À procura da identidade perdida "Precisamos de qualidade e resultados. Resultados sem qualidade é aborrecimento, qualidade sem resultados não faz sentido"*
Pergunto-me: e porque não o "modelo Ajax"?, que depois de um longo jejum de títulos se acaba de sagrar tri-campeão com uma equipa de jovens jogadores e um treinador que é também uma das referências da formação da casa?
A generalidade dos adeptos valida e valoriza o sucesso, raramente os métodos, o trabalho, bem como a perseverança necessários para alcançá-lo. Porém este raramente surge por acaso e, mesmo quando se estima fazer tudo bem, ele é tudo menos uma garantia.
Inclino-me para última das hipóteses mencionadas, nem tudo estará ainda por fazer. Esse modelo passa pela formação de jogadores, algo em que já somos uma referência, na qualidade e na quantidade. Não temos "apenas" 2 jogadores considerados como os melhores entre os melhores, por toda a Europa se encontram espalhados jogadores que testemunham uma aptidão invulgar: criar valor onde a natureza se esqueceu de deixar o talento. Fazer grandes jogadores de miúdos geniais é quase natural, uma consequência. Difícil é construi-los a partir da "normalidade" e é isso que talvez seja mais fascinante na nossa formação, mesmo que menos notório e elogiado.
A excelência da nossa formação e o que é hoje o nosso futebol profissional são tão dispares que quase se pode falar em mundos paralelos. Como estender esse bem-fazer à organização do seu departamento profissional, de forma a aproximar-se ou até igualar o que faz nos escalões de formação, é a pergunta óbvia e fácil. O que vale um milhão de dólares é a resposta.
Há pelo menos uma ideia base - o recurso à formação - que carece de sair do papel e ser praticada. Tem faltado também coerência, estabilidade e perenidade, uma linha condutora, sem curto-circuitos permanentes. Todos os clubes bem sucedidos tiveram esses valores na base do sucesso e foi isso que lhes permitiu mudar e/ou adaptar-se à mutação constante da realidade envolvente. Tudo aquilo que o Sporting não tem sido e não tem conseguido no futebol.
Precisamos de recuar aos anos 50 para encontrar a última vez que ganhamos de forma sustentada. O sucesso é isso e não um titulo em cada década. Na década de 40 fomos campeões por 5 vezes, o mesmo número de vezes na década seguinte. Os anos 60 anunciaram uma ligeira travagem - 3 títulos - que estabilizou na década seguinte - os mesmos 3 títulos - para aterrar num titulo por cada 10 anos que, na década em curso, nem sequer assegurámos. É a dureza dos números, mas é também a realidade e esta, quanto mais depressa é encarada mais perto estamos para perceber onde erramos e o que temos que mudar.
Continua a faltar um modelo de jogo que produza boas exibições com frequência. Não só porque é o caminho mais curto para a obtenção de bons resultados também com a frequência necessária para atingir títulos, mas porque é com o futebol de qualidade que os Sportinguistas se identificam. A escolha do treinador assumirá, mais uma vez, uma importância decisiva para a definição dos resultados.
O Sporting apresta-se, mais uma vez a começar um processo reconstrutivo. Praticamente a partir do zero. Assim é natural que os resultados não possam aparecer no imediato. Mas não podem ficar para as calendas. Desenganem-se aqueles que o Sporting pode fazer um intervalo e que o seu lugar fica reservado. A realidade detesta espaços vazios e o Sporting ou luta por reclamar o lugar que é seu por direito ou perderá o direito a ele. Não é fácil mas o caminho para ser grande nunca o foi, pelo menos para quem joga com as mãos limpas.
* Tradução livre de uma frase de Johan Cruyff,
Também me faz confusão esta ideia de se copiar um modelo. Parece que não podemos ser suficientemente bons para ter algo próprio, algo nosso. Tem é de haver paciência e não se ceder às pressões exteriores caso corra algo mal. Esse foi um dos maiores pecados da anterior direcção, talvez o maior.
