Balanço da Liga NOS 2014/15
Estatisticamente o Sporting realizou uma época muito semelhante à temporada anterior. Os 76 pontos obtidos em 34 jornadas correspondem a uma média de 2,24 pontos/jogo, por comparação com os 2,23 pontos/jogo da época passada. A maior diferença está no número de golos marcados - 54 (1,87jogo) -20 (0,67/jogo) o ano passado, 67(1,98/jogo)-29(0,85(jogo) este ano, mas não substancial."(...) creio que o Sporting terá feito um campeonato positivo. Se compararmos com os registos históricos das últimas décadas, essa tem de ser claramente a conclusão, mesmo que isso não tenha chegado sequer para lutar pelo título. O Sporting, a este propósito, está numa situação atípica, porque não é uma equipa que tenha uma referência comparativa clara no panorama do futebol português actual. A sua ambição incontornável é a luta pelo título, mas não parece justo que se exija estar permanentemente no patamar de rivais que se preparam com condições orçamentais muito mais favoráveis. Por outro lado, o Braga também não é uma referência suficientemente ambiciosa para a dimensão do Sporting. O habitual é que as equipas estabeleçam para si próprias metas comparativas (ser campeão, chegar à Europa ou não descer), dependendo estas sempre dos desempenhos alheios, mas não tem de ser assim. Pode-se perfeitamente definir metas próprias, como um número de pontos a alcançar, ou mesmo de golos marcados e sofridos, e no caso do Sporting creio que é isso que fará racionalmente mais sentido. Assim, e voltando ao inicio, não creio que se possa fazer um balanço negativo do campeonato do Sporting, se atentarmos apenas aos resultados da própria equipa."
Estes números de certa forma espelham as diferenças entre os modelos de jogo de Jardim e Marco Silva. Jardim preferiu um modelo com menos risco, auxiliado por melhores e mais estáveis opções para defesa. Rojo e Maurício não só formaram uma dupla mais funcional como foi mais duradoura que as nove vezes que Marco Silva se viu obrigado a fazer mudanças no sector. Fica a interrogação se à entrada de Nani na equipa para o sector dianteiro não deveria ter correspondido uma maior eficácia concretizadora e se isso seria possível mantendo os mesmos protagonistas, Slimani e Montero.
A análise dos números diz-nos que o Sporting teve uma performance competitiva acima das suas médias habituais. O problema é que essa superação da média habitual apenas nos garantiria neste século o último titulo obtido em 2001/02 e o de 2004/05, também campeonato de 34 jornadas, em que o campeão SLB registou apenas 65 pontos. Os nossos 76 pontos deste ano seriam mais do que suficientes para ter então passeado sem grandes sobressaltos. Repare-se no entanto no que eram os plantéis então à disposição Boloni e de Peseiro e o que hoje existe, para que a avaliação seja justa.
O problema é claro: o Sporting não luta apenas com um mas com dois adversários com mais recursos. E, ou eles têm conseguido ser melhores que nós em simultâneo, ou pelo menos um deles consegue superar a nossa performance. Não conseguindo realizar médias superiores a 2,3 pontos/jogo a história recente diz-nos que o melhor que podemos esperar é o segundo lugar.
Outro dado estatístico deste ano a concitar discussão foi o número elevado de empates concedidos. Se todos eles contam para o resultado final, foram os empates em casa, onde deveríamos mandar, os que mais foram "responsabilizados" pela impossibilidade de lutar por mais do que o terceiro lugar obtido. Uns acham que é um problema do treinador, outros o valor dos jogadores.
Quanto a mim ambas as condicionantes concorreram para o resultado final, juntamente com as especificidades da nossa Liga, em particular a forma como jogam as equipas que habitualmente nos sucedem na tabela. E se Marco Silva dispusesse do plantel do FCP? Ou, ao contrário, que resultados obteria Lopetegui com o nosso lote de jogadores? Desta equação deixo de fora Jorge Jesus, porque me parece estar a um nível superior de qualquer outro treinador em exercício na Liga.
Alguns dados estatísticos avulso que caracterizam a época agora finda e que, de certa forma concorrem para a análise de copo meio cheio/meio vazio:
- Nunca estivemos em primeiro ou segundo lugar, tendo estabilizado no terceiro lugar
- Não perdemos em casa o que já não acontecia há muitos anos
- Número elevado de empates (10)
- Série de 13 jogos sem perder
- Não perdemos com o actual campeão (1-1)
- Não ganhamos a nenhum dos dois maiores rivais
- Enorme dificuldade com as equipas do escalão abaixo (que lutam pela Europa), tendo registado apenas 63,33% dos pontos possíveis (19 em 30).
