“Isto é tudo uma merda!”. Este grito ecoou na bancada
silenciosa de Alvalade aos 92 min. minutos do último jogo. Momentos antes a
bola tinha rasado a nossa baliza em mais um livre lateral idêntico ao que tinha
dado o segundo golo ao Moreirense. A bancada tinha gelado e o espectro de mais
um empate idiota em Alvalade ganhou vida. Para o companheiro de bancada que
gritou aquela frase foi o fim. Levantou-se, dirigiu-se à boca de saída e
aproveitou o silêncio para gritar a sua despedida de Alvalade naquele sábado. “Isto
é tudo uma merda!”, encheu o silêncio, bateu no meu peito e colou-se, até hoje
na minha memória.
Felizmente o jogo não parou, “The show must go on.” Sempre!.
No campo a ansiedade estava nos níveis máximos, a bola queimava o pensamento
estava enevoado, a estratégia era correr, bombear para a área e rezar pelo
acaso.
60 segundos durou
esta tragédia. Um jogo que tinha sido de sentido único, o primeiro em Alvalade
depois de uma vitória arrancada a ferros em Braga estava a fugir pelas nossas
mãos. Bola bombeada, Wolfswinkel ganha a frente ao central adversário e assiste
para o coração da área e Viola, o companheiro de emergência do nosso habitualmente
solitário ponta de lança toca para a baliza. Não sei quanto tempo demorou a
bola a beijar as redes, mas para mim foi uma eternidade, câmara lenta, um
segundo, um minuto, uma hora, entrou!
Explosão do alegria! Golo! Golo! Golo! Abraços! Sorrisos!
Aplausos! Vitória!!!!!!!!!!!
Toda a “merda” que existia 60 segundos antes desapareceu na
cabeçada de Viola. Mas o grito, aquele grito não me sai da cabeça. Como disse
no meu post anterior, vamos ter muito trabalho pela frente. O caminho escolhido,
mais por falta de alternativas do que por opção, parece ser o mais difícil.
Vamos apostar no melhor que o Sporting tem, a sua juventude, a sua formação, a
Academia que não pára de nos surpreender com putos de uma maturidade muito
acima daqueles que compramos. Sim, Viola, Labyad, Carrillo, são putos para
somar a Cedric, Eric, Tiago, André, etc..
O resultado do jogo podia ter sido ingrato por ainda não
existir consistência no nosso grupo. No sábado, como em Braga, o problema não
foi controlar o jogo para vencer, foi a ansiedade do sucesso, o controlar a
vantagem tão bem construída que ameaçou o bom trabalho dos nossos profissionais
(miúdos e graúdos). Nos próximos anos vai ser esta a nossa realidade.
O que vamos fazer? Sentenciar a “merda” a cada tropeção infantil
ou atacar os nossos adversários com apoio constante aos nossos e pressão
permanente sobre os outros?
Tem a palavra os Sportinguistas. A distância entre o inferno
e o paraíso são 60 segundos...
Esse adepto deve ser um de muitos que, durante o jogo com o Marítimo, gritou para João Mário, Rubio, Bruma, Carrillo, Adrien e outros "Joguem à bola! Palhaços joguem à bola! São uma vergonha!". Mas que, na jornada seguinte, após a vitória em Barcelos, afirmaram que os B são o único caminho contra a medíocridade.
ResponderEliminarA distância da irracionalidade e racionalidade, bem como da coerência e hipocrisia (de pensamento) também pode ser de 60 segundos.
Precious! Eu não me importava nada de ouvir gritos como o que ouviste durante uma época, tempo necessário para os miúdos de que falas aprenderem com os erros e amadurecerem. O problema é que o clube tem sido governado por quem não aguenta ouvir esses "desabafos" e mantém o clube em constante mudança/instabilidade. Bom, bom era o Bruno de Carvalho ter tomates para os ignorar e seguir o rumo que actualmente defende.
ResponderEliminarAna, era bom seguir um rumo durante tempo suficiente para que as suas virtudes gerem frutos maduros e os seus defeitos purgados nos momentos certos. Pois...
ResponderEliminarCantinho, a bancada será sempre emocional. Se à frase assassina daqui a um ano já tiver de lá desaparecido o "tudo" já se evoluiu qualquer coisa.
Estamos famintos de vitórias o que não ajuda nada à racionalidade. Há um trabalho muito grande a fazer de comunicação, como o LdA não se tem cansado de referir aqui sendo continuamente confundido com ataques a A e defesas de B.
Estes desabafos de bancada, individuais ou colectivos, são reflexos da ambição natural dos Sportinguistas. O seu enquadramento é um serviço cirúrgico que urge fazer, todos temos a ganhar com isso.