ResponderEliminarNão precisamos de transplantar modelos de ninguém, porque temos o nosso.
ResponderEliminarO problema são as inflexões e os ziguezagues constantes. A desvirtuação do que temos de melhor ao nível da formação.
Só espero que não deixem fugir o Jesualdo por meros euros ou por sedes de poder e protagonismo, porque já se percebeu que; mesmo não gerando o consenso, é de longe o melhor treinador dos últimos 10 anos para colocar em marcha o nosso modelo e conseguir rentabiliza-lo e quiça almejar as conquistas á tanto tempo desejadas.
O Sporting não pode continuar a ganhar campeonatos de 20 em 20 anos.
Mesmo com todas as nossas dificuldades e vicissitudes, se conseguirmos alicerçar o nosso modelo de forma coerente e continuada teremos sempre hipotese de ganhar campeonatos em menos espaço de tempo.
Não há em Portugal sustentabilidade possível para um clube; dito grande, que em cada 10 anos não ganhe pelo menos 2/3 campeonatos.
Até ao momento ainda vimos pouco do que vai ser construido no futuro próximo. A escolha decisiva vai ser o do treinador. A continuidade de JF é cada vez uma miragem e com o Sporting entregue a um grupo de principiantes vamos precisar de muita sorte. Aliás não são por acaso os resultados recentes do Sporting, vamos de principiante em principiante...
ResponderEliminarUma nota para mais um artigo de muito bom nível. Talvez não seja por acaso que a haja hoje menos poluição nos comentários.
LdA., excelente post. Creio também que o modelo já existe, aquilo que tem sido virado, revirado e voltado a virar é o rumo a dar ao modelo existente. O Sporting é um clube formador quer queira, quer não queira, neste ponto não há volta a dar. Mas o Sporting é também mais coisas com a mesma inevitabilidade, p.ex., é ambicioso, é enorme, é insolvente...
ResponderEliminarTomando como base só estes exemplos, já tenho temperos suficientes para optar pelos mais variados rumos a dar ao meu modelo. Para definir um modelo eu preciso primeiro de ter um objectivo, o nosso objectivo, não o do Dortmund, do Ajax ou do Carcavelos. Uma vez feito isto o rumo começam a definir-se ”per si” basta não alterar o rumo e se calhar... até podemos descobrir a América...
Excelente post.
ResponderEliminarPessoalmente ainda encaro com muita esperança a continuidade de Jesualdo. Espero, sinceramente, que o presidente, com o dialogo que tem mantido com o Jesualdo, decida o melhor para o futuro do SPC, ainda que isso signifique a perda de "poder" de terceiras pessoas (Inácio?)... Tenho receio que o compromisso de Bruno de Carvalho com os elementos da sua estrutura que definiu na campanha para o futebol, possa inviabilizar a permanência do actual treinador.
O melhor, nesta fase do projecto, parece-me ser a continuidade de Jesualdo Ferreira.
Considero ainda que esta matéria deveria ser definida o quanto antes. Não vejo beneficio no adiar de decisões... Nem me parece que essas decisões devam ser condicionadas pela presença, ou não, nas competições europeias.
SL
ja pus o vosso blog no meu, poem agr vcs? enormesporting.blogspot.pt
ResponderEliminarMuito, muito bem.
ResponderEliminarUm futuro que se adia desde há largos anos. Incompreensível desde a edificação da Academia e todas as infra-estruturas inerentes. Só tardam as estruturas directivas (humanas) para que os resultados surjam, porque a qualidade dos jovens leões, em quantidade, já é realidade desde que me lembro.
Fiquem bem.
A explicação é muito simples, pagam-se agora os favores da campanha. Há-de vir a mesma pergunta para o Venâncio, embora esse pelo menos sempre se tenha comportado de forma digna. Com sorte haverá emprego para todos quando a purga acabar. Nessa altura façam-se as contas quanto o Sporting passou a pagar com os tachos que andou a distribuir.
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