Robertito, já te tenho dito que não é bonito andares-me a enganar
A minha concordância com o seleccionador termina por aí. No mais, a gestão feita por Martinez tem-se focado essencialmente no “respeitinho é bonito” pelos estatutos dos jogadores mais cotados e por uma gestão de imagem pessoal, com sorrisinhos e falinhas mansas que, ao final do dia, significam zero para o objectivo final: aproveitar o talento disponível, que é dos melhores de sempre, para obter resultados.
O parágrafo anterior é uma apreciação global, se esta for feita tendo em conta a forma como tem gerido a participação dos jogadores os Sporting nas selecções é difícil não ver um enorme elefante no meio da sala: os jogadores do Sporting parecem não contar tanto como os demais. O caso mais evidente é do Pote. Os respectivos números falam por ele. É o melhor jogador português a jogar no campeonato nacional e tem praticamente os mesmos tempos de jogo do agora descoberto Fábio Silva. E menos chamadas que o… Toti. O caso absurdo agora criado com as chamadas inúteis de Quenda agravam e confirmam esse sentimento, que já vem de longe com a ostracização de Trincão, quando este se encontrava na melhor das formas.
Pote antes e Quenda agora são meros exemplos de uma gestão que diz objectivamente aos jogadores do Sporting que o seu caminho para a selecção é mais estreito do que para os demais. Por respeito aos jogadores adversários e para poupar espaço a este post já longo não vou citar nomes de outras origens que pouco precisaram de fazer para chegar às internacionalizações. E pelas mesmas razões não vou buscar o histórico de capas laudatórias de jogadores de quem depressa esquecemos o nome, mas que foram ferramentas promocionais para os levar ao colo até à internacionalização e, consequentemente, a transferências chorudas para os seus clubes. Enquanto isso, os nossos jogadores colecionam elogios, e até títulos, mas o caminho da selecção continua estreito, íngreme e sinuoso. Martinez assemelha-se mais a um cuidador destes interesses obscuros.
Este é uma das questões mais importantes que nós, Sportinguistas, vamos vendo com alguma miopia, ao concentrar a nossa visão no jogo do próximo fim-de-semana, acabando por sancionar uma prática que nos prejudica: “ainda bem que x não jogou, está mais fresco para jogar por nós”.
Ora, os jogadores gostam de jogar na seleção da mesma forma que os outros atletas gostam de ir aos jogos olímpicos, por exemplo. Conseguir fazê-lo é visto como um prémio. Ser internacional é importante para o seu currículo e para a sua promoção pessoal, reforçando assim os níveis de confiança, determinante para a melhoria duradoura dos seus desempenhos. Essa valorização é também determinante para o seu valor de mercado, logo é importante também para o Sporting que os seus atletas atinjam a internacionalização.
Acresce que os nossos jogadores, tal como os clubes, concorrem com os demais. E essa sensação de maior dificuldade para chegar à internacionalização no Sporting aumenta as nossas dificuldades em concorrer na hora de contratar jogadores nacionais. Essa é uma das razões que leva a que o Inácio demore mais do que qualquer colega dos rivais a chegar à seleção. Ou que o Quenda ande a conhecer aeroportos, mas não jogue. Não podemos cair no jogo de quem nos prejudica.
Vejamos o caso presente: Quenda. Não é a justificação do record perdido que é o mais importante. Porque os records são feitos para serem batidos. É forma como foram geridas as suas duas convocações: em ambas as ocasiões Martinez promoveu a sua imagem de seccionador atento e renovador para, depois, na prática, sucumbir novamente à tentação de tentar encaixar todos os nomes com estatuto, prejudicando dessa forma a prestação da equipa. Ao ter resgatado propositadamente Quenda aos sub21 para depois não lhe dar sequer um minuto, que mais não fez Martinez senão apoucar o jovem jogador?
Não se percebem as razões do selecionador para adiar o futuro, que será certamente de Quenda. Aí provavelmente ninguém se lembrará de Martinez e das suas justificações absurdas.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Este blogue compromete-se a respeitar as opiniões dos seus leitores.
Para todos os efeitos a responsabilidade dos comentários é de quem os produz.
A existência da caixa de comentários visa dar a oportunidade aos leitores de expressarem as suas opiniões sobre o artigo que lhe está relacionado, bem como a promoção do debate de ideias e não a agressão e confrontação.
Daremos preferência aos comentários que entendermos privilegiarem a opinião própria do que a opinião que os leitores têm sobre a opinião de terceiros aqui emitida. Esta será tolerada desde que respeite o interlocutor.
Insultos, afirmações provocatórias ou ofensivas serão rejeitados liminarmente.
Não serão tolerados comentários com links promocionais ou que não estejam directamente ligados ao post em discussão.