadores » parece-me essencial. Mas, em concreto, em que se poderia ela traduzir?
ResponderEliminarEm infraestruturas quer no estádio, quer na academia, prolongando os investimentos em curso e outros já realizados
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