- Sofremos golos em 65% dos jogos (22), 11 deles em casa, o que explica em muitos casos o número elevado de empates.
- Marcamos em 94% dos jogos (32), o que equivale apenas a 2 jogos (Guimarães e FCP fora) sem marcar.
- O Sporting fecha a Liga sendo a equipa com menos derrotas.
NOTA: O Sporting acabou por cancelar o evento "Jamor em Alvalade". A esse propósito tive ocasião aqui de expressar as minhas dúvidas sobre o acerto e oportunidade de tal realização cujos pontos mais relevantes me pareciam os preços exorbitantes e irrealistas de alguns dos bilhetes, o permanente conceito de adepto/pagador que penaliza sobretudo os que mais aderem, e também o que representaria a permanência de adeptos pagantes no interior do estádio inibirá a abertura de portas para eventual recepção da equipa em caso de vitória.
Dou-te mais um dado para a estatística, embora seja um dado do qual não tenho aqui os nºs concretos mas sei que é verdadeiro.
ResponderEliminarNos 34 jogos da liga, raramente foram aqueles em que acabamos com menos faltas cometidas, que o adversário.
E isto advém do modelo defensivo praticado pela equipa, bem como da sua qualidade individual.
No início da época falava-se muito de que o grande problema este ano para MS e para o SCP seria a herança pontual de Jardim pq era impossivel, com CL etc fazer melhor. Eu próprio temia que esta época fosse a nível pontual bastante abaixo.
ResponderEliminarCreio que ser igual (até ligeiramente melhor) é uma grande vitória do MS. Além do mais, a taça de Portugal foi incomparavelmente melhor, e com grau de dificuldade igual. A CL correu bem e mal. Bem por tudo o que se viu e porque fomos objectivamente afastados por um erro de arbitragem. Mal porque, também objectivamente, ficámos de fora por uma dupla de centrais que nao deveria existir no futebol profissional quanto mais no SCP.
Fazendo o (meu) balanço, acho que o campeonato foi bom mas não houve queda de slb e fcp. A qualidade individual do porto e a individual e colectiva do slb fez a diferença e nao deveria haver grande escandalo nisto porque a tendencia mostra que o scp se esta a aproximar. Infelizmente, creio que a saida do MS nao vai ajudar, rezando neste momento para que a escolha nao seja o rui vitória (nada contra o homem, mas...).
No fundo, a minha grande desilusao passa por ver que o jogo do scp nao evoluiu. Pelo contrário, passou a explorar em demasia os corredores laterais, parecendo-me obvio que o jogo da equipa melhora com o andre martins a 8.
SL
Por muitas voltas que se dê ao texto, há dois factos indesmentíveis:
ResponderEliminar- o Sporting foi melhor que aqueles que eram (e são) piores;
- o Sporting foi pior que aqueles que eram (e são) melhores.
Ficámos em 3º e tínhamos o 3º melhor plantel.
Podia ser um 3º lugar injusto, mas a verdade é que não é. As estatísticas e as prestações desportivas confirmam-no.
Por tudo isto, diria que foi um campeonato dentro das expectativas e o Sporting cumpriu a sua obrigação. Nem mais, nem menos.
Isto para a Liga, pois na taça ainda poderemos ter um futuro risonho :)
Jô
O Filipe do Jogo Directo faz uma boa análise da nossa encruzilhada. O enorme problema em que estamos presos é, para o terceiro lugar, o nosso orçamento é enorme, para o primeiro irrisório.
ResponderEliminarVamos por pontos, o nosso campeonato é pouco competitivo e isso quer dizer que um candidato ao titulo não pode sequer empatar porque se o fizer arrisca-se a de imediato perder o comboio do primeiro lugar. Considero que o Sporting neste ano cumpriu serviços mínimos porque nada na sua classificação ou resultados apresenta superação, fomos aquilo que podemos ser e para ser mais temos de nos superar.
A presença na final da Taça de Portugal nasce do único momento de superação que tivemos nesta época, vencer nas Antas, tudo o resto foi cumprir com a nossa obrigação, tal como será vencer esta competição (isto não que dizer que considere a vitória na Taça fácil...).
Nas competições europeias não conseguimos nenhum acto de relevo e ainda pecámos num jogo perfeitamente ao nosso alcance, tivemos oportunidade para ser felizes contra os germânicos mas em ambas as ocasiões, por diferentes razões, ficámos aquém do necessário para nos superar.
