O presidente que também emigrou
Pedro Proença foi recentemente nomeado para a presidência das Ligas Europeias e depressa a noticia foi-nos oferecida como mais um feito do futebol português que ao mesmo trará enormes dividendos. Até poderá ser mas não vejo como. Fosse a nossa liga forte, saudável e bem estruturada poderíamos entender que a presença de Pedro Proença naquele cargo como uma possibilidade de influenciar decisões que esbatessem o cada vez maior fosso entre as maiores ligas (sobretudo a inglesa e talvez a espanhola, apesar das assimetrias) e as cada vez mais periféricas como a nossa.
Mas não é assim, infelizmente. A Liga portuguesa a que Proença preside é cada vez menos atractiva para os seus principais alvos, aqueles que a podem alimentar: os adeptos. Isso é o que se pode ver na generalidade dos estádios. Alguns desses locais mal merecem até a designação. As polémicas crescem na inversa proporção da credibilidade que os adeptos depositam no que vêm nos campos. E não só as decisões dos àrbitros que suscitam dúvidas, as da justiça desportiva demoram tanto que transitam de época para época, anulando por isso a ideia de verdadeira justiça.
Os clubes nacionais, os três grandes em particular, estão cada vez mais longe dos melhores europeus, sendo-lhes impossível reter o talento gerado ou o adicionado pelo incessante scouting por razões de sobrevivência. A nosso Liga perde paulatinamente o interesse que já despertou a nível externo, como se depreende pelo abandono das cadeias televisivas especializadas. A posição dos clubes portugueses no ranking europeu desce em contra-ciclo com a dsitinção que Pedro Proença lhes vende.
Pedro Proença abraça uma nova causa, deixando não só quase tudo por fazer e ainda pior do que encontrou. Ao invés de se concentrar na dificil tarefa que tem em mãos, opta por se dispersar. Terá agora menos tempo e não se vislumbra o que o novo cargo possa trazer de bom para o colectivo do futebol nacional, mas advinha-se o que isso possa significar nas viagens e ajudas de custo para o próprio. E estranha-se a decisão, porque se esta se baseia no mérito do trabalho efectuado nos oito anos de presidência é difícil recolher, mesmo num critério amplo e favorável, fundadas razões para a escolha.
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