A pergunta que me fica é, pode o Sporting superar-se num futuro próximo sem antecipar quebras dos seus rivais? A resposta é sim, sem duvida, estivemos nestes dois anos muito próximo disso, o problema é que mesmo superando-se isso pode não corresponder a títulos o que vai perpetuar o sentimento de desanimo na sua massa associativa. Vou continuar a por a minha bitola de avaliação nos seguintes itens:
- Campeonato Nacional, conquistar 80 ou mais pontos
- Taças Nacionais, presença nas finais
- Competições Europeias, quartos de final
Isto para mim seria o Sporting superar-se e ter uma época extremamente positiva, o problema é que mesmo após uma época com este figurino podemos não vencer nada e nesta terra o sucesso ou insucesso é medido por títulos e não por trabalho bem desenvolvido.
O aperto financeiro vai continuar e não há "midas" que o resolva ou que tenha melhor solução do que aquelas que são e/ou foram aplicadas até agora. Temos mesmo que nos superar, a todos os níveis, sim mesmo nas bancadas, para vencer.
Domingo teremos a primeira oportunidade de voltar a ganhar o futuro!
"O Sporting, a este propósito, está numa situação atípica, porque não é uma equipa que tenha uma referência comparativa clara no panorama do futebol português actual. "
ResponderEliminarPerdão? Posso discordar? É que eu não consigo perceber o que temos a menos do que o Porto no que respeita a condições de base para o sucesso: isto é, número de adeptos ou audiências televisivas. Mais, não só os superamos nestes aspetos como temos uma verdadeira expressão nacional - coisa que eles não têm, mesmo após trinta anos de sucessos.
De onde vem então esta ideia de que o Porto está num patamar muito acima do Sporting? E porque é que tal é repetido quase como uma verdade indiscutível? Se há um grande triunfo do Porto ao nível do discurso é terem conseguido fazer passar a ideia que estão no patamar do Benfica em termos de popularidade e valor comercial. Não estão, nem de longe. Não estão sequer no *nosso* patamar! Conseguiram, por fragilidade nossa (e do Benfica até 2010) e por um misto de competência e batota, superar a diferença para nós e para o e durante muitos anos.
E se um clube que é menos popular do que nós conseguiu ser hegemónico no nosso campeonato durante tanto tempo, porque é que nós não podemos aspirar ao mesmo (e sem batota)? Não temos a popularidade do Benfica, mas a que temos é mais do que suficiente para servir de base a uma equipa dominante. Pode não ser para amanhã, porque carregamos um lastro grande. Mas tem de ser esta a nossa referência de longo prazo.
Pedro,
EliminarAcho que a referência à ausência de um termo de comparação se referia ao cenário atual em que o porto tem indubitavelmente meios muito superiores aos nossos.
E por meios refiro €€€€, o que se reflete em tudo o resto. Basta ver a diferença abismal de orçamentos.
No resto, concordo com tudo. Há 30 anos atrás era ao contrário e o porto conseguiu a hegemonia do futebol português. Claro que, pelo meio, houve muita sujeira...
Pedro, não há nenhuma limitação a aspirar a mais altos voos aliás o Sporting tem sempre de o fazer, não precisamos de ganhar um campeonato, precisamos de ganhar regularmente durante uma década e depois outra e outra.
ResponderEliminarNinguém referiu como dificuldade de afirmação do Sporting a falta de uma imensa massa adepta, talvez esse hoje seja o nosso único património palpável. Mas adeptos, audiências e assistências não ganham jogos. Onde existem diferenças enormes é nos recursos que nós temos para investir e também na forma como os rentabilizamos. O Sporting em termos de estrutura é volátil o que implicou sucessivas trocas de direcção, estrutura executiva, técnica e jogadores.
O próximo ano será para mim importante porque me parece que o plantel está em ponto de rebuçado para com algum investimento "dar o salto" competitivo. Aquele grupo quer ganhar, vê-se essa vontade, mesmo que seja obrigatória a venda de alguns jogadores importantes, William p.ex. o conjunto que fica é sólido para integrar novos elementos e crescer. Vai ser um defeso desafiante, mas com um enorme handicap, a Liga dos Campeões não está garantida e a pré-eliminatória vai obrigar a antecipação do inicio da época, felizmente não há competições de selecções para atrapalhar.
Adeptos, audiências e assistências ganham jogos e recursos.
EliminarAnónimo, então das duas uma, ou algo está errado porque nem ganhamos competições nem os recursos aumentam, ou estamos condenados a perder porque outro tem mais adeptos, audiências e assistências, logo, ganhará sempre mais jogos e recursos...
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